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Nome do Curso:

Disciplina: Alfabetização e Letramento


Tutor:
Nome do Aluno: Tamara Sampaio Miranda

A passagem da oralidade para a língua escrita é uma história compartilhada


por todos que tiveram a oportunidade de estarem inseridos nos espaços
educacionais formais, mas também por aqueles que, a despeito de nunca terem
frequentado uma escola, mantém contato com a escrita e a leitura nos mais diversos
contextos que permeiam suas vivências cotidianas. Relembrar os primeiros contatos
com a escrita é reconstruir um passado a partir do presente, é, conforme expressão
cunhada por Bosi (1994, p. 39), “escutar o infinito”. Assim, a história geral da escrita
que passa pelas fases da escrita pictográfica, do ideograma e, por fim, da escrita
alfabética, misturam-se às histórias individuais. As crianças, desde a mais tenra
idade, seja por meio de um contato formal ou informal com o linguagem e suas
formas de expressão, fazem uso dos desenhos e dos rabiscos que
espontaneamente esboçam para expressarem suas histórias, brincadeiras, vontades
e pensamentos.
A alfabetização consiste no processo de aquisição formal do sistema de
escrita e possui uma dupla dimensão, sendo a primeira de ordem etimológica e
segunda de natureza pedagógica. O aspecto etimológico da alfabetização diz
respeito ao processo de transposição dos sons em letras e dos fonemas em
grafemas, ou seja, a construção da escrita formal. Ainda tem-se neste aspecto o
desenvolvimento da capacidade de decodificação que, por sua vez, consiste na
habilidade de ler o que está escrito. A dimensão pedagógica da alfabetização, por
seu turno, está relacionada à capacidade que o aluno desenvolve para apreender e
compreender o mundo tendo por objetivo promover a comunicação, a aquisição de
conhecimento e a troca. Nesse sentido, Soares (2004, p. 72) afirma que:
[...] à medida que foram se intensificando as demandas sociais de
profissionais de leitura e de escrita, apenas aprender a ler e a escrever foi
se revelando insuficiente, e tornou-se indispensável incluir como parte
constituinte do processo de alfabetização também o desenvolvimento de
habilidades para o uso competente da leitura e da escrita nas práticas
sociais e profissionais. Conclui dizendo que esse processo não pode ser
dissociado do processo educativa, que o inclui e lhe dá sentido.
Já o letramento apresenta uma dimensão sociocultural, consistindo em
vertente ampliada da concepção de alfabetização, referindo-se, por sua vez, a um
conjunto de habilidades que permitem que o indivíduo saiba usar a leitura e a escrita
de maneira eficiente nos diversos contextos de sua vida. São verdadeiras práticas
sociais que envolvem a linguagem escrita e está vinculada, para alguns estudiosos,
de maneira indissociável à alfabetização.
Dentre os métodos conhecidos de alfabetização destacam-se os sintéticos e
os analíticos, sendo aquele o mais tradicional. Os métodos sintéticos subdividem-se
em alfabético, fônico e silábico e estes tem como pressuposto fundamental tomar
como ponto de partida as menores partes em direção à maiores, ou seja,
inicialmente a criança internalizará as partes (menores) para posteriormente avançar
para a compreensão da leitura e da escrita. Nos métodos analíticos têm-se uma
premissa oposta, partindo-se do todo rumo às partes menores. Isto é, parte-se do
pressuposto de que a linguagem funciona como um todo e a alfabetização tem como
prioridade a compreensão do todo por meio do uso de estratégias globais de
reconhecimento. Os métodos de alfabetização analítica são classificados como
global, sentenciação e palavração, e estes tentam romper completamente com o
conceitos de decifração.
No que diz respeito à minha experiência pessoal nos primeiros anos do
ensino fundamental e até mesmo nos períodos da Educação Infantil, recordo-me de
que minhas professoras faziam uso recorrente de cadernos de caligrafia e
assinalavam os cadernos pautados para que copiássemos as letras que ficavam
afixadas em cartazes e que demonstravam a maneira de traça-las. Acredito que a
metodologia utilizada mesclava exemplos dos métodos sintéticos alfabético e fônico.
Considerado um dos métodos mais tradicionais de alfabetização, o método sintético
fônico ou de soletração consiste:
[...] na memorização que se dá por meio da decoração oral das letras do
alfabeto, seu reconhecimento posterior em pequenas sequências e numa
sequência de todo o alfabeto e, finalmente, de letras isoladas. Em seguida a
decoração de todos os casos possíveis de combinações silábicas, que eram
memorizadas sem que se estabelecesse a relação entre o que era
reconhecido graficamente e o que as letras representavam, ou seja, a fala.
(FRADE, 2005, pp. 22-23).
Posteriormente, no decorrer de minha trajetória escolar enquanto ainda
cursava o 2º Ano do Ensino Fundamental, tive uma experiência muito satisfatória
que me introduziu ao mundo da escrita e estimulou meu interesse pela literatura. A
minha professora de então propôs como atividade que os alunos mantivesse um
diário e, uma vez por semana, tínhamos o momento em que poderíamos escrever
livremente sobre o assunto que nos interessasse, não sendo necessário apenas
descrever nosso cotidiano, sendo possível criarmos nossas próprias histórias, às
vezes com temas específicos sugeridos pela professora. Acredito que est atividade
possa enquadrar-se em um dos métodos de alfabetização analítico e o considero
mais eficaz, embora eu já estivesse familiarizada com a linguagem escrita.

REFERÊNCIAS

FRADE, I. C. A. D. S. Métodos e didáticas de alfabetização: História,


características e modos de fazer de professores. Belo Horizonte: Centro de
alfabetização, leitura e escrita, 2005. Ministério da Educação.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica,


2004.

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