Você está na página 1de 16

ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

1. INFERÊNCIAS MEDIATAS OU COMPLEXAS: RACIOCÍNIOS E ARGUMENTOS

1.1. Inferências Mediatas ou Raciocínios

A inferência mediata ou raciocínio pode ser definido como a terceira operação da lógica que consiste em
chegar a uma proposição válida e desconhecida, a partir de duas ou mais proposições, também válidas, mas
conhecidas. Há, pois, o intermédio entre o ponto de partida e o ponto de chegada. Geralmente duas
proposições, como ponto de partida e uma proposição como ponto de chegada, constituindo assim um
raciocínio.
O que é um raciocínio?
O raciocínio é a operação mental a partir da qual passamos de juízos conhecidos para um ou mais juízos
novos até então desconhecidos. Segundo o Jolivet, o raciocínio é definido como “operação mental que consiste em
extrair de dois ou mais juízos um outro juízo contido logicamente nos primeiros”. O raciocínio, enquanto a operação
mental, é composto por juízos, e o argumento, que é a expressão oral ou mental do raciocínio, é composto por
proposições. O argumento é pois a relação existente entre as diversas proposições que constituem um
raciocínio. Portanto, o raciocínio é sinónimo de inferência mediata.
Num raciocínio há proposições das quais partimos (o antecedente, ou premissas) e uma proposição final a que
chegamos como consequência das relações expressas nas premissas, a qual é chamada consequente ou
conclusão. Exemplo:
Toda a ciência normativa é prática → antecedente ou premissa (a maior).
A lógica é uma ciência normativa → antecedente ou premissa (a menor).
A lógica é prática → consequente ou conclusão.
Portanto, a expressão verbal do raciocínio é o argumento. Tradicionalmente, as inferências mediatas ou
raciocínios dividem-se em três grupos: os dedutivos, os indutivos e raciocínios por analogia ou, simplesmente
analógicos.

A) A analogia
Quando em presença de dois doentes com o mesmo tipo de sintomas o médico conclui tratar-se da mesma
patologia, está a fazer o uso do raciocínio por analogia. Portanto, analogia é um tipo de raciocínio muito
vulgar a nível do senso comum, ocorrendo também a nível científico, concretamente no campo da biologia, em
que o investigador conclui, da presença efectiva de alguns caracteres, a presença de outros caracteres a que
não poderia chegar por outro processo. A antropologia e a paleontologia servem-se também deste tipo de
raciocínio que possibilita, por exemplo, pela presença de um dente ou um osso, reconstruir as características
do ser vivo a que pertencia.
Fundamentalmente a analogia consiste num raciocínio que, partindo de dadas semelhanças observadas, infere
outras semelhanças não visíveis. Concluído a partir de semelhanças, nada obstem a que existam diferenças
que levariam a resultados diferentes. Por isso, as conclusões a que chega são mais ou menos prováveis, não
tendo a segurança das que se extraem por via dedutiva.
Podemos concluir que, a analogia consiste num raciocínio que partindo de determinadas semelhanças
observáveis, infere novas semelhanças que não são visíveis; ou seja, a analogia é uma forma de raciocínio em
que se parte de um caso particular para outro também particular, inferindo semelhanças (é um raciocínio que
passa do particular para o particular ou de um caso para outro caso).
Portanto, partindo do particular para o particular, analogia distingue-se da dedução, em que o pensamento
caminha do geral para o particular, e da indução em que se procede do particular para o geral.
Para que os resultados da analogia ganhem credibilidade há que respeitar três regras fundamentais, a saber:
1. Os elementos de comparação devem ser reais e relevantes e não forçados ou imaginários.
2. Em princípio, quanto mais termos de comparação houver mais validade terá a analogia.
3. Não devem existir divergências fundamentais nos elementos a comparar.

Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 1
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

Ex2: Alguns presidentes conduzem o País a um destino /Alguns motoristas conduze os passageiros a um
destino /logo, Alguns motoristas são Presidentes.

B) A indução
No nosso quotidiano é frequente ouvir dizer, “os bitongas são avarentos”, “o galo canta”. No campo da ciência
ouvimos dizer, de igual modo, “os metais são bons condutores de calor e electricidade”, “os corpos são dilatados pelo
calor”. Ao proceder deste modo, afirmam-se predicados de todos e de cada um dos elementos pertencentes à
classe de seres designados pelo termo sujeito. Mas será que já se observou todos os bitongas, todos os galos? E
os físicos, também afirmam o que observaram em todos os metais e corpos?
Não é possível fazerem-se tais observações. Pensemos em metais e que só serão descobertos num futuro e em
corpos ainda em estado o devir. A indução é este modo de raciocinar que se caracteriza por formulação de
enunciados gerais a partir da observação de um número particular de casos. Os enunciados científicos são
gerais, isto é, são válidos para todos e cada um dos elementos de uma classe considerada. Contudo, eles são
inferidos como base na observação empírica de apenas alguns casos.
Que legitimidade lógica há no processo de generalização ou indução? Em nome de que princípio se passa de
premissas particulares tradutoras da observação de alguns casos para leis ou enunciados gerais que se
aplicam a todos os casos quer observados, quer não observados?
Este é um dos problemas da filosofia desde que, no século XVIII, David Hume o levantou. Sobre ele muitos se
têm pronunciado, sem que tenham chegado a uma solução definitiva. Houve quem invocasse para
fundamento da indução o princípio da uniformidade da natureza. Porque a natureza se comporta sempre do
mesmo modo, pode transitar se de alguns para todos.
A partir do que aconteceu no passado, poder-se-ia determinar o que há-de acontecer no futuro. Porém, o que é
que garante que a natureza é regular?
Com base no que se tem observado? Porque até agora foi assim, será sempre assim?
O problema contínua insolúvel e Bertrand Russell considera que a invocação do princípio da uniformidade da
natureza, para fundamentar a indução, não passa de uma incorreção lógica – petição de princípio. Contudo, a
insolubilidade do problema do fundamento da indução não constitui impedimento a que as ciências empíricas
se sirvam de procedimentos indutivos.
Podemos concluir que, a indução consiste em fazer passar do particular para o geral partindo dos factos da
observação e da experiência; ou seja, a indução é uma operação do pensamento em que se parte de casos
particulares para as generalidades (do particular para o geral).
Ou ainda, a indução é, a operação racional que procede do particular (indivíduos) para o geral (espécies e
géneros) ou, mais precisamente, da observação de um certo número de factos, a inteligência conclui uma lei
geral, aplicável a esses e a todos os outros casos da mesma espécie.
Na indução o pensamento segue dos factos para as leis, das consequências para os princípios; pelo exame dos
factos procura descobrir as causas que os explicam. A conclusão tem um carácter assertório (afirmativo), pois
não deriva necessariamente das proposições indutoras, mas apoia-se na verificação experimental. É um
raciocínio investigativo.
Exemplo 2 : cão, gato, burro…comem /cão, gato, burro…são animais /Todos os animais comem

C) A dedução
A dedução pode ser vista, num determinado aspecto, como a operação inversa da indução. Enquanto esta
ascendia do particular para o geral, aquela faz o percurso inverso, descendo do geral para o particular.
Todavia, esta caracterização peca por deixar de lado aspectos fundamentais da dedução. O ponto de partida
natural da indução é a experiência, particular e contingente, a partir da qual se procura atingir uma
compreensão intelectual de carácter geral. Na dedução a experiência não desempenha papel algum: chega-se a
uma conclusão, mas essa conclusão deriva única e exclusivamente das premissas de que se partiu, é uma
consequência necessária dessas premissas, podendo ser de um grau de generalidade lógico igual ou superior
às mesmas, como acontece na dedução matemática. Mais propriamente poderíamos, então, definir a dedução
Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 2
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

como a "inferência na qual, postas certas coisas, outra diferente se lhes segue necessariamente, só pelo facto de
serem postas".
Portanto, a dedução consiste em fazer passar de uma ou mais proposições gerais, tomadas como premissas,
uma nova proposição particular que é a sua consequência necessária; ou seja, a dedução é a operação da
mente em que se parte das generalizações para casos particulares (parte do geral para particular, de todo para
a parte).
Ou ainda, a dedução é a operação racional pela qual o espírito conclui, de uma ou mais proposições
(conhecidas), tomadas como premissas, uma nova proposição, que é a sua consequência necessária. A
inteligência desce do geral para o particular.
As suas conclusões são proposições apodícticas (convincente, demonstrativas, evidente), por derivarem
necessariamente das premissas. É o raciocínio demonstrativo.
Ex1: Todos os Homens são Mortais. Ora, Alguns meninos são Homens. Logo, Alguns meninos são mortais.
Ex2: Os carbonos são condutores eléctricos. Ora, Os carbonos são corpos simples. Logo alguns corpos simples são
condutores eléctricos.
O que acontece aqui é que, se aceitarmos a verdade das premissas, somos obrigados a aceitar a verdade da
conclusão, sob pena de entrarmos em contradição. Por isso a dedução possui um grau de rigor absoluto,
enquanto que a analogia e a indução, como vimos anteriormente, estão sempre sujeitas a certa margem de
erro.

2. SILOGISMO

2.1. Conceito de Silogismo


O silogismo é uma forma particular de inferência complexa ou mediata, ou ainda de raciocínio dedutivo, cuja
diferença específica reside na sua forma peculiar de extrair uma proposição, chamada conclusão, a partir de
duas e só duas proposições, chamadas premissas.
Na visão Aristotélica, o silogismo é um raciocínio dedutivo constituído por três proposições, sendo as duas
primeiras (proposições), chamadas premissas, que se segue necessariamente a terceira (proposição)
denominada conclusão. Ou seja, o silogismo é uma forma de inferência mediata, ou raciocínio dedutivo
formado por três (3) proposições, sendo as duas primeiras proposições chamadas premissas e a terceira
proposição chamada, conclusão.
Num silogismo, as premissas são um ou dois juízos que precedem a conclusão e dos quais ela decorre como
consequente necessário dos antecedentes, dos quais se infere a consequência.
Nas premissas, o termo maior (predicado da conclusão) e o termo menor (sujeito da conclusão) são
comparados com o termo médio (que aparece nas duas premissas) e assim temos a premissa maior e a
premissa menor segundo a extensão dos seus termos.

2.2. Tipos de Silogismos


Existem vários tipos de silogismos:
— Categóricos (regulares ou irregulares)
— Hipotéticos (condicionais, disjuntivos, conjuntivos e dilemas)

2.3. Estrutura e matéria do silogismo


Todo o silogismo categórico regular está formado por 3 proposições (estrutura) e três termos (matéria).
Ex: Antecedente – Todos os Africanos são Tribalistas → Premissa maior
Ora, Alguns orgulhosos são Africanos → Premissa menor
Consequente – Logo, Alguns orgulhosos são Tribalistas → conclusão.

2.4. Composição do silogismo


O silogismo é composto por três termos (matéria): Maior, menor, e médio.
Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 3
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

Termo maior – é aquele que tem maior extensão


Termo menor - é o que tem menor extensão
Termo médio – é aquele cuja extensão é intermediária entre o maior e o menor ou aquele que serve de
comparação entre os termos maior e menor. ( por outras o termo médio é aquele que aparece na 1ª e na 2ª
premissas e não aparece na conclusão).

2.5. Como identificar os termos num silogismo?


— O predicado da conclusão é o termo maior
— O sujeito da conclusão é o termo menor
— O termo que aparece na 1ª e 2ª premissa e não aparece na conclusão é o termo médio.
Ex: Todos os Africanos são Tribalistas → Termo maior – Tribalistas
Ora, Alguns orgulhosos são Africanos → Termo menor – Orgulhosos
Logo, Alguns orgulhosos são Tribalistas → Termo médio - Africanos

2.6. PRINCÍPIOS OU FUNDAMENTOS DO SILOGISMO


O silogismo tem como fundamento o princípio de identidade, que se enuncia da seguinte maneira.
Princípio de compreensão – duas ideias que convêm à uma terceira, convêm entre si. E duas ideias das quais
uma convém e outra não convém à uma terceira, não convêm entre si.
Ex: A = B; B = C; logo A = B;
A=B; B≠C; logo, A ≠ C

Princípio de extensão – tudo o que se afirma ou nega universalmente de um sujeito, afirma-se ou nega-se do
que está contido na extensão desse sujeito; o que se afirma ou nega-se do todo, afirma-se ou nega-se das
partes.

2.7. REGRAS DO SILOGISMO


As regras do silogismo deduzem-se todas dos dois princípios fundamentais: de compreensão e de extensão.
São ao todo oito regras: quatro relativas aos termos e quatro às proposições.
12.1 Regras dos termos:
a) Os termos são três: médio, maior e menor.
Esta regra é a aplicação do princípio de compreensão que diz:
Duas coisas que convêm a uma terceira; convêm entre si. Só podem assim existir três termos: dois que
comparam por intermédio de um terceiro.
Pode faltar-se a esta regra, introduzindo no silogismo termos de duplo sentido (equívoco).
Ex: o cão é pai Ex²: Grande riqueza é saúde
Ora, o cão é teu Quem tem dinheiro tem riqueza
Logo, é teu pai Quem tem dinheiro tem saúde
b) O termo médio não pode entrar na conclusão, o termo médio é por definição, o termo de comparação,
portanto, tem de fazer-se antes da conclusão.
c) O termo médio deve ser tomado pelo menos uma vez universalmente. Na aplicação desta regra importa
lembrar que:
Um termo está tomado particularmente sempre que é sujeito, de uma proposição particular, ou predicado de
uma afirmativa. E está tomado universalmente quando é sujeito de uma proposição universal, ou predicado
de uma negativa. De contrário seria tomado em duas extensões diferentes, portanto com dois significados
diferentes.

Ex: Os homens não são todos altos


Os gigantes são homens
Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 4
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

Os gigantes não são todos altos.

Olhai que o termo médio (homens) está tomado particularmente nas duas premissas, pois, a maior só
aparentemente é universal.

d) Nenhum termo pode ter na conclusão maior extensão do que nas premissas.
Esta regra é obviamente, ―aplicação do princípio de extensão, que nos proíbe concluir de ―alguns‖ a ―todos‖
Ex: As orcas são ferozes
Ora, algumas baleias são orcas
Logo, as baleias são ferozes.
O erro está na medida em o termo ―baleia‖ foi tomado em particular porém, na conclusão foi tomado
universalmente, assim sendo este silogismo é inválido, dado que nada é dito nas premissas a respeito das
baleias que não são orcas e que podem muito bem não ser ferozes.

2.8. REGRAS DAS PROPOSIÇÕES

a) De duas premissas afirmativas não se pode tirar uma conclusão negativa.


Ex: Tudo o que respira vive
Ora, Aquino respira
Logo, ele não vive
b) De duas premissas negativas, nada se pode concluir.
Ex. Nenhum homem é réptil
Ora, o réptil não é pássaro
Logo…
c) De duas premissas particulares nada se pode concluir.
Ex: alguns nortenhos são macondes
Alguns nortenhos são artesãos
Nada se pode concluir, pois não se sabe a relação existente entre os dois grupos portanto, este silogismo é
inválido dado que não cumpre com o preceituado na regra: ―De duas premissas particulares nada se pode
concluir ‖

d) A conclusão segue sempre a parte mais fraca.


Na aplicação desta regra, deve-se entender que a particular é mais fraca que a universal, a negativa é mais
fraca que a afirmativa, assim:
- Se uma das premissas é particular, a conclusão será particular
- Se uma das premissas é negativa, também a conclusão será negativa
2.9. FIGURAS DO SILOGISMO
A figura de um silogismo é determinada pelo posicionamento do termo médio nas duas premissas, ora como
sujeito numa e predicado na outra, ou como predicado numa e sujeito na outra, ora como predicado ou sujeito
em ambas as premissas. Assim sendo existem quatro figuras possíveis:

1ª figura (Sub – Prae) – o termo médio é sujeito da premissa maior e predicado da premissa menor.
Ex: Todos Homens são racionais
Ora, todos moçambicanos são Homens
Logo, todos moçambicanos são racionais
Os conceitos Sub–prae são abreviaturas latinas: Subjectum que significa– sujeito e Predicatum–Predicado

2ª figura (Prae-Prae) – o termo médio é predicado nas duas premissas


Exą: Todo o círculo é redondo Ex²: Todo o futebolista é atleta
Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 5
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

Ora, nenhum quadrado é redondo Ora, nenhum jardineiro é atleta


Logo, nenhum quadrado é círculo Logo, nenhum futebolista é jardineiro

3ª figura (Sub - Sub)– o termo médio é sujeito nas duas premissas


Ex: Todos os alunos são felizes
Alguns alunos são moçambicanos
Logo, Alguns moçambicanos são felizes

4ª figura (Prae – Sub) – o termo médio é predicado na 1ª e sujeito na 2ª


Ex: Todo o homem é visionário
Nenhum visionário é moçambicano
Nenhum moçambicano é homem.

2.10. MODOS DO SILOGISMO

As proposições que constituem um silogismo podem variar quanto a qualidade e quantidade, constituindo
assim os modos do silogismo, isto é, o seu aspecto determinado pela quantidade e qualidade das suas
proposições. No total podemos obter 64 modos possíveis do silogismo, mas se tiramos os que infringem as
regras enumeradas ficamos com 19 modos válidos. Os modos válidos são representados por três letras de
modo que cada letra represente a cada proposição do silogismo.

Os 19 modos válidos são os seguintes:

1ª Figura bArbArA cElArEnt dArII fErIO


(sub-prae) AAA EAE AII EIO
2ª Figura cEsArE cAmEstrEs fEstInO bArOcO
(Prae-Prae) EAE AEE EIO AOO
3ª Figura dArAptI dIsAmIs dAtIsI fElAptOn bOcArdO fErIsOn
(Sub-Sub) AAI IAI AII EAO OAO EIO
4ª Figura brAmAntIp cAmEnEs dImArIs fEsApO frEsIsOn
(Pré-Sub) AAI AEE IAI EAO EIO

Dos 19 modos válidos acima referenciados podemos extrair os tipos de proposições que são
representadas por vogais (A, E, I, O) destacadamente:
1ª Figura - AAA, EAE, AII, EIO (4 MODOS).
2ª Figura – EAE, AEE, EIO, AOO (4MODOS)
3ª Figura – AAI, IAI, AII, EAO, OAO, EIO (6MODOS)
4ª Figura: - AAI, AEE, IAI, EAO, EIO (5MODOS)
Exemplificação de figuras e modos
1ª figura (sub-prae) 2ª figura (prae-prae)
Modo bArbArA: AAA Modo cEsArE: EAE
Todo Homem é mortal Nenhum insecto é vertebrado
Ora, Todo moçambicano é homem Ora, Todo o peixe é vertebrado
Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 6
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

Portanto, Todo moçambicano é mortal. Logo, Nenhum peixe é insecto.

3ª figura (sub-sub) 4ª figura (prae-sub)


Modo dAtIsI: AII Modo cAmEnEs: AEE
Todos alunos são inteligentes Todos, os animais são viventes
Ora, Alguns alunos são moçambicanos Ora, Os viventes não são pedra
Logo, Alguns moçambicanos Logo, As pedras não são animais

3. SILOGISMOS CATEGÓRICOS IRREGULARES

Os Silogismos categóricos irregulares são aqueles que aparecem quer omitindo, quer ampliando os
elementos que constituem o silogismo regular. Isto é, podem aparecer com menos de 3 premissas ou mais.
Os principais tipos de silogismos irregulares são:
a) Entimema (ou incompleto) – é um silogismo simplificado pela omissão duma das premissas, que se
subentende facilmente.
Ex: Os homens são racionais
Logo, Pedro é racional

b) Epiquerema – é um silogismo em que as premissas exibem uma justificação.


Ex: A ciência é útil porque ensina o homem a verdade
Ora, A lógica é uma ciência porque é um conjunto de verdades
Logo: a lógica é útil.

c) Polissilogismos – é um encadeamento de silogismos de tal modo que a conclusão do 1º constitui de


premissa maior do 2º e a conclusão deste é premissa maior do 3º e assim sucessivamente. Por isso os
silogismos podem ser progressivos (quando a conclusão de um silogismo é premissa maior do silogismo
seguinte) ou Regressivos (quando a conclusão de um é premissa menor do silogismo seguinte).

Exemplo de um polissilogismo progressivo


Todo o mamífero é vertebrado
Todo o carnívoro é mamífero
Logo, Todo o carnívoro é vertebrado
Todo o felino é carnívoro
Logo, Todo o felino é vertebrado

Exemplo do polissilogismo regressivo


Tudo que é nutritivo é saudável
A banana é nutritiva
A banana é saudável
As coisas saudáveis são apetitosas
A banana é apetitosa
Tudo o que é apetitoso agrada ao paladar
A banana é agradável ao paladar

d) Sorites – é uma espécie de polissilogismo abreviado em que o sujeito da primeira premissa se torna o
predicado da segunda e o sujeito da segunda se torna o predicado da terceira e assim sucessivamente e na

Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 7
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

conclusão aparecem ligados o sujeito da última premissa e o predicado da primeira premissa. (Sorites
progressivo). O sorites contém no mínimo quatro proposições.
Exemplo de sorites progressivo:
As doenças infecciosas são parasitárias
As viroses tropicais são doenças infecciosas
A malária é uma virose tropical
Pelo que, a malária é parasitária

Ou ainda, em que o predicado da primeira premissa é sujeito da segunda e o predicado da segunda é sujeito
da terceira até à conclusão que une o sujeito da primeira premissa ao predicado da última premissa: (sorites
regressivo).

Exemplo de sorites regressivo


A alma humana é imaterial
O imaterial é simples
O simples é incorruptível
O incorruptível é imortal
Logo, A alma humana é imortal.

4. SILOGISMOS HIPOTÉTICOS

São aqueles que não afirmam nem negam alguma coisa de modo absoluto ou categórico, mas afirmam ou
negam sob condição ou estabelecendo uma alternativa. E Podem ser: Condicionais, disjuntivos,
conjuntivos, e dilemas (disjuntivos especiais).
Silogismo condicional – é o que é formado por uma proposição condicional (a maior) a qual estabelece uma
relação entre o antecedente e a consequente
(condição e condicionado).

Ex: Se agora chove, as ruas devem estar molhadas


Ora, agora chove Condição= chuva
Logo, as ruas estão molhadas. Condicionado=ruas molhadas

As regras práticas do silogismo condicional são quatro (4):

a) Dar a condição é dar o condicionado


Ex: Se agora chove, as ruas devem estar molhadas
Agora chove
Logo, as ruas estão molhadas.

b) Dar o condicionado não é dar a condição


Ex: Se agora chove, as ruas devem estar molhadas
Ora, as ruas estão molhadas
Logo, agora chove (conclusão ilegítima, pois, as ruas podem estar molhadas sem que tenha chovido).

c) Negar o condicionado é negar a condição


Ex: Se o Yasser estuda ele existe

Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 8
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

Ora, ele não existe


Logo, ele não estuda.

d) Negar a condição não é negar o condicionado


Ex: Se o Yasser estuda, ele existe
Ora, ele não estuda
Logo, ele não existe (conclusão ilegítima, pois, Yasser pode existir sem estudar).

3.1.1. Modos do silogismo condicional


O silogismo condicional compreende dois modos válidos ou figuras:

a) Modus ponens – consiste na afirmação da condição (antecedente).


Ex: Se Muhamad estudar, terá bons resultados
Ora, ele estudou
Logo, terá bons resultados.

b) Modus tollens – consiste na negação do condicionado (consequente).


Ex: Se Muhamad tem malária, então está doente
Ora, ele não esta doente
Logo, não tem malária.

3.2. Silogismo hipotético disjuntivo


É aquele em que se estabelece uma alternativa na premissa maior entre dois ou mais termos, de tal modo
que afirmando um deles, os restantes serão negados em bloco e negando um ou vários o outro será
afirmado.

3.2.1. Modos do silogismo condicional


Este silogismo assume duas formas ou modos válidos:

a) Modus Ponendo-Tollens (afirmativo-negativo)


Ex: Ou o Heraldo vive na Polana caniço ou Maxaquene
Ora, Heraldo vive em Maxaquene
Portanto, ele não vive na Polana caniço

Nota: A afirmação de Maxaquene, exclui necessariamente Polana caniço.

b) Modus Tollendo-Ponens (negação-afirmação)


Ex: Ou o Patrício é drogado ou é sociopata
Ora, ele não é sociopata
Logo, ele é drogado

c) Dilema– é um raciocínio hipotético e disjuntivo formado por uma proposição disjuntiva e duas
condicionais que levam, seja qual for a condição admitida à mesma conclusão. Ou consequência (é a famosa
espada de dois gumes).

Ex: Ou tu estavas no teu posto de trabalho ou não estavas.


Se estavas comparticipaste no roubo
Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 9
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

Se não estavas faltaste ao teu dever.


Portanto, nos dois casos mereces castigo.
 Regras do Dilema
- A disjunção deve ser completa, para que o adversário não tenha outra saída.
- A refutação de cada uma das hipóteses deve ser feita validamente para que o opositor não possa negar as
consequências.
- A conclusão deve ser a única que pode ser reduzida, caso contrário, o dilema pode ser contestável.

Silogismo hipotético conjuntivo


É aquele cuja premissa maior não admite que dois termos opostos se prediquem simultaneamente a um
sujeito.
Assume duas formas ou modos válidos:

a) Ponendo-Tollens (afirmação-negação)
Ex: Matavele não pode ser simultaneamente, natural de Maputo e de Sofala.
Como Matavele é de Maputo
Consequentemente, ele não é de Sofala

b) Tollendo-Ponens (negação-afirmação)

Ex: Marisa não pode ser aluna da Polana e da Manyanga ao mesmo tempo
Ora, Marisa não é aluna da Polana
Logo, ela é aluna da Manyanga.

5. SOFISMAS OU FALÁCIAS E SUAS ESPÉCIES

Dá-se o nome de falácia a todo o raciocínio errado, com aparências de verdadeiro. O termo falácia deriva do
grego ―FALLERE‖ que significa enganar. Se as falácias são cometidas de má-fé, com o objectivo de enganar,
ou de forma a confundir alguém numa discussão designa-se por sofismas. Mas se são cometidas
involuntariamente sem intenção de enganar chamam-se: paralogismos.
Porém, esta distinção entre boa e má fé compete ao moralista. Para o lógico, sofisma, paralogismos é mesma
coisa ou são sinónimos. Em qualquer falácia ocorrem dois elementos essenciais:

- Uma verdade aparente – que dá ao argumento uma certa capacidade de convencer e que leva os incautos
ao equívoco.
- Um erro oculto – que leva a que se retirem conclusões falsas, a partir de uma verdade. Esse erro oculto
pode derivar da ambiguidade dos conceitos, o salto desregrado do particular para o geral, a tomada do
relativo como absoluto, o parcial como total, o acidental como essencial.

 Espécies de falácias ou sofismas


a) Sofismas Verbais ou de palavras
b) Sofismas lógicos ou de ideias (mentais)

Sofismas verbais= são aqueles cujo erro se encontra na má expressão das palavras.
Podem ser:

c) Sofismas de equivocação ou de ambiguidade – é o uso indevido do mesmo termo com diferente


significado.
Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 10
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

Ex: Só o homem é que pensa


Ora, nenhuma mulher é homem
Logo, nenhuma mulher pensa

Nota: Este argumento é falacioso dado que na 1ª premissa a palavra ―homem‖ significa ―espécie humana‖ e
na 2ª ser humano do sexo masculino.

d) Sofisma de composição – consiste em juntar palavras que devem ser tomadas separadamente.
Exą: Nem estes nem aqueles sapatos me servem
Logo, nenhum sapato me serve

Ex². Nem esta nem aquela camisa me servem


Logo, nenhuma camisa me serve

e) Confusão entre o sentido colectivo e o individual – quando se emprega o mesmo termo com
valor idêntico.

Ex: Os portugueses descobriram muitas terras,


Camões e Vieira são Portugueses
Logo, Camões e Vieira descobriram muitas terra

f) Metáfora = resulta da confusão originada pelo emprego de um termo em sentido figurado.

Ex. As águias de Chimoio derrotaram o desportivo de Maputo


As águias são aves de rapina
Logo, as aves de rapina derrotaram o desportivo de Maputo

g) Anfibologia ou expressão de duplo sentido – deriva da ambiguidade sintáctica de uma parte do


argumento, quando se procura sustentar uma conclusão recorrendo uma interpretação errada de
uma proposição ambígua.
Ex: Todos os homens amam uma mulher
Patrício ama a Yolanda
Logo, todos os homens amam a Yolanda.

Em matemática também podem aparecer sofismas deste género.


Exą. 3vezes5, mais 5, igual a 20
3vezes , 5mais5, igual a 30
Logo, 20 igual a 30

Ex². 3x5+5=20
3(5+5)=30
Logo, 20=30

Sofismas lógicos - são aqueles que resultam da indução ou dedução ilegítima de conceitos ou ideias. Podem
ser:

Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 11
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

 Sofismas de falsa analogia – resultam do facto de atendermos apenas às semelhanças aparentes


entre dois objectos chegando a conclusões precipitadas e realmente falsas.

Ex¹. A terra é um planeta Ex². As aves voam


A terra é habitada O avião voa
Logo, os planetas são habitados. Logo, o avião é ave

 Ignorância de causa – que consiste em considerar verdadeira causa uma circunstância ocasional e de
mera coincidência.
Ex: Joana partiu um espelho, e pouco depois, sofreu um pequeno acidente, Joana concluiu que o acidente foi
provocado pelo espelho partido, pois, vidros partidos são prelúdio de desgraça.
Ex. Depois do cometa houve uma epidemia
Logo, Os cometas causam epidemias.

 Enumeração imperfeita – quando – se chega a conclusões repentinas e precipitadas, generalizando


aquilo que só pode aplicar-se a algumas partes.
Ex. Este e aquele africano são hospitaleiros
Logo, os africanos são hospitaleiros

 Tautologia – quando se apresenta a mesma ideia apenas por palavras diferentes (explicação
aparente) sem esclarecer nada.

Ex¹: O homem é racional porque é dotado da razão.


Ex²: A janela é quadrada porque tem 4 lados.

 Círculo Vicioso ou dialelo- ocorre quando se pretende resolver uma questão com a mesma questão.

Ex: Que é uma ideia clara? É a que não é obscura.


Que é uma ideia obscura? É a que não é clara.

 Falácia de conversão – ocorre quando se convertem proposições sem respeitar as regras.

Ex: O mendigo pede


Logo, quem pede é mendigo.

Como remediar os Sofismas?


O problema reveste dois aspectos:
- Evitar o seu emprego
- Refutá-los.

 Para evitar exige-se uma grande capacidade de cultura que nos permita ver os erros e remediá-los de
acordo com as regras do pensamento correcto.
 Para refutar exige-se além da cultura, uma perspicácia sagaz e astuta que nos permita analisar
criticamente a linguagem, a matéria e a forma dos sofismas de modo a descobrir e a atacar os erros
que encerram.

6. OUTRAS FORMAS DE ARGUMENTAÇÃO FALACIOSA.

Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 12
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

a) Argumentum ad hominem – ataque pessoal


Esta falácia comete-se quando alguém tenta refutar o argumento de uma outra pessoa atacando não o
argumento, mas sim a própria pessoa. Em vez de uma contra – argumentanção (oposição de um argumento
ao outro) temos um ataque pessoal ou seja, em vez de apresentar razões adequadas ou pertinentes contra
opinião ou ideia pretende se refutar tal opinião ou ideia censurando, desacreditando ou desvalorizando a
pessoa que a defende.

Ex: ―O senhor afirma ser inocente da acusação que pesa sobre si. Mas como acreditar no homem cujo passado é
melindroso”.

b) Argumentum ad populum – apelo ao povo, à emoção


Esta falácia ocorre, quando por falta de razões convincentes ou pertinentes, se manipulam e exploram
sentimentos da audiência para fazer adoptar o ponto de vista de quem fala. O argumento dirige-se a um
conjunto de pessoas, ao povo para tornar persuasiva uma ideia ou uma conclusão para qual não se
encontram nem dados, nem provas nem argumentos racionais. Apela-se à emoção das pessoas, não à sua
razão.
Segue se o princípio de que aquilo que a maioria das pessoas considera verdadeiro, valioso, agradável, é
verdadeiro, valioso e agradável. A opinião da maioria toma o lugar da verdade. Este tipo de argumento
falacioso é muito usado nas campanhas eleitorais.

Ex: ―Querem uma cidade sem lixo? Querem uma cidade com ruas não esburacadas? Querem uma cidade com escolas
para todos? Votem no partido X!‖

c) Argumentum ad baculum – apelo à força ( pressão psicológica)


A falácia do apelo à força verifica-se quando quem argumenta a favor de uma conclusão sugere ou afirma
que algum mal ou problema acontencerá a quem não aceitar. Portanto, este tipo de argumento baseia-se em
ameaças explícitas ao bem-estar físico e inclusive psicológico do ouvinte ou do leitor, seja ele um indivíduo
ou um grupo de indivíduos.

E¹. Ou te calas ou ficas sem recreio


Ex². As minhas opiniões estão correctas, pelo que, mandarei prender quem discordar de mim‖.

d) Argumentum ad ignorantiam – apelo à ignorância


Esta falácia ocorre quando se argumenta que uma proposição é verdadeira porque não foi provado que é
falsa ou falsa porque não foi provado que é verdadeira.

Ex¹. Ninguém até hoje, provou que Deus existe. Logo, Deus não existe.
Ex². Ninguém ate hoje, provou que Deus não existe. Logo, Deus existe.

e) Argumentum ad misericórdiam – apelo à piedade


Este tipo de falácia verifica-se quando alguém argumenta recorrendo a sentimentos de piedade e de
compreensão por parte da audiência de modo a que a conclusão ou afirmação defendida seja aprovada. Mas
convém notar que apelo à piedade ou ―falar ao coração‖, não é, de forma alguma, um modo racional de
argumentação. Por ex: é o que acontece com maior frequência, com alguns alunos, quando estes convencem
os seus professores a passá-los de classe, invocando razões comoventes.

 Paradoxos – São raciocínios que partem de enunciados não contraditórios, mas que as suas
conclusões o são. Um paradoxo tenta desmontar a veracidade como a falsidade de um juízo. A
Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 13
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

palavra paradoxo literalmente significa o que está além do senso comum. Em certo sentido um
paradoxo é um absurdo.

 Paradoxo de Epiménides
Um dos mais célebres paradoxos é o do mentiroso ou paradoxo de Epiménides, poeta cretense (Sec.VI a.c).
Epiménides afirma que ―todos os cretenses são mentirosos‖. Atendendo ao facto de ele ser também cretense,
podemos saber se esta afirmação é verdadeira? Qualquer que seja a resposta, sim ou não, conclui-se que a
frase ―todos os cretenses são mentirosos‖ leva sempre a uma contradição.

7. LÓGICA PROPOSICIONAL OU JUÍZOS COMPOSTOS (as cinco operações da lógica proposicional):


Conjunção, disjunção, implicação, equivalência e negação
- Juízos compostos – são aqueles que contêm mais de um juízo simples unidos entre si através de uma
cópula lógica.
- Cópula Lógica (conectores)-são aquelas que introduzem juízos compostos eis:
Conjunção, disjunção, implicação, equivalência e negação.
Ex. Se Aristóteles era educador de Alexandre Magno então, Aristóteles era mais velho do que Alexandre
Magmo.
a) Conjunção – é um juízo composto que é verdadeiro se e só se são verdadeiros todos os juízos simples de
que se compõem, e designa-se com a ajuda do sinal Λ (lê – se: e, mas, outro, sim).
Ex: A Luísa foi a papelaria e comprou uma caneta
P Λ q
P=antecedente
Q=consequente
Tabela da verdade da conjunção
P Q pΛq
V V V
V F F
F V F
f F F

b) Disjunção: divide-se em dois grupos:


- Não rigorosa ou fraca
- Rigorosa ou forte.
c) Não rigorosa ou fraca – é um juízo composto que é verdadeiro se pelomenos é verdadeiro um dos juízos
simples de que se compõe. Ela designa-se com a ajuda do sinal V(ou).
Ex: Este jovem é mecânico ou é pintor
P v q

Tabela da verdade da disjunção fraca


p q Pvq
v v V
v f V
f v V
f f F

d) Rigorosa ou forte-é um juízo composto que é verdadeiro se e só se é verdadeiro somente um dos juízos
simples de que se compõe. Faz-se com a ajuda do sinal V ou V lê-se (ou…ou)
Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 14
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

Ex: Este edifício ou é uma escola ou é uma Igreja


P V q

Tabela da verdade da disjunção forte


p q pvq
V v F
V f V
F v V
F f F

e) Implicação ou condicional – é um juízo composto que é falso se o antecedente é verdadeiro e o


consequente é falso. Designa-se com o sinal → (lê-se: implica, infere, se, então).
Ex: Se chover então nós não vamos a praia
P → q

Tabela de verdade de implicação


p q p→q
v v V
v f F
f v V
f f V

f) Equivalência ( Bicondicional)
É um juízo composto que é verdadeiro se e só se todos os juízos simples de que se compõe ou são
simultaneamente verdadeiros ou são simultaneamente falsos. Designa-se com o sinal ↔ (lê-se: se e só se ).
Ex: Eu passarei nos exames se e só se estudar toda a matéria de lógica
p ↔ q
Tabela da verdade para o juízo equivalente
p q p↔q
v v V
v f F
f v F
f f V

f) Negação – é um juízo que é verdadeiro se o antecedente é falso e é falso se o antecedente é verdadeiro.


Designa-se com o símbolo ~P P. (lê-se: não é P)
Ex: O fogo queima o fogo não queima
P ~P
Tabela da verdade de negação
p ~p
v F
f V

g) Lei da dupla negação

Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 15
ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO MANYANGA

A dupla negação ou negação da negação de um juízo arbitrário é idêntico a afirmação desse juízo ou o o
regresso ao juízo inicial. Designa-se com o sinal P
Ex: Não é verdade que o fogo não queima

Tabela da verdade da dupla negação


p ~p P
v f V
f v F

Texto de Apoio da disciplina de Filosofia – 12ª Classe/2023 – Unidade I: Introdução à Lógica - II Docente:
Pereira Francisco Gogo/ Contacto: 843517761/Email:Pereiragogo@gmail.com 16

Você também pode gostar