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Lógica infomal – argumentos não dedutivos

Argumentos não dedutivos - a verdade da(s) premissa(s) apoia ou suporta a verdade da conclusão;
neste caso, dizemos que o argumento é forte (caso contrário o argumento é fraco).

Para se determinar a validade de um argumento não-dedutivo é preciso analisar o seu conteúdo.

Num bom argumento não-dedutivo, a verdade das premissas torna apenas provável a verdade da
conclusão.

generalização

Indutivos

previsão

Os argumentos não dedutivos por analogia

de autoridade

Argumentos indutivos – generalização

A partir de um conjunto de premissas referentes a alguns casos de que já tivemos experiência,


extraímos uma conclusão geral (que inclui casos de que não tivemos experiência).

Exemplo: «É verdade que os pêssegos observados têm caroço. Logo, todos os pêssegos têm caroço».

Alguns A são B. Logo todos os A são B.

Argumentos indutivos – previsão

No que respeita à previsão, a estratégia argumentativa passa por partir de um conjunto de casos
ocorridos para deles concluir que no futuro o mesmo se verificará.

Exemplo: «É verdade que os pêssegos já observados têm caroço. Logo, o próximo pêssego que for
observado terá caroço».

Alguns A são B. Logo, o próximo A será B.


Argumentos indutivos (generalização e previsão)

Os argumentos indutivos são sempre extrapolações: a conclusão ultrapassa as premissas, no sentido


em que a verdade conjunta das premissas não garante a verdade da conclusão. Mesmo que as
premissas sejam verdadeiras e a conclusão esteja baseada num forte grau de probabilidade,
nenhuma inferência não dedutiva, por muito boa que seja, pode garantir absolutamente uma
conclusão.

As premissas se forem verdadeiras, oferecem boas razões para a verdade da conclusão.

A verdade das premissas indicia que é improvável (mas não é impossível) que a conclusão seja falsa.

Para garantirmos que os nossos argumentos indutivos são fortes, isto é, para acautelarmos que o
vínculo que une premissas e conclusão está baseado num forte grau de probabilidade:

a) A amostra deve ser ampla.


b) A amostra deve ser relevante, isto é, representativa do universo em questão.
c) Não deve omitir-se, a propósito da amostra, informação relevante.

Nota: quando estas regras não são cumpridas, estamos diante de uma falácia:

a) Generalização precipitada (quando um argumento por generalização se baseia num número


reduzido de casos ou ignora contraexemplos conhecidos).
b) Amostra não representativa (quando a amostra utilizada para fazer a generalização é
tendenciosa, ou seja, quando não é representativa da diversidade de características do
universo em questão).

Argumentos por analogia

São argumentos baseados numa comparação entre duas coisas supostamente semelhantes. Parte-se
do princípio que se duas realidades são semelhantes em certos aspetos conhecidos é provável que
também o sejam noutros.

A inferência por analogia decorre, assim, do estabelecimento de uma relação entre o que se
pretende argumentar e um aspeto que se vai procurar a outro elemento do real. Pode ser um tipo
de argumento extremamente persuasivo, principalmente quando aquilo que se pretende
estabelecer na conclusão é do domínio do complexo ou invisível.

Mas, tal como acontece com a generalização e a previsão, a analogia gera, na melhor das hipóteses,
conclusões prováveis.

Exemplo: “Sabemos que os seres humanos sentem dor e que, nas suas formas extremas, é uma coisa
terrível que a quase todo o custo procuramos evitar. Os mamíferos são muito parecidos com os
seres humanos em diversas coisas. São geneticamente muito próximos de nós e têm respostas
fisiológicas semelhantes quando sofrem danos físicos. Como nós, procuram evitar ser feridos e em
determinadas circunstâncias fazem ruídos que pensamos poder reconhecer como indicadores de
dor, porque são semelhantes aos ruídos que fazemos quando a temos. Assim, parece razoável
concluir com base na analogia entre seres humanos e mamíferos que os mamíferos são capazes de
sentir determinados géneros de dor.”
A é semelhante a B. A tem a característica C. Logo, B tem a característica C.

Argumentar por analogia pode parecer, à primeira vista, uma forma de raciocínio segura. Todavia,
para que um argumento por analogia possa ser considerado forte, devemos poder responder
afirmativamente às duas primeiras perguntas do conjunto que se segue e negativamente à terceira.

a) As semelhanças apontadas são relevantes para a conclusão?


b) A comparação tem por base um número razoável de semelhanças?
c) Não haverá diferenças importantes entre o que está a ser comparado?

Quando estas regras não são cumpridas, estamos diante de uma falácia:

Falsa analogia – quando as semelhanças consideradas não são relevantes para a característica em
causa e/ou as diferenças entre os dois elementos da comparação não estão a ser tidas em conta.

Exemplo: As aranhas e os escorpiões são aracnídeos carnívoros e venenosos. As aranhas constroem


teias. Logo, os escorpiões também constroem teias.

Argumentos de autoridade

São argumentos cuja conclusão é sustentada pela opinião de um especialista ou pelos dados de
uma instituição confiável. Uma vez que a vida é demasiado breve e as nossas capacidades
intelectuais são limitadas, não nos é possível investigar e descobrir tudo sozinhos. Somos, por isso,
frequentemente levados a argumentar apoiando-nos no trabalho e opinião de especialistas. Sem
eles ser-nos-ia impossível reunir toda a informação e conhecimento que existe sobre o nosso
mundo.

Argumento baeado na opinião de um especialista (ou instituição) para reforçar a aceitação de uma
determinada proposição.

Exemplos:

1 - “A APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) afirma que, em Portugal, todos os anos
milhares de crianças, mulheres e idosos são vítimas de violência doméstica, sob a forma de maus
tratos psicológicos e físicos. Logo, devemos admitir que é verdade que o crime de violência
doméstica, sob a forma de maus tratos psicológicos e físicos, persiste em Portugal, atingindo
milhares de vítimas a cada ano.”

2 - “O ministro das finanças considera que a redução do défice é impossível sem a reforma do
Estado. Logo, a reforma do Estado é urgente.”

3 - Segundo o Dr.º Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr.º Ricardo Jorge, até haver
vacina, teremos de fazer quarentenas cíclicas e manter o distanciamento físico para evitar uma onda
de contágio “com crescimento exponencial”. Logo, é fundamental fazer quarentenas cíclicas e
manter o distanciamento físico.

X disse que P é verdade. Logo, P é verdadeiro.

Para que um argumento de autoridade possa ser considerado forte:

a) As fontes devem ser citadas.


b) As fontes devem ser qualificadas na matéria em discussão.
c) As fontes devem ser imparciais.
d) Deverá existir acordo relativamente à informação (os especialistas devem estar de acordo).
Quando estas regras não são cumpridas, estamos diante de uma falácia:

- Falsa autoridade: quando a autoridade nomeada não é especialista ou não é especialista na


matéria em discussão.

Exemplo: “Einstein1 disse que a maneira de acabar com a guerra era ter um governo mundial. Logo,
a maneira de acabar com a guerra é ter um governo mundial.” 

1
foi um físico teórico alemão que desenvolveu a teoria da relatividade geral e contribuiu
significativamente para a ciência no século XX.

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