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ISBN 978-85-7780-537-2
1. Lógica. I. Título.
CDU 164
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de colocá-los nos cinemas. Em breve, você será capaz de
assistir à estreia de um filme em sua casa, pagando uma
fração do que custaria caso você fosse a um cinema, com-
prasse ou alugasse o filme. De fato, as vendas de ingressos
nos cinemas americanos vêm caindo de forma contínua
durante os últimos dez anos. Portanto, é de se esperar que
os cinemas irão se tornar obsoletos. capítulo
Esse trecho contém uma inferência. Uma inferência, ou
argumento, é um encadeamento de proposições (sentenças que
são ou verdadeiras, ou falsas). As primeiras três proposições do
trecho são premissas; contêm informações com o objetivo de dar
boas razões para se aceitar a conclusão, ou seja, a afirmação de
que os cinemas irão se tornar obsoletos. Nesse trecho há duas
coisas a considerar: a informação dada é verdadeira? Se a infor-
30 Lógica
Inferência: Um mação for verdadeira, ela oferecerá boas razões para que a conclusão seja
conjunto de pro-
posições, nas quais
aceita? Essas questões oferecem um vislumbre do papel da lógica, que é
as premissas são o estudo do raciocínio. A análise lógica revela a extensão da correção do
apresentadas como raciocínio encontrado nas inferências. A lógica fornece as habilidades
fundamentação da
necessárias para se identificar as inferências dos outros, colocando uma
conclusão.
pessoa em uma posição que permite a análise coerente e precisa dessas
Proposição: Um
enunciado que é ou
inferências. O aprendizado das habilidades lógicas irá capacitá-lo a sub-
verdadeiro, ou falso. meter as suas próprias inferências a essa mesma análise, de modo que
Premissa: Uma
possa antecipar objeções e críticas. Este livro introduz as ferramentas da
proposição (ou análise lógica e apresenta aplicações práticas da lógica.
conjunto de propo-
sições) que é dada
como fundamen- 1.1 CONTEÚDO DE VERDADE E COMPONENTE LÓGICO
tação para uma
conclusão. O nosso interesse inicial no estudo da lógica está em dois modos impor-
Conclusão: A parte tantes de avaliarmos a informação que recebemos durante a nossa inte-
final de uma infe- ração consciente com o mundo. Primeiro, o conteúdo de verdade – A
rência; a proposição
que se pretende informação é verdadeira ou falsa? Segundo, o componente lógico – Se a
obter a partir das informação for verdadeira, então que poderá se concluir dela? Por exemplo,
premissas. se alguém entrar em um quarto e aparentar estar encharcado, podere-
Conteúdo de ver- mos concluir que está chovendo lá fora. Esse pensamento muito natural
dade: A verdade ou e quase instantâneo é na realidade o resultado de dois processos. O pri-
falsidade efetiva de
uma proposição e
meiro é a avaliação da informação visual – a pessoa “aparenta estar mo-
os métodos de sua lhada”. O segundo processo, embora complexo, ocorre tão rapidamente
determinação. que pode escapar à atenção. A sua complexidade está no notável processo
Componente lógi- de se levar uma peça de informação para além de seus limites. A partir
co: A relação lógica de “uma pessoa molhada”, concluímos que “está chovendo”. De uma peça
entre as premissas e
uma conclusão.
de informação, desenvolvemos, ou inferimos, uma consequência. Damo-
nos conta da complexidade apenas quando nos tornamos conscientes do
processo. Então, somos confrontados com o processo seguinte de calcular
e justificar a nossa inferência. Se fizermos para alguém um comentário
de que está chovendo lá fora, essa pessoa poderá nos pedir para explicar
por que pensamos isso. Só então ficaremos conscientes da necessidade
de analisar e justificar a nossa conclusão. Apontar para a pessoa mo-
lhada pode ajudar a justificar a nossa conclusão, mas uma análise mais
profunda levanta a possibilidade de que possamos estar enganados, ou
seja, de que não esteja chovendo. Há certamente outras razões para uma
pessoa estar molhada – ela pode ter sido atingida por balões com água,
pode ter se borrifado com água devido ao calor, pode ter passado entre
os esguichos de água de um gramado, ou o umedecimento deve-se a suor
excessivo etc. De fato, à medida que as explicações para o umedecimento
começam a se empilhar, podemos ir ficando menos confiantes de que
realmente esteja chovendo. Esse exemplo mostra que devemos conside-
rar a nossa interação com o mundo de duas maneiras diferentes: (1) A
informação que recebemos é exata, correta ou verdadeira? (2) Se for ver-
dadeira, então o que poderemos inferir dela; que conclusões resultarão?
C A P Í T U L O 1 • Lógica e Verdade 31
Relação lógica: fornecem boas razões para se aceitar a terceira?”. Essas considerações são
A conexão lógica
entre premissas e
radicalmente diferentes das nossas preocupações com o conteúdo de ver-
conclusões. dade das duas primeiras proposições. Como agora estamos concentrados
na relação entre as três proposições, a nossa análise tem uma forma com-
pletamente diferente. Uma analogia poderá ajudá-lo a compreender esse
ponto. Quando falamos a respeito da relação entre duas pessoas, podere-
mos pensar se ela é “boa”, “forte”, “de apoio mútuo”, “estremecida”, “muito
fraca” etc. Isso é similar ao que estamos fazendo agora. Isso poderá ser
visto mais claramente se mostrarmos as proposições de modo diferente.
Exemplo 1.1
1800 1899
1800 1899
1800 1899
Exemplo 1.2
Curie Mandela
34 Lógica
Exemplo 1.3