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Racionalidade
argumentativa da Filosofia e a
dimensão discursiva do
trabalho filosófico
Disciplina filosófica que estuda a distinção entre argumentos corretos (ou válidos) e
incorretos (ou inválidos), mediante a identificação das condições necessárias à operação
que conduz da verdade de certas crenças à verdade de outras.
Analisa,
Analisa a validade fundamentalmente,
dos argumentos a validade dos
dedutivos. argumentos não
dedutivos.
ARGUMENTO
Conjunto de proposições
devidamente articuladas
Conclusão
Premissa(s)
(tese)
Exemplos
Os rapazes são giros.
As cerejas fazem bem à saúde.
Logo, as férias devem continuar.
Exemplo
Os alunos da turma 10A são estudantes de Filosofia.
Pedro e Miguel são estudantes de Filosofia.
Logo, Pedro e Miguel são alunos da turma 10A.
Uma vez que é uma atividade física, o Proposição 1 – O desporto é atividade física.
desporto é saudável. Como se sabe, a Proposição 2 – O desporto é saudável.
atividade física é saudável. Proposição 3 – A atividade física é saudável.
Indicador de conclusão
O Universo não é infinito. Com efeito, se Proposição 1 – O Universo não é infinito.
o Universo fosse infinito, a força da Proposição 2 – Se o Universo fosse infinito, a
gravidade não existiria. Ora, a força da força da gravidade não existiria.
gravidade existe. Proposição 3 – A força da gravidade existe.
Indicador de conclusão
É nas frases que usamos no nosso discurso que encontramos
expressas as proposições que compõem os argumentos.
Mas nem todas as frases expressam proposições.
PROPOSIÇÕES FRASES
Só as frases declarativas.
VERDADE FALSIDADE
VALIDADE INVALIDADE
Se as premissas
Num argumento dedutivo válido é logicamente impossível que as forem verdadeiras
premissas sejam verdadeiras e, simultaneamente, a conclusão e a conclusão falsa,
falsa. então o argumento
é inválido.
Exemplos
Todos os portugueses são europeus.
João Sousa é português.
Logo, João Sousa é europeu.
Resultam de aspetos
que vão para lá da
Decorrem apenas da
forma lógica do
forma lógica do
argumento. São
argumento. São
cometidas ao nível dos
cometidas ao nível dos
argumentos não
argumentos dedutivos.
dedutivos.
1.2. O Quadrado da Oposição
Alguns tipos de proposições
Exemplos
SéP
Exemplos
Proposições negativas
Nota:
UNIVERSAIS EXISTENCIAL há outros
quantificadores
com idêntico
significado –
“TODOS” “NENHUM” “ALGUM” por exemplo,
“Qualquer”
equivale a
“Todos”.
Exemplos:
1. Todos os seres humanos são bípedes.
2. Alguns seres humanos não são altos.
Forma-padrão ou
forma canónica
Exemplos: Exemplos:
Os gatos vivem. Todos os gatos são viventes.
Os americanos sonham. Todos os americanos são sonhadores.
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
QUALIDADE QUANTIDADE
A CONTRÁRIAS E
SUBALTERNAS CONTRADITÓRIAS SUBALTERNAS
I SUBCONTRÁRIAS O
Exemplo: Alguns papéis Exemplo: Alguns papéis
são brancos. não são brancos.
Notas:
As relações apresentadas designam-se por: contrariedade, contraditoriedade, subcontrariedade e subalternação.
A relação de subalternação não constitui uma oposição lógica propriamente dita.
Às proposições universais também por vezes se chama “subalternantes”; às particulares, “subalternadas”.
A implica I, E implica O, mas o contrário não se verifica. Daí a seta apresentar apenas um sentido.
Inferir por oposição consiste em tirar de uma proposição outras
Inferências
proposições, alterando a quantidade e/ou a qualidade, e em concluir
por
imediatamente, a partir da verdade ou falsidade da proposição
oposição
inicial, a verdade ou falsidade daquelas que se obtêm.
Para negar uma proposição universal não é correto apresentar a sua contrária, pois se a
verdade de uma delas implica a falsidade da outra, da falsidade de uma não podemos
concluir a falsidade ou veracidade da outra.
Exemplos
A negação de “Nenhuma guerra é justa” não é “Todas as guerras são justas”, mas sim
“Algumas guerras são justas”.
A negação de “Algumas guerras não são justas” será “Todas as guerras são justas”.
Regras da oposição
Regra das Duas proposições contraditórias não podem ser verdadeiras e falsas ao mesmo tempo. A
contraditórias verdade de uma implica a falsidade da outra e vice-versa. São a negação uma da outra.
Duas proposições contrárias não podem ser ambas verdadeiras ao mesmo tempo, mas
Regra das
podem ser ambas falsas. Todavia, da falsidade de uma não se pode concluir a falsidade ou
contrárias veracidade da outra. Por isso, não são a negação uma da outra.
Regra das Duas proposições subcontrárias não podem ser ambas falsas ao mesmo tempo, mas podem
subcontrárias ser ambas verdadeiras. Não são a negação uma da outra.
Simples Complexas
Exemplos Exemplos
As casas são brancas. As casas são belas. As casas são brancas ou as casas são belas.
Gertrudes é arquiteta. Paulo é engenheiro. Gertrudes é arquiteta e Paulo é engenheiro.
Deus existe. O mundo foi criado por Deus. Se Deus existe, então o mundo foi criado por Deus.
Eu sou jogador de futebol. Eu não sou jogador de futebol.
Proposições
Simples Complexas
verdadeira
Operadores Proposicionais
“Penso que”,
“E”, “ou”, “se…,
“acredito que”, “é
então”, etc.
possível que”, etc.
Operadores
verofuncionais
(operadores lógicos
ou conetivas
Proposição complexa função de verdade proposicionais).
Operadores que nos permitem, uma vez conhecidos os valores de verdade das
proposições simples, determinar, apenas com base nessa informação, o valor de
verdade da proposição resultante.
Variáveis Letras P: Deus existe.
proposicionais proposicionais Q: A vida tem sentido.
Operador singular,
Aplica-se apenas a uma proposição. “não”
unário ou monádico
“e”, “ou”, “ou… ou”,
Operador binário ou
Aplica-se a duas proposições. “se..., então”, “se, e só
diádico
se”
Negação Tabela de verdade
Tabela de verdade da
Disjunção P: Vou ao cinema. disjunção exclusiva
Q: Fico em casa.
exclusiva P Q PQ
V V F
P Q (Ou P ou Q)
V F V
Ou vou ao cinema ou fico em F V V
casa. F F F
A disjunção exclusiva é uma proposição com a forma “Ou P ou Q”, simbolizando-se por “P Q”, a qual é
verdadeira se P e Q possuem valores lógicos distintos e falsa se P e Q possuem o mesmo valor lógico.
Observação sobre
a disjunção
exclusiva
Pode suceder que o próprio contexto nos permita saber qual a disjunção que
está a ser usada. Por exemplo, a seguinte disjunção, aparentemente inclusiva,
na realidade é exclusiva:
Expressões
alternativas
Sou escritor se, e somente se, publico livros. A bicondicional é uma proposição
Sou escritor se, e apenas se, publico livros. com a forma “P se, e só se, Q”,
Publicar livros é condição necessária e suficiente simbolizando-se por “P ↔ Q” a qual
para eu ser escritor. é verdadeira se ambas as proposições
Se sou escritor, publico livros e vice-versa. tiverem o mesmo valor lógico e falsa
se as proposições tiverem valores
lógicos distintos.
Formas proposicionais e operadores verofuncionais
Proposições
Disjunção
simples
Negação Conjunção Condicional Bicondicional
inclusiva exclusiva
Exemplo: Estudar lógica é condição suficiente para eu ser bom aluno a Filosofia.
Exemplo: As normas morais têm sentido, caso o dizer-se que o mal não existe e o
bem é ilusório constitua uma falsidade.
1. P Q (P → Q) 2. P Q (P → Q)
Desenhar a tabela, Colocar na tabela
colocando aí as os valores de V V
verdade das
letras
proposições
V F
proposicionais e a
proposição simples, esgotando F V
complexa. as possibilidades.
F F
3. P Q (P → Q) 4. P Q (P → Q)
Calcular os valores
de verdade das V V V Calcular os valores V V F V
proposições, de verdade da
excetuando os
V F F proposição relativa
V F V F
daquela que é F V V ao operador F V F V
relativa ao principal.
operador principal. F F V F F F V
Para duas variáveis, são necessárias quatro filas; para
três, oito; para quatro, dezasseis, etc.
P Q R [R (P Q)] ↔ (R Q)
Determinamos primeiro os valores
V V V V V V V de verdade da conjunção “P Q” e
V V F V V V V da disjunção “R Q” (a ordem neste
V F V V F V V caso é irrelevante). De seguida,
V F F F F V F determinamos os valores da
F V V V F V V disjunção “R (P Q)”. Por fim,
determinamos os valores da
F V F F F F V
bicondicional a partir dos valores
F F V V F V V obtidos para as duas disjunções.
F F F F F V F
Tautologias ou
verdades lógicas
P Q (P Q) → P
V V V V
V F F V
F V F V
F F F V
Contradições ou
falsidades lógicas
P Q ( P Q) ↔ (P Q)
V V F F F F V
V F F V V F F
F V V V F F F
F F V V V F F
Contingências ou proposições indeterminadas
P Q (P Q) → P
V V V V
V F V V
F V V F
F F F V
Tautologias e formas de inferência válida
P Q R P → Q, Q → R P → R
V V V V V V
Estamos perante um argumento
V V F V F F
válido, pois nas circunstâncias
V F V F V V em que ambas as premissas são
V F F F V F verdadeiras, a conclusão
F V V V V V também o é.
F V F V F V
F F V V V V
F F F V V V
Exemplo 4 Argumento Dicionário Formalização
P Q R (P Q) → R, R P Q
V V V F F V V F F
Há três circunstâncias (1.ª, 5.ª
V V F F F V F F F e 7.ª) em que ambas as
V F V V V V V V V premissas são verdadeiras e a
V F F V V F F V V conclusão é falsa. Logo, o
F V V F F V V F F argumento é inválido.
F V F F F V F F F
F F V F V V V F V
F F F F V V F F V
Modus ponens: Exemplo Formalização
Algumas afirmação do
formas de antecedente na Se está sol, então vou à praia. P→Q
inferência segunda premissa
Está sol. P
e do consequente
válida
na conclusão.
Logo, vou à praia. Q
Exemplo Formalização
Exemplo Formalização
Se viajar, então aprendo novas coisas.
Silogismo Se aprendo novas coisas, então torno- P→Q
hipotético me melhor pessoa. Q→R
Logo, se viajar, então torno-me melhor P→R
pessoa.
Exemplo Formalização
Leis de De
Morgan:
indicam-nos Não é verdade que sou injusto e cruel. (P Q)
Logo, não sou injusto ou não sou cruel. PQ
que de uma Negação
conjunção da
conjunção Exemplo Formalização
negativa
podemos Não sou injusto ou não sou cruel.
inferir uma PQ
Logo, não é verdade que sou injusto e
(P Q)
disjunção cruel.
de
negações, e Exemplo Formalização
que de uma
disjunção Não é verdade que há sol ou chuva. (P Q)
negativa Logo, não há sol e não há chuva. PQ
Negação
podemos da
inferir uma disjunção Exemplo Formalização
conjunção
Não há sol e não há chuva.
de PQ
Logo, não é verdade que há sol ou
negações. (P Q)
chuva.
Exemplo Formalização
Eu penso. P
Logo, não é verdade que eu não penso. P
Variáveis de fórmula
Formalização
A→B
B
A
FORMAS DE INFERÊNCIA VÁLIDA
Exemplo Formalização
Falácia da
afirmação do Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade. P→Q
consequente Dizes-me sempre a verdade. Q
Logo, és meu amigo. P
Exemplo Formalização
Falácia da
negação do Se és meu amigo, então dizes-me sempre a verdade. P→Q
antecedente Não és meu amigo. P
Logo, não me dizes sempre a verdade. Q
Tipos de argumentos
Generalização Previsão
ARGUMENTOS NÃO DEDUTIVOS
Exemplo:
Todos os peixes observados até agora respiram através da absorção
do oxigénio presente na água.
Logo, todos os peixes respiram através da absorção do oxigénio
presente na água.
Exemplo 1:
Todos os esquilos observados até hoje são mamíferos.
Logo, todos os esquilos são mamíferos.
Exemplo 2:
Com base em inquéritos realizados a quarenta indivíduos de cada uma das profissões
existentes na cidade X, constata-se que todos afirmaram estar satisfeitos com o respetivo
emprego.
Logo, todos os indivíduos da cidade X estão satisfeitos com o respetivo emprego.
EXEMPLOS DE GENERALIZAÇÕES INVÁLIDAS
Exemplo 1:
Fiz um teste de Filosofia e foi difícil.
Logo, todos os testes de Filosofia são difíceis.
Exemplo 2:
Com base em inquéritos realizados ao conjunto dos estudantes portugueses do ensino
superior, constata-se que todos eles valorizam este tipo de ensino.
Logo, todos os portugueses valorizam o ensino superior.
Falácia da amostra não representativa: consiste em concluir de um segmento da população
para toda a população, apesar de a amostra poder incluir um número significativo de casos.
Neste exemplo, embora o número de casos seja significativo, os estudantes portugueses do
ensino superior não representam a população portuguesa. Além disso, existirão certamente
contraexemplos que põem em causa a conclusão.
Argumentos indutivos: indução por previsão
Argumento que, baseando-se em casos passados, antevê casos não
observados, presentes ou futuros.
Exemplo:
Todos os cavalos observados até hoje nasceram quadrúpedes.
Logo, o próximo cavalo a nascer também nascerá quadrúpede.
Exemplo 1:
Todos os esquilos observados até hoje são mamíferos.
Logo, o próximo esquilo que observarmos também será mamífero.
Exemplo 2:
Até agora o planeta Terra girou sempre em redor do Sol.
Logo, durante o próximo ano, o planeta Terra também irá girar em redor do Sol.
EXEMPLOS DE PREVISÕES INVÁLIDAS
Exemplo 1:
O clube A venceu os sete jogos do campeonato disputados até agora.
Logo, o clube A irá vencer os próximos vinte e sete jogos do campeonato por disputar.
Exemplo 2:
A temperatura na Terra nunca apresentou variações significativas no passado.
Logo, ela nunca apresentará variações significativas no futuro.
Forma lógica:
X tem a propriedade A.
Y é semelhante a X.
Logo, Y tem a propriedade A.
Exemplo:
O cantor X canta bastante bem.
O cantor Y tem um timbre e uma extensão vocal semelhantes aos do
cantor X.
Logo, o cantor Y também canta bastante bem.
REQUISITOS DE VALIDADE DO ARGUMENTO POR ANALOGIA:
Exemplo 1:
O carro da marca X é bastante potente.
O carro da marca Y tem a mesma cor e o mesmo tamanho que o carro da marca X.
Logo o carro da marca Y também é bastante potente.
Falácia da falsa analogia (Neste caso, as semelhanças não são relevantes no que diz
respeito à conclusão.)
Exemplo 2:
O médico A, que estudou numa Universidade de prestígio, é um profissional excelente.
O médico B estudou na mesma Universidade.
Logo, O médico B também é um profissional excelente.
Falácia da falsa analogia (Neste caso, as semelhanças relevantes no que diz respeito à
conclusão não são em número suficiente.)
Exemplo 3:
As máquinas não são conscientes de si.
A mente humana é como uma máquina.
Logo, a mente humana não é consciente de si.
Falácia da falsa analogia (Neste caso, existem diferenças relevantes entre a mente humana e as
máquinas, no que diz respeito àquilo que é afirmado na conclusão.)
Argumento de autoridade
É o argumento que se apoia na opinião de um especialista ou de
uma autoridade para fazer valer a sua conclusão.
Forma lógica:
Exemplo:
Galileu afirmou que todos os corpos caem com aceleração constante.
Logo, todos os corpos caem com aceleração constante.
REQUISITOS DE VALIDADE DO ARGUMENTO DE AUTORIDADE:
Para o argumento de autoridade ser válido deve cumprir os seguintes requisitos:
– deve referir-se o nome da autoridade e a fonte em que ela exprimiu essa ideia,
ou seja, a autoridade não deve ser anónima;
– a autoridade invocada deve ser um efetivo especialista ou perito na área em
questão, ou seja, uma autoridade reconhecida;
– não pode existir controvérsia entre os especialistas da área em questão, ou seja,
aquilo que é afirmado deve ser amplamente consensual entre as autoridades
dessa área;
– o especialista invocado não pode ter interesses pessoais ou de classe no âmbito
do assunto em causa, ou seja, deve haver imparcialidade;
– o argumento não pode ser mais fraco do que outro argumento contrário.
Exemplo 1:
Estudos indicam que comer um ovo por dia prejudica a saúde.
Logo, comer um ovo por dia prejudica a saúde.
Falácia do apelo ilegítimo à autoridade (Será necessário referir quem foram os autores do estudo; existe
controvérsia entre os especialistas relativamente a este assunto; além disso, o argumento talvez seja
mais fraco do que o argumento contrário.)
Exemplo 2:
Um membro do governo afirmou que, desde que o governo iniciou funções, a felicidade dos
cidadãos aumentou bastante.
Logo, desde que o governo iniciou funções, a felicidade dos cidadãos aumentou bastante.
Falácia do apelo ilegítimo à autoridade (Além de não ser referido o nome da pessoa invocada, talvez
também não se trate de uma autoridade efetiva na área em questão, sendo inclusive alguém com
interesses pessoais no âmbito do assunto em causa; além disso, existe certamente controvérsia entre os
especialistas relativamente a este assunto.)
FALÁCIAS INFORMAIS
As falácias informais são argumentos inválidos, aparentemente
válidos, e cuja invalidade não resulta de uma deficiência formal,
antes decorre do conteúdo do argumento, da sua matéria, da
linguagem natural comum usada nesses argumentos.
Uma vez que este tipo de falácias não depende da forma lógica do
argumento, pode haver argumentos com a mesma forma que sejam
fortes ou fracos, bons ou maus, válidos ou inválidos.
Falácia que consiste em assumir como verdadeiro aquilo que se pretende provar.
EXEMPLOS:
(Embora seja válido em termos dedutivos, este argumento exprime a falácia do falso
dilema.)
Falácia da falsa relação causal
(Post hoc, ergo propter hoc)
A expressão “post hoc, ergo propter hoc” significa “depois disto, logo
por causa disto”. Esta falácia comete-se sempre que se toma como
causa de algo aquilo que é apenas um antecedente ou uma qualquer
circunstância acidental. Trata-se, por isso, de concluir que há uma
relação de causa e efeito entre dois acontecimentos que se verificam
em simultâneo ou em que um se verifica após o outro.
EXEMPLOS:
Sempre que eu entro com o pé direito no campo, a minha equipa ganha
o jogo.
Logo, a causa das nossas vitórias é o facto de eu entrar com o pé direito
no campo.
EXEMPLOS:
A tua tese de que tudo é composto de átomos está errada, porque cheiras mal da boca
sempre que a proferes.
Sartre estava errado a respeito do ser humano, porque não ia regularmente à missa.
Falácia ad populum
Forma lógica:
EXEMPLOS:
A maioria das pessoas considera que a leitura é uma perda de tempo. Logo a leitura é uma
perda de tempo.
EXEMPLOS:
Não existem fenómenos telepáticos, porque até agora ninguém provou que eles
existem.
A alma é imortal. Isto porque ninguém provou que a alma morre com o corpo.
Falácia do espantalho ou do boneco de palha
É a falácia cometida sempre que alguém, em vez de refutar o verdadeiro argumento do
seu opositor/interlocutor, ataca ou refuta uma versão simplificada, mais fraca e deturpada
desse argumento, a fim de ser mais fácil de rebater a tese oposta.
EXEMPLO:
António defende que não devemos comer carne de animais cujo processo de industrialização
os tenha sujeitado a condições de vida e morte cruéis.
Manuel refuta António dizendo: “António quer que apenas comamos alface!”.
[Em momento algum António defende que não devemos comer todo e qualquer tipo de
carne, sugerindo que sejamos vegetarianos (“comer alface”), mas apenas aquele tipo de
carne sujeito às condições descritas. O argumento é assim deturpado e simplificado.]
Falácia da derrapagem, “bola de neve” ou “declive escorregadio”
É a falácia cometida sempre que alguém, para refutar uma tese Forma lógica:
ou para defender a sua, apresenta, pelo menos, uma premissa
falsa ou duvidosa e uma série de consequências Se P, então Q.
progressivamente inaceitáveis. Se Q, então R.
Se R, então S.
Logo, se P, então S.
EXEMPLO