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Lógica informal

Filosofia 10º ano


Objetivos
• Caracterizar, identificar e avaliar os seguintes tipos de argumentos
não dedutivos: indutivos, por analogia e de autoridade.

• Apresentar exemplos dos seguintes tipos de argumentos não


dedutivos: indutivos, por analogia e de autoridade.
A validade de um argumento
formal depende unicamente
da sua forma lógica.
A não
esquecer… A validade de um argumento
informal depende da sua
forma lógica e do seu
conteúdo.
Argumentos

Dedutivos Não dedutivos


• Pretende-se que as premissas • Pretende-se que as premissas apoiem
garantam a conclusão a conclusão

• Válido: É impossível as premissas • Forte: a verdade das premissas torna


serem todas verdadeiras e a conclusão mais provável a verdade da conclusão.
falsa. • Fraco: a verdade das premissas não
• Inválido: Não é impossível as torna mais provável a verdade da
premissas serem todas verdadeiras e a conclusão.
conclusão falsa.

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ARGUMENTOS NÃO DEDUTIVOS

Num argumento não dedutivo, a verdade das premissas apenas sugere a plausibilidade
da conclusão ou a probabilidade de ela ser também verdadeira.

Neste tipo de argumentos, as premissas apenas dão um suporte parcial à conclusão,


fornecendo razões a seu favor, mas não a tornando necessariamente verdadeira.

A sua validade depende de aspetos que vão para lá da forma lógica do argumento.

Um argumento não dedutivo é válido quando é improvável, mas não propriamente


impossível, ter premissas verdadeiras e conclusão falsa.
EXEMPLO 1 Até hoje, todos os gatos nasceram mamíferos.
Logo, o próximo gato a nascer também nascerá mamífero.

Argumento não dedutivo válido Argumento forte

Argumento cuja(s) premissa(s) oferece(m) um apoio


forte à conclusão.

EXEMPLO 2 Alguns estudantes copiam nos testes.


Logo, todos os estudantes copiam nos testes.

Argumento não dedutivo inválido Argumento fraco

Argumento cuja(s) premissa(s) não oferece(m) um


apoio forte à conclusão.
Em qualquer discurso argumentativo são vários os tipos de argumentos que poderemos usar quando
queremos convencer alguém da razoabilidade de uma tese.

Para além dos dedutivos, podemos usar argumentos não dedutivos.

Tipos de argumentos

Argumentos Argumentos não


dedutivos dedutivos

Argumentos indutivos Argumentos por Argumentos de


(induções) analogia autoridade

Generalização Previsão
Argumentos indutivos: indução por generalização

Extraímos uma conclusão geral (que inclui casos de que não tivemos experiência) a partir de
um conjunto de premissas referentes a alguns casos de que já tivemos experiência. Assim
sendo, neste tipo de argumento a conclusão é mais geral do que a(s) premissa(s).

Exemplo:
Todos os peixes observados até agora respiram através da absorção do oxigénio presente na água.
Logo, todos os peixes respiram através da absorção do oxigénio presente na água.

REQUISITOS DE VALIDADE DAS GENERALIZAÇÕES:

Uma generalização é válida se cumprir os seguintes requisitos:


- se partir de um número relevante de casos observados;
- se não se tiverem encontrado, depois de procurados, quaisquer contraexemplos;
- se os casos observados forem representativos do universo em questão.
EXEMPLOS DE GENERALIZAÇÕES VÁLIDAS

Exemplo 1:
Todos os esquilos observados até hoje são mamíferos.
Logo, todos os esquilos são mamíferos.

Exemplo 2:
Com base em inquéritos realizados a quarenta indivíduos de cada uma das profissões
existentes na cidade X, constata-se que todos afirmaram estar satisfeitos com o respetivo
emprego.
Logo, todos os indivíduos da cidade X estão satisfeitos com o respetivo emprego.
EXEMPLOS DE GENERALIZAÇÕES INVÁLIDAS

Exemplo 1:
Fiz um teste de Filosofia e foi difícil.
Logo, todos os testes de Filosofia são difíceis.

Falácia da generalização precipitada: ocorre quando se conclui abusivamente o geral de apenas um ou


poucos casos. Além disso, no que se refere ao exemplo apresentado, existem certamente contraexemplos
que põem em causa a conclusão.
EXEMPLOS DE GENERALIZAÇÕES INVÁLIDAS

Exemplo 2:
Com base em inquéritos realizados ao conjunto dos estudantes portugueses do ensino
superior, constata-se que todos eles valorizam este tipo de ensino.
Logo, todos os portugueses valorizam o ensino superior.

Falácia da amostra não representativa: consiste em concluir de um segmento da população para toda a
população, apesar de a amostra poder incluir um número significativo de casos. Neste exemplo, embora o
número de casos seja significativo, os estudantes portugueses do ensino superior não representam a
população portuguesa. Além disso, existirão certamente contraexemplos que põem em causa a conclusão.
EXEMPLOS DE GENERALIZAÇÕES INVÁLIDAS

Exemplo 4:
Até hoje, massajar o couro cabeludo foi benéfico para
diminuir a ansiedade
Logo, massajar o couro cabeludo será sempre benéfico
para diminuir a ansiedade.

Falácia da omissão de dados: consiste em ignorar ou omitir informação relevante.


Argumentos indutivos: indução por previsão
Argumento que, baseando-se em casos passados, antevê casos não observados,
presentes ou futuros.

Exemplo:
Todos os cavalos observados até hoje nasceram quadrúpedes.
Logo, o próximo cavalo a nascer também nascerá quadrúpede.

REQUISITOS DE VALIDADE DAS PREVISÕES:

Uma indução por previsão é válida se cumprir os seguintes requisitos:


– se existir uma forte probabilidade de a conclusão corresponder à realidade;
– se não existir informação disponível contrária ao que se afirma no argumento.
EXEMPLOS DE PREVISÕES VÁLIDAS

Exemplo 1:
Todas as rãs observados até hoje são batráquios.
Logo, a próxima rã que observarmos também será batráquio.

Exemplo 2:
Até agora o planeta Terra girou sempre em redor do Sol.
Logo, durante o próximo ano, o planeta Terra também irá girar em redor do Sol.
EXEMPLOS DE PREVISÕES INVÁLIDAS

Exemplo 1:
O clube A venceu os sete jogos do campeonato disputados até agora.
Logo, o clube A irá vencer os próximos vinte e sete jogos do campeonato por disputar.

Falácia da previsão inadequada (Neste caso, não é forte a probabilidade de a conclusão corresponder à realidade.)
EXEMPLOS DE PREVISÕES INVÁLIDAS

Exemplo 2:
A temperatura na Terra nunca apresentou variações significativas no passado.
Logo, ela nunca apresentará variações significativas no futuro.

Falácia da previsão inadequada (Neste caso, a conclusão é ilegítima porque existe informação
disponível que dá conta do aquecimento global.)
Argumento por analogia

Argumento que consiste em partir de certas semelhanças ou relações entre dois objetos ou duas
realidades e em encontrar novas semelhanças ou relações. Baseia-se, assim, na comparação que se
estabelece entre as realidades, supondo semelhanças novas a partir das já conhecidas.

Forma lógica:

X tem a propriedade A.
Y é semelhante a X.
Logo, Y tem a propriedade A.

Exemplo:
O cantor X canta bastante bem.
O cantor Y tem um timbre e uma extensão vocal semelhantes aos do
cantor X.
Logo, o cantor Y também canta bastante bem.
REQUISITOS DE VALIDADE DO ARGUMENTO POR ANALOGIA:

Um argumento por analogia é válido se cumprir os seguintes requisitos:


– se as semelhanças entre as realidades forem relevantes no que diz respeito à conclusão;
– se as semelhanças relevantes no que diz respeito à conclusão forem em número suficiente;
– se não existirem diferenças relevantes no que diz respeito à conclusão.

EXEMPLO DE UM ARGUMENTO POR ANALOGIA VÁLIDO

O aluno A consegue boas classificações.


O aluno B é tão aplicado, empenhado, metódico e inteligente como o aluno A, tendo
condições socioeconómicas semelhantes.
Logo, o aluno B também consegue boas classificações.
EXEMPLOS DE ARGUMENTOS POR ANALOGIA INVÁLIDOS

Exemplo 1:
O carro da marca X é bastante potente.
O carro da marca Y tem a mesma cor e o mesmo tamanho que o carro da marca X.
Logo o carro da marca Y também é bastante potente.

Falácia da falsa analogia (Neste caso, as semelhanças não são relevantes no que diz respeito à conclusão.)
EXEMPLOS DE ARGUMENTOS POR ANALOGIA INVÁLIDOS

Exemplo 2:
O médico A, que estudou numa Universidade de prestígio, é um profissional excelente.
O médico B estudou na mesma Universidade.
Logo, O médico B também é um profissional excelente.

Falácia da falsa analogia (Neste caso, as semelhanças relevantes no que diz


respeito à conclusão não são em número suficiente.)

Exemplo 3:
As máquinas não são conscientes de si.
A mente humana é como uma máquina.
Logo, a mente humana não é consciente de si.

Falácia da falsa analogia (Neste caso, existem diferenças relevantes entre a mente
humana e as máquinas, no que diz respeito àquilo que é afirmado na conclusão.)
Argumento de autoridade

É o argumento que se apoia na opinião de um especialista ou de uma


autoridade para fazer valer a sua conclusão.

Forma lógica:

Uma autoridade, especialista ou testemunha afirmou que P.


Logo, P.

Exemplo:
Galileu afirmou que todos os corpos caem com aceleração constante.
Logo, todos os corpos caem com aceleração constante.
REQUISITOS DE VALIDADE DO ARGUMENTO DE AUTORIDADE:

Para o argumento de autoridade ser válido deve cumprir os seguintes requisitos:

– deve referir-se o nome da autoridade e a fonte em que ela exprimiu essa ideia, ou seja, a autoridade não
deve ser anónima;
– a autoridade invocada deve ser um efetivo especialista ou perito na área em questão, ou seja, uma
autoridade reconhecida;
– não pode existir controvérsia entre os especialistas da área em questão, ou seja, aquilo que é afirmado
deve ser amplamente consensual entre as autoridades dessa área;
– o especialista invocado não pode ter interesses pessoais ou de classe no âmbito do assunto em causa,
ou seja, deve haver imparcialidade;
– o argumento não pode ser mais fraco do que outro argumento contrário.
EXEMPLO DE UM ARGUMENTO DE AUTORIDADE VÁLIDO

Newton afirmou, em Princípios Matemáticos da Filosofia


Natural, que todo o corpo permanece parado ou em movimento
retilíneo uniforme, a menos que uma força seja aplicada nele.

Logo, todo o corpo permanece parado ou em movimento


retilíneo uniforme, a menos que uma força seja aplicada nele.
EXEMPLOS DE ARGUMENTOS DE AUTORIDADE INVÁLIDOS

Exemplo 1:
Estudos indicam que comer um ovo por dia prejudica a
saúde.
Logo, comer um ovo por dia prejudica a saúde.

Falácia do apelo ilegítimo à autoridade (Será necessário referir quem foram os autores do
estudo; existe controvérsia entre os especialistas relativamente a este assunto; além
disso, o argumento talvez seja mais fraco do que o argumento contrário.)
EXEMPLOS DE ARGUMENTOS DE AUTORIDADE INVÁLIDOS

Exemplo 2:
Um membro do governo afirmou que, desde que o governo iniciou funções, a felicidade dos
cidadãos aumentou bastante.
Logo, desde que o governo iniciou funções, a felicidade dos cidadãos aumentou bastante.

Falácia do apelo ilegítimo à autoridade (Além de não ser referido o nome da pessoa invocada, talvez também
não se trate de uma autoridade efetiva na área em questão, sendo inclusive alguém com interesses pessoais no
âmbito do assunto em causa; além disso, existe certamente controvérsia entre os especialistas relativamente a
este assunto.)

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