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2 de setembro de 2019
Lógica
O que é lógica?
- 5 min leitura
A palavra “lógica” é usada em dois sentidos diferentes. Geralmente ouvimos coisas como “eu não concordo
com a lógica dele”. Nesse caso, a palavra lógica é usada como sinônima de “raciocínio” ou “pensamento”.
Porém, há outro sentido menos comum. A palavra “lógica” também se refere a uma disciplina, ensinada em
universidades e escolas, que foi criada na Grécia Antiga por Aristóteles.
Nesse último sentido, a lógica é uma área da filosofia que estuda o que são argumentos válidos e
inválidos. Em nossa vida cotidiana, usamos e ouvimos argumentos com grande frequência: em jornais, na
televisão, na conversa com amigos, na discussão com um(a) namorado(a), com os pais, em silêncio, quando
raciocinamos sobre determinado assunto etc. Argumentar é algo que fazemos de forma espontânea e do que
não podemos fugir. Diante disso, os lógicos querem entender o que faz com que um argumento seja bom ou
ruim. Entender isso nos ajuda a evitar cometer erros em nosso próprio raciocínio e nos permite avaliar o
pensamento de outras pessoas. Isso nos torna melhores pensadores.
É claro que ninguém precisa estudar lógica para saber argumentar ou avaliar os argumentos de outra pessoa.
Porém, através do estudo da lógica essas habilidades espontâneas podem ser qualificadas. Assim como
podemos aprimorar e expandir nossa habilidade de cálculo através do estudo da matemática, podemos
melhorar nosso raciocínio através do estudo da lógica.
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Como funciona um argumento ou o raciocínio? Se pararmos para analisar isso que chamamos de raciocínio
notamos que ele possui uma estrutura básica: sempre partimos de uma determinada informação e chegamos
a outra informação, derivada de alguma forma da primeira.
Vamos pensar em um caso concreto. Imagine que você está cozinhando para algumas pessoas. Você sabe
que em todos os pratos há algum tipo de carne (informação 1). Pouco antes de servir você descobre que
Ângela, uma convidada de seu amigo, é vegetariana (informação 2). O que você conclui a partir dessas duas
informações? Certamente concluirá que não há nada que Ângela possa comer no almoço que preparou.
Esse processo que acabamos de analisar é um raciocínio. O que o caracteriza é o processo de “tirar uma
conclusão” ou “fazer uma inferência”. E é isso que a lógica estuda. Ela procurar avaliar quando tiramos uma
conclusão de forma válida e quando tiramos uma conclusão de forma inválida.
Ângela é vegetariana.
Esse é o raciocínio que fizemos acima ao descobrirmos que Ângela era vegetariana. A forma lógica dele é a
seguinte:
Se P, então Q
Então Q
As variáveis P e Q são usadas na lógica para substituir o conteúdo de afirmações simples. Quando
afirmações simples são substituídas por variáveis como feito acima, identificamos a forma lógica de um
argumento.
A lógica se interesse apenas pela forma lógica dos argumentos, e não pelo seu conteúdo. A razão para isso é
simples: a lógica procura identificar o que é um argumento válido e inválido, bom ou ruim, e a qualidade do
argumento depende de sua forma lógica. O fato de um argumento ser válido ou não depende unicamente de
sua forma lógica.
Se você fosse substituir as afirmações do argumento acima por variáveis, como ficaria?
Se pensou
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Se P, então Q
Então Q
1. os argumentos possuem um conteúdo diferente, pois enquanto um fala de insetos o outro fala de
vegetarianos;
2. os argumentos possuem a mesma forma lógica. Isso quer dizer que quando substituímos as
afirmações que os compõem por variáveis, chegamos à mesma forma lógica.
Ambos os argumentos são bons ou válidos. O que faz que sejam válidos é a forma lógica que possuem em
comum. Qualquer argumento com essa mesma forma lógica será válido ou bom, independente de seu
conteúdo.
Vejamos
Se P então Q
Então P
A forma lógica do argumento não é a mesma. Na segunda e terceira linhas do argumento ocorreu uma troca
de posição das variáveis.
Também não. Supondo que é verdade que os times ganham o jogo quando jogam bem e que o time Lógica
em Campo ganhou, não podemos concluir que tenha jogado bem. Ele pode ter ganho porque o time
adversário fez dois gols contra, porque o juiz errou ou por muitos outros motivos. As informações acima não
permitem que tiremos a conclusão, de forma válida, de que jogou bem.
O fato desse argumento ser inválido, assim como nos casos anteriores, depende unicamente de sua forma
lógica. Todos os argumentos que tiverem a forma se P, então Q, Q, entao P são inválidos, independente de
seu conteúdo.
E assim chegamos ao ponto mais importante para compreender como a lógica estuda o raciocínio ou
argumentos. Podemos observar que o fato de um argumento ser válido ou inválido depende da forma lógica
desse argumento. A lógica, assim, se dedica a estudar quais são os argumentos que possuem formas válidas
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e quais são os argumentos que possuem formas inválidas. Nem sempre é simples de avaliar se a forma de
um argumento é válida ou não. Por isso a lógica desenvolve uma série de procedimentos para avaliar a
validade de diferentes formas de argumentos.
Suponha que se descubra o seguinte princípio: as pessoas raciocinam pior quando estão sob estresse. Essa
seria uma regra da lógica?
Certamente não. A lógica não está interessada em como as pessoas pensam, mas nos princípios
fundamentais do pensamento. Essas leis não se aplicam simplesmente ao pensamento humano. Um
alienígena, para pensar corretamente, deve respeitar as regras da lógica. Até mesmo os deuses devem
respeitar as regras da lógica para que seus raciocínios sejam válidos.
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