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Racionalidade argumentativa da
Filosofia e a dimensão discursiva do
trabalho filosófico
(De acordo com as Aprendizagens Essenciais)
Para responder aos problemas que colocam, os filósofos apresentam teses e desenvolvem
teorias.
Uma tese corresponde a uma ideia que se quer afirmar a propósito de um dado problema.
Para assegurar a qualidade e o rigor dos argumentos que apoiam as suas teses e teorias, os
filósofos recorrem à lógica.
Lógica
Indicador de
Nexo lógico
conclusão
Os argumentos nem sempre aparecem na sua forma canónica ou padrão, pelo que é
necessário reescrevê-los.
O que não são argumentos?
Exemplos
1 2
Os rapazes são giros. Todos os deuses são imortais.
As cerejas fazem bem à saúde. Alguns carros funcionam a gasolina.
Logo, as férias devem continuar. Logo, as palavras são indispensáveis.
O que acontece quando, num argumento, a transição lógica falha?
Exemplo
Neste exemplo, compreendemos facilmente que o facto de Tomás e Miguel serem estudantes de Filosofia
não implica que façam parte da turma 10ºX. Quando isto acontece, cometemos um erro de raciocínio (uma
falácia), tornando o argumento inválido e, portanto, nada convincente.
Exemplo
1-
Uma vez que é uma atividade física, o desporto é
saudável. Como se sabe, a atividade física é saudável.
2-
O Universo não é infinito. Com efeito, se o
Universo fosse infinito, a força da gravidade não
existiria. Ora, a força da gravidade existe.
Indicadores de premissa e de conclusão – exemplos
Uma vez que é uma atividade física, o desporto é Proposição 1 – O desporto é atividade física.
saudável. Como se sabe, a atividade física é Proposição 2 – O desporto é saudável.
saudável. Proposição 3 – A atividade física é saudável.
Indicador de conclusão
Indicador de conclusão
Exercício:
- Identifica a(s) premissa(s) e a conclusão dos argumentos e reescreve-os na sua forma canónica ou
padrão.
1- Os asiáticos são crentes. Além disso, os asiáticos são corajosos. Por isso, os crentes são
corajosos.
2- “Uma vez que o universo existe e não pode ter sido criado a partir do nada, teve de ser criado
por uma força inteligente.”
3- Se tudo está determinado, então não há livre-arbítrio. Mas há livre-arbítrio. Por conseguinte
nem tudo está determinado.
4- Os filósofos querem ser justos, pois são pessoas bondosas, e todas as pessoas bondosas
querem ser justas.
Correção
1- 1-
Premissas: Os asiáticos são crentes / os asiáticos são corajosos Premissas: Se tudo está determinado, então não há livre-arbítrio / há livre-
arbítrio.
Conclusão: Os crentes são corajosos
Conclusão: Nem tudo está determinado
Forma canónica:
Forma canónica:
(Todos) os asiáticos são corajosos.
Se tudo está determinado, então não há livre-arbítrio.
(Todos) os asiáticos são crentes.
há livre-arbítrio.
Logo, (todos) os crentes são corajosos.
Logo, nem tudo está determinado.
2-
1-
Premissas: O universo existe / o universo não foi criado a partir do nada.
Premissas: Os filósofos são pessoas bondosas / todas as pessoas bondosas
Conclusão: O universo foi criado por uma força inteligente querem ser justas.
Conclusão: Os filósofos querem ser justos.
Forma canónica:
Tudo o que existe foi criado por uma força inteligente. Forma canónica:
O universo existe. Todas as pessoas bondosas querem ser justas.
Logo, o Universo foi criado por uma força inteligente. Os filósofos são pessoas bondosas.
Logo, os filósofos querem ser justos.
Clarificar argumentos
Argumentos em que se pretende que as premissas Argumentos em que se pretende que as premissas
forneçam um apoio decisivo ou uma garantia para a forneçam um apoio provável – mas não decisivo –
conclusão. Podem ser válidos ou inválidos. para a conclusão. Podem ser fortes ou fracos.
Exemplo:
Exemplo:
Todos os animais respiram.
Todos os cães que observámos até hoje ladravam.
Os cães são animais.
Logo, o próximo cão que observarmos ladrará.
Logo, os cães respiram.
Argumentos dedutivos
Exemplo: Exemplo:
Todos os jovens são estudantes. Todos os jovens são estudantes.
Todos os escuteiros são jovens. Todos os escuteiros são estudantes.
Logo, todos os escuteiros são estudantes. Logo, todos os escuteiros são jovens.
Argumento em que as premissas oferecem um Argumento cujas premissas não têm força
forte apoio à conclusão, sendo improvável, suficiente para apoiar a conclusão, sendo
mas não impossível, haver premissas improvável que a conclusão seja verdadeira
verdadeiras e conclusão falsa. mesmo que as premissas sejam verdadeiras.
Exemplo: Exemplo:
Até agora, a Terra girou sempre em redor do seu Algumas pessoas gostam de ler Camões e Eça
próprio eixo. de Queirós.
Logo, também amanhã a Terra girará em redor Logo, todas as pessoas gostam de ler Camões e
do seu próprio eixo. Eça de Queirós.
ARGUMENTOS NÃO
DEDUTIVOS
A sua força depende de aspetos que vão para lá da forma lógica do argumento.
Argumento válido constituído por premissas Argumento forte constituído por premissas
verdadeiras (sólido) e mais plausíveis do verdadeiras e mais plausíveis do que a
que a conclusão. conclusão.
Exemplo: Exemplo:
Todos os lisboetas são europeus. Todos os seres humanos observados até hoje eram
Fernando Pessoa é lisboeta. mamíferos.
Logo, Fernando Pessoa é europeu. Logo, todos os seres humanos são mamíferos.
Argumentos maus
Argumento (dedutivo ou não-dedutivo) que não cumpre algum dos requisitos que caracterizam
os argumentos bons.
Falácia
Formais Informais
Argumento que parece correto
ou adequado, do ponto de vista
formal ou informal, mas de
Resultam de aspetos
Resultam apenas da facto não é correto nem
informais, sendo
forma lógica, sendo adequado.
cometidas ao nível dos
cometidas ao nível dos Sofisma – se a falácia for intencional. argumentos dedutivos e
argumentos dedutivos.
não-dedutivos.
Paralogismo – se a falácia não for
intencional.
Exercício 1:
1- Considera os seguintes enunciados.
A. É verdade que alguns políticos usam argumentos falaciosos. Isto porque os bons oradores são políticos, e alguns bons
oradores usam argumentos falaciosos.
B. O paradoxo do relógio é um paradoxo da teoria da relatividade geral e restrita.
C. Sabe-se que as sardinhas vivem no mar e são peixes. Por isso, todos os animais que vivem no mar são peixes.
D. Muitas pessoas perguntam se a vida tem sentido. A relva é verde. Logo à noite vou ler o Timeu.
E. É certo que as pessoas que são a favor da criogenia querem ser imortais; mas nem todas as pessoas são a favor da
criogenia. Daí haver pessoas que não queiram ser imortais.
Argumento 2
Pavarotti é um cantor.
Todos os tenores são cantores.
Logo, Pavarotti é italiano.
Argumento 3
Todos os homens são mortais.
O Cristiano é homem.
Logo, o Cristiano é mortal.