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Testes de compreensão do oral · Transcrição dos registos áudio e vídeo

Teste 5 · Na Quinta do Bisavô…, José Manuel Ribeiro (excerto narrativo: 2 min 12 s)

Na Quinta do Bisavô, antes da casa do caseiro, havia, na leira da esquerda, muitas árvores de várias
espécies: carvalhos, acácias, castanheiros, cedros, choupos, plátanos, ciprestes, pinheiros, eucaliptos,
e muito perto da casa, magnólias, jacarandás e árvores de fruto.
Algumas destas árvores tinham sido trazidas do Brasil pelo bisavô que mantinha com as árvores uma
relação especial: falava-lhes e lembrava-lhes a sua utilidade. Ao caseiro e aos filhos ensinou o respeito
que deve merecer quem morre de pé.
[…]
– O meu pai sabia que uma casa abrigada por uma árvore é mais fresca no verão – explicou o avô.
– É por isso que as cidades sem árvores são chamadas de “ilhas de calor” – atalhou o pai, mostrando
que guardava na memória o que arrancava aos livros que lia sobre as questões da sustentabilidade do
planeta.
– Como esta era uma zona muito ventosa, o bisavô plantou estas árvores para servirem de quebra-
-ventos, protegendo a casa das ventanias e correntes de ar indesejadas.
– E reduzindo os custos do aquecimento – acrescentou o pai.
– Mas as árvores têm outras maravilhas! – disse, com certo ar de suspense, o avô.
– Outras maravilhas? – perguntou a minha irmã, meio perdida do fio da meada.
– Sim, as árvores, as raízes das árvores, prendem o solo, evitando a sua erosão pelo vento e pelas
águas. Mais: as raízes das árvores eliminam os químicos perigosos dos terrenos, filtrando-os e tornando-
-os menos prejudiciais.
– Há uma outra vantagem que não foi para aqui chamada, mas importante nas cidades… – disse o
pai, metendo a sua colherada na conversa. – As árvores abafam o barulho do trânsito nas estradas e dos
aviões. Li algures que o fazem tão bem ou melhor do que as paredes.
A mãe, que gostava da Quinta do Bisavô e que seguia atentamente o rumo da conversa, deu-lhe o
golpe de misericórdia, sentenciando:
– Ah, e as árvores também são muito bonitas…
– Muito bonitas… – admitimos todos, rindo-nos.
José Manuel Ribeiro, O senhor Péssimo é o Máximo,
Ed. Trinta Por Uma Linha, 2012 (págs. 31-33, com supressões)
LAB6DP-TORAL © Porto Editora

Livro aberto, 6.º ano – Testes de compreensão do oral 139

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