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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia

Trabalho da Disciplina de Metodologia de investigação Científica

Tema: Métodos e Técnicas de Colecta de dados

Estudante: Juvencio Fernando

Código de Estudante: 708223341

Nampula, Junho de 2022


Trabalho da Disciplina de Metodologia de investigação Científica

Tema: Métodos e Técnicas de Colecta de dados

Trabalho de Campo a Ser Submetido ao


Instituto de Educação à Distância da
Universidade Católica de Moçambique - UCM
1º Ano.
Docente:

Nampula, Junho de 2022


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Índice
Introdução ................................................................................................................................ 4
1. Técnicas de Colecta de Dados Qualitativos ..................................................................... 5
1.1. Entrevista ...................................................................................................................... 5
1.1.1. Tipos de entrevistas................................................................................................... 6
1.2. Grupos focais ................................................................................................................ 6
1.3. Observação ................................................................................................................... 7
1.3.1. Tipos de Observação ................................................................................................. 7
2. Técnica para Análise de dados Qualitativos .................................................................... 9
2.1. Análise de Conteúdo ................................................................................................... 11
2.2. Análise do Discurso .................................................................................................... 12
2.3. Análise Hermenêutica dialéctica ................................................................................ 13
Conclusão .............................................................................................................................. 15
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 16
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Introdução

O presente trabalho apresentado na disciplina de Metodologia de investigação Científica aborda


sobre Métodos e Técnicas de Colecta de dados.

A investigação científica - conforme a metodologia adoptada – é, com frequência, dividida em


dois tipos distintos: a quantitativa e a qualitativa. O primeiro tipo se baseia no paradigma clássico
(positivismo/ cartesiano), enquanto o segundo tipo segue um paradigma alternativo.

Os estudos orientados pela doutrina positivista foram influenciados inicialmente pela abordagem
das ciências naturais, que postulam a existência de uma realidade externa que pode ser
examinada com objectividade, pelo estabelecimento de relações causa-efeito, a partir da
aplicação de métodos quantitativos de investigação, que permitem chegar a verdades universais
que possam ser generalizadas. Sob essa óptica, os resultados da pesquisa seriam reprodutíveis.

Objectivos

Geral

 Analisar os Métodos e Técnicas de Colecta de dados: qualitativos e quantitativos.

Específicos

 Conhecer as Técnicas de Colecta de Dados Qualitativos e quantitativos.


 Mostrar os Tipos de Técnicas de Colecta de Dados Qualitativos e quantitativos.

Metodologia

Para o alcance do objectivo proposto, a metodologia empregada foi a revisão bibliográfica ou


pesquisa em fontes secundárias, que consiste no levantamento do material já elaborado e
publicado em documentos, tais como livros, teses, e dissertações, com vista a explicar um
problema a partir de referências teóricas. De acordo com VERGARA (2006), a pesquisa
bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros,
revistas, jornais, redes electrónicas, isto é, material acessível ao público em geral.
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1. Técnicas de Colecta de Dados Qualitativos

A escolha da pesquisa qualitativa, depois de levantar o conhecimento acumulado (pesquisa


bibliográfica) sobre o tema a ser estudado e se apropriar deste conhecimento, principalmente dos
conceitos fundamentais para sua compreensão (sugere-se o fichamento analítico dos textos
lidos), será preciso investir na colecta dos dados a serem examinados em sua pesquisa.

A pesquisa qualitativa pressupõe que o pesquisador fará uma abordagem empírica de seu
objecto. Para tal, ele parte de um marco teórico-metodológico preestabelecido, para em seguida
preparar seus instrumentos de colecta de dados, que se bem elaborados e bem aplicados
fornecerão uma riqueza ímpar ao pesquisador. De posse desses dados, resta analisá-los a partir de
suas categorias analíticas, e assim proceder a uma discussão dos resultados de sua pesquisa.

A pesquisa qualitativa envolve o estudo do uso e a colecta de uma variedade de materiais


empíricos – estudo de casos; experiência pessoal; introspecção; história de vida; entrevista;
artefactos; textos e produções culturais; textos observacionais/registros de campo; históricos
interactivos e visuais – que descrevem momentos significativos rotineiros e problemáticos na
vida dos indivíduos. Portanto, os pesquisadores dessa área utilizam uma ampla variedade de
práticas interpretativas interligadas na esperança de sempre conseguirem compreender melhor o
assunto que está ao seu alcance. ( DENZIN; LINCOLN. et al. 2006, p. 17).

1.1.Entrevista

A entrevista, tomada no sentido amplo de comunicação verbal, e no sentido restrito de colecta de


informações sobre determinado tema científico, é a estratégia mais usada no processo de trabalho
de campo. (MINAYO, 2008).

Com o uso de entrevistas, segundo Lakatos e Marconi (2010), você consegue:

 Averiguar fatos ocorridos;


 Conhecer a opinião das pessoas sobre os fatos;
 Conhecer o sentimento da pessoa sobre o fato ou seu significado para ela;
 Descobrir quais foram, são ou seriam as condutas das pessoas, sejam elas passadas,
presentes ou planejadas (futuras);
 Descobrir factores que influenciam os pensamentos, sentimentos ou acções das pessoas.
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1.1.1. Tipos de entrevistas

As entrevistas são classificadas conforme tipos ou naturezas. São muitas as classificações


existentes. Nesse texto, adoptou-se a classificação usada por MINAYO (2008), que considera
que as entrevistas podem ser consideradas conversas com finalidade e se caracterizam pela sua
forma de organização. Elas podem ser classificadas conforme MINAYO (2008).

 Sondagem de opinião/ entrevista totalmente estruturada /questionário: Usa-se um


questionário totalmente estruturado, no qual a escolha do informante está condicionada à
sua capacidade de dar respostas às perguntas formuladas pelo investigador. Esse tipo de
instrumento de colecta de dados não será trabalhado nesse manual, por se tratar de uma
técnica mais usada em pesquisas quantitativas.
 Entrevista semiestruturada: o roteiro pode possuir até perguntas fechadas, geralmente
de identificação ou classificação, mas possui principalmente perguntas abertas, dando ao
entrevistado a possibilidade de falar mais livremente sobre o tema proposto.
 Entrevista aberta ou em profundidade: o entrevistado é convidado a falar livremente
sobre um tema e o entrevistador pode fazer perguntas para alcançar a maior profundidade
possível nas respostas.
 Entrevista focalizada: voltada apenas para uma determinada problemática.
 Entrevista projectiva ou narrativa: normalmente são usadas para tratar de assuntos ou
temas difíceis de serem abordados. Pode-se usar dispositivos visuais, como filmes,
vídeos, gravuras, etc., como uma espécie de convite ao entrevistado. Nessa modalidade,
se enquadrariam as chamadas histórias de vida e os grupos focais.

1.2.Grupos focais

Para MINAYO (2008), as técnicas de grupo mais comuns nas pesquisas qualitativas são os
grupos focais e o brainstorming. Trata-se do grupo focal, por esta ser um tipo de entrevista
geralmente feita com grupos pequenos e homogéneos (seis a 12 pessoas).

A composição dos grupos focais e o número dos mesmos devem ser vistas como intencionais. O
pesquisador deve escolher sujeitos que possuam pelo menos um aspecto comum ou uma
característica homogénea relevante para os objectivos da pesquisa. Se o pesquisador quer se
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apropriar das discussões sobre opiniões ou visões de mundo, pode escolher compor grupos
maiores, mas se quer aprofundar-se nas percepções dos sujeitos da pesquisa, os grupos menores
são mais indicados. (BACKES et al, 2011).

1.3.Observação

Assim como a técnica de entrevista, a observação exige um contacto face a face do pesquisador
com o seu objecto de estudo. Da mesma forma que ocorre com as entrevistas, no caso da
observação, não será o número de observações realizadas que define a credibilidade dos dados de
uma pesquisa, mas sim a profundidade e a amplitude alcançadas ao longo do processo de colecta
de dados.

Segundo LIMA (2008), a observação exige que o pesquisador utilize todos os seus cinco
sentidos para examinar uma realidade a ser investigada, seja ela uma comunidade, uma vila, uma
empresa, um grupo, um fato ou fenómeno, etc. Antes de iniciar uma observação, é preciso definir
os objectivos da pesquisa, definir um roteiro de observação, deixando claramente estabelecido o
que será observado.

Na pesquisa qualitativa, segundo a mesma autora, a validade da técnica de observação depende:

 Da capacidade de reunir múltiplas fontes de informação;


 Da capacidade do pesquisador dissolver pré-conceitos e desvelar comportamentos
“maquiados;
 Da riqueza de detalhes presentes nas descrições ou diários de campo;
 Dos diferentes ângulos que o observador foi capaz de identificar e resgatar para
compreender a realidade;
 Da capacidade do observador imprimir sentido àquilo que observa.

1.3.1. Tipos de Observação

Existem nomenclaturas diversas para os tipos de observação como técnica de colecta de dados
em pesquisas científicas. Adoptou-se as modalidades descritas por LAKATOS e MARCONI
(2010), a partir de Ander-Egg.
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 Observação Sistemática ou Estruturada

A Observação Sistemática ou Estruturada é previamente planejada e normalmente utiliza


recursos auxiliares para colecta de dados. Realiza-se sob condições controladas, visando
responder a objectivos pré-definidos. Neste caso, o observador possui clareza quanto às variáveis
a serem observadas (LAKATOS; MARCONI, 2010). É a mais recomendada no campo da
pesquisa científica.

 Observação assistemática ou não estruturada

A técnica de observação assistemática ou não estruturada, ou ainda espontânea, é feita sem que o
pesquisador utilize meios técnicos para registro ou faça perguntas directas aos observados. Essa
técnica é mais adequada aos estudos exploratórios, pois não tem planeamento prévio e muito
menos controle de variáveis a serem observadas. Essa observação pode ser fruto de uma
experiência casual. Esse tipo de observação apresenta perigos em função do registro inadequado
de dados (muitas vezes depende da memória do observador), ou em função da falta de
perspicácia do pesquisador. Exige-se, neste caso, um olhar treinado por parte do pesquisador.
(LAKATOS; MARCONI, 2010)

 Observação individual

A observação individual refere-se ao uso da técnica por um único pesquisador. Embora muito
comum, o pesquisador pode sofrer com as limitações de controle sobre todas as variáveis, com
dificuldades para registro de informações e até com interferência de sua personalidade. Já a
observação em equipe, permite que o fenómeno observado possa ser registrado a partir de vários
ângulos. Há vantagens, dada a possibilidade de confrontar dados posteriormente. (LAKATOS;
MARCONI, 2010)

 Observação em laboratório

Quanto à observação em laboratório, esta ocorre em ambiente previamente controlado, ou seja,


possui um carácter artificial. Normalmente é inadequada à observação dos comportamentos
humanos, pois muitos aspectos da vida humana não podem ser observados em condições de
laboratório. Já a observação da vida real ou naturalística ocorre em ambientes reais, onde o
pesquisador irá registrar dados na medida em que estes irão ocorrendo espontaneamente.
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(LAKATOS; MARCONI, 2010) registrar dados na medida em que estes irão ocorrendo
espontaneamente. (LAKATOS; MARCONI, 2010)

 Observação Participante ou Não Participante

A observação participante e a não participante. Segundo LIMA (2008), a observação não


participante é indicada quando pesquisador considera que o êxito na colecta de dados depende de
sua capacidade de resguardar sua identidade. Nesse caso, o pesquisador assume uma postura de
simples espectador dos eventos observados ou do quotidiano de um grupo.

Já a observação participante é recomendada quando o pesquisador julgar que sua participação


directa no evento ou fato a ser observado gerará maior profundidade na compreensão do mesmo,
além de possibilitar uma intervenção por parte do pesquisador no fenómeno, fato ou grupo. Por
esse motivo, geralmente a observação participante vem também carregada de propósitos
políticos, e está fundamentada nos paradigmas que não concordam com a neutralidade e
imparcialidade do pesquisador. Um de seus pontos fortes é integrar o observador à sua
observação, aproximar o sujeito conhecedor ao seu conhecimento.

Tanto LIMA (2008) quanto MINAYO (2008), apontam que a observação participante é a técnica
mais utilizada nas pesquisas de natureza qualitativa. Nesta técnica, o observador faz parte da vida
dos observados e assim é parte do contexto sob observação. Ao mesmo tempo em que investiga,
é capaz de modificar o objecto pesquisado e também de ser modificado pelo mesmo.

2. Técnica para Análise de dados Qualitativos

Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que todo material colectado nas pesquisas qualitativas
deve ser primeiro preparado para que possa ser analisado. As etapas que essa preparação inclui:

a) Transcrição de materiais gravados (áudio ou vídeo): no documento escrito, inserir um


cabeçalho identificando o material com o nome do entrevistado, da instituição (se for o
caso), data da entrevista e a forma como ele será tratado no texto final de sua pesquisa, ou
seja, um apelido ou um codinome para garantir o sigilo da mesma. Registrar também a
forma de contacto com o mesmo (e-mail, telefone, etc.).
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b) Na organização do material, registrar sempre a pergunta feita, tópico ou variável


observada, e a resposta dada ou informação colectada. Sugere-se pergunta/tópico em
negrito e resposta/informação sem destaque gráfico.
c) Registrar o comentário anotado pelo pesquisador durante a colecta de dados seja ela,
entrevista, observação, etc. Usar algum recurso gráfico para que estes comentários,
anotados no calor da interacção social, não sejam confundidos com perguntas, respostas
ou registros. Eles poderão ajudar na correcção de distorções, na validação ou não de uma
anotação, ou seja, na análise dos dados.
d) Após organização preliminar do material, separar o que será relevante para a análise.
Essa separação exige que o pesquisador, de posse de sua escolha metodológica e teórica,
utilize as recomendações específicas para cada análise pretendida. De maneira geral, ele
deve organizar o material por palavras, temas, tópicos ou até categorias analíticas, caso
estas já estejam definidas. Maiores informações sobre esta fase serão repassadas a seguir.
e) No caso de material já registrado de forma escrita no momento da colecta, seja em diários
de campo ou outros meios, é necessário organizar todo o material. Se a observação foi
sistemática, reunir todos os conteúdos que já foram registrados em categorias ou tópicos
em um relatório final, ainda mantendo a separação por categorias analíticas ou tópicos
estabelecidos nos registros de campo. Normalmente, antes da actividade de observação, o
pesquisador, a partir do paradigma teórico escolhido, já definiu as suas categorias de
análise em função de sua pergunta de pesquisa e de seus objectivos. No caso de
observações não sistemáticas, embora inicialmente o material geralmente não esteja
organizado por categorias ou tópicos, é necessário organizar o material, separando as
informações que serão consideradas relevantes a partir de tópicos ou as categorias
analíticas definidas para a análise do mesmo.
f) Caso deseje, conforme natureza do material e demanda do paradigma teórico
metodológico escolhido, o pesquisador pode usar um registro quantitativo para organizar
as respostas qualitativas. Trata-se de levantar a distribuição de presença e não
propriamente de frequência, o que pode facilitar a análise. Não se trata aqui de fazer um
tratamento estatístico das respostas.

Em segundo lugar, considerando que o material colectado já está organizado, vale lembrar que a
análise de dados qualitativos é a etapa que exige muita atenção, muito tempo e muita perspicácia
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do pesquisador. MINAYO (2008), inspirando-se em Lawrence Bardin, destaca que existem três
grandes obstáculos que devem ser rompidos.

a) Ilusão da transparência: os dados colectados não revelam com transparência o real.


Não se deve fazer uma interpretação espontânea e literal dos mesmos, pois são sempre
registros simbólicos e polissémicos. É preciso romper com a ilusão, com a ingenuidade
sociológica e com o empirismo para buscar os significados que os sujeitos sociais, em
suas falas, escritos e registros diversos nos indicam ou sinalizam.
b) Magia dos métodos e técnicas: a análise exige uma fidedignidade para compreensão do
material que reflecte as relações sociais dinâmicas e vivas. O pesquisador não pode se
render às técnicas. Estas devem representar o papel de mediadoras, ou seja, apenas
podem contribuir com o desvelar do real.
c) Junção e síntese das teorias: essa é a maior dificuldade para a maioria dos
pesquisadores. A construção do conhecimento exige que os dados colectados não sejam
apenas descritos. Essa descrição revela sua natureza bruta. Mas estes devem ser
analisados à luz dos paradigmas teóricos adoptados pelo pesquisador.

Assim, MINAYO (2008) sugere que dados qualitativos devem ser trabalhados a partir de uma
das três abordagens mais conhecidas: análise de conteúdo, análise do discurso e análise
dialéctica/ hermenêutica. A escolha da abordagem depende da corrente de pensamento ou
paradigma à qual o pesquisador se filia.

2.1.Análise de Conteúdo

A análise de conteúdo é uma técnica de tratamento de dados colectados, que visa à interpretação
de material de carácter qualitativo, assegurando uma descrição objectiva, sistemática e com a
riqueza manifesta no momento da colecta dos mesmos. Essa técnica surgiu com essa
denominação nos Estados Unidos, durante a Primeira Guerra Mundial e, na época, buscava
assegurar a objectividade para análises qualitativas e as equiparar às análises quantitativas. Tais
intenções e usos desta técnica se mantiveram até a Segunda Guerra. Nas décadas de 1950 e 1960,
a análise de conteúdo ressurge, mas vem com a intenção de destacar o conteúdo expresso na
mensagem e suas representações, deixando de lado a preocupação com as quantificações, embora
até hoje hajam polémicas entre as duas abordagens da técnica. (BARDIN, 2009)
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São conhecidas várias modalidades de análise de conteúdo: lexical, de expressão, de relações, de


enunciado e temática. Dentre elas, a análise temática é a mais simples e, portanto, considerada
mais apropriada para pesquisadores iniciantes na técnica. Assim, as considerações a seguir
procuram focar nesta modalidade de análise.

Para BARDIN (2009), a análise de conteúdo temática deve ter como ponto de partida uma
organização.

As diferentes fases da análise de conteúdo organizam-se em torno de três polos:

1. A pré-análise;
2. A exploração do material; e, por fim,
3. O tratamento dos resultados: a inferência e a interpretação.

Para a referida autora, na fase da pré-análise estabelece-se uma organização do material, a partir
da escolha de documentos/informações relevantes, permitindo-se uma “leitura flutuante” do
material até que a decisão sobre quais informações devem ser consideradas na análise fique mais
clara.

2.2.Análise do Discurso

É uma técnica muito usada no campo da linguística e das ciências sociais. O objectivo desta
análise é compreender as condições de produção e apreensão dos significados dos textos a serem
analisados. Seu criador é Michel Pechoux, um filósofo francês que fundou a escola francesa de
análise do discurso na década de 1960. Essa técnica se aplica aos estudos que pretendem analisar
a linguagem, tanto de senso comum como de discursos políticos, e se fundamenta no
materialismo histórico, na própria linguística e na teoria do discurso. Também a teoria da
subjectividade, de cunho psicanalítico, é adoptada para a compreensão dos significados.
(MINAYO, 2008)

Segundo o próprio PECHOUX (1988), os pressupostos da análise de discurso são:

a) O sentido de uma palavra não existe em si mesmo, pois expressa ideologias existentes no
contexto sócio histórico em que a palavra ou expressão foi produzida;
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b) Todo discurso dissimula sua relação com as ideologias, à medida em que se propõe
transparente.
2.3.Análise Hermenêutica dialéctica

A proposta hermenêutica surge como uma teoria para interpretação dos sentidos visando uma
compreensão. A hermenêutica é a arte de compreender textos, vistos aqui como documentos,
narrativas, entrevistas, livros, etc.

MINAYO (2008) esclarece que o processo de compreensão, no campo da pesquisa qualitativa


principalmente, começa com o exercício da negação (as palavras ou discursos dizem muito mais
do que está escrito). Aplicando a esta afirmativa uma proposição dialéctica, a autora esclarece
que existem múltiplas possibilidades de interpretação e compreensão. Assim, embora a
compreensão exija um movimento do todo às partes e vice-versa, é preciso esclarecer que nessa
abordagem, o pesquisador nunca conseguirá abranger o sentido total e definitivo das coisas: sua
leitura ou sua compreensão será sempre “a possível”, se dará sobre o olhar do presente e de seus
interesses.

A finitude do compreender representa as limitações da consciência histórica do pesquisador.


Assim, nessa técnica de análise de dados o compreender acaba sendo também um compreender-
se. Nessa abordagem, a perspectiva histórica e dialéctica são extremamente relevantes, pois são
elas que revelam as vinculações concretas dos objectos em estudo, valorizando a historicidade e
a relação entre a base material e a representações da realidade.

Assim, na análise hermenêutica dialéctica, a referida autora destaca os pressupostos a seguir, que
aqui assumem um carácter orientador em sua proposta operativa de pesquisa.

a) A compreensão de um objecto passa pela compreensão das condições históricas de


qualquer manifestação simbólica.
b) Não há observador imparcial e nem há ponto de vista fora da realidade humana e de seu
contexto histórico.
c) As ferramentas de pensamento ou análise não se constituem como instrumentos neutros
que garantem uma objectividade positivista. O próprio investigador parte da realidade
que investiga.
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d) O tecnicismo não é um caminho que garante a compreensão isenta e muito menos uma
crítica acabada dos processos sociais.
e) Essa abordagem se refere sempre à práxis e busca desvendar os condicionantes da
produção intelectual, marcada pela tradição, pelos pré-juízos, pelo poder, pelos interesses
e pelas próprias limitações do desenvolvimento histórico. Nossos conhecimentos são
sempre relativos e apenas se aproximam da plenitude da realidade.
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Conclusão

Neste sentido, para se atingir o conhecimento científico é necessário a utilização do método


científico e para garantir que este método seja o mais adequado a pesquisa é o papel da
metodologia científica.

Porém, Metodologia literalmente refere-se ao estudo sistemático e lógico dos métodos


empregados nas ciências, seus fundamentos, sua validade e sua relação com as teorias científicas.
Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra, por exemplo, da área de
exactas para a área de humanas – diferenciadas por seus distintos objectos de estudo, consegue-
se determinar alguns elementos que diferenciam o método científico de outros métodos
(filosófico e algoritmo – matemático etc.).

Contudo, ao relatar os seus resultados, o pesquisador deve também contar como chegou a eles,
qual caminho seguiu para alcançá-los. Trata-se, pois, da apresentação do que se chama de
método científico.
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Referências Bibliográficas

BACKES, Dirce Stein. et al (2011). Grupo focal como técnica de coleta e análise de dados em
pesquisas ualitativas. Revista Mundo da Saúde, São Paulo, v. 35, n. 4, p. 438-442. Recuperado
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/grupo_focal_como_tecnica_coleta_analise_dados_
pesquisa_qualitativa.pdf>. Acesso em 20 de Junho de 2022.

BARDIN, Laurence (2009). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. Recuperado em: <http://
pt.slideshare.net/alasiasantos/analise-de-conteudo-laurence-bardin>. Acesso em 20 de Junho de
2022.

DENZI, Norman. K; LINCOLN, Yvonna, (2006). S.; e Colaboradores. O planejamento da


pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2 ed. Porto Alegre: Artmed.

LIMA, Manolita Correia. 2008. Monografia: a engenharia da produção acadêmica. 2 ed. rev.
atual. São Paulo: Saraiva.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. (2008). O desafio do conhecimento. 11 ed. São Paulo:
Hucitec.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. 2010. Fundamentos de metodologia


científica. 7 ed. São Paulo: Atlas.

PECHOUX, Michel (1988). Semântica e discurso. Campinas: UNICAMP.

VERGARA, S. C. (2006). Projectos de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas.

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