Você está na página 1de 48

Introdução à

Lógica
E tudo começa com a Razão
É a nossa capacidade de pensar e conhecer.

A Razão
Usando-a podemos representar mentalmente a realidade
(criando conceitos), com base nos conceitos formulamos
juízos (de facto ou de valor) e com base nos juízos,
estruturamos argumentos (raciocínios) que nos permitem
interpretar e explicar a realidade.

Através da razão
Razão subjectiva questionamo-nos sobre
o que não conhecemos
e procuramos respostas.

Com base na razão (assumida


Pensamento como consciência moral)
fazemos escolhas, tomamos
_____________ decisões e agimos.

Realidade

A realidade é racional (está


Razão objectiva
estruturada de forma racional). É
isso que torna possível explicar
racionalmente o seu
funcionamento.
“a Razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se
correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais como são”
(Documento 03)

A Razão permite-nos explicar a realidade.

Através da Razão podemos


alcançar a verdade.

“Pensar e dizer as coisas


tal como são”
A verdade é a adequação do
pensamento à realidade
A verdade é a adequação do
pensamento à realidade
“A razão é uma maneira de organizar a realidade pela
qual esta se torna compreensível” (Documento 03)

A racionalidade é o
fundamento do sentido
O ser humano tem a
experiência do sentido
graças à sua capacidade
de compreender e
interpretar a realidade.
Mesmo o que desafia o sentido (o ‘nonsense’, o absurdo) só pode ser
compreendido enquanto tal a partir da nossa intuição acerca do que é o
sentido.

A racionalidade é o fundamento do sentido - esta afirmação pode parecer


exagerada, mas o campo da racionalidade é muito vasto, abarca todo o domínio do
pensável.

Todas as áreas da
experiência humana do
mundo são
compreensíveis através
da razão. Muitas delas
são mesmo resultantes
da atividade racional.
Temos a convicção de que “podemos ordenar e organizar
as coisas porque são organizáveis, ordenáveis,
compreensíveis nelas mesmas e por elas mesmas, isto é, as próprias
coisas são racionais” (Documento 03)
Só é pensável o que pode ser
concebido sob uma forma racional
Qualquer tomada de posição sobre seja o que for,
pressupõe a racionalidade, uma ordem racional...
O domínio do:
Uma palavra do Grego antigo que significa
'Razão', 'Discurso racional', 'Ordem
Racional'.
A Revolução Socrática
Sócrates (-469/-399), Platão (-428/-348) e Aristóteles formam como que uma linhagem filosófica: Sócrates
foi mestre de Platão que, por sua vez, foi mestre de Aristóteles. pode falar-se numa continuidade entre os
três filósofos, embora Aristóteles tenha rompido com o seu mestre e essa ruptura tenha um significado
filosófico muito profundo: Platão defendeu que a verdade se fundamenta na razão e no conhecimento
puramente racional, Aristóteles afirmou o primado da experiência sensorial sobre a razão, afirmando que
“nada está no intetecto sem que antes tenha passado pelos sentidos”.
O racionalismo e o empirismo, que estudaremos mais adiante, continuam esta querela. Ao longo da
história da filosofia o platonismo e o aristotelismo surgiram como formas antagónicas de filosofar e os
filósofos tenderam a aproximar-se de uma delas, rejeitando a outra.
Contudo há algo que une estes filósofos: tanto Platão como Aristóteles se assumiram como herdeiros de
Sócrates.
Sócrates teve um impacto muito profundo na história da filosofia, a prová-lo está a designação que os
historiadores da filosofia atribuíram aos filósofos anteriores a Sócrates: pré-socráticos.
Os primeiros filósofos centraram o seu questionamento na Natureza, procuraram resposta para o
problema da origem do universo e ensaiaram explicações racionais para os fenómenos naturais,
rompendo com a visão mítica que, até ao nascimento da filosofia, permitiu à humanidade atribuir um
sentido à vida e ao mundo. O homem não foi encarado como um objecto autónomo de investigação,
tendo sido estudado pelos filósofos anteriores a Sócrates como mais um elemento do Todo, ou seja, do
Universo.
Sócrates rompeu com esta visão da filosofia: centrou o seu questionamento no ser humano e levou a
filosofia para o coração da cidade (Pólis). Para Sócrates a filosofia, mais do que um saber cultivado por
‘especialistas’ (os filósofos), era uma prática assente na interrogação e na argumentação que dizia
respeito a todos os habitantes da cidade (incluindo até os escravos) e onde todos podiam participar de
forma plena.
Sócrates não pretendia ensinar nada aos seus interlocutores, o seu objetivo era simplesmente levá-los a
porem em causa os seus preconceitos e as suas crenças acríticas (opiniões) para se envolverem numa
busca racional da verdade, encarada como um caminho a perfazer através do diálogo e da discussão,
no qual o filósofo funcionaria, ao mesmo tempo, como guia e companheiro de jornada (porque o filósofo
interroga mas não tem respostas prontas a servir aos seus interlocutores).
O método socrático tem dois momentos: a ironia e a maiêutica.
No primeiro momento o filósofo procura pôr em causa as opiniões ilusórias dos seus interlocutores. Para
isso levanta uma série de questões que conduzem ao reconhecimento da ignorância (tanto da parte do
filósofo como dos seus interlocutores): só a partir desse ponto é que ir ao encontro da verdade. Sem o
reconhecimento da ignorância ficamos sempre no domínio da opinião (doxa), não saímos da teia
emaranhada das nossas ilusões.
O segundo momento é, portanto, positivo: o filósofo vai ajudar os seus interlocutores na descoberta da
verdade. Esta descoberta é comparada com o processo de dar à luz (o parto). Sócrates toma como
exemplo a profissão da sua mãe que foi parteira (Maia, em grego - daí a designação de ‘maêutica’ para
este segundo momento do método socrático) e diz-se parteiro da verdade na alma dos seus
companheiros de indagação - a sua mãe dava à luz corpos, ele ajudava a alma dos homens a dar à luz
a verdade. A luz da razão é fundamental: é por seu intermédio que os homens podem alcançar o saber
verdadeiro, ou ciência (Episteme).
É daí que deriva o termo 'Lógica'.
Os filósofos gregos defenderam que no Universo
(Cosmos) tudo segue uma ordem racional.
Esta ideia expressa-se através do
Princípio da Razão Suficiente.
Nada existe sem
razão;

Tudo o que
acontece tem
uma causa.
Se assim é, é possível responder à
seguinte questão:
Porque existe o Ser e não o Nada?
Há, de acordo com esta perspectiva, uma
equivalência, ou harmonia, do pensamento e
da realidade
Para estar de acordo com a Realidade, o pensamento
deve estar bem estruturado...
Ao longo da história da filosofia foram descobertos
princípios de estruturação lógica do pensamento:
os Princípios Lógicos da Razão.
Princípio da Identidade
'Cada coisa é igual a si própria'.

'Cada proposição é equivalente a si mesma'.


Princípio da Não-Contradição
'Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo
tempo, segundo a mesma perspectiva'.
'Uma proposição não pode ser verdadeira e
falsa ao mesmo tempo, segundo a mesma
perspectiva'.
Princípio do Terceiro Excluído
'Uma coisa ou é ou não é, não há uma terceira
hipótese'.
'Uma proposição ou é verdadeira ou é falsa,
não há uma terceira hipótese'.
Qual a origem destes princípios?
Estes princípios não são derivados da
experiência.
Podemos até dizer que eles são pressupostos
para que tenhamos experiência.
A Lógica
pode ser definida como, por um lado, a ciência que estuda as leis que regem a
coerência do pensamento e do discurso.
Por outro lado, pode também ser considerada como a arte de pensar e
argumentar com coerência e com método.
A Lógica perm
d is ite
identifica

tin
gu
e avaliar se as conclusões dos
argumentos são ou não
corretamente inferidas

os argumentos válidos dos


argumentos inválidos

as regras que
permitem afirmar se
os argumentos são
ou não validos
A lógica, ajuda-nos a aprender a construir e a
avaliar argumentos válidos, garantindo deste
modo que partindo de premissas verdadeiras
se consegue chegar a uma conclusão
verdadeira
O que é um argumento?
“Um argumento é um conjunto de proposições que
utilizamos para justificar (provar, dar razão, suportar) uma
tese (posição racional).

A proposição que queremos justificar tem o nome de


conclusão; as proposições que pretendem apoiar a
conclusão ou a justificam têm o nome de premissas.” (
António Padrão, “Algumas noções de lógica”, www.criticanarede.com)
O que é um argumento?
As premissas são as informações, os dados que
à partida temos sobre um problema; a
conclusão é uma consequência que, ao
raciocinar, tiramos.
Assim, a conclusão corresponde à nossa
opinião sobre o problema, à nossa tese e as
premissas são a maneira que temos de
justificar a conclusão a que chegámos
(António Padrão, “Algumas noções de lógica”, www.criticanarede.com)
O que é um argumento?

Um argumento possui uma


conclusão e uma ou várias
premissas.IBIDEM
O que é um argumento?

Os argumentos são conjuntos de proposições, mas nem todos os


conjuntos de proposições são argumentos.

Um argumento é mais do que uma lista de proposições.

Para se tratar de um argumento as proposições têm de estar


organizadas de um modo tal que uma delas (a conclusão) se
apresente como a consequência das outras (as premissas).

Dito por outras palavras: as premissas devem apresentar-se como


uma justificação ou apoio da conclusão.
IDEM
A verdade e a validade formal
Os argumentos possuem um conteúdo,
expresso nas proposições que o
constituem.
As premissas e a conclusão referem-se
sempre a algo, a alguma realidade.
Se as proposições estiverem de acordo com
a realidade, então elas são verdadeiras.
Se não estiverem de acordo com a
realidade, são falsas.

A verdade é uma característica das proposições


A verdade e a validade formal
Os argumentos têm, também, uma estrutura
formal, à qual se chama forma lógica.
Vejamos os seguintes exemplos:

Exemplo 1 Exemplo 2
Todos os homens são mortais Todos os cristãos são ateus

Sócrates é homem O João é cristão

Logo, Sócrates é mortal Logo, o João é ateu


____________ ____________

vA verdade e a
vl
A verdade e a validade formal

Exemplo 1
Todos os homens são mortais

Sócrates é homem

Logo, Sócrates é mortal


____________
As premissas e a conclusão
são verdadeiras
A verdade e a validade formal

Exemplo 2
Todos os cristãos são ateus

O João é cristão

Logo, o João é ateu


____________
Pelo menos 1 das premissas
é falsa e a conclusão é falsa
vA verdade e a vl
A verdade e a validade formal
Exemplo 1 Exemplo 2
Todos os homens são mortais Todos os cristãos são ateus

Sócrates é homem O João é cristão

Logo, Sócrates é mortal Logo, o João é ateu


____________ ____________
As premissas e a conclusão são Pelo menos 1 das premissas é
verdadeiras falsa e a conclusão é falsa

vA verdade e a
Contudo, ambos os argumentos têm a mesma estrutura formal.
E são ambos válidos em termos formais: avl
sua estrutura (forma lógica)
obedece aos princípios lógicos da razão e há uma ligação das
premissas à conclusão.

A validade é uma característica dos argumentos


Argumentos indutivos
Num argumento indutivo (indução) as
premissas são particulares e a
conclusão éferro
Os objectos de universal.
conduzem eletricidade

O ferro é um metal

O ouro conduz eletricidade

O ouro é metal

O cobre conduz eletricidade

O cobre é metal

Logo todos os metais conduzem eletricidade.

A indução vai do particular para o universal.


Argumentos indutivos
Nos argumentos indutivos a verdade da
conclusão é meramente provável.
Mesmo que as premissas são verdadeiras a
conclusão pode ser falsa.

Validade indutiva:
Um argumento indutivo é válido
quando é muito pouco provável que a
conclusão seja falsa se as premissas
forem verdadeiras.
Contudo, não se pode excluir totalmente essa
possibilidade.
Argumentos dedutivos
Num argumento dedutivo (dedução) pelo menos
uma das premissas é universal e a conclusão
é particular ou, se for universal tem um grau
de generalidade inferior ao das premissas.

Todos os metais são condutores de eletricidade

O cobre é um metal

Logo, o cobre é condutor de eletricidade

A dedução vai do universal para o


particular.
Argumentos dedutivos
Nos argumentos dedutivos válidos se as
premissas forem verdadeiras, a conclusão
não pode ser falsa.

Validade dedutiva:
Um argumento dedutivo é válido
quando é impossível que a
conclusão seja falsa se as
premissas forem verdadeiras.
A Lógica Formal

A Lógica Formal estuda apenas os elementos


da argumentação que dependem
exclusivamente da forma lógica.
Esse estudo centra-se nos argumentos
dedutivos formais - procura estabelecer as
condições da validade dedutiva
fundamentando-se exclusivamente na análise
da forma lógica dos argumentos ou das
proposições.
A Lógica Formal

A Lógica Formal não se preocupa com o


conteúdo das proposições, ou seja, com a sua
verdade ou falsidade

A relação da Lógica Formal com a verdade é


indireta: para o pensamento estar adequado
à realidade tem que estar bem estruturado.
A Lógica Formal

A Lógica Formal não tem em conta o


contexto em que se dá argumentação.
A Lógica Informal
A Lógica Informal estuda os elementos da argumentação
que não dependem exclusivamente da forma lógica.
Por exemplo: a aceitabilidade de uma argumentação por
parte de um auditório.
A Lógica Informal

Esse estudo abarca tanto argumentos


dedutivos formais como informais.

A Lógica Informal estuda as relações entre os


argumentos e os sujeitos que os constroem e
os analisam (os receptores, membros de um
auditório).
A Lógica Informal
Assume a argumentação como um acto comunicativo,
dependente da intenção de um agente e que visa
alcançar um resultado (convencer ou persuadir).

Você também pode gostar