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Lógica Formal e Informal

Formal Informal
 Estuda as condições de validade dos  É um modo de avaliar os argumentos que
argumentos dedutivos, isto é, estuda as ocorrem na linguagem comum, partindo do
condições formais que esses argumentos seu conteúdo/matéria e do seu potencial
devem cumprir para serem considerados persuasivo. Procura, por isso, dar atenção a
corretos ou válidos. Quando as premissas todo o tipo de argumentos, dedutivos (do
oferecem um apoio absoluto e completo à ponto de vista do conteúdo) e não
conclusão, de tal modo que é logicamente dedutivos, cujo potencial persuasivo não
impossível aceitar a verdade das premissas depende apenas de critérios formais, mas
sem aceitar a verdade da conclusão, estamos sim informais.
perante um argumento dedutivamente
válido. Observa-se, portanto, entre as
premissas e a conclusão. Qualquer
argumento dedutivo pode ser avaliado sobre
o ponto de vista formal.

Validade: a validade e a invalidade são qualidades próprias dos argumentos resultantes do facto de as
premissas apoiarem ou não a conclusão. A validade traduz uma certa relação entre os valores de
verdade das premissas e o valor de verdade da conclusão. Isso acontece de forma diferente nos
argumentos dedutivos e não dedutivos.

Raciocínios/argumentos dedutivos:
 Os argumentos dedutivos são aqueles cuja validade depende apenas da sua forma lógica. Um
argumento dedutivo só é considerado válido quando as suas premissas oferecem um apoio absoluto
e completo à conclusão sendo logicamente impossível que as premissas sejam verdadeiras e a
conclusão falsa. Caso isto aconteça, então o argumento é inválido.

A verdade das premissas


garante a verdade das
premissas

Para um raciocínio dedutivo ser


valido as premissas são
verdadeiras

Impossível que a conclusão seja


falsa, quando as premissas são
verdadeiras
 A estrutura, a forma lógica do argumento, o modo como são encadeadas as proposições e como
são dispostos as formas nas proposições faz toda a diferença. Dessa estrutura está dependente o
facto de a verdade das premissas garantir a verdade da conclusão.
Por exemplo:
Exemplo 1: Neste caso, o argumento é valido
Todos alunos são sensatos. uma vez que, as premissas apoiam
totalmente a conclusão.
Todos os jovens de 16 anos são alunos.
Logo, todos os jovens de 16 anos são sensatos.

Exemplo 2:
Nestes caso, o argumento é inválido,
Todos alunos são sensatos. uma vez que, a conclusão não é
Todos os jovens de 16 anos são sensatos. garantidamente certa, ou seja, as
premissas não apoiam a conclusão
Logo, todos os jovens de 16 anos são alunos.
pois esta não foi inferida
corretamente das premissas.

 A lógica está interessada em estudar os raciocínios dedutivos, pois estes representam o único tipo
de raciocínio que, quando está bem estruturado, a conclusão preserva o valor de verdade das
premissas.
Nota: Pode acontecer termos um raciocínio/argumento composto somente por proposições falsas e ainda
assim ele estar estruturado corretamente. (Todos os animais são plantas // Toda a pedra é animal // Logo
toda a pedra é planta). Apesar disso, como a conclusão foi inferida corretamente, este argumento é
considerado válido.
 Sempre que um argumento está bem estruturado -> Argumento Válido

 Se for um argumento bem estruturado e com proposições que consideramos verdadeiras ->
argumento sólido
 Sem um argumento não está bem estruturado (se for inválido) -> Argumento Falacioso

Falácia: é sempre um erro de raciocínio,


em que a conclusão derivou
incorretamente das premissas. Nos
dedutivos, como o erro resulta de uma
forma errada então as suas falácias são
Os raciocínios dedutivos podem ser: sempre falácias formais.

 Categóricos: Usam apenas proposições simples. (Ex: O céu é azul.)

 Condicionais: A proposição condicional é sempre composta por pelo menos duas proposições
simples. Assim, a proposição condicional é sempre uma proposição composta. (Ex: Se as flores
são plantas, então são seres vivos)

Antecedentes/ Consequente/
Silogismo condicional:
Condição suficiente Condição necessária
 É aquele silogismo cuja premissa maior é uma proposição condicional, isto é, que se divide em duas
partes: o antecedente e o consequente. Por exemplo:
o Premissa Maior: Se há vida após a morte, então a existência tem sentido.
o Premissa menor: Há vida após a morte.
o Conclusão: Logo, a existência tem sentido.
Este silogismo pode ter um modo afirmativo e um modo negativo.

Modus Ponens Modus tollens


 Trata-se de negar o consequente
 Consiste em afirmar o antecedente na na premissa menor e de negar o
premissa menor e em afirmar, de seguida, o antecedente na conclusão.
consequente na conclusão. Ex:
Ex: Se estiver sol, então não ficamos em casa.
Se compro a casa, então gasto muito dinheiro. Ficamos em casa.
Compro a casa. Logo, não está Sol.
Logo, gasto muito dinheiro.
Se P, então Q
Se P, então Q Não Q.
P. Logo, não P.
Logo, Q.

Falácia da afirmação do consequente Modus tollens


 Em vez de afirmar o antecedente na  Em vez de se negar o consequente na
premissa menor, afirma-se o consequente e premissa menor, nega-se o antecedente e em
em seguida afirma-se o antecedente. seguida nega-se o consequente.
Ex: Ex:
Se chover, então fico em casa. Se não chover, então não fico em casa.
Fico em casa Chove.
Logo, chove. Logo, fico em casa.

Se P, então Q Se P, então Q
Q. Não P.
Logo, P. Logo, não Q.

 Disjuntivas: A proposição disjuntiva é sempre composta por pelo menos duas proposições simples.
Assim, a proposição disjuntiva é sempre uma proposição composta. Pode ser exclusiva (se as
alternativas se excluírem) ou inclusiva (se as alternativas se excluírem). Ex: (DE) Ou és sábio ou és
ignorante./ (DI) És inteligente ou boa pessoa.
Silogismo disjuntivo:
 É aquele silogismo cuja premissa maior é uma proposição disjuntiva (que pode ser exclusiva ou
inclusiva). A premissa menor afirma ou nega uma das alternativas. A conclusão, por sua vez, afirma
ou nega a outra em função do que se passar na premissa menor. Por exemplo:
o Premissa Maior: Ou sou inocente ou sou culpado.
o Premissa menor: Sou inocente
o Conclusão: Logo, não sou culpado.
Neste silogismo, há na premissa menor a afirmação de uma das alternativas, pelo que na conclusão de
teve que negar a outra. Quando parte de uma disjunção exclusiva tem 2 modos validos:
o MODUS PONENDO TOLLENS (modo que, afirmando, nega);
o MODUS TOLLENDO PONENS (modo que, negando, afirma)

Modus ponendo tollens Modus TOLLENDO PONENS


 A premissa maior é uma disjunção exclusiva  A premissa maior é uma disjunção exclusiva
e a menor afirma uma das alternativas e a e a menor nega uma das alternativas e a
conclusão nega a outra. conclusão afirma a outra.
Ex: Ex:
Ou penso ou sinto. Ou chove ou faz Sol.
Penso. Não chove.
Logo, não sinto. Logo, faz Sol.

Ou P, ou Q Ou P, ou Q Ou P, ou Q
Ou P, ou Q Não P.
P. Não Q.
Logo, não Q.
Q. Logo, Q.
Logo, não P. Logo, P.

Silogismo disjuntivo inclusivo:


 A premissa maior é uma proposição disjuntiva inclusiva: escrevo ou rio (posso ao mesmo tempo
escrever ou rir)
 Pressupõe-se que a disjunção não é completa e, por isso, o argumento que se constrói a partir
dela pode não ser válido dando origem a uma falácia.
o Falácia no silogismo disjuntivo
Afirmação de uma das alternativas não implica a negação da outra.
Ex: sou marinheiro ou cantor P ou Q
Sou marinheiro. P.
Logo, não Q.
Logo, não sou cantor
Se aplicarmos um ponendo tollens com uma disjunção inclusiva, ele nunca será válido.
o Modus TOLLENDO PONENS
-Este silogismo é válido a partir de uma disjunção inclusiva em que a premissa menor apresenta a negação
de uma das alternativas, (que não se excluem) e cuja conclusão afirma a outra.
Ex: Escrevo ou sorrio. P ou Q
Não escrevo. Não P.
Logo, Q.
Logo, sorrio.

Disjunções:
Exclusivas

Modos válidos

Modus Ponendo Modus tollendo


Tollens ponnens
Inclusivas

Modus Ponendo Tollens: Modus tollendo


modo inválido ponnens: modo válido
Logica proposicional
clássica
 Proposição Simples: aquelas que não integram outra proposição não se podendo, por isso, designar
noutra.
 Proposição Complexa/Composta: aquelas que resultam da combinação de 2 ou mais proposições
simples.
Proposição simples Proposição Complexa
 Proposição em que não estão presentes  Proposição em que estão presentes um ou
quaisquer operadores mais operadores
 As casas são  As casas são  As casas são brancas ou as casas são
brancas. amarelas. amarelas.
 Gertrudes é  Paulo é  Gertrudes é arquiteta e Paulo é engenheiro.
arquiteta engenheiro
 Eu sou jogador de futebol  Eu não sou jogador de futebol

Se as seguintes proposições simples tiverem valor de verdade, as proposições complexas que elas
podem formar, terão diferentes de verdade.
Ex:
Gertrudes é arquiteta. Verdadeiro
Paulo é engenheiro Falso

1. Gertrudes é arquiteta e Paulo é engenheiro. FALSO


2. Gertrudes é arquiteta ou Paulo é engenheiro. VERDADEIRO
P: “Deus existe”
Q: “A vida tem sentido” Proposições sempre afirmativas e sem operadores.

“Deus existe e a vida tem sentido” P^Q


“Logo, Deus existe” P
Forma lógica
¬P Não P
P∧Q PeQ
P∨Q P ou Q
P→Q Se P, então Q
P⇔ Q P, se e só se, Q

Tabelas de verdade
P ¬P
V F
F V
 Negação

P: “Portugal é um país asiático”


Portugal não é um país asiático
Se soubermos o valor de verdade das proposições simples poderemos igualmente determinar o valor de
verdade das proposições complexas resultantes, desde que estejam envolvidos operadores verofuncionais.
Se p é verdade, ¬P é falsa, se P é falsa, ¬P é verdadeira
P Q P∧Q
V V V
V F F
F V F
F F F
 Conjunção

P: “A vida é enigmática”
Q: “A morte é enigmática”
A vida é enigmática e a morte é enigmática

P∧Q é verdadeira se as proposições conectadas forem ambas verdadeiras; é falsa desde que
pelo menos 1 dessas proposições seja falsa.

 Disjunção

P Q P∨Q
V V V
V F V
F V V
F F F
o Inclusiva:
P: “Descartes era nacionalista”
Q: “Locke era empirista”
Descartes era nacionalista ou Locke era empirista.

P∨Q será sempre verdadeira, exceto quando P e Q forem simultaneamente falsas.


P Q P⊻Q
V V F
V F V
F V V
F F F
o Exclusiva:
P: “Vou ao cinema”
Q: “Fico em casa”
Ou vou ao cinema ou fico em casa.
P⊻Q é verdadeira quando P e Q possuem valores lógicos distintos. E falsa quando P e q possuem o
mesmo valor logico.

P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V

 
o Condicionais:
P: “Marco golos”
Q: “Sou desportista”
Se marco golos, então sou desportista.
 
P → Q só é falsa se P (o antecedente) é verdadeira e Q(consequente) é falsa. Em todas as
restantes situações a nova proposição é verdadeira. 

P Q P⇔Q
V V V
V F F
F V F
F F V
o Bicondicionais:

P: “Sou escritor”
Q: “Publico livros”
Sou escritor se e só se, publico livros.
 
 
P ⇔ Q é verdadeira se ambas as proposições tiverem o mesmo valor lógico e falsa se as
proposições tiverem valores lógicos distintos.
 
Argumentos Sólidos
Ser válido + ter proposições verdadeiras
 A solidez é uma propriedade bastante apelativa dos argumentos, porque se um argumento for válido,
a verdade das premissas garante (ou suporta) a verdade da conclusão, isto é, se aceitarmos as
premissas de um argumento válido são verdadeiras temos boas razões para pensar que a conclusão
também o é. 
 
Tautologia
 Designam as formas proposicionais, que são sempre verdadeiras, qualquer que seja o valor das
proposições simples que as constituem. 
 Ex: se acendo e apago a luz, então acendo a luz  

P Q (P∧Q) → Q
V V V   V
V F     F      V 
F V      F     V
F F      F      V
 
Contradições
 Fórmulas proposicionais que são sempre falsas, independente do valor de verdade das proposições
simples que as constituem. 
 Ex: não penso ou não sonho se, e só se, penso e sonho (sublinhar a coluna do falso)
P Q (¬P∨¬Q)⇔(P∧
Q)
V V F  F F  F    V
V F F  V V  F F
F V V  V  F  F   F 
F F V    F  F  F F

 
Contingência
 Fórmulas proposicionais que tanto podem ser verdadeiras como falsas, consoante os valores lógicos
das proposições simples que as compõe. 
 Ex: se passeio então mantenho a saúde. 
 
P Q R (P∨Q) → R
V V V V V
V V F V F
V F V V V
V F F V F
F V V V V
F V F V F
F F V F V
F F F F V
Argumentos Falaciosos
 Falácia: designa-se por falácia todo argumento incorreto ou inválido, embora aparente ser
válido 
 Há dois tipos de falácias:
o Paralogismo: falácias cometidas involuntariamente 
o Sofismo: falácias cometidas intencionalmente/voluntariamente, isto é, com consciência de
falta de validade do argumento.

Inspetores de circunstâncias
Nota: Uma forma de inferência dedutiva é válida se, e só se, a fórmula proposicional que lhe corresponde
for uma tautologia.
 Um argumento válido é aquele em que cada linha que torne todas as premissas verdadeira é uma
linha em que a conclusão é verdadeira – é um argumento no qual não existe nenhuma linha que
todas as premissas verdadeiras e a conclusão falsa.
Ex:
Se sou português, então sou um conhecedor de Camões. P→ Q
Sou Português.
Logo, sou conhecedor de Camões P.
Logo, Q.
P: “sou português” Q: “Sou conhecedor de Camões”
P Q P → Q, P,
FQ  Trata-se de um argumento valido uma
V V V V vez que a primeira linha exprime a
V única circunstância em que as
premissas são verdadeiras e a
V F F V
conclusão verdadeira.
F
F V V F
V
F F V F
F

Ex:
Se corro então sinto-me bem. P→Q
Sinto-me bem.
Logo, corro. Q.
Logo, P.
P: “Corro” Q: “Sinto-me bem”
P Q P → Q, Q,  Trata-se de um argumento inválido, uma vez que, apesar de
FP na primeira linha as premissas e a conclusão serem
V V V V verdadeiras. Constatámos que na 3ª linha existe uma
V circunstância em que as premissas verdadeiras não tomam a
V F F F conclusão verdadeira mas sim falsa.
V
F V V V
F
F F V F
F
Ló gica informal
 Raciocínios/argumentos nã o dedutivos:

 Os argumentos não dedutivos (indutivos) são aqueles em que a verdade das premissas apenas
sugere a plausibilidade da conclusão ou a probabilidade de ela ser também verdadeira. Neste
tipo de argumentos, as premissas apenas dão um suporte parcial à conclusão fornecendo razões a
seu favor, mas não a tornando necessariamente verdadeira. Por isso, a conclusão é apenas
recomendada.
 A validade destes argumentos decorre do seu grau de probabilidade, razoabilidade ou relevância.
Assim, tal validade depende de aspetos que vão para lá da forma lógica do argumento. Um
argumento não dedutivo é inválido quando é improvável mas não propriamente impossível
ter premissas verdadeiras e conclusão falsa.
 A indução é um tipo de raciocínio que nos conduz a conclusões que não deriva, necessariamente
das premissas.
Por exemplo:
Exemplo 1:
A verdade da premissa não fornece
Alguns alunos copiam nos testes.
uma forte razão para pensar que a
Logo, todos os alunos copiam nos testes. conclusão é verdadeira- argumento
indutivo inválido (argumento fraco)

Exemplo 2:
Até hoje, todos os correios nasceram quadrupedes. A verdade da premissa fornece uma
forte razão para pensar que a
Logo, o próximo cavalo a nascer será quadrúpede. conclusão é verdadeira- argumento
indutivo válido (argumento forte)

Argumentos indutivos
 Existem dois tipos de argumentos indutivos muito recorrentes: generalizações e previsões.
 Num argumento indutivo por generalização, extraímos uma conclusão geral (que inclui casos de
que não tivermos experiencia), a partir de um conjunto de premissas referentes a alguns casos de que
já tivemos experiência. Por exemplo:
 Cada um dos corvos observados até agora é preto.
 Logo, todos os corvos são pretos.
 Uma generalização é válida se cumprir dois requisitos:
1. Se partir de casos particulares representativos;
2. Se não existirem contraexemplos

 Num argumento indutivo por previsão, baseamo-nos num conjunto de premissas referentes a
alguns acontecimentos observados no passado para inferir uma conclusão acerca de um
acontecimento futuro. Por exemplo:
 Cada um dos corvos observados até agora é preto.
 Logo, o próximo corvo que observarmos será preto.
 Na previsão, a sua validade depende da probabilidade de a conclusão corresponder, ou não à
realidade.

 Um bom argumento indutivo (quer seja por generalização ou por previsão) deve basear-se numa
amostra representativa e diversificada, bem como não deve ocultar contraexemplos
conhecidos. Por exemplo, se tivermos observado 10 mil corvos e em regiões diferentes, os
argumentos em consideração serão mais fortes do que no caso de se terem observados apenas 100
corvos numa pequena região. Caso contrário estamos perante maus argumentos indutivos. Perante
um mau argumento indutivo vemos que foi cometida uma falácia informal. Quando um argumento
por generalização se baseia num número reduzido de casos ou ignora contraexemplos
conhecidos incorre na falácia da generalização precipitada. Quando a amostra utilizada para
fazer a generalização é tendenciosa, ou seja, quando não é representativa da diversidade de
características do universo em questão, comete-se a falácia da amostra não representativa.

Argumentos por analogia


 Baseia-se a comparação que se estabelece entre a realidade, as coisas, os fatos, supondo semelhanças
novas a partir das já conhecidas.
 Por exemplo, um argumento de analogia como o seguinte parece bom:
 O José tem tosse, dor de garganta, febre alta, tremores e suores, dores de cabeça, dor muscular,
cansaço.
 As pessoas com esses sintomas normalmente têm gripe.
 Logo, o José provavelmente tem gripe
 Num mau argumento por analogia, as semelhanças observadas não são relevantes para a
características em causa e/ou existem diferenças relevantes entre os dois elementos da comparação
que não estão devidamente tidas em conta. Um mau argumento por analogia designa-se de
“falácia da falsa analogia”. Ex:
1. Tal como os homens, as mulheres também têm pulmões, fígados e rins.
2. Os homens tem próstata.
3. Logo, as mulheres também têm próstata.

 Um argumento por analogia válido é aquele em que a semelhança entre as realidades são mais
relevantes que as diferenças, caso a semelhança entre a realidade sejam menos que as diferenças
então o argumento é inválido.

Argumentos de autoridade
 Num argumento de autoridade recorre-se à opinião de um perito ou de um especialista para
reforçar a aceitação de uma determinada proposição/ conclusão. Por exemplo:
1. Nos livros e aulas de história ensina-se que D. Afonso Henriques foi aclamado como primeiro
rei de Portugal em 1139, sendo isso consensual entre os especialistas nessa matéria.
2. Logo, D. Afonso Henriques foi aclamado como primeiro rei de Portugal em 1139.
 Um bom argumento de autoridade identifica claramente as suas fontes, cita autoridades que,
para além de serem reconhecidamente especialistas no assunto em questão, são igualmente
imparciais e isentas e cuja opinião não é disputada por outros peritos igualmente qualificados,
se esses critérios não forem satisfeitos, incorre-se na falacia da falsa autoridade, como acontece,
por exemplo, no argumento que se segue.
1. Platão é um filósofo de renome e defende que existem almas imortais
2. Logo, existem almas imortais.
 Ainda que Platão seja um filósofo de renome, existem outros especialistas igualmente competentes
que disputam seriamente essa tese sobre a existência de almas imortais. Assim, o argumento em
consideração não satisfaz as condições de um bom argumento de autoridade
 Em resumo, para o argumento ser válido deve cumprir 4 requisitos:
o O especialista usado deve ser um perito no tema em questão;
o Não pode existir controvérsias entre os especialistas do tema em questão
o O especialista invocado não pode ter interesses pessoais no tema em causa;
o O argumento não pode ser mais fraco que outro argumento contrário.

FORMAS DE INFERENCIA VÁLIDAS


 Modus Ponens
Se está sol, então vou á praia. Se P, então Q
Está sol. P.
Logo vou á praia. Logo, Q.
 Modus tollens
Se está sol, então vou á praia. Se P, então Q
Não vou à praia. Não Q.
Logo, não está sol. Logo, não P.

 Contraposição
Se Deus existe então o mundo é finito. Se P, então Q
Logo, se o mundo é infinito, então Deus não existe. Logo, se não Q, então não Q

 Modus tollendo ponnens


Canto ou assobio. P ou Q
Não canto.
Não P.
Logo, assobio.
Logo, Q

 Silogismo hipotético
Se viajar, então aprendo coisas novas. Se P, então Q
Se aprendo coisas novas, então torno-me melhor pessoa.
Se Q, então R
Logo, se viajar, então torno-me melhor pessoa.
Logo, se P, então R

 Leis de de Morgan
Indicam-nos que de uma conjunção negativa podemos inferir uma disjunção de negações, e de que
uma disjunção negativa podemos inferir uma conjunção de negações.
o Negação da conjunção
Não é verdade que fumo e tenho saúde. ¬ (P∧Q)
Logo, não fumo ou não tenho saúde.
Logo, ¬P∨¬Q
o Negação da disjunção
Não é verdade que há sol ou chuva. ¬ (P∨Q)
Logo, não há sol ou chuva.
Logo, ¬P∧¬Q

FORMAS DE INFERENCIA inVÁLIDAS


 Falacia da afirmação do consequente
Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade.
Se P, então Q
Dizes-me sempre a verdade. Q.
Logo, és meu amigo Logo, P.

 Falacia da negação do antecedente


Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade.
Se P, então Q
Não és meu amigo. Não P.
Logo, não me dizes sempre a verdade. Logo, não Q.

Falácias informais
 Falso dilema
É dado um limitado número de opções (na maioria dos casos apenas duas), quando de facto há mais. O falso
dilema é um uso ilegítimo do operador “ou”. Exemplos:
o Ou concordas comigo ou não. (posso concordar parcialmente)
o Reduz-te ao silêncio ou aceita o país que temos. (porque tenho o direito de denunciar o que
quiser)
o Ou votas no Silveira ou será a desgraça nacional. (os outros candidatos podem não ser assim tão
maus)
o Uma pessoa ou é boa ou é má (há sempre um meio termo)
Teste: identificar as opções dadas e mostrar com um exemplo que há pelo menos uma opção adicional

 Apelo à ignorância (Argumentum ad ignorantiam)


Os argumentos desta classe concluem que algo é verdadeiro por não ter provado que é falso; ou conclui que
algo é falso porque não se provou que é verdadeiro. (isto é um caso especial do falso dilema pois presume
que todas as proposições têm de ser realmente conhecidas como verdadeiras ou falsas). Ex:
o Os fantasmas existem! Já provaste que não existem?
o Como os cientistas não podem provar que se vai dar uma guerra global, ela provavelmente não
ocorrerá.
o Fred disse que era mais esperto que eu, mas não o provou. Logo, isso deve ser falso.
Teste: identificar a proposição em questão e argumentar que ela pode ser verdadeira (ou falsa) mesmo
que, por agora, não o saibamos.

 Derrapagem (bola de neve)


Para mostrar que uma proposição, P, é inaceitável, extraem-se consequências inaceitáveis de P e
consequências das consequências… O argumento é falacioso quando pelo menos um dos seus passos é falso
ou duvidoso. Mas a falsidade de uma ou mais premissas é ocultada pelos vários passos “se… então…” que
constituem o todo do argumento. Ex:
o Se aprovarmos leis contra as armas automáticas, não demorara muito até aprovarmos leis contra
todas as armas, e então começaremos a restringir todos os nossos direitos. Acabaremos por viver
num estado totalitário. Logo não devemos banir as armas automáticas.
o Nunca deves jogar. Uma vez que comeces a jogar verás que é difícil deixar o jogo. Em breve
estarás a deixar todo o teu dinheiro no jogo e, inclusivamente, pode acontecer que te vires para o
crime para suportar as tuas despesas e pagar as dívidas.
o Se eu abrir uma exceção para ti, terei de abrir exceções para todos.
Teste: identificar a proposição P, que está a ser refutada e identificar o evento final, Q, da serie de
eventos. Depois mostrar que este evento, Q, não tem de ocorrer como consequência de P.

 Apelo a motivos (em vez de razoes)


As falácias desta secção têm em comum o facto de apelarem a emoções ou a outros fatores psicológicos.
Não avançam razões para apoiar à conclusão.

 Apelo à força (Argumentum ad baculum)


O auditório é informado das consequências desagradáveis que se seguirão à discordância com o autor. Ex:
o É melhor admitires que a nova orientação da empresa é a melhor – se pretendes manter o
emprego.
o A NAFTA (Tratando Norte-Americana de Livre Comércio) é um erro! E se não votares contra a
NAFTA, então “votamos-te” para fora do escritório.
Teste: identificar a ameaça e a proposição. Argumentar que a ameaça não tem relação com a verdade
ou a falsidade da proposição.

 Apelo à Piedade (Argumentum ad misericordiam)


Pede-se a aprovação do auditório na base do estado lastimoso do Autor. Ex:
o Como pode dizer que eu reprovo? Eu estava mais perto da positiva e, alem disso, estudei 16
horas por dia.
o Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos os últimos 3 meses a trabalhar
desalmadamente nesse relatório.
Teste: identificar a proposição e o apelo à autoridade e argumento que o estado lastimoso do
argumentador nada tem a ver com a verdade da proposição.

 Fugir ao assunto
As falacias desta secção fogem ao assunto, discutindo a pessoa que avançou um argumento em vez de
discutir razoes para aceitar ou não aceitar a conclusão. Em algumas ocasiões é aceitável citar autoridades,
(por exemplo, citar o medico para justificar o uso de um medicamento) quase nunca é apropriado discutir a
pessoa em vez dos seus argumentos.

 Ataques pessoais, contra o homem (Argumentum ad hominem)


Ataca-se a pessoa que apresentou um argumento e não o argumento que apresentou. A falácia ad hominem
assume muitas formas. Ataca o caracter, a nacionalidade, a raça ou a religião da pessoa, A falacia sugere que
a pessoa, por ter algo a ganhar com o argumento, é movida pelo interesse. A pessoa pode ainda ser atacada
por associação ou pelas suas companhias.
Há três formas maiores de falácia ad hominem:
1. Ad hominem (abusivo): o argumento ataca a pessoa que o proferiu.

Ex: podes dizer que Deus não existe mas estás apenas a seguir a moda.
2. Ad hominemc (circunsticial): em vez de atacar uma afirmação, o autor aponta para as
circunstâncias em que a pessoa a fez e as suas circunstâncias.
Ex: é natural que o ministro diga que essa política fiscal é boa porque ele não terá de passar por ela.
3. Tu quoque: esta forma de ataque à pessoa consiste em fazer notar que a pessoa não pratica o que
diz.
Ex: Dizes que não devo beber, mas não estás sóbrio há mais de um ano.
Teste: identificar o ataque e mostrar que o caracter ou as circunstâncias da pessoa nada têm a ver
com a verdade ou falsidade da proposição defendida.

 Falacias causais
Os argumentos causais são os argumentos onde se conclui que uma coisa ou acontecimento causa outra. São
muito comuns mas, mas como a relação entre causa e efeito é complexa, é fácil cometer erros. Em regra,
diz-se que C é a causa do efeito E se e só se:
1. Geralmente, quando C ocorre, também E ocorre;
2. Geralmente, se C não ocorre, então também E não ocorre;
Diz-se geralmente pois há exceções. Diz-se que riscar o fósforo é a causa da chama porque:
1. Geralmente, quando riscamos o fosforo ele acende (exceto debaixo de da água);
2. Geralmente, quando o fosforo não é riscado, ele não acende (exceto quando usamos um maçarico);
Muitos especialistas requerem também que uma afirmação causal seja apoiada por uma lei da natureza. Por
exemplo, a afirmação “riscar o fosforo é a causa da chama” é justificado pelo princípio “a fricção produz
calor, e o calor produz o fogo”

 Causa falsa-depois disso, por causa disso (Post hoc ergo propter hoc)
O nome em Latim significa: “depois disso, logo, por causa disso”. Isto descreve a falácia. Comete-se a
falácia quando pressupõe que, por uma coisa se seguir a outra, então aquela teve de ser causada por esta.
Ex:
1. A imigração do Alentejo para Lisboa aumentou mal a prosperidade aumentou. Portanto, o
incremento da imigração foi causada pelo incremento to da prosperidade. 
2. Tomei o EZ-Mata-Gripe e dois dias depois a minha constipação desapareceu…
Teste: mostrar que a correlação é coincidência, mostrando: 1)que o “efeito” teria ocorrido mesmo
sem a alegada causa ocorre, ou 2) o efeito teve uma causa diferente da que foi indicada.
 Falhar o alvo
Estas falácias têm em comum o facto de falharem a prova de que a conclusão é verdadeira.

 Petição de princípio 
A verdade da conclusão é pressuposta pelas premissas. Muitas vezes, a conclusão é apenas reafirmada nas
premissas de uma forma ligeiramente diferente. Nos casos mais subtis, a premissa é uma consequência da
conclusão. 
Ex:
1. Dado que não estou a mentir, segue-se que estou a dizer a verdade. 
2. Sabemos que deus existe, porque a Bíblia o diz. E o que a Bíblia diz deve ser verdadeiro, dado que
foi escrita por Deus e Deus não mente. (Teríamos que acreditar que deus existe para aceitar a Bíblia)
Teste: mostrar que para acreditarmos nas premissas já teríamos de aceitar a conclusão.

 Espantalho/ boneco de palha


O argumentador, em vez de atacar o melhor argumento do seu opositor, ataca um argumento diferente, mais
fraco ou tendenciosamente interpretado. Infelizmente é uma das “técnicas” de argumentação mais usadas. 
Exemplo:
1. As pessoas que querem legalizar o aborto, querem prevenção irresponsável da gravidez. Mas nós
queremos uma sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser legalizado. 
2. Devemos manter o recrutamento obrigatório. As pessoas não querem fazer o serviço militar porque
não lhes convém. Mas devem reconhecer que há coisas mais importantes do que a convivência. 
Teste: mostrar que o argumento oposto foi mal representado, mostrando que os opositores têm
argumentos mais fortes. Descrever um argumento mais forte

 
 Argumento ad populum (apelo à multidão)
 Trata-se de uma forma de argumentar que retira a sua força do apelo popular ou à maioria.
Justifica algo como normal com base na assunção de que se trata de uma prática comum, de uma
convicção largamente partilhada ou de um procedimento habitual. 
 Utiliza-se para justificar formas de agir e subentende a máxima “Em Roma, sê romano ”-um
princípio cuja razoabilidade ninguém negará. 
 Esta forma e usualmente classificada como uma falácia lógica. A maioria ou os costumes não são
critério para estabelecer a verdade de uma proposição. Ex: dizer que um determinado produto é
bom porque é consumido pela maior parte das pessoas não constitui uma prova lógica de que o
produto e realmente bom. 

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