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PRINCIPAIS FALÁCIAS FORMAIS (FORMAS DE INFERÊNCIA INVÁLIDA)

Exemplo Formalização

Falácia da
afirmação do Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade. P→Q
consequente Dizes-me sempre a verdade. Q
Logo, és meu amigo. P

Comete-se quando, a partir de uma proposição condicional, se afirma o consequente na


segunda premissa, concluindo-se com a afirmação do antecedente.

Exemplo Formalização

Falácia da
negação do Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade. P→Q
antecedente Não és meu amigo. P
Logo, não me dizes sempre a verdade. Q

Comete-se quando, a partir de uma proposição condicional, se nega o antecedente na


segunda premissa, concluindo-se com a negação do consequente.
Identifique a falácia formal em que se incorre no seguinte argumento,
justificando a sua resposta: «Se Lisboa é uma cidade pequena, é uma cidade
bonita. Ora, Lisboa não é uma cidade pequena. Portanto não é uma cidade
bonita.»
 
Falácia da negação da antecedente, na medida em que da negação da antecedente nada se segue, pelo que não se pode inferir que não é bonita por não ser
pequena (pode não ser pequena e ainda assim ser bonita).

Identifique a falácia formal em que se incorre no seguinte argumento,


justificando a sua resposta: «Se Lisboa é uma cidade grande, não é uma cidade
bonita. Ora, Lisboa não é uma cidade bonita. Portanto é uma cidade grande.»
 
Falácia da afirmação do consequente, na medida em que da negação da antecedente nada se segue, pelo que não se pode inferir que não é grande por não ser
bonita (pode não ser grande e também não ser bonita).
2.1. O discurso argumentativo e
principais tipos de argumentos e
falácias informais
Em qualquer discurso argumentativo são vários os tipos de
argumentos que poderemos usar quando queremos convencer
alguém da razoabilidade de uma tese.

Para além dos dedutivos, podemos usar argumentos não dedutivos.

Tipos de argumentos

Argumentos não
Argumentos dedutivos
dedutivos

Argumentos indutivos Argumentos por Argumentos de


(induções) analogia autoridade

Generalização Previsão
ARGUMENTOS NÃO DEDUTIVOS

Num argumento não dedutivo, a verdade das premissas apenas


sugere a plausibilidade da conclusão ou a probabilidade de ela ser
também verdadeira.

Neste tipo de argumentos, as premissas apenas dão um suporte


parcial à conclusão, fornecendo razões a seu favor, mas não a
tornando necessariamente verdadeira.

A sua validade depende de aspetos que vão para lá da forma lógica


do argumento.

Um argumento não dedutivo é válido quando é improvável, mas


não propriamente impossível, ter premissas verdadeiras e
conclusão falsa.
EXEMPLO 1 Até hoje, todos os gatos nasceram mamíferos.
Logo, o próximo gato a nascer também nascerá mamífero.

Argumento não dedutivo válido Argumento forte

Argumento cuja(s) premissa(s) oferece(m) um apoio


forte à conclusão.

EXEMPLO 2 Alguns estudantes copiam nos testes.


Logo, todos os estudantes copiam nos testes.

Argumento não dedutivo inválido Argumento fraco

Argumento cuja(s) premissa(s) não oferece(m) um


apoio forte à conclusão.
Argumentos indutivos: indução por generalização

Argumento cuja conclusão é mais geral do que a(s) premissa(s).

Exemplo:
Todos os peixes observados até agora respiram através da absorção
do oxigénio presente na água.
Logo, todos os peixes respiram através da absorção do oxigénio
presente na água.

REQUISITOS DE VALIDADE DAS GENERALIZAÇÕES:

Uma generalização é válida se cumprir os seguintes requisitos:


- se partir de um número relevante de casos observados;
- se não se tiverem encontrado, depois de procurados, quaisquer
contraexemplos;
- se os casos observados forem representativos do universo em
questão.

 
EXEMPLOS DE GENERALIZAÇÕES VÁLIDAS

Exemplo 1:
Todos os esquilos observados até hoje são mamíferos.
Logo, todos os esquilos são mamíferos.

Exemplo 2:
Com base em inquéritos realizados a quarenta indivíduos de cada uma das profissões
existentes na cidade X, constata-se que todos afirmaram estar satisfeitos com o respetivo
emprego.
Logo, todos os indivíduos da cidade X estão satisfeitos com o respetivo emprego.
EXEMPLOS DE GENERALIZAÇÕES INVÁLIDAS

Exemplo 1:
Fiz um teste de Filosofia e foi difícil.
Logo, todos os testes de Filosofia são difíceis.

Falácia da generalização precipitada: ocorre quando se conclui abusivamente o geral de


apenas um ou poucos casos. Além disso, no que se refere ao exemplo apresentado, existem
certamente contraexemplos que põem em causa a conclusão.

Exemplo 2:
Com base em inquéritos realizados ao conjunto dos estudantes portugueses do ensino superior,
constata-se que todos eles valorizam este tipo de ensino.
Logo, todos os portugueses valorizam o ensino superior.
Falácia da amostra não representativa: consiste em concluir de um segmento da população
para toda a população, apesar de a amostra poder incluir um número significativo de casos.
Neste exemplo, embora o número de casos seja significativo, os estudantes portugueses do
ensino superior não representam a população portuguesa. Além disso, existirão certamente
contraexemplos que põem em causa a conclusão.
Argumentos indutivos: indução por previsão
Argumento que, baseando-se em casos passados, antevê casos não
observados, presentes ou futuros.

Exemplo:
Todos os cavalos observados até hoje nasceram quadrúpedes.
Logo, o próximo cavalo a nascer também nascerá quadrúpede.

REQUISITOS DE VALIDADE DAS PREVISÕES:

Uma indução por previsão é válida se cumprir os seguintes requisitos:


– se existir uma forte probabilidade de a conclusão corresponder à realidade;
– se não existir informação disponível contrária ao que se afirma no argumento.

 
 
EXEMPLOS DE PREVISÕES VÁLIDAS

Exemplo 1:
Todos os esquilos observados até hoje são mamíferos.
Logo, o próximo esquilo que observarmos também será mamífero.

Exemplo 2:
Até agora o planeta Terra girou sempre em redor do Sol.
Logo, durante o próximo ano, o planeta Terra também irá girar em redor do Sol.
EXEMPLOS DE PREVISÕES INVÁLIDAS

Exemplo 1:
O clube A venceu os sete jogos do campeonato disputados até agora.
Logo, o clube A irá vencer os próximos vinte e sete jogos do campeonato por disputar.

Falácia da previsão inadequada (Neste caso, não é forte a probabilidade de


a conclusão corresponder à realidade.)

Exemplo 2:
A temperatura na Terra nunca apresentou variações significativas no passado.
Logo, ela nunca apresentará variações significativas no futuro.

Falácia da previsão inadequada (Neste caso, a conclusão é ilegítima porque existe


informação disponível que dá conta do aquecimento global.)
Argumento por analogia
Argumento que consiste em partir de certas semelhanças ou
relações entre dois objetos ou duas realidades e em encontrar
novas semelhanças ou relações. Baseia-se, assim, na comparação
que se estabelece entre as realidades, supondo semelhanças novas
a partir das já conhecidas.

Forma lógica:

X tem a propriedade A.
Y é semelhante a X.
Logo, Y tem a propriedade A.

Exemplo:
O cantor X canta bastante bem.
O cantor Y tem um timbre e uma extensão vocal semelhantes aos do
cantor X.
Logo, o cantor Y também canta bastante bem.
REQUISITOS DE VALIDADE DO ARGUMENTO POR ANALOGIA:

Um argumento por analogia é válido se cumprir os seguintes requisitos:


– se as semelhanças entre as realidades forem relevantes no que diz
respeito à conclusão;
– se as semelhanças relevantes no que diz respeito à conclusão forem em
número suficiente;
– se não existirem diferenças relevantes no que diz respeito à conclusão.

EXEMPLO DE UM ARGUMENTO POR ANALOGIA VÁLIDO

O aluno A consegue boas classificações.


O aluno B é tão aplicado, empenhado, metódico e inteligente como o
aluno A, tendo condições socioeconómicas semelhantes.
Logo, o aluno B também consegue boas classificações.
EXEMPLOS DE ARGUMENTOS POR ANALOGIA INVÁLIDOS

Exemplo 1:
O carro da marca X é bastante potente.
O carro da marca Y tem a mesma cor e o mesmo tamanho que o carro da marca X.
Logo o carro da marca Y também é bastante potente.
 Falácia da falsa analogia (Neste caso, as semelhanças não são relevantes no que diz
respeito à conclusão.)

Exemplo 2:
O médico A, que estudou numa Universidade de prestígio, é um profissional excelente.
O médico B estudou na mesma Universidade.
Logo, O médico B também é um profissional excelente.
 Falácia da falsa analogia (Neste caso, as semelhanças relevantes no que diz respeito à
conclusão não são em número suficiente.)

Exemplo 3:
As máquinas não são conscientes de si.
A mente humana é como uma máquina.
Logo, a mente humana não é consciente de si.
 Falácia da falsa analogia (Neste caso, existem diferenças relevantes entre a mente humana e as
máquinas, no que diz respeito àquilo que é afirmado na conclusão.)
Argumento de autoridade
É o argumento que se apoia na opinião de um especialista ou de
uma autoridade para fazer valer a sua conclusão.

Forma lógica:

Uma autoridade, especialista ou testemunha afirmou que P.


Logo, P.

Exemplo:
Galileu afirmou que todos os corpos caem com aceleração constante.
Logo, todos os corpos caem com aceleração constante.
REQUISITOS DE VALIDADE DO ARGUMENTO DE AUTORIDADE:
Para o argumento de autoridade ser válido deve cumprir os seguintes requisitos:
– deve referir-se o nome da autoridade e a fonte em que ela exprimiu essa ideia,
ou seja, a autoridade não deve ser anónima;
– a autoridade invocada deve ser um efetivo especialista ou perito na área em
questão, ou seja, uma autoridade reconhecida;
– não pode existir controvérsia entre os especialistas da área em questão, ou seja,
aquilo que é afirmado deve ser amplamente consensual entre as autoridades
dessa área;
– o especialista invocado não pode ter interesses pessoais ou de classe no âmbito
do assunto em causa, ou seja, deve haver imparcialidade;
– o argumento não pode ser mais fraco do que outro argumento contrário.
 

  EXEMPLO DE UM ARGUMENTO DE AUTORIDADE VÁLIDO


 
Newton afirmou, em Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, que todo o corpo
permanece parado ou em movimento retilíneo uniforme, a menos que uma força
seja aplicada nele.
Logo, todo o corpo permanece parado ou em movimento retilíneo uniforme, a
menos que uma força seja aplicada nele.
EXEMPLOS DE ARGUMENTOS DE AUTORIDADE INVÁLIDOS

Exemplo 1:
Estudos indicam que comer um ovo por dia prejudica a saúde.
Logo, comer um ovo por dia prejudica a saúde.
 
Falácia do apelo ilegítimo à autoridade (Será necessário referir quem foram os autores do estudo; existe
controvérsia entre os especialistas relativamente a este assunto; além disso, o argumento talvez seja
mais fraco do que o argumento contrário.)

Exemplo 2:
Um membro do governo afirmou que, desde que o governo iniciou funções, a felicidade dos
cidadãos aumentou bastante.
Logo, desde que o governo iniciou funções, a felicidade dos cidadãos aumentou bastante.

Falácia
  do apelo ilegítimo à autoridade (Além de não ser referido o nome da pessoa invocada, talvez
também não se trate de uma autoridade efetiva na área em questão, sendo inclusive alguém com
interesses pessoais no âmbito do assunto em causa; além disso, existe certamente controvérsia entre os
especialistas relativamente a este assunto.)
Nomeie o tipo de argumento utilizado em cada um dos pontos.
 
1. Desde que se observa que, ano após ano, milhares de pinguins-imperador
percorrem cerca de 100 km pelos gelos inóspitos da Antártida rumo ao local de
reprodução. Isto significa que no próximo ano milhares de pinguins-imperador
migrarão para se reproduzirem.
 
2. Desde que Portugal é uma república que todos os seus presidentes, desde
Manuel de Arriaga até à atualidade, são homens. Logo, nunca existirá em
Portugal uma mulher Presidente da República.
 
3. Segundo um estudo realizado em 2010 por cientistas sociais e especialistas
em tráfego automóvel para o Departamento de Transportes de Nova Iorque, as
mulheres são melhores condutoras do que os homens. Logo, é verdade que as
mulheres são melhores condutoras do que os homens.
 
Cenários de resposta: 1. Previsão (indução). 2. Generalização (indução). 3.
Argumento de autoridade.
Considere a imagem e respetiva legenda.

a) Aponte o tipo de argumento utilizado na campanha supra.


b) Escreva o argumento implícito na imagem.
 
a) Analogia. b) Os cigarros são como armas. As armas matam inocentes. Logo, os cigarros matam inocentes.

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