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Inspetor de circunstâncias e avaliação de argumentos

 As proposições têm valor de verdade (são verdadeiras ou falsas);


 Os argumentos são inválidos ou válidos.

Através de um inspetor de circunstâncias é possível determinar a validade de um argumento (um


argumento é válido quando de premissas verdadeiras é impossível derivar uma conclusão falsa).

1. Fazer cada uma das circunstâncias (linhas da tabela), atribuindo um valor de verdade;
2. Verifica-se se em alguma das circunstâncias as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa;
3. Se ocorrer o descrito em 2, estamos perante um argumento inválido (por definição), cado isto
não ocorra, estamos perante um argumento válido.

Utilizando num exemplo simples:

 P – O João gosta de gelados


 Q – A Ana gosta de amendoins

Argumento:

1. Se o João gosta de gelados, então a Ana gosta de amendoins – 1ªP


2. A Ana gosta de amendoins – 2ªP
3. Logo, o João gosta de gelados – Conclusão

Este argumento simples, ficará assim: P  Q , Q , logo, P

Formas de inferência válida

 Um raciocínio é válido quando é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão é


falsa;
 A validade é uma propriedade que pode ser captada recorrendo apenas à estrutura do raciocínio
ou argumento.
 O objeto de estudo da lógica formal é estudar exaustivamente as formas lógicas distinguindo
aquelas que são válidas das que são inválidas;

Modus ponens ou afirmação do antecedente

Se A, então B. A, logo B. ⇔ A  B, A ∴ B

“Se o animal é uma galinha, então tem penas. É certo que o animal é uma galinha. Portanto, tem
necessariemente penas.”

Modus tollens ou negação da consequente

Se A, então B. Não B. Logo, não A.⇔ A  B, ~ B ∴ ~ A


“Se o animal é uma galinha, então tem penas. Não é verdade que o animal tenha penas. Assim sendo, o
animal não é uma galinha.”

Contraposição

Se A, então B. Logo, se Não B, então Não A .⇔ A  B ∴~B~A

“Se um animal é um carnívoro, então alimenta-se de carne. Logo, se um animal não se alimenta de carne,
então não é carnívoro.”

Silogismo disjuntivo

A ou B. Não B. Logo A. ⇔ A V B, ~ B ∴A

“ O animal é carnívoro ou é herbívoro. O animal não é herbívoro. Logo, é carnívoro.”

Silogismo hipotético

Se A, então B. Se B, então C. Logo, se A, então C. ⇔ A  B, B  C ∴AC

“ Se o rinoceronte continuar a ser caçado, então correrá o risco de extinguir-se. Se correr o risco de
extinguir-se, então deve ser protegido. Logo, se o rinoceronte continuar a ser caçado, deve ser protegido.”

Leis de Morgan

1. ~ ( A⋀ B ) ⇔ ~ A ⋁~B 2. ~ ( A ⋁B)⇔~A⋀ ~B

1. Afirmar que é falso que eu queira comer morangos e amoras é o mesmo que afirmar que eu não
quero comer morangos ou eu não quero comer amoras.
2. Afirmar que é falso que eu queira comer morangos ou amoras é o mesmo que afirmar que eu nem
quero comer morangos, nem quero comer amoras.

Principais falácias formais

Falácia da afirmação do consequente

Se A, então B. B. Logo, A. ⇔ A  B, B ∴A

Corresponde a utilização incorreta do modus ponens, pois em vez de se afirmar o antecedente, afirma-se o
consequente.

“Se estamos em março, o mês tem 31 dias. O mês tem 31 dias. Logo, estamos em março.”

* O argumento é inválido!  Estamos perante uma falácia – qualquer erro de raciocínio que, muitas
vezes, passa despercebido.

A divisão mais comum distingue:


 Falácias formais – quando um mau argumento pretende ser um raciocínio dedutivo válido, não o
sendo, ou seja, quando a invalidade é percetível unicamnete com base na própria estrutura do
argumento;
 Falácias informais (outros erros argumentativos).
 As falácias formais não preservam a verdade, uma vez que a estrutura do argumento não garante
uma conclusão verdadeira a partir de premissas verdadeiras.

Falácia da negação do antecedente

Se A, então B. Não A. Logo, Não B. ⇔ A  B, ~ A ∴~B

Corresponde a utilização incorreta do modus tollens, pois em vez de se negar o consequente, nega-se o
antecedente.

“Se estamos em março, o mês tem 31 dias. Não estamos em março. Logo, o mês tem 31 dias.”

 Argumento inválido!

O domínio do discurso argumentativo – a procura da adesão do auditório

Dedutivos  Validade  Lógica formal Aspetos concretos da


argumentação.
Não dedutivos (indutivos, por analogia, de
Argumentos Força dos arugmentos.
autoridade)
Lógica informal

Foi Aristóteles, quem, pela primeira vez, distinguiu o âmbito dos argumentos lógico-formais daquilo que
é apenas arguível, estabelecendo três tipos distintos de argumentação legítima:

 Argumentação científica, na qual se faz uso da demonstração ou prova;


 Argumentação dialética, na qual se infere dedutivamente a partir de premissas apenas
hipotéticas, razoáveis ou prováveis;
 Argumentação retórica, que inclui procedimentos não dedutivos e que se desenvolve em torno de
um elemento fundamental, a persuasão.

Tanto no caso da retórica como no da dialética, o ponto de partida não são verdades estabelecidas,
mas premissas verosímeis, abertas à discussão. Porém, ao contrário da dialética, que se apoia sobre
argumentos dedutivos, a retórica faz também uso de argumentos não dedutivos e desenvolve-se em
torno de um elemento específico – a persusação – que define que a sua natureza e a distingue de
todas as outras maneiras de estudar a argumentação.

O objetivo da retórica é suscitar a adesão de um interlocutor ou de um auditório a uma crença e levá-


lo a adotar um comportamento. Está presente nas situações de comunicação da vida social, ética,
estética, religiosa ou política, caracterizadas pelo conforto entre crenças hipotéticas e por
discordâncias profundas sobre a verdade e a falsidade destas.
 Como é possível uma sociedade justa.
 Como podemos alguma vez saber se de facto alcalamos a verdade?
 O valor da vida de uma pessoa vai diminuindo à medida que envelhece?

Demonstração (ou prova/inferência dedutiva válida) – que parte das premissas universalmente
reconhecidas como verdadeiras para delas extrair uma conclusão verdadeira. Opõe-se, tradicionalmente,
aos argumentos dialéticos e retóricos, quer pela natureza das suas premissas quer ainda pelo caráter
constrigente da sua conclusão. Corresponde ao que hoje chamamos argumento sólido (argumento
dedutivo válido, com premissas verdadeiras).

Dialética – segundo Aristóteles, compreende qualquer argumento dedutivo válido cujas premissas são
apenas opiniões respeitáveis abertas à discussão, isto é, afirmações verosímeis e não verdades
estabelecidas. Tradicionalmente, designa ainda a arte da conversação ou de bem debater e a disciplina que
versa sobre essa arte.

Retórica – segundo Aristóteles, é a faculdade de considerar, para cada questão, o que pode ser adequado
para persuadir. A sua natureza intrínseca define-se, portanto, por relação com a persuasão.
Tradicionalmente, significa a arte de persuação como a disciplina que versa sobre essa arte. Inclui
procedimentos não dedutivos e é o objeto de estudo, por excelência, da lógica informal. É, por vezes,
também definida como arte oratória, da palavra ou arte de bem-falar.

Distinção entre demonstração e argumentação informal

A arte da palavra eficaz ou persuasiva, a retórica, está desde sempre, presente em grande parte da nossa
comunicação quotidiana. Depois de uma época áurea na Antiguidade greco-romana, a retórica, como
ciência, permaneceu adormecida durante séculos, até que, na época contemporânea, conheceu um
renascimento importante. Grande parte da renovação e do interesse atual pela retórica ficaram a dever-se
às teorias de Cham Perelman e do seu discípulo Michel Meyer.

 Para o primeiro, a argumentação informal (ou retórica) é algo com uma natureza radicalmente
diferente de uma demonstração. Enquanto a demonstração é definida como um processo lógico-
formal de derivação ou de prova, a argumentação informal tem um caráter dialógico: implica
uma resposta por parte do auditório (conjunto de todos aqueles que o orador quer influenciar
com a sua argumentação) e o confronto de pontos de vista.
 Por isso, a argumentação informal é sempre necessariamente pessoal e situada. A demonstração,
pelo contrário, é um exercício racional impessoal, isolado do contexto. Ao contrário da
argumentação informal, a demonstração não exige um auditório para ser concretizada ou
construída. É essencialmente cálculo: deduz de um modo constrigente conclusões a partir de
premissas, segundo regras puramente formais.

Demonstração  Lógica formal


 É constringente – deduz conclusões a partir de premissas universlamente estabelecidas, segundo
regras puramente formais;
 Mostra uma prova – visa exibir uma verdade que deriva lógica e necessariamente de premissas
verdadeiras ou axiomáticas;
 É impessoal e isolada de todo o contexto – a prova não depende em nada da opinião e das
circunstâncias dos sujeitos, mas exclusivamente de regras formais de dedução;
 Apoia-se em sistemas simbólicos formalizados – persegue a univocidade dos signos e não se
compacede com ambiguidades;
 É válida ou inválida – correta ou incorreta, consoante cumpa ou não as regras de inferência
dedutiva; a prova extraída de premissas estabelecidas, desde que resultante de procedimentos
válidos, é universal e encerra, por isso a questão.

Argumentação retórica  Lógica informal

 É não constringente – indica razões em favor da aceitação ou da recusa de uma determinada tese
ou conclusão verosímel;
 Procura a adesão do auditório – visa fazer admitir o caráter razoável, plausível ou verosímel de
uma conclusão;
 É pessoal e situada – insere-se num determinado contexto; dirige-se a um auditório determinado,
a indivíduos em relação aos quais se esforça por obter a adesão;
 Exprime-se através da linguagem natural – é marcada pela ambiguidade, o equívoco, a
pluralidade de sentidos e de leituras interpretativas;
 É forte ou fraca – mais ou menos verosímel ou inverosímel, dependente da adesão ou do acordo;
mesmo quando aceite, não garante que a questão levantada não permaneça em aberto, devido à
ausência de um procedimento constringente da resolução.

Argumentação e auditório: ethos, pathos e logos

Os meios técnicos que permitem a persuação são de três espécies: os que se fundam no caráter do orador
(ethos), os que residem na consição de quem ouve (pathos) e os que se prendem com o próprio discurso
(logos).

Quem argumenta? A quem se dirige? Qual o argumento apresentado?


Orador Auditório Discurso
Ethos Pathos Logos
Autoridade,
Paixões e emoções,
credibilidade, confiança, Estilo e argumentos do discurso,
necessidades, crenças e
inspiração, força moral e figurado e literal.
valores do auditório.
caráter do orador.
A argumentação infomal liga um orador ao auditório através da argumentação, do discurso. O orador
deve adaptar o discurso ao auditório, tendo em conta os objetivos visados e as circunstâncias particulares.
Princpiais tipos de argumentos não dedutivos

 Argumento dedutivo válido – quando a conclusão se segue necessariamente das premissas.


 Para além de válido, um argumento pode ser bom.
 Existem tipos de argumentos distintos.

Argumentos indutivos (generalização e previsão)

Um argumento diz-se indutivo quando se pretende que algo que está para além do conteúdo das premissas
seja de alguma maneira apoiado por elas ou se torne provável devido a elas.

 As inferências dedutivas são sempre extrapolações: a conclusão ultrapassa as premissas, no


sentido em que a verdade conjunta das premissas não garante a verdade da conclusão.
 Mesmo que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão esteja baseada num forte grau de
probabilidade, nenhuma inferência não dedutiva, por muito boa que seja, pode garantir
absolutamente uma conclusão.
 Generalização e previsão são dois casos particulares de argumentos indutivos.

Generalização

Nesta, argumenta-se partindo do que é verdade para um dado conjunto de casos particulares e conclui-se,
com base nisto, que também o é para todos os casos em geral.

Todos os A observados são X. Logo, todos os A são X.

Todos os pêssegos observados têm caroço. Logo, todos os pêssegos têm caroço.

Previsão

A estratégia argumentativa passa por partir de um conjunto de casos ocorridos para deles concluir que no
futuro o mesmo se verificará.

Todos os A observados (até este momento) são X. Logo, todos os A observados (no futuro) serão X.

Todos os pêssegos observados têm caroço. Logo, o próximo pêssego a ser observado vai ter
caroço.

Para garantirmos que os nossos argumentos indutivos são fortes, isto é, para acautelarmos que o vínculo
que une premissas e conclusão está baseado num forte grau de probabilidade:

 A amostra deve ser ampla.


 A amostra deve ser relevante, isto é, representativa do universo em questão.
 Não deve omitir-se, a propósito da amostra, informação relevante.

Argumentos por analogia

A inferência por analogia decorre do estabelecimento de uma relação entre o que se pretende argumentar
e um aspeto que se vai procurar a outro elemento do real. Pode ser um tipo de argumento extremamente
persuasivo, principalmente quando aquilo que se pretende estabelecer na conclusão é do domínio do
complexo ou invísivel.

Mas, tal como acontece com a generalização e a previsão, a analogia gera, na melhor das hipóteses,
conclusões prováveis. Argumentar por analogia é argumentar que uma vez que A e B são idênticos em
alguns aspetos conhecidos, então sê-lo-ão também noutros.

A é como B em x e em y. B é z. Logo, A também é z.

 É utilizada nos casos em que queremos convencer o nosso interlocutor de que uma dada situação
comummente percebida como positiva é afinal negativa.
 Se utilizarmos analogias fortes colocamo-nos em terreno favorável.

Para que um argumento por analogia possa ser considerado forte devemos responder afirmativamente às
duas primeiras e negativamente à terceira:

1. As semelhanças apontadas são relevantes para a conclusão?


2. A comparação tem por base um número razoável de semelhanças?
3. Não haverá diferenças importantes entre o que está a ser comparado?

Argumentos de autoridade

Uma vez que a vida é demasiado breve e as nossas capacidades inteletuais são limitadas, não nos é
possível investigar e descobrir tudo sozinhos.

Somos, por isso, frequentemente levados a argumentar apoiando-nos no trabalho e opinião de


especialistas. Sem eles ser-nos-ia impossível reunir toda a informação e conhecimento que existe sobre o
nosso mundo.

X (uma fonte com a obrigação de saber) diz A. Logo, A é verdade.

Uma fonto pode ser uma pessoa/organização/instituição.

Para que um argumento de autoridade possa ser considerado forte:

 As fontes devem ser citadas;


 As fontes devem ser qualificadas para a afirmação;
 As fontes devem ser imparciais;
 Deverá existir acordo relativamente à informação.

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