Você está na página 1de 22

1

Denilson Adelino Cossa


Help Francisco Andre
Issufo Chale Borges
Junior Salimo Sele
Meneses Angelo Luciano
Soares Leonardo João Mateus

Tipos de pesquisa

(Curso de Licenciatura em Engenharia Electrónica)

Universidade Rovuma

Nampula 2022
2

Denilson Adelino Cossa


Help Francisco Andre
Issufo Chale Borges
Junior Salimo Sele
Meneses Angelo Luciano
Soares Leonardo João Mateus

Tipos de Pesquisa

(Curso de Licenciatura em Engenharia Electrónica)

Trabalho de carácter avaliativo, da cadeira de


MEIC. 1º ano laboral, curso de Engenharia
Electrónica, sob orientação do Docente:

MSc. Moisés Aires

Universidade Rovuma

Nampula 2022
3

Índice

1.1. Introdução ............................................................................................................................ 5

2.1. Tipos de pesquisa ................................................................................................................ 6

2.1.1. Conceitos .......................................................................................................................... 6

2.1. Tipos de pesquisa ................................................................................................................ 6

2.1.1. Quanto à natureza ............................................................................................................. 7

2.1.2. Quanto à abordagem ......................................................................................................... 7

2.1.2.1. Pesquisa quantitativa ..................................................................................................... 7

2.1.2.2. Pesquisa qualitativa ....................................................................................................... 7

2.1.2.2.1. Características principais ............................................................................................ 8

2.1.2.3. Pesquisa qualitativa-quantitativa ................................................................................... 9

2.1.3. Quanto aos objectivos..................................................................................................... 10

2.1.3.1. Pesquisa exploratória ................................................................................................... 10

2.1.3.2 Pesquisa descritiva ........................................................................................................ 11

2.1.3.3. Pesquisa explicativa..................................................................................................... 11

3.1. Tipos de pesquisa quanto aos procedimentos .................................................................... 12

3.1.1. Quanto aos procedimentos ............................................................................................. 12

3.1.2. Pesquisa Bibliográfica .................................................................................................... 13

3.1.3. Pesquisa documental....................................................................................................... 13

3.1.3.1. Pesquisa experimental ................................................................................................. 13

3.1.3.2. Pesquisa ex post facto, ................................................................................................. 14

3.1.3.3. Pesquisa participativa .................................................................................................. 14

3.1.3.4. Pesquisa acção ............................................................................................................. 15

3.1.3.5. Pesquisa etnográfica .................................................................................................... 15

3.1.3.6. Estudo de caso ............................................................................................................. 16

3.1.3.7. Pesquisa por meio de Levantamento ........................................................................... 16

4.1. Tipos de Pesquisa quanto ao Método ................................................................................ 17


4

4.1.1. Método Indutivo ............................................................................................................. 17

4.1.2. Método Dedutivo ............................................................................................................ 17

4.1.3. Método dialéctico ........................................................................................................... 19

4.1.4. Método fenomenológico ................................................................................................. 20

5.1. Conclusão .......................................................................................................................... 21

6.1. Referencias Bibliográficas ................................................................................................. 22


5

1.1. Introdução

O presente trabalho é de carácter avaliativo, e tem como objecto de estudo “Tipos de


Pesquisa”. Em linhas gerais a finalidade do trabalho é fazer uma exposição sintética e
metódica sobre estrutura teórica dessa ferramenta de estudo Científico, destacando o foco e
conceitos básicos.

A Metodologia é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para


construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos
diversos âmbitos da sociedade.

Para entender as características da pesquisa científica e seus métodos, é preciso, previamente,


compreender o que vem a ser ciência. Em virtude da quantidade de definições de ciência
encontrada na literatura científica, serão apresentadas algumas consideradas relevantes para
este estudo.
6

2.1. Tipos de pesquisa

2.1.1. Conceitos

Pesquisa no sentido amplo, é procurar uma informação que se sabe e que se precisa saber.
Consultar livros revistas, verificar documentos, conversar com pessoas, fazendo perguntas
para obter respostas, são formas de pesquisa, considerada como sinónimo de busca, de
investigação e indagação. Este sentido amplo de pesquisa, opõe-se ao conceito de pesquisa
como tratamento de investigação científica que tem por objectivo comprovar uma hipótese
levantada, através do uso de processos científicos (ALMEIDA JUNIOR, 1988, P. 102).

Segundo Lakatos e Marconi (1987, p. 15), a pesquisa pode ser considerada um procedimento
formal com método de pensamento relativo que requer um tratamento científico e se constitui
no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdade parciais. Significa muito
mais que apenas procurar a verdade mas descobrir respostas para perguntas ou soluções para
os problemas levantados através do emprego de métodos científicos.

2.1. Tipos de pesquisa

O planeamento de uma pesquisa depende tanto do problema a ser estudado, da sua natureza e
situação espaço temporal em que se encontra, quanto da natureza e nível de conhecimento do
pesquisador (KOCHE, 1987, p. 122). Isso significa que pode haver vários tipos de pesquisa.
Cada tipo de possui, além do núcleo comum de procedimentos, suas peculiaridades próprias.

Os tipos de pesquisa se dividem quanto à sua natureza ou origem, abordagem, objectivos ou


níveis.

Tipo de pesquisa
quanto à/aos

Natureza Abordagem Objectivos

Pura Quantitativa Exploratória

Descritiva
Qualitativa
Aplicada
Explicativa
Quanti/Quali
7

2.1.1. Quanto à natureza

Quanto à natureza as pesquisas se dividem em pura e aplicada. A pesquisa Pura é um


tipo de pesquisa teórica sem uma preocupação directa com suas aplicações e consequências
pratica, que é o que se distingue da pesquisa aplicada, orientada para sua aplicação pratica.

2.1.2. Quanto à abordagem

Quanto à abordagem as pesquisas si dividem em quantitativas, qualitativa e


quantitativa-qualitativa.

2.1.2.1. Pesquisa quantitativa

A pesquisa quantitativa parte do pressuposto de que é possível mensurar ou qualificar um


determinado fenómeno. Uma outra principal característica além da mensuração é a
objectividade “a objectividade [...] trata da usual aplicação de modelos matemáticos e
estatísticos para analise dos resultados experimentais, sejam eles obtidos por meio de um
ensaio de laboratório, de um questionário ou entrevista que envolva variáveis quantificáveis”
(CASARIN; CASARIN, 2012, P.37).

Na pesquisa quantitativa, a determinação da composição e do tamanho da amostra é um


processo no qual a estatística tornou-se o meio principal. Como, na pesquisa quantitativa, as
respostas de alguns problemas podem ser inferidas para o todo, então, a amostra deve ser
muito bem definida; caso contrário, podem surgir problemas ao se utilizar a solução para o
todo (MALHOTRA, 2001).

2.1.2.2. Pesquisa qualitativa

Conforme Denzin e Linciln (2006), o berço da pesquisa qualitativa esta na sociologia


e na antropologia. Na sociologia, a discussão da importância da pesquisa qualitativa para o
estudo da vida de grupos humanos se deu por meio de trabalhos realizados pela Escola de
Chicago, nas décadas de 1920 e 1930. Na mesma época, na antropologia, os estudos de
autores como Evans-Pritchard, Radcliff-Brow e Malinowski trouxeram os métodos de
trabalhos de campo.

A pesquisa qualitativa, nas Ciências Sociais, “trabalha com o universo de significados,


dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de
fenómenos humanos é constituído aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se
distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas acções dentro
8

e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes” (MINAYO, 2009, P. 21). A
pesquisa qualitativa é difícil de ser traduzida em números e indicadores quantitativos pois
trabalha com o mundo das relações humanas, de suas representações, significados e
intencionalidades, aos quais é necessário sempre um processe hermenêutico-interpretativo por
parte do pesquisador. Devido a complexidade histórica e social do objecto de pesquisa nas
ciências sociais, não é incomum haver uma multiplicidade de opiniões acerca de um mesmo
fenómeno em função da subjectividade presente nos resultados e análises dos resultados e
análises dos dados, da forma como alguns factos são interpretados, já que a diversidade de
interpretações é uma consequência directa da subjectividade presente na pesquisa. Os
instrumentos mais comuns para colecta de dados nesse tipo de pesquisa são: entrevista,
estudos de caso, grupo focais, etnografia.

2.1.2.2.1. Características principais

Segundo Denzin e Lincoln (2006), a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem


interpretativa do mundo, o que significa que seus cenários naturais, tentando entender os
fenómenos em termos dos significados que as pessoas e eles conferem. Seguindo essa linha
de raciocínio, Vieira e Zouain (2005) afirmam que a pesquisa qualitativa atribui importância
fundamental aos depoimentos dos actores sociais envolvidos, aos discursos e aos significados
transmitidos por eles. Nesse sentido, esse tipo de pesquisa preza pela descrição detalhada dos
fenómenos e dos elementos que o envolvem.

Ao discutir as características da pesquisa qualitativa, Creswel (2007, p. 186) chama atenção


para o facto de que, na perspectiva qualitativa, o ambiente natural é a fonte directa de dados e
o pesquisador, o principal instrumento, sendo que os dados colectados são predominantes
discretivos. Além disso, o autor destaca que a preocupação com o processo é muito maior do
que com o produto, ou seja, o interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é
verificar “como” ele se manifesta nas interacções quotidianas. Outro aspecto é que a análise
dos dados tende a seguir um processo indutivo, a pesquisa qualitativa é emergente em vez de
estritamente pré-configurada. Richardson (1999) acrescenta que a pesquisa qualitativa é
especialmente valida em situações em que se evidencia a importância de compreender
aspectos psicológicos cujos dados não podem ser colectados de modo completo por outros
métodos, devido à complexidade que encerram (por exemplo, a compreensão de atitudes,
motivações, expectativas e valores).
9

Segundo Richardson (1999, p. 102) destaca que “o objectivo fundamental da pesquisa


qualitativa não reside na produção de opiniões representativas e objectivamente mensuráveis
de um grupo; esta no aprofundamento da compreensão de um fenómeno social por meio de
entrevista em profundidade e análises qualitativas da consciência”. Por esse motivo, a
validade da pesquisa não se da pelo tamanho da amostra, como na pesquisa quantitativa, mas
sim, pela profundidade com que o estudo é realizado. No mesmo sentido, Trivinõs (2008)
afirma que na pesquisa qualitativa recursos aleatórios podem ser usados para fixar a amostra.
Nesse caso, pode-se decidir intencionalmente o tamanho de amostra, considerando uma série
de condições, como sujeitos que sejam essenciais para o esclarecimento do assunto em foco,
segundo o ponto de vista do investigador, facilidade para se encontrar com as pessoas, tempo
dos indivíduos para a entrevista e assim por diante.

Godoy (2005) destaca alguns pontos fundamentais para se ter uma “boa” pesquisa qualitativa,
tais como:

 Credibilidade, no sentido de validade interna, ou seja, apresentar resultados dignos de


confiança;
 Transferibilidade, não se tratando de generalização, mas no sentido de realizar uma
descrição densa do fenómeno que permita ao leitor imaginal o estudo em outro
contexto;
 Confiança em relação ao processo desenvolvido pelo pesquisador;
 Confirmabilidade (ou confiabilidade) dos resultados, que envolve avaliar se os
resultados estão coerentes com os dados colectados;
 Explicitação cuidadosa da metodologia, detalhando minuciosamente como a pesquisa
foi realizada; e, por fim,
 Relevância das questões de pesquisa, em relação a estudo anteriores.

2.1.2.3. Pesquisa qualitativa-quantitativa

Quanto a abordagem qualitativa procura trabalhar com dados estatísticos tem-se a


intenção de representar em números uma determinada realidade social e, nesse caso, temos
uma pesquisa de tipo quanti-qualitativa.

Deve-se destacar que alguns autores têm argumentado sobre a inconveniência de definir
limites entre os estudos ditos qualitativos e quantitativos nas pesquisas, devendo ser afastada a
idéia de que somente o que é mensurável teria validade científica.
10

Nesse sentido, dentro das ciências sociais e, por influência da perspectiva positivista, “a
tradição quantitativa condenava a pesquisa qualitativa como sendo impressionista, não
objetiva e não científica [...] já que não permite mensurações, supostamente objetivas [...]”
(MOREIRA, 2002, p.43-46). A perspectiva positivista “aprecia números [...] pretende tomar a
medida exata dos fenômenos humanos e do que os explica”, na busca da objetividade e da
validade dos saberes construídos (LAVILLE & DIONNE, 1999, p.43). De acordo com Demo
(2002, p.7), “a ciência prefere o tratamento quantitativo porque ele é mais apto aos
aperfeiçoamentos formais: a quantidade pode ser testada, verificada, experimentada
mensurada [...]”.

2.1.3. Quanto aos objectivos

Quanto aos objectivos, que Gil (1987, p. 44-46), também chama de níveis de pesquisa,
as pesquisas se dividem em: exploratórias, descritivas e explicativas.

2.1.3.1. Pesquisa exploratória

A pesquisa exploratória corresponde a “uma pesquisa preparatória acerca de um tema pouco


explorado ou, então, sobre um assunto já conhecido, visto sob nova perspectiva, e que servira
como base para pesquisa posteriores” (CASARIN; CASARIN, 2012, P. 40) ou, ainda, quando
o próprio pesquisador precisa explora melhor um determinado fenómeno par aprofundar seu
estudo em análises posteriores. “A pesquisa exploratória tem como objectivo proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torna-lo mais explícito ou a construir
hipóteses” (DIEHL, TATIM, 2004, P. 53).

Segundo Selltiz et al. (1965), enquadram-se na categoria dos estudos exploratórios todos
aqueles que buscam descobrir idéias e intuições, na tentativa de adquirir maior familiaridade
com o fenômeno pesquisado. Nem sempre há a necessidade de formulação de hipóteses
nesses estudos. Eles possibilitam aumentar o conhecimento do pesquisador sobre os fatos,
permitindo a formulação mais precisa de problemas, criar novas hipóteses e realizar novas
pesquisas mais estruturadas. Nesta situação, o planejamento da pesquisa necessita ser flexível
o bastante para permitir a análise dos vários aspectos relacionados com o fenômeno.

De acordo com Gil (2008), o objectivo de uma pesquisa exploratória é familiarizar-se com um
assunto ainda pouco conhecido ou explorado. Assim, se constitui em um tipo de pesquisa
muito específica, sendo comum assumir a formar de um estudo de caso. Nesse tipo de
pesquisa, haverá sempre alguma obra ou entrevista com pessoas que tiveram experiencias
11

práticas com problemas semelhantes ou análise de exemplos análogos que podem estimular a
compreensão.

2.1.3.2 Pesquisa descritiva

Pesquisa Descritiva descrever as características de determinadas populações ou fenômenos.


Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados,
tais como o questionário e a observação sistemática. Ex.: pesquisa referente à idade, sexo,
procedência, eleição etc. (Gil, 2008).

Diferentemente dos autores anteriormente citados, Castro (1976) considera que a pesquisa
descritiva apenas captura e mostra o cenário de uma situação, expressa em números e que a
natureza da relação entre variáveis é feita na pesquisa explicativa.

“Quando se diz que uma pesquisa é descritiva, se está querendo dizer que
se limita a uma descrição pura e simples de cada uma das variáveis,
isoladamente, sem que sua associação ou interação com as demais sejam
examinadas” (CASTRO, 1976, p. 66).

A pesquisa descritiva tem como objectivo principal a descrição de um determinado objecto de


estudo, como descrever as características de um determinado grupo de acordo com os
parâmetros de sexo, Idade, nível de escolaridade etc., ou pesquisas eleitorais que visam
descrever a preferência de um eleitorado.

As pesquisas descritivas, por sua vez, têm por objectivo descrever criteriosamente os factos e
fenómenos de determinada realidade, de forma a obter informações a respeito daquilo que já
se definiu como problema a ser investigado (TRIVINOS, 2008). A diferença em relação à
pesquisa exploratória é que o assunto da pesquisa já é conhecido. A grande contribuição das
pesquisas descritivas é proporcionar novas visões sobre uma realidade já conhecida. Nada
impede que uma pesquisa descritiva assuma a forma de um estudo de caso, apesar de essa
possibilidade ser mais comum nas pesquisas exploratórias (Gil, 2008).

2.1.3.3. Pesquisa explicativa

Segundo Gil (1999), a pesquisa explicativa tem como objetivo básico a identificação dos
fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência de um fenômeno. É o tipo de
pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois tenta explicar a razão e as
relações de causa e efeito dos fenômenos.
12

Para Lakatos & Marconi (2001), este tipo de pesquisa visa estabelecer relações de causa-
efeito por meio da manipulação direta das variáveis relativas ao objeto de estudo, buscando
identificar as causas do fenômeno. Normalmente, é mais realizada em laboratório do que em
campo.

3.1. Tipos de pesquisa quanto aos procedimentos

Bibliográficas Documental

Experimental

Tipos de pesquisa Ex post facto


Procedimentos/
quanto aos Delineamento
Participativa

Pesquisa acção

Pesquisa de
Campo
Etnográfica

Estudo de caso

Levantamentos

3.1.1. Quanto aos procedimentos

Quanto aos procedimentos que também podem ser chamados de delineamento da pesquisa
(GIL, 1987, p. 71-78), embora a primeira nomenclatura seja mais exacta, as pesquisas se
dividem em:

 Pesquisa Bibliográfica; e
 Pesquisa Documental.
 Experimental;
 Ex post facto;
 Participativa;
 Pesquisa acção;
 Etnográfica;
13

 Estudo de caso; e
 Levantamentos.

3.1.2. Pesquisa Bibliográfica

A pesquisa Bibliográfica utiliza como base as teorias já publicadas em livros, artigos


científicos, dissertações de mestrado, teses de doutorado. “Na pesquisa bibliográfica o
investigador ira levantar o conhecimento disponível na área, identificando as teorias
produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para auxiliar a compreender ou
explicar o problema objecto da investigação” (KOCHE, 2015, p. 122). A pesquisa
bibliográfica ajuda a ampliar o conhecimento sobre um determinado objecto de pesquisa, a ter
um maior domínio e conhecimento sobre o assunto, descrever o estado da arte, daquele
momento, do tema em questão.

Para Lakatos e Marconi (2001, p. 183), a pesquisa bibliográfica,

“[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema


estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,
pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos, etc. [...] e sua
finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi
escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...]”.

3.1.3. Pesquisa documental

A pesquisa documental, à maneira da pesquisa bibliográfica, se atem a material impresso ou


digital, com a diferença de que a pesquisa documental baseia-se em material ainda não
publicado ou documentos oficiais como reportagens de jornais, relatórios de empresas,
publicações em diários, oficiais, fotografias, filmes.

Segundo Lakatos e Marconi (2001), a pesquisa documental é a colecta de dados em fontes


primárias, como documentos escritos ou não, pertencentes a arquivos públicos; arquivos
particulares de instituições e domicílios, e fontes estatísticas.

3.1.3.1. Pesquisa experimental

A pesquisa experimental, como o próprio nome sugere, trabalha com a experimentação


científica para observar um determinado fenómeno, analisar as variáveis envolvidas, construir
hipóteses e corroborar (ou não) teorias.
14

De acordo com Gil (1999), o experimento é considerado o melhor exemplo de pesquisa


científica. Para o autor a pesquisa experimental consiste na determinação de um objecto de
estudo, na selecção das variáveis capazes de influenciá-lo e na definição das normas de
controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objecto.

Neste tipo de investigação manipula-se deliberadamente algum aspecto da realidade. É usada


para obter evidências de relações de causa e efeito. A causalidade pode ser inferida quando
entre duas ou mais variáveis houver variação concomitante, ordem de ocorrência correta das
variáveis no tempo e quando os outros possíveis factores causais forem eliminados
(MATTAR, 2001).

Seguindo a classificação de Campbell e Stanley (1979) os delineamentos de pesquisa podem


ser divididos segundo três classes:

 Delineamentos experimentais;
 Delineamentos quase-experimentais;
 Delineamentos não experimentais.

3.1.3.2. Pesquisa ex post facto,

A pesquisa ex post facto, à maneira da pesquisa experimental, realiza procedimentos


semelhantes ao da experiencia, só que “depois dos factos” e, via de regra, de modo
espontâneo, já que o pesquisador não controla o experimento e o observa após ter ido
concretizado. Diehl e Tatim (2004, p.59) ressaltam como os procedimentos lógicos de
delineamento da pesquisa ex-post-facto são semelhantes aos da pesquisa experimental, com a
diferença de que no primeiro caso “são tomadas como situações experimentais situações que
se desenvolveram naturalmente e trabalha-se sobre elas como se estivessem submetidas a
controles”.

3.1.3.3. Pesquisa participativa

Pesquisa participativa caracteriza-se pela interacção entre o pesquisador e os sujeitos


pesquisados. O pesquisador ao realizar o processo de observação participa, de alguma formal
no campo de pesquisa com o objecto investigado. Schmidt (2006) situa-se a pesquisa
participante como uma variante da pesquisa etnográfica derivada da Antropologia (que
veremos logo a seguir):

O termo participante sugere a controversa inserção de um pesquisador num


15

campo de investigação formado pela vida social e cultural de um outro,


próximo ou distante, que, por sua vez, é convocado a participar da
investigação na qualidade de informante, colaborador ou interlocutor. Desde
as primeiras experiencias etnográficas, pesquisador e pesquisado foram, para
todos os efeitos, sujeitos e objectos do conhecimento e a natureza destas
complexas relações estiveram, e estão, no centro das reflexões que modelam e
matizam as diferenças teórico-metodológicas (SCHMIDT, 2006, p. 14).

3.1.3.4. Pesquisa acção

A pesquisa acção tem a mesma característica da pesquisa participante, ou seja, se baseia na


interacção pesquisador-pesquisado, envolvidos de modo cooperativo e participativo, e
“concebida e realizada em estreita associação com uma acção ou com a resolução de um
problema colectivo” (DIEHL, TATIM, 2004, p. 62).

Michel Thiollent (1999), autor de referencia no debate sobre metodologias


qualitativas em ciências humanas, faz a distinção entre pesquisa participante e
pesquisa-acção, valendo-se desta identificação da pesquisa participante com o
modelo da observação participante praticado nas experiencia inaugurais da
investigação antropológica. Assim, se, por um lado, a pesquisa-acção
constitui-se num tipo de pesquisa participante porque, em alguma medida, se
serve da observação participante “associada à acção cultural, educacional,
organizacional, política, de uma intervenção com mudanças dentro da situação
investigada”, priorizando a participação do polo pesquisado
(THIOLLENT,1999, P. 83-84 apud SCHMIDT, 2006, p. 17).

3.1.3.5. Pesquisa etnográfica

A pesquisa etnográfica tem origem na Etnografia (do grego ethnos, que significa nação e/ou
povo e graphein, que significa escrita) e na Antropologia Social, onde o principal foco é o
estudo da cultura e o comportamento de determinados grupos sociais, que envolve um exame
aprofundado (intenso e prolongado) de tais comportamentos, costumes, crenças, entre outras
coisas compartilhadas dentro daquela comunidade e que por isso consolidou a pesquisa
participante como disciplina científica. Baseia-se no contacto intersubjectivo entre o
pesquisador e o seu objecto, seja ele um grupo indígena ou qualquer outro grupo social sob o
qual o recorte analítico seja feito. O etnógrafo se enverada em uma cultura ou situação social
para explorar, colectar e analisar dados.
16

Bronislaw Malinowski marcou a história da antropologia moderna ao escrever em 1922 o


clássico estudo os Argonautas do pacífico Ocidental. Outros autores se destacam no campo da
pesquisa etnográficas como: Gregory Bateson, James Clifford (2002), Clifford Geertz,
Eduardo Viveiros de Castro.

3.1.3.6. Estudo de caso

O estudo de caso é um estudo profundo e exaustivo de um objecto específico ou, no máximo,


de alguns poucos objectos de modo a permitir uma compreensão mais detalhada sobre um
determinado fenómeno. O estudo de caso tem a limitação de impossibilitar uma maior
generalização sobre um determinado fenómeno, já que se limita a estudar um ou poucos
objectos.

Segundo Yin (2001), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo dos
fatos objetos de investigação, permitindo um amplo e pormenorizado conhecimento da
realidade e dos fenômenos pesquisados.

“Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um


fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real,
especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão
claramente definidos” (YIN, 2001 p. 33).

3.1.3.7. Pesquisa por meio de Levantamento

A pesquisa por meio de levantamento “se caracteriza pela interrogação directa das pessoa cujo
comportamento se deseja conhecer [...] procede-se à solicitação de informações a um grupo
significativo de pessoas do problema estudado” (GIL, 1989, p. 76) a partir das quais se
reflecte sobre os dados, mediante análise quantitativa, para se chegar a uma conclusão.

No levantamento, o pesquisador não colecta os dados de todos os integrantes da populacao


investigada. Ele seleciona apenas uma amostra significativa, definida de acordo com
procdimentos estatisticos. Assim, as analises e interpretacoes feitas a partir dos dados da
amostra são projetadas na totalidade do universo, sem desprezar a margem de erro.
17

4.1. Tipos de Pesquisa quanto ao Método

Indutivo

Tipos de
Método Dedutivo
pesquisa
quanto ao

Dialéctico

Fenomenológico

Quanto ao método científico utilizado nas ciências sociais, Gil (1987, p. 28-36) divide em
gerais e específicos: entre os gerais estão o método Hipotético dedutivo, dialéctico e
fenomenológico (aos quais é preciso acrescentar o método indutivo e dedutivo, próprios da
ciências naturais, sendo que o método hipotético dedutivo, a rigor, corresponde basicamente
ao método dedutivo), entre os específicos, que possibilitam os meios técnicos e operacionais
da pesquisa, estão o método experimental, observacional, comparativo, estatístico e clinico.

4.1.1. Método Indutivo

O método indutivo foi defendido científico pelo filósofo inglês Francis Bacon e ganhou
destaque com o empirismo da escola inglesa e as descobertas dos fenómenos e leis da física
empreendida por Galileu Galilei. O método indutivo coloca a observação dos fenómenos
como o ponto de partida para a investigação científica e a elaboração de hipóteses. Da
observação de casos particulares, pretende-se construir uma teoria geral. “De acordo com o
raciocínio indutivo, a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a
partir da observação de um número de casos concretos suficientemente confirmadores da
suposta realidade” (GIL, 1989, p. 29).

4.1.2. Método Dedutivo

O método dedutivo parte de uma teoria que se pretende geral para só então realizar a
observação de casos particulares e, assim, testar a teoria. A rigor, não nos parece que exista
uma diferença significativa entre o método dedutivo e o hipotético-dedutivo e, por isso,
vamos trata-los aqui de modo similar, embora Gil (1989, p. 28) ressalte que o método
18

hipotético-dedutivo seja apresentado à ciência como tentativa de superar os métodos indutivo


e dedutivo. No método dedutivo ou hipotético-dedutivo as teorias criadas se apresentam como
modelos hipotéticos ideias que devem ser rigorosamente testados através da experimentação
científica, que podem validar (ou não) a teoria inicial.

Método Científico

Hipoteco-dedutivo

Conhecimento prévio Observação Factos, fenómenos,…

(referencial teórico)
(percepção significativa)

PROBLEMA CONTEXTO DE
Imaginação
DESCOBERTA
criativa (duvida)

HIPOTESE
S

Testagem das hipóteses

(Observação descritiva ou experimentação)

Intersubjectividade e falseabilidade

CONTEXTO
DE
Interpretação e avaliação da testagem das hipóteses JUSTIFICAÇÃO

Rejeição das
Não rejeição das
hipóteses
hipóteses
(corroboração)
Nova Teoria

(KOCHE, 2015, p. 70). Novo Problema


19

Como pondera Koche (2015, p. 72), apoiado nos trabalhos de Karl Popper, a “ciência não é a
mera observação de fenómenos [...] a percepção de problema é uma percepção empregada de
fundo teórico”. Ao identificar um problema que pode ser tratado de maneira científica, o
pesquisador começa a conjectura sobre possíveis soluções a alternativas para explica-lo.
Nesse momento a hipótese esta sendo elaborada de forma dedutiva e depende “da capacidade
criativa de propor ideias que sirvam de hipóteses, de soluções provisórias que deverão ser
confrontadas com os dados empíricos através de uma testagem” (id., ibidem, p. 72).

As teorias são construídas, em primeiro lugar, no cérebro do investigador e não obedecem,


necessariamente, a nenhuma regra lógica formal, senão aquelas regras próprias da imaginação
criativa da mente, é preciso seguir uma lógica de validação da hipótese, através da
experimentação.

Se prefere fazer uma distinção entre o método dedutivo e o método hipotético-dedutivo, este
geralmente é associado as ideias do filósofo Karl Popper, a partir das teorias desenvolvidas
pelo filósofo em sua obra A Lógica da Pesquisa Científica, que propõe a teoria do
falsificacionismo ou, em outras palavras, a ideia de que formuladas as hipóteses sobre um
determinado problema ou teoria, estas devem ser testadas com o objectivo de torna-las falsas.
Se a hipótese resistir aos testes de falseamento a teoria continua verdadeira, senão, uma vez
tornada falsa, deixa de ser valida a teoria.

4.1.3. Método dialéctico

O método dialéctico aplicado as ciências sociais se baseia em pelo menos três princípios
(GIL, 1989, p. 32): o princípio da unidade e da luta dos contrários, segundo o qual os aspectos
contraditórios do real (luta dos contrários) se apresentam organicamente unidos (unidade); o
princípio da transformação das mudanças quantitativas em qualitativas segundo o qual a
quantidade e a qualidade “são características imanentes a todos os objectos e fenómenos, e
estão inter-relacionados” (GIL, 1989, p. 32) e onde as mudanças quantitativas geram
mudanças qualitativas; o princípio da negaça, segundo o qual certos aspectos do estágio
inferior são repetidos em estágios superiores.

Em síntese, o método dialético parte da premissa de que, na natureza, tudo se relaciona,


transforma-se e há sempre uma contradição inerente a cada fenômeno. Nesse tipo de método,
para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os
20

seus aspectos, suas relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que
tudo no mundo está sempre em constante mudança.

De acordo com Gil (2008, p. 14),

[...] a dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e


totalizante da realidade, uma vez que estabelece que os fatos sociais não
podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de
suas influências políticas, econômicas, culturais etc.

4.1.4. Método fenomenológico

O método fenomenológico, tal como foi apresentado por Edmund Husserl (1859-1938),
propõe-se a estabelecer uma base segura, liberta de proposições, para todas as ciências (GIL,
2008). Para Husserl, as certezas positivas que permeiam o discurso das ciências empíricas são
“ingênuas”. “A suprema fonte de todas as afirmações racionais é a „consciência doadora
originária‟.” (GIL, 2008, p. 14). Daí a primeira e fundamental regra do método
fenomenológico: “avançar para as próprias coisas.” Por coisa entendemos simplesmente o
dado, o fenômeno, aquilo que é visto diante da consciência. A fenomenologia não se
preocupa, pois, com algo desconhecido que se encontre atrás do fenômeno; só visa o dado,
sem querer decidir se esse dado é uma realidade ou uma aparência.

O método fenomenológico não é dedutivo nem empírico. Consiste em mostrar o que é dado e
em esclarecer esse dado. “Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas
considera imediatamente o que está presente à consciência: o objeto.” (GIL, 2008, p. 14).
Consequentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o objeto. Ou seja, o método
fenomenológico limita-se aos aspectos essenciais e intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão
de deduções ou empirismos, buscando compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o
dado, o fenômeno, não importando sua natureza real ou fictícia.
21

5.1. Conclusão

Ao longo do desenvolvimento do trabalho destacou-se que na difusão de um conhecimento


produzido cientificamente, além de se levar em conta os procedimentos técnicos acadêmicos
reconhecidos e referendados pela comunidade científica, do ponto de vista da sua
universalidade, o que é óbvio, ocorrerá o que podemos denominar aqui de visibilidade e
revelação do pesquisador. Os autores que sustentarão o teor acadêmico de um trabalho de
pesquisa revelarão em tempo a visão de mundo do pesquisador considerando processos
ideológicos que podem ser constatados no teor do seu discurso escrito. Estamos falando da
identidade ideológica do autor, do seu pertencimento, da sua organicidade e do seu
compromisso com o social, independente da área da pesquisa, humanas ou exatas, ou do tipo
de pesquisa, se qualitativa ou quantitativa.
22

6.1. Referencias Bibliográficas

ALMEIDA JÚNIOR, João Baptista de. O estudo como forma de pesquisa. In: CARVALHO,
Maria Cecília M de (Org.). Construindo o saber. Técnicas de Metodologia Científica.
Campinas: Papirus, 1988. P. 107-129.

CASARIN, Helen de Castro S,; CASARIN, Samuel S. pesquisa Científica: da teoria à prática.
Curitiba: Ed. Intersaberes, 2012.

CASTRO, C. M. Estrutura e apresentação de publicações científicas. São Paulo: McGraw-


Hill, 1976.

CLIFFORD, J. A experiencia etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de


Janeiro: Wd. UFRJ, 2002.

DIEHIL, Astor A.; TATIM, Denise C. Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas: métodos e
técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

GIL, António Carlos. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 1989.

KOCHE, José Carlos. Tipos de Pesquisa. In__fundamentos de Metodologia Científica: teoria


da ciência e prática da pesquisa. 14. Ed. Ver. E ampl. Petropolis: Vozes, 1997. p. 122-126.

MALHOTRA, N. Pesquisa de marketing. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2001.

MINAYO, Maria Cecília de S. o desafio da pesquisa social. In ___(org.); DESLANDES,


Suely F.; GOMES, Romeu. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 28.ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2009, p. 9-29.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Pesquisa. In:__Técnica de


pesquisa.3.ed.rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1996. Cap. 1. 15-36.

SCHMIDT, Maria Luísa S. Pesquisa Participante: alteridade e comunidade interpretativas.


Psicologia USP, 17(2),p. 11-41, 2006. Acesso em 02/12/2017.

THIOLLENT, M. notas para o debate sobre pesquisa-acção. In: BRANDAO, C. R. (Org.)


Repensando a pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1999, pp. 82-103.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

Você também pode gostar