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FAICÍCULO DE METODOLOGÍA

DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA.

Prof: Yurniolis Guilarte Matos

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UNIDADE I. Conhecimento
A definição clássica de conhecimento, originada em Platão, diz que ele consiste de crença
verdadeira e justificada.

Conhecimento (do latim cognoscere, "ato de conhecer") é o ato ou efeito de conhecer.


Como por exemplo: conhecimento das leis; conhecimento de um fato; conhecimento de
um documento; termo de recibo ou nota em que se declara o aceite de um produto ou
serviço; saber, instrução ou cabedal científico (homem com grande conhecimento);
informação ou noção adquiridas pelo estudo ou pela experiência; consciência de si
mesmo.

No conhecimento temos dois elementos básicos: o sujeito (cognoscente) e o objeto


(cognoscível), o cognoscente é o indivíduo capaz de adquirir conhecimento ou o
indivíduo que possui a capacidade de conhecer. O cognoscível é o que se pode
conhecer.

O tema "conhecimento" inclui, mas não está limitado a, descrições, hipóteses, conceitos,
teorias, princípios e procedimentos que são úteis ou verdadeiros. O estudo do
conhecimento é a gnoseologia. Hoje existem vários conceitos para esta palavra e é de
ampla compreensão que conhecimento é aquilo que se sabe de algo ou alguém. Isso em
um conceito menos específico. Contudo, para falar deste tema é indispensável abordar
dado e informação.

Dado é um emaranhado de códigos decifráveis ou não. O alfabeto russo, por exemplo,


para leigos no idioma, é simplesmente um emaranhado de códigos sem nenhum
significado específico. Algumas letras são simplesmente alguns números invertidos e mais
nada. Porém, quando estes códigos até então indecifráveis, passam a ter um significado
próprio para aquele que os observa, estabelecendo um processo comunicativo, obtém-se
uma informação a partir da decodificação destes dados. Diante disso, podemos até dizer
que dado não é somente códigos agrupados, mas também uma base ou uma fonte de
absorção de informações. Então, informação seria aquilo que se tem através da
decodificação de dados, não podendo existir sem um processo de comunicação. Essas
informações adquiridas servem de base para a construção do conhecimento. Segundo
esta afirmação, o conhecimento deriva das informações absorvidas.Se constrói
conhecimentos nas interações com outras pessoas, com o meio físico e natural. Podemos
conceituar conhecimento da seguinte maneira: conhecimento é aquilo que se admite a
partir da captação sensitiva sendo assim acumulável a mente humana. Ou seja, é aquilo
que o homem absorve de alguma maneira, através de informações que de alguma forma
lhe são apresentadas, para um determinado fim ou não. O conhecimento distingue-se da
mera informação porque está associado a uma intencionalidade. Tanto o conhecimento
como a informação consistem de declarações verdadeiras, mas o conhecimento pode ser
considerado informação com um propósito ou uma utilidade.

Associamos informação à semântica. Conhecimento está associado com pragmática, isto


é, relaciona-se com alguma coisa existente no "mundo real" do qual temos uma
experiência direta.

O conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto.


Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, ideias e conceitos o conhecimento
surge como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é
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indissociável de um processo, podemos então olhar o conhecimento como uma atividade
intelectual através da qual é feita a apreensão de algo exterior à pessoa.

A definição clássica de conhecimento, originada em Platão, diz que este consiste numa
crença verdadeira e justificada. Aristóteles divide o conhecimento em três áreas: científica,
prática e técnica.

Índice

1. Análise fenomenológica do conhecimento.


2. Críticas/Objecções à análise fenomenológica do conhecimento.
3. Conhecimento como crença verdadeira e justificada (CVJ)
4. Crítica à teoria CVJ e contra-exemplos de Gettier
5. Modos de Conhecer
6. A intuição
7. Conhecimento discursivo
8. Tipos de Conhecimento
9. Etimologia
10. O conhecimento científico

1. Análise fenomenológica do conhecimento

A fenomenologia (método que permite descrever na sua pureza os fenómenos presentes


à consciência, com o objectivo de determinar a sua estrutura, a sua essência) explica o
fenómeno de um modo simples considerando o sujeito cognoscente e o objecto
cognoscível. Existe, inicialmente, um sujeito e um objecto diferentes um do outro, sendo
que estes partilham uma relação – o conhecimento. Este sujeito apenas é sujeito para
este objecto e este objecto apenas é objecto para este sujeito, estes estão ligados por
uma estreita relação, condicionando-se reciprocamente (correlação). A relação que
sujeito e objectos partilham é dupla masnão reversível, isto é, os papéis de sujeito e
objecto não são intermutáveis, a sua função é, portanto, diferente. Nesta relação a função
do sujeito é apreender o objecto e a do objecto é a de ser apreendido pelo sujeito. Para
que o sujeito possa conhecer, este tem que se transcender, entrando na esfera do objecto,
onde capta as características do objecto e as faz entrar na sua própria esfera. O sujeito
apenas tem noção do que apreendeu quando reentra em si. O sujeito sai, portanto, deste
processo, modificado, dado que com ele traz apenas uma representação mental –
imagem – do objecto, em tudo igual ao objecto em si.

2. Críticas/Objecções à análise fenomenológica do conhecimento

Como, segundo a perspetiva fenomenológica, o conhecimento é um fenómeno que ocorre


na mente humana desde de logo se remete para o nível da subjetividade. Por outro
lado, como a representação do objecto é uma imagem mental, corre na mente de cada
um, sendo influenciada por diferentes condicionantes. Pode, deste modo, propor-se,
em vez de uma oposição entre sujeito e objecto, uma relação entre estes, inserida num
contexto específico.

3. Conhecimento como crença verdadeira e justificada (CVJ)

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O conhecimento pode ser compreendido como uma crença verdadeira justificada, isto
é, um dado sujeito tem uma crença – opinião, – essa crença é verdadeira e o sujeito
tem boas razões para a justificarem. Assim sendo, crença, verdade e justificação são
condições necessárias para que se constitua conhecimento, mas apenas no seu
conjunto são suficientes. Crença é uma condição necessária poisnão é possível
conhecer sem acreditar. Por outro lado, esta não constitui uma condição suficiente
poisesta não passa de uma opinião, podendo, então, ser falsa, saber/conhecer é,
portanto, diferente de acreditar. Verdade é uma condição necessária uma vez que o
conhecimento é factivo, ou seja, não se podem conhecer falsidades. No entanto esta
não é por si só uma condição suficiente, dado que podemos acreditar em alguma coisa
que é verdadeira sem que saibamos que esta é verdadeira. Justificação é uma
condição necessária já que é necessário haver boas razões nas quais apoiar a
verdade de uma crença. Contudo a justificação não é por si uma condição suficiente,
porque ter razões para acreditar em algo não garante que essa crença seja
verdadeira.

4. Crítica à teoria CVJ e contra-exemplos de Gettier

Edmund Gettier discorda, todavia, com esta teoria, na medida em que defende que crença,
verdade e justificação não constituem, juntas, a condição suficiente para que haja
conhecimento. Este apresenta a sua oposição sobre a forma de contra-exemplos. Nos
seus contra-exemplos Gettier mostra que apesar da crença ser verdadeira e estar
justificada, a justificação que o sujeito tem para essa crença não decorre dos aspetos
relevantes da realidade que a tornam verdadeira. Assim, Gettier afirma que se as crenças
forem acidentalmente ou por mera sorte verdadeiras não se constitui conhecimento.

5. Modos de Conhecer

De que maneiras o sujeito cognoscente apreende o real? Geralmente consideramos o


conhecimento como um ato da razão, pelo qual encadeamos ideias e juízos, para chegar
a uma conclusão. Essas etapas compõem o nosso raciocínio. No entanto, conhecemos o
real também pela intuição. Vejamos a diferença entre intuição e conhecimento
discursivo.

6. A intuição

A intuição (do latim intuitio, do verbo intueor, "olhar atentamente", "observar". Intuição
é portanto uma "visão", uma percepção sem conceito) é um conhecimento imediato -
alcançado sem intermediários -, um tipo de pensamento direto, uma visão súbita. Por isso
é inexprimível: Como poderíamos explicar em palavras a sensação do vermelho? Ou a
intensidade do meu amor ou ódio? É também um tipo de conhecimento impossível de ser
provado ou demonstrado. No entanto, a intuição é importante por possibilitar a invenção,
a descoberta, os grandes saltos do saber humano.

A intuição expressa-se de diversas maneiras, entre as quais destacamos a empírica, a


inventiva e a intelectual.

1. A intuição empírica: É o conhecimento imediato baseado em uma experiência que


independe de qualquer conceito. Ela pode ser:

Sensível, quando percebemos pelos órgãos dos sentidos: o calor do verão (tato), as cores
da primavera (visão), o som do violino (audição), o odor do café (olfato), o sabor doce
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(paladar/gustação); Psicológica, quando temos a experiência interna imediata de nossas
percepções, emoções, sentimentos e desejos.

1. A intuição inventiva: É a intuição do sábio, do artista, do cientista ao descobrirem


soluções súbitas, como uma hipótese fecunda ou uma inspiração inovadora. Na
vida diária também enfrentamos situações que exigem verdadeiras invenções
súbitas, desde o diagnóstico de um médico até a solução prática de um problema
caseiro. Segundo o matemático e filósofo Henri Poincaré, enquanto a lógica nos
ajuda a demonstrar, a invenção só é possível pela intuição.
2. A intuição intelectual: Procura captar diretamente a essência do objeto. Descartes,
quando chegou à consciência do cogito - o eu pensante -, considerou tratar-se de
um primeira verdade que não podia ser provada, mas da qual não se poderia
duvidar: Cogito, ergo sum, que em latim significa "penso, logo existo". A partir
dessa intuição primeira (a existência do eu como ser pensante), estabeleceu o
ponto de partida para o método da filosofia e das ciências modernas.

7. Conhecimento discursivo

Discurso (do latim discursus, literalmente "ação de correr para diversas partes, de tomar
várias direções".) Para compreender o mundo, a razão supera as informações concretas
e imediatas recebidas por intuição e organiza-as em conceitos ou ideias gerais que,
devidamente articulados pelo encadeamento de juízos e raciocínios, levam à
demonstração e a conclusões. Portanto, o conhecimento discursivo, ao contrário da
intuição, precisa da palavra, da linguagem. Por ser mediado pelo conceito, o
conhecimento discursivo é abstracto. Abstrair significa "isolar", "separar de". Fazemos
abstração quando isolamos um elemento que não é dado separadamente na realidade.

8. Tipos de Conhecimento

Principais

Conhecimento sensorial/sensível: É o conhecimento comum entre seres humanos e


animais. Obtido a partir de nossas experiências sensitivas e fisiológicas (tato, visão, olfato,
audição e paladar).

Conhecimento intelectual: Esta categoria é exclusiva ao ser humano; trata-se de um


raciocínio mais elaborado do que a mera comunicação entre corpo e ambiente. Aqui já
pressupõe-se um pensamento, uma lógica.

Conhecimento vulgar/popular: É a forma de conhecimento do tradicional (hereditário),


da cultura, do senso comum, sem compromisso com uma apuração ou análise
metodológica. Não pressupõe reflexão, é uma forma de apreensão passiva, acrítica e que,
além de subjetiva, é superficial.

Conhecimento científico: Preza pela apuração e constatação. Busca por leis e sistemas,
no intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando. Não se contenta
com explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia e na
racionalidade. Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que o
permeia, isso, aliado às suas demais características, faz do conhecimento científico quase
uma antítese do popular.

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Conhecimento filosófico: Mais ligado à construção de ideias e conceitos. Busca as
verdades do mundo por meio da indagação e do debate; do filosofar. Portanto, de certo
modo assemelha-se ao conhecimento científico - por valer-se de uma metodologia
experimental -, mas dele distancia-se por tratar de questões imensuráveis, metafísicas. A
partir da razão do homem, o conhecimento filosófico prioriza seu olhar sobre a condição
humana.

Conhecimento religioso/teológico: Conhecimento adquirido a partir da fé teológica, é


fruto da revelação da divindade. A finalidade do teólogo é provar a existência de Deus e
que os textos bíblicos foram escritos mediante inspiração Divina, devendo por isso ser
realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis. A fé pode basear-se em
experiências espirituais, históricas, arqueológicas e coletivas que lhe dão sustentação.

Conhecimento linguístico: É um tipo de conhecimento que abarca no geral, as línguas


nacionais. São alguns exemplos: Língua portuguesa, Língua Inglesa, Língua espanhola,
Língua francesa, Língua italiana, Língua alemã, Língua árabe, Língua chinesa, Língua
japonesa e etc. Na categoria do conhecimento linguístico, são incluídas as seguintes
áreas de estudo: Gramática, Literatura, redacção, Linguística e etc. Então, qualquer coisa
relacionada a Língua, como: Alfabetos, escrituras antigas, a escrita em Braille e etc. São
pertencentes ao conhecimento linguístico. (Livro Do Conhecimento)

Conhecimentos gerais: Um saber aprofundado em um ramo do conhecimento: Erudição.


Saber não específico: noções gerais. (Livro Do Conhecimento)

Submissos

O conhecimento declarativo seria o referente a coisas estáticas, paradas, como por


exemplo os conceitos de uma ciência, ou a descrição de um objeto. Um exemplo típico de
conhecimento estático é o significado dos termos de classificação de relevo. Ao passo que
o conhecimento procedural refere-se às coisas funcionando, como os processos, as
transformações das coisas, e também como que deve ser o comportamento de um
profissional em uma determinada situação. Um exemplo de conhecimento procedural
seria a conduta indicada para um agricultor retirar a licença de um desmatamento que
queira fazer em sua propriedade.

Encarando o conhecimento por outro ângulo, temos o conhecimento explícito, o qual


especialista consegue formalizar em linguagem facilmente, de forma transmissível e eficaz
para outra pessoa. Do outro lado temos o conhecimento tácito (normalmente mais
complexo) que seria o “jogo de cintura” que o profissional vai ganhando com a prática de
sua profissão. De maneira geral, o especialista costuma não ter noção de seus
conhecimentos tácitos, e mesmo quando o têm, costuma não saber como ele funciona e
nem a tamanho de sua abrangência.

9. Etimologia

Latim cognoscere = vir a saber.

Em português derivaram termos como cognoscente, "o sujeito que conhece", e


cognoscível, "o que pode ser conhecido".

10. O conhecimento científico

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Francis bacon, "O conhecimento é poder".

O desenvolvimento do método científico deu uma contribuição significativa para a nossa


compreensão do conhecimento. Para ser considerado científico, um método inquisitivo
deve ser baseado na colecta de provas observáveis, empíricas e mensuráveis sujeitas
aos princípios específicos do raciocínio. O método científico consiste na colecta de dados
através de observação e experimentação, bem como na formulação e teste de hipóteses.
A ciência e a natureza do conhecimento científico também se tornaram objecto de estudo
do filo fia. Como a própria ciência tem desenvolvido, o conhecimento desenvolveu um
amplo uso que sido desenvolvido no âmbito da biologia / psicologia - discutido em outro
lugar como meta-epistemologia ou epistemologia genética, e em certa medida,
relacionadas com a " teoria do desenvolvimento cognitivo".

Note-se que "epistemologia" é o estudo de conhecimento e de como ele é adquirido. A


ciência é "o processo usado todos os dias para completar os pensamentos logicamente
através de inferência de fatos determinados por experimentos calculados." Sir Francis
Bacon, crítico do desenvolvimento histórico do método científico, escreveu obras que
estabeleceram e popularizaram uma metodologia indutiva para a pesquisa científica. Seu
famoso aforismo "conhecimento é poder" é encontrado nas Meditações Sacras (1597).

Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno


qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos
em nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das
leituras de livros e artigos diversos.

Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e
transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por
diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes
de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias
experiências e passar para outros seres humanos. Essa característica é o que nos permite
dizer que somos diferentes dos gatos, dos cães, dos macacos e dos leões.
Ao criarmos este sistema de símbolos, através da evolução da espécie humana,
permitimo-nos também ao pensar e, por conseqüência, a ordenação e a previsão dos
fenômenos que nos cerca.

Existem diferentes tipos de conhecimentos científicos:

2.1 - Conhecimento Empírico (ou conhecimento vulgar, ou senso-comum)

É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento


adquirido através de acções não planejadas.

Exemplo:
A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta,
acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.

2.2 - Conhecimento Filosófico

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É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre
fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do
universo, ultrapassando os limites formais da ciência.

Exemplo:
"O homem é a ponte entre o animal e o além-homem" (Friedrich Nietzsche)

2.3 - Conhecimento Teológico

Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem,
ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo.

Exemplo:
Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende; acreditar
em reencarnação; acreditar em espírito etc.

2.4 - Conhecimento Científico

✓ É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua


origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica.
Podemos então dizer que o Conhecimento Científico:

✓ É racional e objectivo.
✓ Atém-se aos fatos.
✓ Transcende aos fatos.
✓ É analítico.
✓ Requer exactidão e clareza.
✓ É comunicável.
✓ É verificável.
✓ Depende de investigação metódica.
✓ Busca e aplica leis.
✓ É explicativo.
✓ Pode fazer predições.
✓ É aberto.
✓ É útil (GALLIANO, 1979, p. 24-30).

Exemplo:
Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá a respiração dos
batráquios.

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UNIDADE 2. Ciência e Métodos Científicos

A Ciência (do Latim scientia, traduzido por "conhecimento") refere-se a qualquer


conhecimento ou prática sistemáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de
adquirir conhecimento baseado no método científico bem como ao corpo organizado de
conhecimento conseguido através de tais pesquisas.

Este artigo foca o sentido mais estrito da palavra. Embora as duas estejam fortemente
interconectadas, a ciência tal como enfatizada neste artigo é muitas vezes referida como
ciência experimental a fim de diferenciá-la da ciência aplicada, que é a aplicação da
pesquisa científica a necessidades humanas específicas.

A ciência é o esforço para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como o


Universo funciona. Refere-se tanto à (ao):

• investigação ou estudo racionais do Universo, direcionados à descoberta de


verdades compulsoriamente atreladas e restritas à Realidade Universal. Tal estudo
ou investigação é metódico e compulsoriamente realizado em acordo com o
método científico – um processo de avaliar o conhecimento empírico;
• corpo organizado de conhecimentos adquiridos por tais estudos e pesquisas.

A ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades as


mais gerais e abrangentes possíveis bem como a aplicação das leis científicas derivadas;
ambas especificamente obtidas e testadas através do método científico. Nestes termos
ciência é algo bem distinto de cientistas, podendo ser definida como o conjunto que
encerra em si o corpo sistematizado e cronologicamente organizado de todas as teorias
científicas - com destaque normalmente dado para os paradigmas válidos - bem como o
métdodos científicose todos os recursos necessários à elaboração das mesmas.

Da definição segue que um cientista é um elemento essencial à ciência, e como qualquer


ser humano dotado de um cérebro imaginativoque implica sentimentos e emoções, o
cientista certamente também tem suas crenças- convicções que vão além da realidade
tangéivel - podendo esse até mesmo ser, não raramente ou obstante, um teísta ou
religioso convicto. Ao definirem-se ciência e cientista é de relevância ressaltar por tal que
a definição de ciência exige expressamente que o cientista saiba manter tais crenças
longe de seus artigos científicose das teorias científicas com as quais esteja a trabalhar;
constituindo-se estes dois elementos - ciência e cientista - por definições certamente muito
distintas, portanto.

Da correta compreensão é fato que a ciência não exclui os crentes, teístas ou religiosos
do seu leque de cientistas; contudo é também fato que a ciência, graças aos pré-requisitos
do método científico, exclui por completo, dela e de suas teorias científicas, as convicções
não testáveis frente ou mesmo tanscendentes ao factualmente real; sendo a ciência, por
parágrafo constitutivo explícito em sua definição stricto sensu - e por ausência de fato
contraditório - expressamente cética e secular no que lhe cabe.

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Definições filosóficas

Embora para um cientista a definição de ciência que vale é a estrita, há considerável


discussão sobre o que é ciência no meio filosófico, e neste meio acham-se várias
definições de ciência, e várias considerações sobre sua abrangência.

O discurso científico se opõe à superstição e ao obscurantismo. Contudo, a opinião pode


transformar-se num objeto de ciência, ou mesmo uma disciplina científica à parte. A
Sociologia da ciência analisa esta articulação entre ciência e opinião; os relatos são mais
complexos ou mais tênues em acordo com a situação, mas de forma geral podem ser
resumidos na frase de Gaston Bachelard: "a opinião pensa mal; não pensa".

Em senso estrito a ciência certamente se opõe às crenças em seu método de trabalho,


contudo em meios não acadêmicos, ou mesmo acadêmicos, é comum esquecer-se a
última parte da frase, e afirmar-se simplesmente que a ciência se opõe às crenças; por
extensão a ciência é frequentemente considerada como contrária às religiões. Esta
interpretação é mais comum do que se pensa, sendo frequentemente usada em ambos
os lados, embora com maior frequência por cientistas do que por religiosos.

A ideia de ciência com o objetivo de produzir conhecimento é problemática para alguns;


vários dos domínios reconhecidos como científicos não têm por objetivo a produção de

O físico e filósofo das ciências Léna Soler, no seu manual de epistemologia, começa
igualmente por sublinhar pelos limites da operação de definição.

Os dicionários propõem certamente algumas definições. Mas, como recorda Léna Soler,
estas definições não são satisfatórias, como quase nunca são quanto o assunto são
verbetes ligados às cadeiras científicas. As noções de universalidade, de objetividade ou
de método científico (sobretudo quando este último é concebido como a uma única noção
em vigor) é objeto de numerosas controvérsias para que possam constituir o pedestal de
uma definição aceitável. É necessário, por conseguinte, ter em conta estas dificuldades
para descrever a ciência. E esta descrição continua a ser possível tolerando-se certa
vaporosidade epistemológica.

Origens da Ciência

Em uma visão cronológica a ciência nasceu como uma tentativa de se achar respostas
para os questionamentos humanos, questionamentos como "o que há lá fora?", "do que o
mundo é feito?", "qual é o segredo da vida?" e "como chegamos até aqui?". Mais do que
capaz de satisfazer a curiosidade, mostrou-se gradualmente como uma verdadeira
ocupação, inspirando trabalhos de vidas inteiras. Isso porque percebeu-se que, por meio
da observação e experimentação - do método científico - era possível não só compreender
o mundo que nos cerca mas também a nós mesmos, isso de forma a impelir o
desenvolvimento de novas tecnologias e, assim, melhorar a qualidade de vida das
pessoas. Nesse sentido, embora não exista por si só e sim como uma produção humana,
a ciência é, de longe, a ferramenta mais indispensável à manutenção do progresso.

Com um longo caminho ainda a trilhar antes de atingir a definição e status atual, o aqui
com ressalvas chamado "pensamento científico" surgiu na Grécia Antiga com os
pensadores pré-socráticos que foram chamados de Filósofos da Natureza e também Pré-
cientistas. Nesse período a sociedade ocidental pela primeira vez ousou abandonar a
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forma de pensar baseada em mitos e dogmas para estabelecer uma nova forma de
pensar, uma forma de pensar naturalista baseada no ceticismo.

O pensamento dogmático coloca as ideias como sendo superiores ao que se observa. O


Pensamento cético coloca o que é observado como sendo superior às ideias. Por mais
que se observe fatos que destruam o dogma, uma pessoa com pensamento dogmático
preservará o seu dogma. Para a ciência uma teoria é composta por um corpo de fatos e
ideias, e se observarem-se fatos que comprovem a falsidade da ideia, o cientista tem a
obrigação de modificar ou reconstruir a teoria.

Na época de Sócrates e seus contemporâneos, o pensamento científico se consolidou,


principalmente com a difusão do conceito de prova científica (ao rigor moderno, "evidência
científica", "fato científico") atrelado à observância de repetição do fenômeno natural.

Método científico
O modelo de Bohrdo átomo. A evolução do modelo atômico da matéria - desde sua
proposição por Leucipo e Demócrito até o paradigma mais atual, o modelo atômico dos
orbitais - fornece bom exemplo de como a ciência trabalha, e de que as teorias - quando
em acordo com o método científico - evoluem com o tempo.

Os termos "modelo", "hipótese", "lei" e "teoria" têm significados diferentes em ciência e na


linguagem coloquial.

Os cientistas usam o termo modelo para referir-se a uma ou um conjunto de construções


abstratas ou mesmo materiais construídas sobre hipóteses cientificamente corroboradas
que permitam estabelecer uma representação de um dado objeto ou fenômeno -
geralmente mas não obrigatoriamente específico - em estudo. Sua construção têm por
fim, via analogia, uma melhor compreensão do fenômeno ou objeto modelado. A palavra
é pois usada em ciência com a acepção estrita desta - o de fruto de um trabalho de
modelagem. Os modelos são elaborados a partir da coleta de dados (fatos) e observação
cautelosa, e construídos de forma que possam ser usados para inferir características e
fazer predições testáveis por experimento ou observação. Os testes e observações são
contudo executados sobre o objeto ou fenômeno em si, e não sobre o modelo, e os
resultados são usados para aprimorar tanto a teoria associada como os modelos em si. A
diferença entre um modelo científico e um artístico reside pois apenas no objetivo final e
na metodologia empregada para construí-lo. Em modelos científicos, é certamente
obrigatório que a metodologia empregada esteja em pleno acordo com a metodologia
científica. Os modelos, assim como as hipóteses e fatos científicos associados, também
integram, certamente, as teorias científicas, sendo em verdade tão essenciais às teorias
quanto os demais.

Ao falar-se de modelo é importante ressaltar que, por mais trabalhado e elaborado que
seja um modelo, um modelo não é o objeto que se modela, e há sempre o nele se
melhorar, sendo o trabalho de modelagem, em verdade, um trabalho sem fim. Ao fim do
raciocínio é possível até mesmo interpretar as teorias científicas como grandes e
sofisticados modelos acerca da natureza. O eterno trabalho de aperfeiçoá-los cada vez
mais - quer em detalhes quer em abrangência - constitui o principal objetivo da ciência e
a labuta diária dos cientistas.

Objetivos da Ciência
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A ciência tem objetivos definidos, e embora nem sempre acerte na mosca, ela esforça-se
ao máximo para fazê-lo, e mantém-se sob intenso e constante treino.

A ciência não se considera dona da verdade absoluta e inquestionável. A partir do


racionalismo crítico, todas as suas "verdades" podem ser quebradas, bastando apenas
um pingo de evidência. A ciência pois cria modelos e destes tira conclusões acerca da
realidade intrínseca e inerente ao universo natural, valendo-se para tal de observações
cautelosas da natureza, de experimentação, e dos fatos destas resultantes.

O individualismo é uma suposição tácita subjacente a muitas bases empíricas da ciência


que trata a ciência como se ela fosse puramente uma forma de um único indivíduo
confrontar a natureza, testando e predizendo hipóteses. Ao rigor da análise, contudo, a
ciência é sempre uma atividade coletiva conduzida por uma comunidade científica. Isso
pode ser demonstrado de várias maneiras; mesmo o resultado mais básico e trivial
proveniente da ciência é comunicado com uma linguagem; é por tal de se esperar que os
valores das comunidades científicas permeiem a ciência que elas produzam.

Filosofia da ciência
A eficácia da ciência a tornou assunto de questionamento filosófico. A filosofia da ciência
busca entender a natureza e a justificação do conhecimento científico e suas implicações
éticas. Tem sido difícil fornecer uma explicação do método científico definitiva que possa
servir para distinguir a ciência da não-ciência, e, mesmo que para um cientista a fronteira
mostre-se precisa e clara, há em princípio argumentos filosóficos legítimos sobre
exatamente onde estão os limites da ciência, e tais são traduzidos no que é conhecido
como problema da demarcação. Há, no entanto, um conjunto de preceitos principais que
possuem um consenso entre os filósofos da ciência e dentro da comunidade científica.
Por exemplo, é universalmente aceito que deve ser possível testar independentemente as
hipóteses e teses científicas de outros cientistas para que sejam aceitas pela comunidade
científica.

Há diferentes escolas do pensamento na filosofia do método científico. O naturalismo


metodológico mantém que a investigação científica deve aderir aos estudos empíricos e
verificação independente como processo para desenvolver e avaliar apropriadamente as
explicações naturais de fenómenos observáveis. Desse modo o naturalismo metodológico
rejeita explicações sobrenaturais, argumentos de autoridades e estudos observacionais
tendenciosos. O racionalismo crítico por outro lado afirma que a observação não
tendenciosa não é possível, e que a demarcação entre explicações classificadas como
"naturais" e "sobrenaturais" é arbitrária; no lugar deste critério ela propõe a falseabilidade
como o limite para as teorias empíricas (científicas) e falsificação como o método empírico
universal. O racionalismo crítico, uma corrente do racionalismo em princípio definida pelo
filósofo austro-britânico Karl Popper rejeita a maneira como o empirismo descreve a
conexão entre teoria e observação. É afirmado que as teorias não derivam das
observações, mas que as observações são feitas à luz das teorias, e o único jeito que
uma teoria pode ser afetada pela observação é quando esta entra em conflito com aquela.
Ele propõe que a ciência deveria se contentar com a eliminação racional dos erros em
suas teorias, não em buscar a sua verificação (como afirmar certeza, ou prova, e
contraprova provável; tanto a proposta como a falsificação de uma teoria são apenas um
caráter metodológico, conjectural e tentador no racionalismo crítico) . O instrumentalismo
rejeita o conceito de verdade e enfatiza apenas a utilização das teorias como instrumentos
para explicar e predizer fenômenos .

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Classificações

Ao se falar em classificações da ciência não se deve jamais esquecer, antes de tudo, que
a ciência tem pilares muito bem definidos sobre os quais esta se constrói, e que entre eles
têm-se pilares os quais afirmam que a ciência é uma só, e que ela tem fronteiras muito
bem definidas.

Segue-se que as classificações são feitas apenas por mera questão de sistematização ou
referência, o mesmo valendo para a divisão das "classes" nas respectivas subáreas - a
exemplo em cadeiras científicas como física, química, e outras - e até mesmo para as
subáreas específicas à cada subárea - a exemplo a termodinâmica, o eletromagnetismo
ou a ótica, subáreas da física, esta por sua vez uma subárea das ciências naturais, que é
subárea das ciências empíricas, correspondendo a última, em mesmo nível das ciências
formais, a uma das duas grandes classes na qual a ciência é geralmente separada.

Enfatizando, ao lidar-se com qualquer classificação, divisão ou subdivisão da ciência, tem-


se que ter em mente que estas se dão por mera formalidade e não por independência das
partes, e não se deve jamais esquecer o "princípio Uno": a ciência tem fronteiras muito
bem definidas, e é uma só.

Ciências empíricas e formais, e ciências naturais e sociais

Os fatos científicos, embora não necessariamente reprodutíveis, devem ser sempre


verificáveis. Neste aspecto as ciências naturais geralmente estão em vantagem se
comparadas às ciências sociais. Em destaque na foto, fóssil de um "Apatosaurus" em um
museu de história natural.

Uma das classificações mais fundamentais da ciência se dá em função dos objetos ou


alvos de estudo. Neste nível a ciência geralmente é separada em ciências formais-
geralmente voltadas ao estudo das ferramentas necessárias para se fazer ciência - a citar-
se a linguagem matemática como o exemplo imediato - e em ciências empíricas, estas
voltadas ao estudo dos fatos e fenômenos naturais em si - incluso o Homem em sua
integridade.

As ciências formais dedicam-se às ideias, ou seja, ao estudo de processos puramente


lógicos e matemáticos. São objetos de estudo das ciências formais os sistemas formais,
como por exemplo, a lógica, matemática, teoria dos sistemas e os aspectos teóricos da
ciência computacional, teoria da informação, microeconomia, teoria da decisão, estatística
e linguística.

13
Sobre as ciências formais é contudo importante lembrarem-se aqui os pilares e limites da
ciência bem como a questão de a matemática ser ou não ciência, questão já debatida e
adequadamente respondida em seções anteriores. Considerações pertinentes e similares
cabem também a todas as ciências formais, certamente.

Por sua vez as ciências empíricas se dividem em duas classificações: ciências naturais,
cujo alvo principal de estudo é a natureza como um todo aparte o comportamento humano
em específico, e ciências sociais, que estudam o comportamento do Homem e suas
sociedades.

As ciências sociais estudam os aspectos sociais do mundo humano, ou seja, a via social
de indivíduos e grupos humanos. Isso inclui Antropologia, estudos da comunicação,
Economia,Geografia humana, História, Linguística, ciências políticas, Psicologia e
Sociologia.

Embora o alvo de estudo das ciências sociais seja um alvo científico legítimo, a
metodologia específica empregadas por muitas subáreas de estudo neste grupo
encerradas muitas vezes exigem importantes considerações a respeito dos pilares da
ciência, principalmente quanto ao associado às suas fronteiras. Ao se considerarem as
ciências sociais não é raro encontrarem-se estudos no limite do que se considera
científico.

As ciências naturais, por vezes também chamadas de reais, fáticas ou factuais, se


encarregam de estudar os fatos e fenômenos naturais em si - aparte a questão humana,
como dito. Por encontrarem-se facilmente apoiadas na observação e na experimentação,
geralmente não implicam considerações mais rigorosas quanto à unicidade e fronteiras
da ciência, sendo o método científico facilmente compatível com a metodologia específica
a cada uma das subáreas neste grupo - qualquer que seja a escolhida - e por tal seguido
em essência .

As ciências naturais estudam o universo, que é entendido como regulado por regras ou
leis de origem natural, ou seja, os aspectos físicos, ficando os aspectos humanos
geralmente em segundo plano - estes deixados estes para as ciências sociais. Isso é
válido para praticamente para todas as subáreas - todas as cadeiras científicas - a saber
a Astronomia, Biologia, Física, Química, Geografia e e outras. As cadeiras que visam
estudar diretamente os fenômenos ligados ao planetaTerra, entre elas a geografia,
geologia, e outras, geralmente são classificadas em um grupo nomeado ciências da terra,
e não obstante fala-se com frequência em ciências naturais e da terra.

Ciências puras e aplicadas

Esta classificação envolve a motivação e finalidade dos estudos científicos em


consideração, e há neste esquema de classificação duas classes principais: as ciências
puras, também chamada de ciências fundamentais ou ainda ciências básica, que têm por
objetivo o "conhecimento" em si, o "conhecer por conhecer" - aparte da sua utilidade - e
as ciências aplicadas, que estudam formas de aplicar o conhecimento humano -
geralmente oriundos da primeira - em benefício do Homem.

As ciências puras ou ciências fundamentais englobam a parte da ciência que busca


compreender os mais básicos elementos da natureza tais como as partículas
fundamentais, as relações entre eles - expressas geralmente via conceito de força

14
fundamentais, e as leis que os governam; seguindo a lógica doreducionismo científico de
forma muito difundida, geralmente pressupõe-se nesta classe que todos os outros
fenómenos podem ser em princípio compreendidos a partir dos fundamentais. Há uma
diferença marcante entre ciência pura e ciência aplicada, portanto: as ciências puras, em
contraste com as ciências aplicadas, são marcadas por buscarem as minúcias do
conhecimento básico que desenvolvem, a compreensão a mais completo possível acerca
do objeto em estudo. A ciência básica é o coração de todas as descobertas, e o progresso
científico é feito geralmente tendo a mesma por catapulta. A ciência pura é independente
da preocupação com aplicações práticas.

As ciências aplicadas visam a aplicação do conhecimento para a solução de problemas


práticos, e geralmente uma vez solucionados, não se preocupam em ir muito além disto,
a não ser que um problema prático mais complicado se siga à solução do primeiro. As
ciências aplicadas são importantes para o desenvolvimento tecnológico, e identificam-se
de maneira forte com o que se denomina tecnologia. Seu uso no cenário industrial é
normalmente referenciado como pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Ciências exatas e inexatas

Esta classificação divide as ciências de acordo com o grau de precisão das descrições e
previsões realizadas com base nos modelos - nas teorias - científicas pertinentes. As
ciências exatas são em princípio capazes de fornecer resultados com elevado grau de
precisão acerca dos sistemas abrangidos - envolvendo sempre modelos matemáticos
geralmente acurados - enquanto as ciências inexatas as previsões são geralmente
direcionais, e não exatas. A exemplo, pegando-se dois casos situados em extremidades
opostas em temos de precisão, é possível prever-se com precisão "exata" e confirmar-se
com certeza experimental na casa dos milímetros qual será a trajetória da Lua ao redor
da Terra, contudo embora se possa descrever, com base na psicologia , o "modus
operandi" de um maníaco e a partir dela se cogitar as ações futuras deste, não é possível
prever-se com precisão qual será seu próximo passo, onde este se dará, ou mesmo se
ele vai realmente dá-lo.

Toda medida experimental traz consigo uma incerteza inerente, e esta também deve
constar no relatório associado. Na figura, gráfico relacionado à física do estado
sólidoapresentando os resultados experimentais pertinentes em forma adequada: repare
as barras de incerteza vertical acompanhando o "valor medido" em cada ponto. A
incerteza horizontal confunde-se em princípio com a largura do ponto. Apresenta-se
também uma modelagem matemático-analítica dos resultados.

A coerência entre os resultados matemáticos e experimentais é - dentro da incerteza


experimental - precisa. Nestes termos Matemática, Física, Química,Computação assim
como partes da Biologia, Psicologia e Economia podem ser consideradas como ciências
exatas.

Uma ciência que não classifica-se como ciência exata é por tal inexata.

Ciências duras e moles

Os áreas ou cadeiras de estudo científicos podem ser distinguidos em ciências duras e


ciências moles, e esses termos às vezes são considerados sinônimos dos termos ciência
15
natural e social, respectivamente. Os proponentes dessa divisão argumentam que as
"ciências moles" não usam o método científico, admitem evidências anedotais ou não são
matemáticas, ainda somando-se a todas uma "falta de rigor" em seus métodos.

Os oponentes dessa divisão das ciências respondem que as "ciências sociais" geralmente
fazem sistemáticos estudos estatísticos em ambientes estritamente controlados, ou que
essas condições não são aderidas nem sequer pelas ciências naturais, a citar-se que a
Biologia Comportamental depende do trabalho de campo em ambientes não controlados,
e que a Astronomia não pode realizar experimentos, apenas observar condições limitadas.
Os oponentes dessa divisão também enfatizam que cada uma das atuais "ciências duras"
sofreram uma similar "falta de rigor" em seus primórdios.

O fato é que para uma teoria classificar-se como científica a mesma têm de obedecer a
todos os rigores do método científico sem contudo transcendê-lo. Ao tomarem-se para
comparação as "ciências sociais" e as "ciências empíricas", há certamente um número
muito maior de teorias à beira do "abismo" que separa as teorias científicas das não
científicas no primeiro caso. O leitor deve sempre verificar por si mesmo, ao lidar com as
teorias encontradas nas ciências sociais, se estas realmente são teorias científicas, ou
não.

Ciências nomotéticas e ideográficas

Wilhelm Windelband, primeiro a esboçar a distinção entre ciência monotética e idiográfica.

Uma outra classificação das ciências se apoia nos métodos empregados. O primeiro
esboço desta distinção é atribuído ao filósofo alemão do século XIX Wilhelm Windelband.
Uma primeira distinção desta ordem pode ser feita entre as ciências nomotéticas e as
ciências ideográficas

As 'ciências nomotéticas' são baseadas no coletivismo metodológico, e se preocupam


em estabelecer leis gerais para fenômenos suscetíveis de serem reproduzidos, com o
objetivo final de se conhecer o universo. Fazem parte destas ciências a Física e a Biologia,
e também algumas ciências sociais como a Economia, a Psicologia ou mesmo a
Sociologia.

As 'ciências ideográficas' são baseadas no individualismo metodológico, e se


preocupam em estudar o singular, o único, as coisas que não são recorrentes. Quer seja
um facto ou uma série de fatos, a vida ou a natureza de um ser humano, ou de um povo,
a natureza e o desenvolvimento de uma língua, de uma religião, de uma ordem jurídica
ou de uma qualquer produção literária, artística ou científica. O exemplo da História mostra
que não é absurdo considerar que o singular possa constituir-se em um objeto para
abordagem científica.

16
A Expulsão de Adão e Eva do Jardim de Eden, antes e depois de sua restauração.

A técnica frequentemente é considerada como se fizesse parte integrante da história das


ideias ou da história das ciências. No entanto, é necessário efetivamente admitir a
possibilidade de uma técnica não-científica, isto é, evoluindo fora de qualquer corpo
científico e que resume as palavras de Bertrand Gille:

A técnica, na acepção de conhecimento intuitivo e empírico da matéria e as leis naturais,


é assim a única forma de conhecimento prático. Há contudo filósofos que enfocam o ponto
de que o método científico nada mais é, ao fim das contas, do que uma forma elaborada
do método da tentativa e erro tão presente junto aos avanços técnicos. Nestes termos,
técnica e ciência teriam muito mais em comum do que se imagina no caso acima.

Cientificismo ou religião da ciência

Há dezenas e mesmos centenas de religiões no mundo, contudo a ciência não é uma


delas!
A título de explicação têm-se alguns símbolos que representam as principais religiões na
atualidade. Da esquerda para a direita:

Linha 1: Cristianismo, Judaísmo, Hinduísmo

Linha 2: Islamismo, (ateismo), Xintoísmo

Linha 3: Sikhismo, Bahai, Jainismo.

O cientificismo é uma ideologia que surgiu no século XVIII, segundo a qual o conhecimento
científico permitiria escapar da ignorância e por conseguinte, de acordo com a fórmula de
Ernest Renan no livro Futuro da ciência, de "organizar cientificamente a humanidade".

Por último, foi sobretudo a Sociologia do conhecimento, nos anos 1940 à 1970, que pôs
termo à hegemonia cientificismo. Os trabalhos de Ludwig Wittgenstein, Alexandre Koyré
e Thomas Kuhn, demonstraram a incoerência do positivismo do século XIX. As
experiências não constituem, com efeito, provas absolutas das teorias, e os paradigmas
estão destinados à evoluir.

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Ciência e religião

O pensamento religioso e o pensamento científico perseguem objetivos diferentes, mas


não opostos. A ciência procura saber como o universo existe e funciona desta maneira. A
religião procura saber porque o universo existe e funciona desta maneira. Os conflitos
entre a ciência e a religião produzem-se quando um dos dois pretende responder às
questões atribuídas ao outro.

No entanto, para alguns sociólogos e etnólogos, como Emile Durkheim, a fronteira que
separa a ciência do pensamento religioso não é impermeável. No livro Nas Formas
elementares da vida religiosa (1912), Durkheim mostra que os quadros de pensamento
científico como a lógica ou as noções de tempos e de espaço encontram a suas origens
nos pensamentos religiosos e mitológicos.

Na maioria das outras religiões, a ciência também não é oposta à religião. No Islamismo,
a ciência é favorecida porque ela não existe clero instituído; além disso, o mundo é visto
como um código a decifrar para compreender as mensagens divinas. Assim, na Idade
Média, a ciência árabe-muçulmana prosperou e desenvolveu a Medicina, a Matemática e
principalmente a Astronomia.

O embate entre ciência e autoridades religiosas é antigo; existe desde os primórdios da


ciência, e nem sempre é pacífico. O "processo do macaco", um dos poucos casos onde
não houve queima de evidências - e de seus defensores - tramitou pela corte de justiça
norte-americana em 2005; embora, mesmo presidido por um juiz criacionista, a ciência
tenha levado a melhor neste caso, é certo que o embate está longe de um fim, mesmo em
tempos modernos.

No século XX, a confrontação dos partidários da teoria da evolução e dos criacionistas,


frequentemente procedentes das correntes religiosas mais radicais, cristalizam o difícil
diálogo da fé e da razão. "O processo do macaco" (a propósito da ascendência do
Homem) ilustra assim um debate permanente na sociedade. Por último, alguns filósofos e
epistemólogos interrogam-se sobre a natureza da relação entre as duas instituições. O
paleontólogo Stephen Jay Gould em "Que Darwin Seja!" fala de dois magistérios, cada
um permanecendo mestre do seu território mas não se intrometendo nos assuntos do
outro, enquanto que Bertrand Russell menciona na sua obra "Ciência e religião" os
conflitos entre os oponentes.

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MÉTODO CIENTÍFICO

Esboço contendo os principais passos do método científico. O método começa pela


observação, que deve ser sistemática e controlada, a fim de que se obtenham os fatos
científicos. O método é cíclico, girando em torno do que se denomina Teoria Científica, a
união indissociável do conjunto de todos os fatos científicos conhecidos e de um conjunto
de hipóteses testáveis e testadas capaz de explicá-los. Os fatos científicos, embora não
necessariamente reprodutíveis, têm que ser necessariamente verificáveis. As hipóteses
têm que ser testáveis frente aos fatos, e por tal, falseáveis. As teorias nunca são provadas
e sim corroboradas.

O método científico refere-se a um aglomerado de regras básicas de como deve ser o


procedimento a fim de produzir conhecimento dito científico, quer seja este um novo
conhecimento, quer seja este fruto de uma totalidade, correção (evolução) ou um aumento
da área de incidência de conhecimentos anteriormente existentes. Na maioria das
disciplinas científicas consiste em juntar evidências empíricas verificáveis - baseadas na
observação sistemática e controlada, geralmente resultantes de experiências ou pesquisa
de campo - e analisá-las com o uso da lógica. Para muitos autores o método científico
nada mais é do que a lógica aplicada à ciência.

Metodologia científica literalmente refere-se ao estudo dos pormenores dos métodos


empregados em cada área científica específica, e em essência dos passos comuns a
todos estes métodos, ou seja, do método da ciência em sua forma geral, que se supõe
universal. Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra (as disciplinas
científicas), diferenciadas por seus distintos objetos de estudo, consegue-se determinar
certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos encontrados em
áreas não científicas, a citarem-se os presentes na filosofia, na matemática e mesmo nas
religiões.

A metodologia científica tem sua origem no pensamento de Descartes, que foi


posteriormente desenvolvido empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton. Descartes
propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da decomposição do problema
em pequenas partes, características que definiram a base da pesquisa científica.
Compreendendo-se os sistemas mais simples, gradualmente-se incorpora mais e mais
variáveis, em busca da descrição do todo.

O Círculo de Viena acrescentou a esses princípios a necessidade de verificação e o


método indutivo.

Não apenas recentemente mas desde os primórdios a metodologia científica tem sido alvo
de inúmeros debates de ordem filosófica, sendo críticada por vários pensadores aversos
ao pensamento cartesiano , a citarem-se as críticas elaboradas pelo filósofo francês Edgar
Morin. Morin propõe, no lugar da divisão do objeto de pesquisa em partes, uma visão
sistêmica, do todo. Esse novo paradigma é chamado de Teoria da complexidade
(complexidade entendida como abraçar o todo). Embora tal paradigma não implique a
rigor na invalidade do método científico em sua forma geral, este certamente propõe uma
nova forma de se aplicá-lo no que se refere às particularidades de cada área quanto ao
objetivo é compreender a realidade na melhor forma possível.

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➢ Método indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo,método dialético,
método fenomenológico, etc.

A metodologia científica tem sua origem no pensamento de Descartes, que foi


posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton. René
Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da decomposição do
problema em pequenas partes, características que definiram a base da pesquisa
científica.

Correntemente estas regras são:

1) da evidência(observação); 2) da divisão ou análise (análisis e sintesis);

3) da ordem ou dedução (indução-dedução); e,

4) da enumeração (contar, especificar), classificação.

O contexto de uma pesquisa

Primeiramente os pesquisadores definem proposições lógicas ou suposições - as


hipóteses - para explicar certos fenômenos e observações, e então desenvolvem
experiências ou observações a serem feitas em que testam essas hipóteses. Se
confirmadas, as hipóteses podem gerar leis, e juntamente com as evidências associadas,
geram as teorias científicas. Embora as hipóteses sejam geralmente formuladas em cima
de um subconjunto de fatos de particular interesse ou relevância, vale ressaltar que o
método impõe a integração entre todo conhecimento produzido, e a rigor não há inúmeros
subconjuntos de evidências, cada um particular a uma teoria restrita, mas sim um conjunto
único de evidências, universal, evidências com as quais, qualquer que seja, uma hipótese
válida não pode conflitar, quer seja esteja esta hipótese associada a um sistema em
particular que busque esta ser uma explicação geral para os fenômenos naturais.
Integrando-se o conjunto de fatos e as hipóteses de diversas áreas em uma única e
coerente estrutura de conhecimento formam-se teorias cada vez mais amplas e
abrangentes, e ao fim o que se denomina por ciência. Com tal imposição do método
colocam-se as hipóteses sempre que possível em um patamar bem mais amplo de
abrangência, podendo estas virem a receber o título honorífico de leis científicas, e as
teorias pertinentes virem a ser reconhecidas consensualmente pela comunidade

Além disso, o procedimento precisa ser documentado, tanto no que diz respeito à fonte
de dados como às regras de análise, para que outros cientistas possam re-analisar,
reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados. Assim se distinguem os relatos
científicos (artigos, monografias, teses e dissertações) de um simples estilo (padrão) ou
arquitetura de texto orientados pelo que caracterizam as normas da Retórica ou o estudo
do uso persuasivo da linguagem, em função da eloqüência.

É comum o uso da análise matemática ou estatística de forma direta ou mediante


aproximação por modelos abstratos idealizados ao qual se acrescem gradualmente as
variáveis necessárias para satisfazer à complexidade do problema enfocado e precisão
desejada, precisão que depende do objetivo da pesquisa (identificar, descrever, analisar,
etc.). Embora os estudos preliminares possam ter natureza qualitativa, o enfoque final
deve ser quantitativo, e este é essencial à ciência, sendo "o universo do mais ou menos"
um universo a rigor alheio ao método científico.

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Contudo pensadores contemporâneos vêem nessas duas abordagens uma oposição
complementar, enquanto que as pesquisas quantitativas que visam descrever e explicar
fenómenos que produzem regularidades mensuráveis são recorrentes e exteriores ao
sujeito (objetivos), na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) é da mesma natureza
que o objeto de sua análise e, ele próprio, uma parte da sua observação (o subjetivo).

É importante ter em mente que as pesquisas científicas se relacionam com modelos, com
uma constelação de pressupostos e hipóteses, escalas de valores, técnicas e conceitos
compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade científica num
determinado momento histórico, ou seja, a um paradigma válido à época em
consideração. Ciências humanas

A limitação ética da realização de experimentos com seres humanos, o estudo das


subjetividades ou do essencialmente subjetivo, individual e particular psiquismo humano,
ou a natureza histórica do objeto das ciências sociais, conduziram os pensadores a
distintos caminhos ou proposições de estudo para o método científico. Contudo,
parafraseando Minayo,..."uma base de dados quando bem trabalhada teórica e
praticamente, produz riqueza de informações, aprofundamento e maior fidedignidade
interpretativa"...

As principais divergências na análise dos resultados de pesquisas em ciências sociais ou


humanas se dão no plano da contextualização dos dados ou informações obtidas em
campo nos diversos sistemas teóricos ou seja conjunto de teorias e leis reconhecidas
como consensuais em distintos momentos históricos e/ou segmentos das comunidades
científicas. Nas ciências sociais identifica-se três grandes correntes de pensamentos:

• Positivismo / Auguste Comte.


• Fenomenologia (Fenomenologia do Espírito / Estruturalismo)
• Materialismo dialético; Dialéctica / Marxismo

Os progressos da ciência são acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso, que


segue um caminho mais ou menos sistemático na busca de respostas a questões
científicas. É este o caminho denominado de método científico.

Elementos do método científico

"Ciência é muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos." - Carl
Sagan

"...ciência consiste em agrupar factos para que leis gerais ou conclusões possam ser
tiradas deles." - Charles Darwin

O método científico é composto dos seguintes elementos:

• Caracterização - Quantificações, observações e medidas.


• Hipóteses - Explicações hipotéticas das observações e medidas.
• Previsões - Deduções lógicas das hipóteses.
• Experimentos - Testes dos três elementos acima.

O método científico consiste dos seguintes aspectos:

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• Observação - Uma observação pode ser feita de forma simples, ou seja, é
realizada a olho nu, ou pode utilizar-se de instrumentos apropriados. Todavia, deve
ser controlada com o objetivo de que seus resultados correspondam à verdade e
não a ilusões advindas das deficiências inerentes próprias dos sentidos humanos
em obter a realidade.
• Descrição - O experimento necessita ser replicável (capaz de ser reproduzido). É
importante especificar que fala-se aqui dos procedimentos necessários para
testarem-se as hipóteses, e não dos fatos em si, que não precisam ser
antropogenicamente reproduzidos, mas apenas verificáveis.
• Previsão - As hipóteses precisam ser tidas e declaradas como válidas para
observações realizadas no passado, no presente e no futuro.
• Controle - Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser
controlada. Experiência controlada é aquela que é realizada com técnicas que
permitem descartar as variáveis passíveis de mascarar o resultado.
• Falseabilidade - toda hipótese deve conter a testabilidade, e por tal falseabilidade
ou refutabilidade. Isso não quer dizer que a hipótese seja falsa, errada ou tão pouco
dúbia ou duvidosa, mas sim que ela pode ser verificada, contestada. Ou seja, ela
deve ser proposta em uma forma que a permita atribuir-se a ela ambos os valores
lógicos, falso e verdadeiro, de forma que se ela realmente for falsa, a contradição
com os fatos ou contradições internas com a teoria venha a demonstrá-lo.
• Explicação das Causas - Em todas as áreas da ciência a causalidade é fator
chave , e não tem-se teoria científica - ao menos até a presente data - que viole a
causalidade . Nessas condições os seguintes requisitos são vistos como
importantes no entendimento científico:

• Identificação das causas


• Correlação dos eventos - As causas precisam ser condizentes com as
observações, e as correlações entre observações e evidências devem
realmente implicar relação de causa efeito .
• Ordem dos eventos - As causas precisam preceder no tempo os efeitos
observados.

Na área da saúde a natureza da associação causal foi formulada por Hence e adaptada
por Robert Koch em 1877 para demonstração da relação causal entre microrganismos e
patologias, fundando-se a proposta de Koch basicamente nos mesmos princípios
enunciado acima, ou seja: força da associação, ou conectividade (correlação nem sempre
implica causalidade); seqüência temporal (assimetria); transitividade (evidência
experimental); previsibilidade e estabilidade dos resultados.

Uma maneira linearizada e pragmática de se seguir o método científico está exposto a


seguir passo-a-passo. Vale a pena notar que é apenas uma referência, podendo haver,
em acordo com a situação, passos necessários, contudo nesta lista não relacionados ou
mesmo passos listados; cujos cumprimento não se faz necessário. Na verdade, na maioria
dos casos não se seguem todos esses passos, ou mesmo parte deles. O método científico
não é uma receita: ele requer inteligência, imaginação e criatividade. O importante é que
os aspectos e elementos apresentados anteriormente estejam presentes.

• Definir o problema.
• Formular o tema.
• Recolhimento de dados.
• Proposta de uma ou mais hipóteses.
• Realização de uma experiência controlada, para testar a validade da(s) hipótese(s).
22
• Análise dos resultados
• Interpretar os dados e tirar conclusões, o que serve para a formulação de novas
hipóteses.
• Publicação dos resultados em monografias, dissertações, teses, artigos ou livros
aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade científica.

Observe-se que nem todas as hipóteses podem ser facilmente confirmadas ou refutadas
por experimentos ou evidências e que em muitas áreas do conhecimento o recolhimento
de dados e a tentativas de interpretá-los já é uma grande tarefa como nas ciências
humanas e jurídicas (criminologia), contudo a necessidade de fazê-lo é inerente à ciência.

A hipótese

A Hipótese (do grego Hypóthesis) é uma proposição que se admite de modo provisório
como verdadeira e como ponto de partida a partir do qual se pode deduzir, pelas regras
da lógica, um conjunto secundário de proposições, que têm por objetivo elucidar o
mecanismo associado às evidências e dados experimentais a se explicar.

Literalmente pode ser compreendida como uma suposição ou proposição na forma de


pergunta, uma conjetura que orienta uma investigação por antecipar características
prováveis do objeto investigado e que vale quer pela concordância com os fatos
conhecidos quer pela confirmação através de deduções lógicas dessas características,
quer pelo confronto com os resultados obtidos via novos caminhos de investigação (novas
hipóteses e novos experimentos).

Uma hipótese científica é uma proposição falseável e testável acerca de algum fato,
conjunto de fatos ou fenômenos naturais, esta teoria permite fazer predições sobre novas
ocorrências Em princípio, embora nem toda hipótese seja científica, todas as ideias
científicas são hipóteses, o que equivale a dizer que a ciência é cética, por definição. Há
contudo uma "hierarquização" das hipóteses dentro da ciência em função de sua
relevância e em função do nível de corroboração por evidências que as mesmas possuam.
As hipóteses nascem como simples conjecturas, geralmente carecendo ainda dos testes
experimentais (e similares) pertinentes ao método científico. Recebendo a corroboração
por parte dos primeiros testes, e nenhuma contradição, esta eleva-se ao nível de
"hipótese" plausível, e na sequência, à medida que a abrangência e o nível de
corroboração aumentam, esta pode elevar-se ao nível de postulado.

Um postulado é uma hipótese que, em vista de consideráveis corroborações e ausência


de contradição, mantido o ceticismo científico, passou a ser aceita como verdade, já
podendo e geralmente sendo utilizada como base para a dedução ou a corroboração
lógica de outras verdades científicas.

Uma lei física ou uma lei da natureza consiste em uma hipótese que conseguiu, após
exaustivos, variados e abrangentes testes, todos favoráveis à sua veracidade, alcançar
um patamar que lhe permite ser usada como uma descrição científica generalização de
uma ampla gama de observações empíricas. O poder de uma lei científica geralmente
reside em sua simplicidade e abrangência, contudo não se deve esquecer que esta é,
antes de tudo, assim como as demais ideias científicas, uma hipótese.

TEORIA CIENTÍFICA, CORROBORA-SE OU É CONTRADITA, POR FATOS


CIENTÍFICOS. JAMAIS SE PROVA UMA TEORIA CIENTÍFICA.

23
Os cientistas nunca falam em conhecimento absoluto. Diferentemente da prova
matemática, uma teoria científica "provada" está sempre aberta à falseabilidade se novas
evidências forem apresentadas. Até as teorias mais básicas e fundamentais podem tornar-
se superadas se novas observações mostrarem-se inconsistentes com suas ideias.

As teorias da dinâmica e gravitação universal de Newton, que integram a teoria da


mecânica clássica, são exemplos de teorias que perduraram absolutas durante séculos,
mas cujas ideias não puderam se sustentar frente a fatos oriundos de experimentos
envolvendo movimentos em velocidades próximas à da luz, frente à dimensões
nanométricas, ou em proximidade a campos gravitacionais muito fortes, experimentos que
tornaram-se passíveis de serem levados a cabo somente no século XX. Na ausência
destes novos fatos as Leis de Newton continuam sendo um excelente modelo para o
movimento e para a gravidade, mas uma evolução fez-se necessária: há hoje teorias mais
abrangentes, capazes de descrever a relação cronológica causal inclusive para os novos
fatos; a saber a relatividade geral e a mecânica quântica detém atualmente o status de
paradigmas válidos nestas áreas. Ressalva-se entretanto que a mecânica clássica não foi
abandonada, não foi para "o lixo", e ainda é o paradigma ensinado à praticamente a
totalidade da população mundial que frequenta um curso de ensino médio A razão é óbvia:
restringindo-se ao subconjunto de fatos sobre os quais a mecânica clássica se ergueu, a
quase totalidade de fatos naturais acessíveis aos "simples mortais" em seu dia-a-dia, a
mecânica clássica permanece sendo uma excelente teoria para explicá-los. Nem mesmo
a conquista espacial exige teorias além da clássica. Contudo, sabe-se hoje que a natureza
é mais complexa do que ela prediz.

No método científico, a proposição de hipóteses é o caminho que deve levar à formulação


de uma teoria. O cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um ou geralmente
um conjunto de fatos e prever outros acontecimentos e fatos dele decorrentes (deduzir as
consequências). A hipótese deverá ser testada frente a fatos obtidos de observações
sistemáticas e controladas resultantes de experiências laboratoriais e de pesquisa em
campo. Se, após muitas dessas experiências, os resultados obtidos pelos pesquisadores
não contrariarem a hipótese, esta então será aceita como válida, promovida à lei se for
simples contudo de abrangência geral, e integrada à teoria e/ou sistema teórico pertinente.

A promoção da hipótese ao patamar de integrante de uma teoria ou sistema teórico


pertinente não lhe aufere, contudo, o título de dogma. Todas as hipóteses científicas estão
em perpétuo teste frente aos fatos naturais, frente aos resultados experimentais e frente
aos rigores de consistência lógica com as demais hipóteses aceitas como válidas no
presente momento! Uma hipótese indubitável hoje pode ser falsa amanhã, e isto vale para
todas as hipóteses científicas, independente dos "títulos honoríficos" que possuam.
Mesmos as leis científicas não passam de meras hipóteses neste contexto.

Notas

1. "A ciência só pode determinar o que é, não o que deve ser, e fora de seu domínio
permanece a necessidade de juízos de valor de todos os tipos" (Albert Einstein).
Conforme relatado por Singh, Simon - Big Bang (pág. 459)
2. Trata-se da metodologia reducionista, certamente em larga escala difundida em
várias áreas científicas modernas: compreenda primeiro cada uma das partes e
como estas interagem entre si para então compreender o todo. Embora o alicerce
de muitas cadeiras científicas, com destaque certamente para as ciências naturais
24
como física, química e biologia, esta metodologia não é em absoluto necessária à
definição do método científico, havendo metodologias de trabalho não
reducionistas que também mostram-se completamente compatíveis com o método
científico em sua forma geral, a citar-se a metodologia atrelada às teorias
complexas, como a teoria do caos.

Referências Bibliográficas

1. Merriam-Webster Online Dictionary. science - Definition from the Merriam-Webster


Online Dictionary (em inglês). 2009. Página visitada em 20 de junho de 2009.
2. SINGH, Simon. Big Bang. Rio de Janeiro; São Paulo: Editora Record, 2006. ISBN
85-01-07213-3 Capítulo "O que é ciência?", e demais.
3. Cruz, J.L.C. da.(editor). Projeto Araribá - Ciências (1. ed.), Apresentação. (2006) .
São Paulo: Moderna.

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