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Resumo: O presente artigo se propõe a relatar os resultados de uma pesquisa-ação de


cunho qualitativo realizada entre os meses de Fevereiro e Março de 2013. O objeto de
análise deste estudo é verificar o processo de aquisição da leitura e escrita dos alunos do
1º ano do ensino fundamental. Para tal análise, tomou-se como referência o projeto
“Leitura e escrita ”, uma experiência realizada com os alunos da Escola Municipal de
Educação Infantil e Ensino Fundamental Prudêncio Pereira Passos. Tal Projeto se
propôs a trabalhar a importância da alfabetização no processo de ensino-aprendizagem,
bem como verificar e trabalhar as dificuldades de expressão e compreensão da língua
escrita destes alunos, privilegiando o gêneros musicais e de literatura infantil nesse
processo. A prática pedagógica deste Projeto propiciou um conhecimento novo e
atraente e um rápido retorno por parte dos alunos, com consequentes mudanças de
atitudes em relação ao uso da leitura e da escrita, levando-os, à produções diversas de
leitura e escrita como também de expressão oral da língua falada e da língua escrita.

Desenvolver o hábito e o gosto pela leitura e fazer perceber a sua importância numa
sociedade letrada, às vezes, se torna algo complexo. A dificuldade em dominar a leitura
está não só no sentido de conceber ideias, mas também no sentido de criá-las e recriá-
las. A alfabetização é restrita em relação ao domínio de textos e não há uma
preocupação em colocar as crianças em contato com diferentes tipos de textos que estão
presentes no cotidiano. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo compreender o
conceito de leitura e escrita e aplicar técnicas eficientes de desenvolvimento deste
processo nesta faixa etária das crianças, considerando seus níveis de alfabetização e
suas capacidades de aprendizagem.

Palavras-chave: Alfabetização. Leitura e Escrita. Letramento. Aprendizagem.


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1 – INTRODUÇÃO

Tema – A importância DA LEITURA NA TURMA DE 1º ANO NO ENSINO


FUNDAMENTAL - I

–O QUE É A LEITURA?

O desafio de alfabetizar e letrar na escola é conseguir que as crianças leiam e


escrevam de forma espontânea, criativa, construtiva e que possam inserir-se no universo
da cultura escrita.

Segundo Isabel Frade, a alfabetização é um fenômeno social, político e histórico


envolvendo a linguística, a pedagogia, a psicologia e a antropologia.

“Uma pessoa é funcionalmente alfabetizada quando ela

adquire conhecimentos e habilidades em leitura e escri-

ta que a capacitam a engajar-se efetivamente em todas

as atividades nas quais a alfabetização é normalmente

suposta em sua cultura ou grupo.” (Unesco Apud NU-

NES e BRYANT, 1987, p.18).

É importante lembrar que alfabetizar não é apenas codificar e decodificar.

Quando o aluno se apropria do código alfabético, compreendeu o código, “está


codificado”, porém não está alfabetizado. Ele atingiu nível alfabético, mas estar no nível
alfabético não significa que esteja alfabetizado, nem no ponto de vista ortográfico nem
léxico.

Considera-se alfabetizado, alguém que escreve e ler um texto simples. Assim, a


professora só deve considerar alfabetizado um aluno que ler e escreve um texto simples,
entende o que ler e o que escreve.

“Não acredito que possamos atribuir à escola toda a

responsabilidade de formar o cidadão alfabetizado

de que se necessita: Leitor crítico, leitor versátil, es-

critor criativo, escritor competente. A tarefa alfabe-

tizadora ultrapassa, e muito, a escola” (TORRES A-

pud,FERREIRO, 2003, p.128).


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Etmologicamente, o termo alfabetização quer dizer levar a aquisição do alfabeto,


ensinar as habilidades de ler e escrever, processo de aquisição do código escrito, das
habilidades de leitura e escrita.

[...] Não se consideraria “alfabetizada” uma pessoa

que fosse apenas capaz de decodificar símbolos vi-

suais em símbolos sonoros, “lendo”, por exemplo,

sílabas ou palavras isoladas, como também não se

consideraria “alfabetizada”uma pessoa incapaz de,

por exemplo, usar adequadamente o sistema orto-

gráfico de sua língua, ao expressar-se por escrito (

SOARES, 2003 a, p. 16).

Morais (2004), diz enfaticamente que a escrita alfabética é um sistema e não um


código, ler não é decodificar, escrever não é codificar. O que a criança precisa
compreender é que a escrita alfabética é um sistema notacional. Isso faz muita
diferença.

Tanto Artur Morais como Magda Soares argumentam que a criança precisa
desenvolver habilidades de análise fonológica, reconhecendo os segmentos das palavras
como reflexão metalinguística – a criança precisa se apropriar do sistema alfabético.

Conclui-se então, que o conceito de alfabetização é complexo, mesmo olhando


apenas para o sentido restrito e específico de aquisição da língua escrita e oral:
“Alfabetização como consciência fonológica e fone-

mica, identificação das relações fonema-grafema,

habilidades de codificação e decodificação da lín-

gua escrita, conhecimento e reconhecimento dos

processos de tradução da forma sonora da fala pa-

ra a forma gráfica da escrita” ( SOARES, 2003 c,

p. 13).

Soares (2003 c), completa que a alfabetização é um fenômeno de natureza


complexa e multifacetadas, e cita as várias facetas da alfabetização psicológica,
pscolinguística, sociolinguística e linguística condicionadas a fatores sociais, culturais,
econômicos e políticos.
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Vygotsky, concebe letramento como o ápice de um processo histórico de


mutação e representação de instrumentos mediadores:

“Representa também a causa da elaboração de

formas mais sofisticadas do comportamento

humano que são os chamados processos men-

tais superiores, tais como: raciocínio abstra-

to, memória ativa, resolução de problemas etc.”

(VYGOTSKY Apud TFOUNI, 2004, p.21).

A finalidade do letramento na escola é possibilitar que as crianças mergulhem no


ato de ler e escrever e produzirem textos com sentido e significado.Para tanto é preciso
que a professora como mediadora de modo intencional ensine a criança na cultura
letrada, o que não significa encher uma sala de livros , cartazes, fichas de nomes,
letreiros, entre outras.

Maria Helena Schimidt, Maria Lúcia Marques e Vera Lúcia Costa (apud
NICOLAU e DIAS, 2003), propõem quatro eixos diferentes que devem serem
explorados pela professora, de modo indissociável no processo de letramento: A
linguagem oral, a produção de textos, a leitura do texto e o domínio da base alfabética e
das convenções gráficas.

–A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA ALFABETIZAÇÃO :

De acordo com o princípio freiriano de que a leitura de mundo precede e


acompanha a leitura da palavra, podemos refletir sobre as práticas alfabetizadoras de
determinados professores em relação aos materiais que os mesmos utilizam para
despertar nos seus educandos o gosto pela leitura e escrita para a formação do cidadão.
Diante desse contexto como afirma Kleiman (1998) trabalhar nessa perspectiva,
implica uma significação dos espaços escolares, sobretudo, das representações ligadas à
sala de aula, como um lugar de construção de identidades. Bem como possibilitar
conhecimentos, que estejam ligados ao cotidiano dos alunos.
Segundo Araújo (2011) O uso cotidiano e sistemático de situações de leitura e
de escrita em seu universo cultural marca, desde o primeiro momento, as explorações
das crianças com relação à escrita e à leitura, e nesse processo elas vão criando sentidos
e se tornando “naturalmente” usuária da língua escrita.
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Para FERREIRA (1993):


“Faz–se necessário criar um ambiente alfabetizador havendo um “can-

to ou área de leitura” onde se encontre não só livros bem editados e i-

lustrados, como qualquer tipo de material que contenha a escrita (jor-

nais, revistas, dicionários, folhetos, embalagens e rótulos comerci


ais, receitas, embalagens de medicamentos etc) .Quanto mais variado

esse material, mais adequado para realisar diversas atividades de

exploração, classificação, busca de semelhanças e diferenças, pa-

ra que o professor ao lê-lo em voz alta, dê informações sobre “o

que se pode esperar de um texto”, em função da categorização

do objeto que veicula.Insisto: a variedade de materiais não é só

recomendável no meio rural, mais em qualquer lugar que realize

uma ação alfabetizadora.

Um ambiente alfabetizador contribui para que as crianças tenham oportunidade


de construir, criar e aguçar sua aprendizagem. “Canto ou área de leitura” onde se
encontrem materiais variados, propiciam a curiosidade de leitura e escrita e a
necessidade de ler para compreender, aprender, conhecer o novo que está contido neste
material, em fim, é uma metodologia histórica onde o ser humano traz consigo da sua
visão e compreensão de mundo, onde cabe ao professor mediar o aprofundamento
letrado deste conhecimento de forma motivacional para a criança.
Segundo os PCN’s, a leitura colaborativa é aquela em que o professor
questiona os alunos durante a leitura sobre algumas pistas linguísticas do texto
para que eles possam ir discutindo com os colegas e informando o porquê de
tais conclusões a respeito da compreensão pessoal de cada um.
É então que entra em cena o lúdico visual, como cita FERREIRO, acima, a
diversidade de materiais que o professor pode utilizar e com baixo custo ou custo
nenhum, mas que são de grande valia na contribuição do aprendizado do aluno. A
leitura realizada pelo professor é um ótimo modelo para a criança, pois esta sempre quer
imitar o professor em tudo, e principalmente no ato de ler, se a leitura for feita com
clareza e compreensão e a seguir bem explorada oralmente, sem dúvida alguma os seus
telespectadores ativos também se tornarão explicitamente leitores ativos e
compreendedores do que leem.
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Partindo dessa concepção da língua escrita Ferreiro (2001) afirma que: “A escrita
é importante na escola, porque é importante fora dela e não o contrário”. Então fica
claro que para uma alfabetização plena, faz-se necessário levar objetos e situações do
cotidiano para a sala de aula, afim de que o aluno utilize os conhecimentos adquiridos
na escola, no seu contexto social, pois como afirma Freire (1991, p.68)

A escrita é uma prática discursiva que na medida

em que possibilita uma leitura crítica da reali-

dade, se constitui um importante instrumento de

resgate da cidadania e que reforça o engajamento

cidadão nos movimentos sociais que lutam pela

melhoria da qualidade de vida e pela transfor-

mação social.

A alfabetização ocupa-se da conquista da leitura e da escrita


por um indivíduo, ou grupo. Enquanto o letramento “focaliza os aspectos.

sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade” (TFOUNI,

1995). Sendo assim entendemos que a alfabetização e o letramento são dois métodos de

desenvolvimento da linguagem que devem estar interligadas durante todo o processo de

ensino aprendizagem.

–ESTRATÉGIAS DE COMO UTILIZAR A LEITURA NA SALA DE AULA:

Segundo Isabel Solé (1988), as estratégias de leitura são as ferramentas


necessárias para o desenvolvimento da leitura proficiente. Sua utilização permite
compreender e interpretar de forma autônoma os textos lidos e pretende despertar o
professor para a importância em desenvolver um trabalho efetivo no sentido da
formação do leitor independente, crítico e reflexivo.
É papel da escola fornecer aos estudantes, através da leitura, os instrumentos
necessários para que eles consigam buscar, analisar, selecionar, relacionar, organizar as
informações complexas do mundo contemporâneo e exercer a cidadania.
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No entanto, deparamos no dia-a-dia escolar com alunos que não gostam de ler
ou que dizem não entender o que leram, ou ainda, que apenas conseguem indicar
informações presentes no texto, não é este o letramento necessário para o exercício da
cidadania e para o combate aos desafios da vida.
Formar leitores competentes que gostem de ler, que leiam para estudar e
adquirir conhecimentos ou para obter informações para as mais diversas finalidades é
formar as bases para que as pessoas continuem a aprender durante a vida toda.
O trabalho com a leitura em sala de aula é apresentado por Solé (1998) em três
etapas de atividades com o texto: o antes, o durante e o depois da leitura.
Segundo a autora, constituem as estratégias de compreensão leitora:
–ANTES DA LEITURA;
•Antecipação do tema ou ideia principal a partir de elementos para textuais, como título,
subtítulo, do exame de imagens, de saliências gráficas, outros.
•Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto;
•Expectativas em função do suporte;
•Expectativas em função da formatação do gênero;
•Expectativas em função do autor ou instituição responsável pela publicação.
–DURANTE A LEITURA;
•Confirmação, rejeição ou retificação das antecipações ou expectativas criadas antes da
leitura;
•Localização ou construção do tema ou da ideia principal;
•Esclarecimentos de palavras desconhecidas a partir da inferência ou consulta do
dicionário;
•Formulação de conclusões implícitas no texto, com base em outras leituras,
experiências de vida, crenças, valores;
•Formulação de hipóteses a respeito da sequência do enredo;
•Identificação de palavras-chave;
•Busca de informações complementares;
•Construção do sentido global do texto;
•Identificação das pistas que mostram a posição do autor;
•Relação de novas informações ao conhecimento prévio;
•Identificação de referências a outros textos.
–DEPOIS DA LEITURA;
•Construção da síntese semântica do texto;
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•Utilização do registro escrito para melhor compreensão;


•Troca de impressões a respeito do texto lido;
•Relação de informações para tirar conclusões;
•Avaliação das informações ou opiniões emitidas no texto;
•Avaliação crítica do texto.

Nessa perspectivadas etapas da criança no desenvolvimento da leitura e da


escrita, é imprescindível a interação professor/aluno/conhecimento, em que o processo
de leitura e escrita por meio de diferentes portadores de textos torna-se necessário, uma
vez que propicia condições favoráveis de aprendizagem, onde a construção e validação
de conhecimentos e saberes se faz por situações que possibilitem a sistematização para
que o professor com sua prática pedagógica viabilize e desperte no aluno o prazer, a
curiosidade, a vontade de conhecer o novo, predispondo-se aprender a aprender.
É necessário que, ao alfabetizar, tenha-se em vista um processo gradativo que
oportunize à criança o crescimento de acordo com sua maturação, fazendo com que a
mesma participe realmente do processo de aprendizagem. Também o processo deve
permitir uma iniciação nos segredos da leitura e da escrita, compreendendo os
pensamentos dos autores e a expressão correta e coerente dos seus pensamentos. A
escola deve incentivar e respeitar seus alunos como seres em desenvolvimento, que
estão formulando suas ideias e pensamentos, cada um a seu modo, e portanto considerar
que o processo de alfabetização e letramento das crianças são diversificados, mas o
acompanhamento e estímulo da linguagem oral e escrita se dá desde o 1º estágio da
Educação Infantil e que aos 06 (seis anos) de idade é esperado que estas leiam e
escrevam de forma alfabética ( foneticamente), mas também se não acontecer, não quer
dizer que esta teve uma má alfabetização, pois como foi citado, é um processo e cada
criança tem um tempo diferente, portanto, julgá-lo como não alfabetizada pode ser uma
precipitação do professor. “Alfabetização completa aos 06 anos é uma meta de
aprendizagem, mas não uma ordem para as crianças deste nível”, cabe ao professor(a)
detectar o nível de leitura e de escrita no qual se encontra a criança, e a partir daí,
desenvolver atividades coerentes capazes de levá-los a uma completa alfabetização
letrada socialmente e efetiva.

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