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Processos de
Alfabetização e
Letramento
2023 - 3º ano
ALFABETIZAÇÃO
Autor: Magda Soares,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE
LETRAMENTO
Autor: Magda Soares,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE
designando, seria, como tem sido, uma tentativa infrutífera, pela dificuldade, ou mesmo
impossibilidade, do ponto de vista linguístico, de intervir artificialmente em um significado já
consolidado na língua. É o que justifica e explica o surgimento de um termo que se acrescenta e
se associa à aprendizagem do sistema alfabético – à alfabetização – para nomear esta outra faceta
da aprendizagem da língua escrita – o letramento: o desenvolvimento das habilidades que
possibilitam ler e escrever de forma adequada e eficiente, nas diversas situações pessoais, sociais
e escolares em que precisamos ou queremos ler ou escrever diferentes gêneros e tipos de textos,
em diferentes suportes, para diferentes objetivos, em interação com diferentes interlocutores,
para diferentes funções.
Referências bibliográficas:
KLEIMAN, A. (org.) Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática
social da escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1995.
MORTATTI, M. R. L. Educação e letramento. São Paulo: Unesp, 2004.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
SOARES, M. Práticas de letramento e implicações para a pesquisa e para políticas de
alfabetização e letramento. In: MARINHO, M.; CARVALHO, G.T. (orgs.) Cultura escrita e
letramento. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
Canto de Leitura
* Livros de vários gêneros diferentes;
* Fichas de leitura com textos curtos que as crianças já têm de memória, como poesias,
parlendas, trava-línguas e palavras que reconhecem;
* Decoração bacana e aconchegante para ler, onde será realizada a hora do conto e onde as
crianças têm prazer em estar;
* Lista de histórias que serão lidas durante a semana – os títulos não são colocados,
necessariamente, na ordem que serão lidos. O ajudante do dia tem a função de riscar o nome da
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obra que foi lida. É um ótimo momento para fazer uma atividade coletiva de leitura com
intervenções da professora.
Listas de Referência
* Listas que contêm palavras que as crianças já têm de memória. Por exemplo: lista de nomes
dos alunos e palavras que estão sendo trabalhadas (banco de palavras).
Calendários
* Importante para construir os conceitos de ano, mês, semana, dias… pode incluir o clima
(como está o tempo hoje?).
Canto da Matemática
* Espaço para manipulação dos números, materiais de contagem, atividades de relações entre
números e quantidades…
LETRAMENTO DIGITAL
Autor: Ana Elisa Ribeiro, Carla Viana Coscarelli,
Instituição: Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais-CEFET-MG /
Departamento de Linguagem e Tecnologia, Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG /
Faculdade de Letras,
LETRAMENTO LITERÁRIO
Autor: Rildo Cosson,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,
escola. ZILBERMAN, R.; RÖSING, T. Escola e leitura: velha crise, novas alternativas. São
Paulo: Global, p. 61-81, 2009.
LETRAMENTO ESCOLAR
Autor: Maria Lúcia Castanheira,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,
A expressão letramento escolar refere-se aos usos, às práticas e aos significados da língua
escrita no contexto escolar. Tal designação decorre da compreensão de que o letramento varia de
acordo com o contexto em que ocorrem eventos de letramento. Ler e escrever na escola são
processos que se diferenciam de ler e escrever fora da escola, pois o quê, como, quando, para
que se lê ou se escreve na escola são aspectos definidos a partir das especificidades dessa
instituição, que visa, em última instância, ao ensino e à aprendizagem. A expressão letramento
escolar, portanto, aponta para diferenças entre práticas de leitura e escrita desenvolvidas dentro
e fora da escola.
Na escola, várias ações de ler e escrever são organizadas em função do que se quer
ensinar e de como a aprendizagem do que foi ensinado será avaliada. Os alunos lerão um livro
de determinado autor, previamente selecionado por um programa de ensino, que pode ter como
objetivo o ensino de estilos literários ou de um gênero, a ampliação do seu vocabulário ou o
desenvolvimento de certas habilidades de compreensão de texto. Comumente, após a leitura do
livro, eles realizarão debates, provas ou escreverão textos, para que se avalie se os objetivos de
ensino foram alcançados.
Fora da escola, ler e escrever são ações que as pessoas desenvolvem por diferentes motivos e em
diversas situações. Por exemplo, as pessoas leem um livro pelo prazer de ler, pelo interesse em
determinado tema e podem interromper essa leitura de acordo com sua disponibilidade ou seu
desejo. Podem comentar sobre o livro com amigos, se o quiserem, mas não serão avaliados por
essa leitura. Da mesma forma, se, fora da escola, podemos ver crianças e jovens produzindo
comentários e postando assuntos de seu interesse e publicando-os no Facebook ou em um blog,
na escola, estando subordinada às necessidades do ensino, a produção de texto será feita de
acordo com definições prévias do tema a ser contemplado, do gênero a ser produzido, do
destinatário do texto – quase sempre o professor, que avaliará a produção do aluno.
A comparação das condições em que a escrita e a leitura são realizadas dentro e fora da
escola permite constatar que os propósitos dessas ações são delineados pela situação
comunicativa em que eventos de letramento estão situados. Assim, desde a alfabetização, vários
textos escolares, como murais, cartazes, resumos, relatos de experiências ou escrita de resultados
de projetos fazem sentido no espaço escolar e, ao mesmo tempo, realizam usos e funções sociais
da escrita e da leitura. Fora da escola, tais dimensões serão múltiplas, dada a grande variedade
de situações comunicativas em que a escrita é utilizada –, por exemplo, na igreja, em clubes
sociais, em brincadeiras ou no trabalho. É preciso ressaltar que a subordinação excessiva do uso
dos textos à lógica escolar artificializa tais usos e legitima certas práticas de escrita em detrimento
de outras. É, assim, por exemplo, que podemos ver alunos que leem e escrevem certos tipos de
textos, já nos anos iniciais da alfabetização, não serem reconhecidos como leitores e escritores,
por não estarem realizando tais atividades em circunstâncias ou da maneira que a escola espera.
Diversos pesquisadores têm demonstrado que a distância entre o mundo escolar e aquilo
que acontece para além dos muros da escola dificulta a aprendizagem por parte de alunos que
têm uma vivência cultural diferenciada daquela esperada por essa instituição – o que contribui
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para a discriminação dos alunos e dos grupos sociais a que pertencem. Essa distância é
continuamente alimentada pelo não reconhecimento de práticas culturais, experiências
linguísticas e conhecimentos sobre a escrita que os alunos desenvolvem fora da escola e que
poderiam servir de recursos para as reflexões propostas pela escola. Educadores que reconhecem
a escola como instituição promotora de inclusão social tentam diminuir essa diferença quando
propõem que as atividades de ensino e os usos da leitura e escrita na escola levem em conta
características das situações comunicativas em que ocorrem eventos de letramento fora da escola
– ou seja, funções, usos, interlocutores reais. Essa perspectiva é especialmente relevante nos anos
iniciais de escolarização, tendo em vista os objetivos de inclusão social e de ampliação dos
repertórios de conhecimentos e habilidades de crianças de grupos sociais diferenciados.
Referências bibliográficas:
SOARES, M. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO, V. M. (Org.). Letramento no Brasil.
São Paulo: Global, 2003. p.89-113.
SOARES, M. A (des)aprendizagem das funções da escrita. Educação em Revista. n.08. Belo
Horizonte, dez. 1988. p. 3-11
LETRAMENTO VISUAL
Autor: Celia Abicalil Belmiro,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,
Cada cultura produz suas linguagens, sejam verbais, sonoras, visuais, gestuais, entre
outras, e com elas ergue seu mundo de referências. Dentre todas, as imagens se constituem por
signos visuais que compõem e ordenam nossas formas de ver e de reconhecer o que nos cerca.
As imagens que nos rodeiam são armazenadas na nossa memória e vão organizando significados.
Podemos dizer, então, que geramos imagens no nosso presente a partir de nossas vivências e
selecionamos imagens de tempos e espaços passados, das quais nos apropriamos para nos
expressar no nosso presente e para nos compreender como sujeitos sociais e históricos.
Ora, todo esse movimento não é feito somente pelo conhecimento e domínio de técnicas da
construção da imagem, isto é, por uma alfabetização visual, que ensina como se estruturam as
imagens (a cor, o traço, a linha, a textura, o volume etc.), mas por uma tomada de muitos fatores
que dão forma ao nosso olhar, sejam eles históricos, sociais, psicológicos, estéticos, culturais. A
possibilidade de lermos as imagens sob tantos pontos de vista nos mostra a importância de
estarmos atentos para o alcance dos diferentes modos de ver o mundo e de se pensar sobre ele.
É isso que conforma o significado do termo letramento visual e o distingue do termo
alfabetização visual, que vê as imagens como um objeto de análise. Certamente, as duas
perspectivas podem se complementar, mas não se substituem. A noção de letramento visual tem
a ver com o entendimento de que as imagens devem ser tratadas como um bem cultural, ao
contrário dos que pensam que as imagens diminuem a capacidade imaginativa e impedem
múltiplas formas de representação. Elas podem, se bem aproveitadas, concorrer para a formação
das crianças e jovens como cidadãos que entendem os processos comunicativos, compreendem
esteticamente o mundo e que o dominam criticamente.
Estabelecer caminhos que deem condições de explorar possibilidades de leitura de
imagens e de interação através delas amplia o alcance das reflexões acerca dos seus processos e
usos. Dessa forma, o letramento visual não se limita a uma série de condições para o
desenvolvimento da competência de leitura de imagens, mas sua dinâmica nos ajuda a lidar com
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A alfabetização e o letramento no Brasil, segundo Magda Soares
Por REDAÇÃO 22 de agosto de 2019
aprovação e reprovação dos anos 1960-1970 até as atuais avaliações com base em provas de larga
escala, um reiterado baixo nível de leitura e escrita na aprendizagem inicial da língua escrita.
Os brasileiros estão mais alfabetizados, mas menos letrados? Em primeiro lugar, não se pode
pretender, penso, que os brasileiros estejam hoje mais alfabetizados que antes, se se entender por
alfabetização algo mais que saber codificar e decodificar. Em segundo lugar, julgo muito difícil
separar alfabetização de letramento, no estágio atual das teorias da leitura e da escrita: a
alfabetização, segundo essas teorias, se desenvolve em contexto de letramento, que dá sentido ao
aprender a ler e escrever, portanto, ser alfabetizado supõe ter também pelo menos algum nível de
letramento. O que se pode dizer é que os níveis de letramento, tal como os níveis de alfabetização,
são ainda muito baixos na população brasileira, como têm mostrado os resultados de pesquisas
sobre índices de alfabetismo (letramento).
Temos uma tendência a achar que há 30 ou 50 anos lia-se mais e melhor. A senhora
concorda com essa opinião? Para responder, seria preciso atribuir objeto direto ao verbo ler:
lia-se o quê? Talvez há 30, 50 anos se lesse mais e melhor livros, revistas, jornais… atualmente,
esses portadores de texto em papel enfrentam a concorrência de portadores de texto em telas —
TVs, computadores, celulares, jogos digitais —, que também pedem leitura… Se considerarmos
a multiplicação, nas últimas décadas, de textos, portanto, de propostas de leitura, em numerosos
contextos sociais, sob diferentes formas e suportes, talvez se possa dizer que hoje se lê mais.
Resta discutir se podemos lamentar que essas novas propostas de leitura estejam afastando as
pessoas da leitura no papel — o uso do verbo “lamentar” revela um juízo de valor que eu faço, e
muitos também fazem.
Os resultados recentes evidenciam que a escola está falhando em ensinar crianças e jovens
a ler. Na sua opinião, onde estamos errando? Enquanto considerarmos que ensinar a ler é uma
questão de “métodos” e de “atividades de interpretação de textos”, continuaremos fracassando
em alfabetizar e letrar adequadamente nossas crianças. Em relação à alfabetização, entendida
como apropriação do sistema alfabético, prevalece a falsa suposição de que basta adotar um
método, entre os vários que são oferecidos. Na verdade, ensinar a ler é processo muito complexo.
Exige de quem ensina conhecimentos linguísticos e psicológicos.
Por que é preciso ter esse conhecimento? Aprender a ler significa apropriar-se de um objeto
linguístico — a língua escrita — complexo e abstrato, um sistema de representação convencional
e em grande parte arbitrário, que demanda de quem aprende operações cognitivas de diferentes
naturezas, por sua vez dependentes dos estágios de desenvolvimento do aluno. Por isso é que
ensinar a ler exige ter conhecimentos de natureza linguística sobre este objeto de conhecimento,
a língua escrita — por exemplo, conhecimentos de fonologia, ortografia, das estruturas silábicas
do português —, e conhecimentos de natureza psicológica — por exemplo, da psicogênese da
língua escrita, da psicologia cognitiva, da psicologia do desenvolvimento.
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Como a senhora analisa o impacto das políticas públicas em vigor atualmente, como o Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC)? Pode-se dizer que a cada mudança de
gestão em nível nacional ou estadual novas políticas de atualização, aperfeiçoamento e formação
continuada de professores são implantadas. Embora sejam poucos os estudos e pesquisas de
avaliação dos resultados dessas políticas, talvez mesmo devido à sua descontinuidade, o que não
se pode negar é que as avaliações da aprendizagem dos alunos vêm revelando que os resultados
das políticas não têm correspondido às expectativas de avanço na qualidade do ensino. Levanto
algumas hipóteses para a compreensão desse descompasso entre multiplicação de políticas de
formação e o pouco avanço na aprendizagem das crianças. Uma hipótese é o conteúdo dos
programas, que não têm, em geral, privilegiado o que mais falta aos alfabetizadores e formadores
de leitores.
Uma outra hipótese é que, em geral, as políticas de formação continuada são estruturadas
prevendo a reunião de diferentes professores em diferentes redes de educação, de modo que a
heterogeneidade dos contextos e das peculiaridades do ensino em diferentes municípios equaliza
o que é desigual, tornando difícil a discussão de questões e dúvidas específicas.
Uma terceira hipótese (que pode ser vista como meio autoritária, mas vou correr o risco…) é que
os programas são quase sempre oferecidos à adesão pelos municípios e, neles, à adesão de
professores, o que torna os efeitos quase individuais, o que seria corrigido se os programas
fossem estruturados visando à melhoria dos professores de conjuntos de escolas ou até de toda
uma rede, não só daqueles que aderissem ao programa, em geral por interesse pessoal. O critério
da adesão pressupõe que o avanço na qualidade da educação seja uma questão de opção, quando
esse avanço é uma responsabilidade social.
Ensinar a ler e escrever ainda é considerada atribuição apenas dos professores de língua
portuguesa. Como a senhora analisa isso? Aqui, julgo necessário que se faça uma distinção.
A aprendizagem inicial da língua escrita, a alfabetização, o ensinar a ler e escrever, é atribuição
de um profissional que conheça, como disse, o processo linguístico e cognitivo de apropriação
da língua escrita por crianças no início de seu processo de escolarização, (o que considero ser a
pré-escola e os dois anos iniciais do ensino fundamental). A seguir, no que se refere ao
desenvolvimento da leitura, ao ler com compreensão, sabendo interpretar, inferir, relacionar
ideias em textos de diferentes gêneros, entre outras habilidades leitoras, a atribuição, se é
específica do professor de português, é também de todos os outros professores, porque todos eles
trabalham intensamente com textos, e textos de gêneros específicos de seu campo de
conhecimento, portanto, textos cuja leitura, compreensão e interpretação só eles têm plenas
condições de orientar. Quanto a questões ortográficas, de concordância, de regência, supõe-se
que, como professores de todas as áreas têm, ou devem ter, o domínio da variedade formal da
língua escrita, é também a eles que cabe orientar os alunos para o domínio dessa variedade.
Na cultura digital, a relação dos jovens com a escrita mudou. Que impacto desse fato a
senhora verifica em relação ao letramento? Na verdade, há escritas digitais, no plural, porque
são escritas com peculiaridades segundo as possibilidades da tecnologia usada, do gênero, dos
objetivos, dos destinatários dos textos, escritas que têm características próprias que as
diferenciam das escritas em papel, e aqui de novo uso o plural, porque, tal como as escritas
digitais, estas também têm características próprias, segundo o gênero, os objetivos, os
destinatários do texto. Há ainda poucos estudos e pesquisas sobre a influência, ou não, de
características de escritas digitais sobre a escrita em usos convencionais. O que ainda é dúvida,
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ou são hipóteses, é se os alunos têm transferido para sua produção de texto nos gêneros da escrita
em papel recursos da escrita digital, como as abreviações, as alterações ortográficas, recursos
visuais como os emojis, os emoticons… De qualquer forma, a escola precisa hoje incluir no
ensino da língua escrita a reflexão sobre as diferenças entre escritas digitais e escritas no papel,
a importância de adequar seu texto às características do suporte que usa — tela ou papel —, dos
gêneros, dos objetivos e dos destinatários.
E quanto à leitura? Talvez se possa dizer que tem ocorrido um grande impacto da cultura digital
sobre a cultura do papel. Os jovens leem sem dificuldade as escritas digitais. São eles mesmos
que as criam… A leitura digital é mais fácil e mais rápida, porque os textos devem ser, por
natureza, breves (estou excluindo a leitura de informações buscadas na internet, de livros, jornais,
revistas em tela), e isso vem criando uma certa impaciência dos jovens na leitura de textos mais
longos, que demandam mais tempo e mais reflexão, com evidentes implicações para a formação
de leitores atualmente.
Que tipo de práticas e estratégias pedagógicas a senhora aponta como sugestão para os
educadores? Não são práticas, estratégias, métodos que se deve sugerir aos educadores. Educar
ou ensinar não podem nem devem ser ações guiadas por prescrições, fórmulas, mas por
conhecimento e compreensão de como a criança ou o jovem aprendem aquilo que se ensina.
Práticas e estratégias serão, assim, decorrentes desse conhecimento e compreensão. Isso é que dá
ao professor condições de criar suas próprias práticas e estratégias, decidir ele mesmo como
ensinar aqueles a quem ensina, ou lhe dá condições de selecionar, entre práticas e estratégias
sugeridas por livros didáticos e paradidáticos, por colegas, e por tantas outras fontes, aquelas que
se fundamentem em conhecimento e compreensão dos processos de aprendizagem daqueles a
quem ensina.
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ALFABETIZAÇÃO LETRAMENTO
O sujeito alfabetizado sabe ler e escrever, porém pode estar pouco habituado a usar essas
habilidades no seu cotidiano. Já o indivíduo letrado, possui domínio da leitura e da escrita nas
mais diversas situações e práticas sociais.
Enquanto a alfabetização desenvolve a aquisição da leitura e da escrita, o letramento se
ocupa da função social de ler e escrever.
O letramento é o estado que um indivíduo ou grupo social alcança depois de se
familiarizar com a escrita e a leitura, possuindo uma maior experiência para desenvolver as
práticas do seu uso nos mais diversos contextos sociais.
Um indivíduo alfabetizado não significa necessariamente um indivíduo letrado. Do
mesmo modo, um sujeito pode ser capaz de realizar determinadas atividades em seu cotidiano
que necessitem do letramento, como preencher um recibo, sem que ele seja alfabetizado.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
O conceito de letramento surgiu de uma ampliação progressiva do próprio conceito de
alfabetização.
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa apresenta a seguinte definição estrita de
alfabetização. Ela é o “ato ou efeito de alfabetizar, de ensinar as primeiras letras”. Assim, uma
pessoa alfabetizada é entendida como aquela que domina as “primeiras letras”, que domina as
habilidades básicas ou iniciais do ler e do escrever. Ao longo do século XX, porém, esse
conceito de alfabetização foi sendo progressivamente ampliado, em razão de necessidades sociais
e políticas, a ponto de já não se considerar alfabetizado aquele que apenas domina o sistema de
escrita e as capacidades básicas de leitura e escrita, mas aquele que sabe usar a linguagem escrita
para exercer uma prática social em que essa modalidade da língua é necessária. Ou seja: a
definição de índices de alfabetismo funcional utilizando-se, como critério, anos de escolaridade,
evidencia o reconhecimento dos limites de uma avaliação censitária baseada apenas no conceito
de alfabetização como “saber ler e escrever” ou “saber ler um bilhete simples”, e a emergência
de um novo conceito, que incorpora habilidades de uso da leitura e da escrita desenvolvidas
durante alguns anos de escolarização. (Soares, M. Alfabetização: a ressignificação do conceito.
Alfabetização e Cidadania. Revista de Educação de Jovens e Adultos. Raab, n. 16, julho 2003,
p.10-11.)
Podemos concluir que a alfabetização – o saber codificar e decodificar, o domínio das
“primeiras letras”, segundo a definição do dicionário Houaiss – não é mais suficiente. A
sociedade atual, extremamente grafo cêntrica, isto é, centrada na escrita, exige também o saber
utilizar a linguagem escrita nas situações em que esta é necessária, lendo e produzindo textos
com competência.
É para essa nova dimensão da entrada no mundo da escrita que se cunhou uma nova
palavra, letramento. O conceito designa, então, o conjunto de conhecimentos, atitudes e
capacidades envolvidos no uso da língua em práticas sociais e necessários para uma participação
ativa e competente na cultura escrita. Assim, para corresponder adequadamente às características
e demandas da sociedade atual, é necessário que as pessoas sejam alfabetizadas e letradas; no
entanto, há alfabetizados não letrados e também é possível haver analfabetos com um certo nível
de letramento.
Para compreender melhor essa relação entre alfabetização e letramento, leia o texto
abaixo: “Um adulto pode ser analfabeto e letrado: não sabe ler nem escrever, mas usa a escrita:
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pede a alguém que escreva por ele, dita uma carta, por exemplo (e é interessante que, quando
dita, usa as convenções e estruturas linguísticas próprias da linguagem escrita, evidenciando que
conhece as peculiaridades da linguagem escrita) – não sabe escrever, mas conhece as funções da
escrita, usa-as, lançando mão de um “instrumento” que é o alfabetizado (que funciona como uma
máquina de escrever...); pede a alguém que leia para ele a carta que recebeu, ou uma notícia de
jornal, ou uma placa na rua, ou a indicação do roteiro de um ônibus – não sabe ler, mas conhece
as funções da escrita, e usa-a, lançando mão do alfabetizado. É analfabeto, mas é, de certa forma,
letrado, ou tem um certo nível de letramento. Uma criança pode ainda não ser alfabetizada, mas
ser letrada: uma criança que vive num contexto de letramento, que convive com livros, que ouve
histórias lidas por adultos, que vê adultos lendo e escrevendo, cultiva e exerce práticas de leitura
e de escrita: toma o livro e finge que está lendo (e aqui de novo é interessante observar que,
quando finge ler, usa as convenções e estruturas linguísticas próprias da narrativa escrita), toma
papel e lápis e “escreve” uma carta, uma história. Ainda não aprendeu a ler e escrever, mas é, de
certa forma, letrada, tem já um certo nível de letramento. Uma pessoa pode ser alfabetizada e não
ser letrada: sabe ler e escrever, mas não cultiva nem exerce práticas de leitura e de escrita, não lê
livros, jornais, revistas, ou não é capaz de interpretar um texto lido; tem dificuldades para
escrever uma carta, até um telegrama – é alfabetizada, mas não letrada
AMBIENTE ALFABETIZADOR
Autor: Sara Mourão Monteiro,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG/ Faculdade de Educação / Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE),
que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou
importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar
muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita.
Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-se da escrita. (Ferreiro, 1999,
p.23) A pesquisadora, assumindo ser dedicada fundamentalmente a tentar compreender o
desenvolvimento das conceitualizações infantis sobre a língua escrita, afirma que através dos
resultados obtidos uma conclusão deve ser considerada as crianças são facilmente alfabetizáveis
foram os adultos que dificultaram o processo de alfabetização delas. (Ferreiro, 1999, p.17)
- Os princípios funcionais desenvolvem-se à medida que a criança soluciona o problema
de como escrever e para que escrever. A significação que a escrita tenha em seu dia a dia
terá consequências no desenvolvimento desses princípios e as funções específicas
dependerão da necessidade que a criança sentira da linguagem escrita.
-Os princípios linguísticos desenvolvem-se à medida que a criança resolve o problema da
forma como a linguagem escrita está elaborada para extrair significados na cultura.
Nessas formas estão incluídas as regras ortográficas, grafo fônicas, sintáticas, semânticas
e pragmáticas de linguagem escrita.
Os princípios relacionais desenvolvem-se à medida em que a criança resolve o problema
de como a linguagem escrita chega a ser significativa. Assim, passa a compreender com
a linguagem escrita representa as ideias e os conceitos que as pessoas, os objetos no
mundo real e a linguagem oral possuem em uma determinada cultura.
A escrita pode ser considerada como uma representação da linguagem ou como um código
de transcrição gráfica das unidades sonoras. A diferença essencial é a seguinte: no caso da
codificação, tanto os elementos como as relações já estão predeterminados. No caso da criação
de uma representação, nem todos os elementos, nem as relações estão determinadas.
A invenção da escrita foi um processo histórico de construção de um sistema de
representação, não um processo de codificação. No caso dos dois sistemas envolvidos no início
da escolarização (o sistema de representação dos números e o sistema de representação da
linguagem), as dificuldades que as crianças enfrentam são dificuldades conceituais semelhantes
às da construção do sistema e por isso podem-se dizer, em ambos os casos, que a criança
reinventa esse sistema.
Se a escrita é concebida como um código de transcrição, sua aprendizagem é concebida como
a aquisição de uma técnica; se a escrita é considerada como um sistema de representação, sua
aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou seja, em uma
aprendizagem conceitual (FERREIRO & TEBEROSKY, 1985).
A criança realiza explorações para compreender a natureza da escrita e isto pode ser
observado através das suas produções espontâneas, que são valiosos documentos que precisam
ser interpretados para poder ser avaliados.
As escritas infantis têm sido consideradas como garatujas e ‘puro jogo’. Aprender a lê-
las, ou seja, interpretá-las é um aprendizado que requer uma atitude teórica definida. Nas práticas
escolares tradicionais, há uma concepção de que a criança só aprende quando submetida a um
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ensino repetitivo. No entanto, elas ignoram que devem pedir permissão para começar a aprender.
Saber algo a respeito de certo objeto não significa saber algo socialmente aceito como
‘conhecimento’. ‘Saber’ significa ter construído alguma concepção que explica certo conjunto
de fenômenos ou de objetos da realidade.
AQUISIÇÃO DO SISTEMA DE
ESCRITA
Emília Ferreiro, em sua pesquisa sobre o processo de construção da leitura e da escrita,
ao lado de Ana Teberosky, faz uma descrição mapeadora do processo que cada indivíduo
percorre para aquisição da língua escrita.
Essa pesquisa, além de ter levado a um redirecionamento das questões da aprendizagem,
coloca em xeque a ideia de “prontidão” para a alfabetização, segundo a qual a aprendizagem da
língua escrita não depende, fundamentalmente, de habilidades consideradas como pré-requisitos
para que a criança possa ser alfabetizada, mas resulta da interação entre o indivíduo e a língua
escrita, como sujeito de conhecimento.
Sem sombra de dúvidas, existe uma história pré-escolar da escrita. A criança não espera
ter seis anos, e nem ter uma educadora responsável pela sua aprendizagem, para começar a refletir
sobre o que é ler e escrever. Ao ingressar na escola, ela já formulou as mais variadas hipóteses
sobre este objeto de conhecimento, as quais devem ser respeitadas pelo educador.
A pesquisa de Emília Ferreiro permitiu-lhe identificar quatro níveis de evolução da
escrita, até o momento em que se pode considerar que a criança venceu as barreiras do sistema,
sendo capaz de interpretar (ler) e reproduzir (escrever) símbolos gráficos.
O fracasso ou o sucesso da alfabetização depende de entender o nível de evolução
conceitual da criança. É importante para o educador alfabetizador conhecer os caminhos que a
criança percorre, para estabelecer e compreender o processo de construção do sistema, intervindo
de modo a levá-la a refletir sobre suas hipóteses.
NÍVEL PRÉ-SILÁBICO
A criança pensa que é possível ler nomes diferentes com grafias iguais. Elas ainda não
conseguem entender que o que a escrita representa no papel são os sons da fala.
Ex.: Gelatina – S R I O B
Bala – S R I O B
Cocada – S R I O B
Posteriormente, a criança nega essa sua hipótese, porque diz que, para ler nomes
diferentes, eles devem ser escritos com letras diferentes.
Ex.: Gelatina – A U O T
Bala – A C V E
Cocada – N O S D
As crianças escrevem sem estabelecer qualquer correspondência entre a pauta sonora da palavra
e a representação escrita. Escreve coisas diferentes apesar da identidade objetiva das escritas e
relaciona a escrita com o objetivo referente (Ex. coloca mais letras na palavra “elefante’ do que
na palavra borboleta – Realismo Nominal).
Outro ponto a ressaltar é que numa determinada fase, a criança não separa letras de
números. Costuma, às vezes, escrever colocando numerais junto às letras, já que ambos os
caracteres envolvem linhas retas e curvas.
Outra característica observada é que a criança acredita que os nomes de pessoas (realismo
nominal), animais e coisas têm relação com o seu tamanho, peso ou idade. As pessoas, animais
ou objetos grandes devem ter nomes grandes. Por conseguinte, as coisas pequenas terão nomes
pequenos.
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O maior desafio desse nível é auxiliar as crianças a perceber que a escrita representa os
sons da fala. Quando a criança é convidada a ler a sua escrita, ela passa o dedo direto pela
palavra, demonstrando não representar a pauta sonora das palavras.
Ex.: Rato – T C R C U S
NÍVEL SILÁBICO
Essa escrita constitui um grande avanço, e se traduz num dos mais importantes esquemas
construídos pela criança, durante o seu desenvolvimento. Pela primeira vez, ela trabalha com a
hipótese de que a escrita representa partes sonoras da fala, porém, com uma particularidade: cada
letra vale por uma sílaba. Assim, utiliza tantas letras quantas forem as sílabas da palavra.
Ex.: Jacaré – F R A (silábico SEM VALOR SONORO) – a escrita da criança está restrita a letras
de sua experiência no momento da escrita.
Alguns conflitos são vivenciados nesta fase, como: Hipótese da quantidade mínima: elas
acreditam que existe uma quantidade mínima de três letras para escrever. Desta forma, palavras
monossílabas e dissílabas precisam ser escritas com um mínimo de três ou quatro letras.
Ex.: Ao escrever P A T O, representa A O T B (ela representa AO, como acha pouco, ela
acrescenta mais duas letras aleatórias).
Hipótese da variedade de letras: a criança acredita que uma mesma palavra não pode ser
escrita com letras repetidas de forma sequenciada.
Ex.: Ao escrever B A R A T A, ela escreveria A A A, mas por achar essa escrita impossível,
representa: A T C.
No nível silábico, quando a criança é convidada a ler sua escrita, ela mostra para cada
pauta sonora uma letra representada.
Ex.: Jacaré – T C N
• no primeiro, chamado silábico sem valor sonoro, ela representa cada sílaba por uma única
letra qualquer, sem relação com os sons que ela representa.
• no segundo, o silábico com valor sonoro, há um avanço e cada sílaba é representada por
uma vogal ou consoante que expressa o seu som correspondente.
27
NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO
Esta fase apresenta-se como uma transição entre o nível silábico e o nível alfabético.
Diante dos conflitos da hipótese silábica, a criança descobre que o esquema de uma letra
para cada sílaba não funciona e, assim, procura acrescentar letras à escrita da fase anterior.
Emília Ferreiro nos lembra que um adulto mal informado poderá, nessa fase, achar que a
criança está omitindo letras, o que não é verdade. A criança está é acrescentando letras à sua
escrita da fase anterior. Trata-se de um progresso, e não de um retrocesso.
Ex.: Pato – P T U
Macaco – M C A C O
NÍVEL ALFABÉTICO
Gorila – G U R I L A
Atividades de Alfabetização e
Letramento
Como vimos até aqui, o processo de Alfabetização e Letramento é relacionada
à atividades lúdicas, ou seja, com foco no brincar. Tais atividades devem ser pensadas e
projetadas para que crianças até os seis anos de idade desenvolvam suas habilidades linguísticas
sem grandes pressões, de forma natural e leve.
Selecionamos a seguir 8 exemplos de atividades de Alfabetização e Letramento que podem ser
aplicadas no dia a dia escolar das turmas de Educação Infantil, em diversas faixas etárias.
Acompanhe!
29
❖ Fichas com nomes embaralhados: cada criança deve sortear uma ficha e entregá-la ao
respectivo dono.
❖ Agrupar os crachás pela letra inicial.
❖ Pedir, a cada dia, a um educando para fazer a distribuição do crachá.
❖ Fazer um calendário com os nomes de todos os meses do ano na sala. Pedir para a turma
fixar o seu crachá no mês de seu aniversário.
❖ Agrupar os nomes que terminam com as mesmas letras.
❖ Fazer cartelas de bingo, baralho, dominó, com a assinatura das crianças.
❖ O educador mostra fichas com as letras dos nomes invertidas. As crianças recompõem
os nomes na ordem certa.
❖ Quebra-cabeça com nomes próprios.
❖ Recortar de jornais e revistas as letras dos nomes dos colegas do grupo e colar no
caderno.
❖ Baralho com os nomes da turma X a letra inicial.
❖ O educador dita os nomes das crianças para todos. Eles escrevem apenas a letra inicial
do nome ditado.
❖ Classificar as fichas dos nomes pelo número de letras dos mesmos
As fichas (ou crachás) com os nomes devem ficar disponíveis na sala de aula, em um
local de fácil acesso e visibilidade. Dicas para confeccionar a ficha (ou crachás) das crianças:
• Escreva apenas o primeiro nome das crianças (ex.: Joana – João Pedro).
• As fichas devem ter o mesmo tamanho.
• Todas devem estar escritas com letra de imprensa maiúscula do mesmo tamanho.
• A folha escolhida deve ser da mesma cor para todos as crianças, assim como a cor da letra.
Essas iniciativas são importantes para que as crianças não tenham pistas para identificar
os nomes através de tamanho, cores, etc., mas, sim, por causa das letras que o compõem.
É importante o educador saber como as crianças lidam com a leitura e a escrita de uma
forma geral, como enfrentam desafios e quanto são capazes de arriscar-se, colocando em jogo
suas hipóteses e compartilhando-as com os colegas. É fundamental que o educador dê grande
ênfase ao trabalho de leitura e escrita, como também que promova situações de conversas e
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discussões em que o valor social e a função da leitura e escrita estejam constantemente presentes
em sala de aula.
Sugestões de atividades:
Expor na sala, para futuras reflexões e consultas, a letra da música, poemas, parlendas
etc.
Ouvir a música através de disco ou cantada pelo educador.
Destacar algumas palavras para: contar o número de letras, colocar em ordem alfabética,
destacar a sonoridade.
Procurar no dicionário o significado das palavras desconhecidas.
Escrita do texto no quadro, pelo educador, ditado pelas crianças. Eles vão cantando ou
declamando e o educador registra verso por verso. Através desta atividade, eles
perceberão que existe certa correspondência entre o que se fala e o que se escreve;
Distribuir a canção ou poemas mimeografados e pedir as crianças que pintem os espaços
entre as palavras (fronteiras vocabulares).
Fazer caça-palavras com algumas palavras da canção. Passar o lápis em torno delas e
reescrevê-las no papel.
Fazer a diagramação da música ou poema, com sentenças ou palavras do texto.
Trabalhar a forca ou texto lacunado com algumas palavras do poema ou canção.
Distribuir a letra da canção para que as crianças façam a pseudoleitura.
Reescrever a letra da música, parlenda ou poema, em dupla.
Expor em sala a música ou o poema com letra de tipos diversos.
Fazer cruzadinhas e outros passatempos com palavras do texto escolhido.
Remontar a letra da canção ou poema a partir de sentenças, palavras, letras móveis etc.
Dramatização da música associada à expressão corporal.
Jogos: bingos, baralhos, dominós, memórias etc., com palavras e frases do texto.
Procurar palavras do texto no dicionário.
Reconstruir o poema ou a canção a partir dos fragmentos desordenados, usando os
indicadores textuais.
MÉTODOS E METODOLOGIAS DE
ALFABETIZAÇÃO
Autor: Isabel Cristina Alves da Silva Frade,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE
o que está escrito, decompondo pequenas histórias em partes cada vez menores: orações,
expressões, palavras e sílabas). Os métodos sintéticos, por sua vez, partem das partes para
chegar ao todo. Dividem-se em métodos alfabéticos (se aprende primeiro as letras do alfabeto,
em seguida a formar sílabas e com essas as palavras); método de silabação (utilizado para
alfabetização de adultos, o método identifica palavras geradoras e as estuda através da divisão
silábica); e método fônico (através do ensino dos sons das letras, se faz correspondências entre
sons-letras).
Em outra perspectiva, a aprendizagem da leitura e da escrita se inicia na educação infantil
por meio de um trabalho com base na cópia de vogais e consoantes, ensinadas uma de cada vez,
tendo como objetivo que as crianças relacionem sons e escritas por associação, repetição e
memorização de sílabas. A prática em geral realiza-se de forma supostamente progressiva:
primeiro as vogais, depois as consoantes; em seguida as sílabas, até chegar às palavras.
Outra face desse trabalho de segmentação e sequenciação é a ideia de partir de um todo,
de uma frase, por exemplo, decompô-la em partes até chegar às sílabas. Acrescenta-se a essa
concepção a crença de que a escrita das letras pode estar associada, também, à vivência corporal
e motora que possibilita a interiorização dos movimentos necessários para reproduzi-las.
(BRASIL, 1998b, p. 120). Para que seja eficaz, o método deve ser adaptado à idade, ao contexto
social e às necessidades de quem aprende. O grande desafio para o professor é alfabetizar
letrando, associando, assim, teoria e prática. A alfabetização e o letramento devem, portanto, ser
trabalhados juntos, uma vez que são complementares. A questão então é quando começar.
MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
MÉTODO SINTÉTICO
Método sintético se divide em três tipos:
❖ Método alfabético ou soletrativo: é muito mais utilizado tendo como princípio que a
leitura parta da decoração oral das letras do alfabeto. A principal crítica a este método
está relacionada a repetição de exercícios.
❖ Método fônico: consiste no aprendizado através de associação entre fonemas e grafemas,
ou seja, sons e letras basearem-se no ensino do código alfabético, tem como crítica o
método da soletração.
❖ Método silábico: a aprendizagem é feita através de uma leitura mecânica do texto,
decifração das palavras. Nesse método as cartilhas são utilizadas para orientar os alunos
e são usados fonemas e seus grafemas.
Observações:
Aprendizagem ocorre por meio de letra por letra e sílaba por sílaba e palavra por palavra.
O indivíduo é capaz de perceber os símbolos gráficos de uma forma geral.
Dificuldades de compreender e criar textos, a leitura dura pouco.
MÉTODO ANALÍTICO
Método analítico se divide em três:
• Palavração: a palavra é apresentada ao aluno acompanhado da imagem, porém é dirigida
aos detalhes da palavra como sílabas. Apalavra é composta e decomposta.
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Observações:
Método que analisa o todo (palavra).
Inicia-se com palavras frases ou contos.
Faz com que as crianças compreendam o sentido de um texto.
Não ensina a leitura através da silabação, estimulando a leitura e deixando o aluno a vontade.
Habilidades dos alunos devem ser consideradas.
Priorizar as habilidades de ouvir, falar e escrever.
Empregado desde a antiguidade até meados do século XIX, em vários locais cujo sistema
de escrita é o alfabético, o método alfabético pode ser considerado o mais antigo. Segue o
princípio geral dos métodos sintéticos, de centrar a atenção do aprendiz em unidades menores e
abstratas, a serem combinadas progressivamente. Em sua estrutura mais básica, propõe aprender
os nomes das letras do alfabeto, reconhecer cada letra fora da ordem, soletrar seu nome, decorar
alguns quadros de sílabas e depois tentar redescobri-las em palavras ou textos, a partir da
soletração – com separação por hifens ou espaços que vão guiando a oralização. No Brasil, é
comum o uso das expressões “Cartas de letras” ou “Cartas do ABC”, “Cartas de sílabas” e
“Cartas de nomes”, o que indica a sequência em que a soletração é exercitada.
A soletração/deletreação significa dizer o nome das letras ao visualizar sílabas e palavras,
com o objetivo de se traduzir em sons uma palavra visualizada. No entanto, a pronúncia do nome
da letra afasta o aprendiz do significado da palavra que ele soletra. Felisberto de Carvalho
descreve várias formas da antiga soletração praticada no Brasil, no final do século XIX: para as
sílabas ra e so: erre ...á... rá; esse ...ó... só; a forma visual Ba-na-na poderia ser
soletrada como be a ba – ba; ene a na – bana – ene a na banana... ou be a ba; ene a na; ene a
na... banana. No método de soletração moderna, também chamado Port-Royal, criado por
gramáticos franceses, atribui-se às consoantes um “nome” que visa a aproximar o nome da letra
de seu valor sonoro no contexto de uma palavra. No Brasil, esse alfabeto seria pronunciado como
na canção ABC do Sertão, de Luiz Gonzaga: a, bê, cê, dê, fê, guê, lê, mê, nê, pê, quê, rê, tê, vê e
zê. Nesse caso, a palavra mola seria soletrada como mê o mo lê a lá... mola.
Os silabários (listas ou tabelas com diversas sílabas) podem variar conforme os idiomas
e o número de ocorrências de combinações entre letras apresentadas para o aprendiz. As sílabas
são aprendidas como uma sequência de letras que são soletradas e, devido à falta de sentido desse
segmento, era comum colocar os alunos para cantarem as combinações, o que se
denomina cantilena.
No Brasil, ao final do século XIX, um dos livros mais editados, o Primeiro Livro de
Leitura, de Abílio Cesar Borges, apresenta um método alfabético com quadros de sílabas bem
simplificados, apenas na ordem consoante seguida de vogal, como ba be bi bo bu, e quadros de
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nomes com palavras monossílabas, dissílabas e trissílabas, que são soletradas e aplicadas em
pequenas expressões como “O boi lá vai/Dá no boi/Quer bom chá?/O chá tem sal”.
Várias críticas ao método têm destacado a memorização e a falta de sentido. Há, contudo,
registros de práticas alternativas, como alguns abecedários cristãos na França, cuja soletração se
fazia em torno de orações conhecidas.
O método de soletração faz parte da tradição da transmissão da escrita e, mesmo proscrito
das práticas pedagógicas escolarizadas, continua a ser adotado em algumas regiões do Brasil, em
espaços domésticos e escolares, e ainda são vendidas “Cartas do ABC”. Deve-se ressaltar que o
conhecimento do alfabeto permanece fundamental, como uma das convenções da escrita, sendo
trabalhado em livros didáticos, abecedários temáticos, letras móveis ou cartazes elaborados por
alfabetizadores.
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O método fônico ou fonético integra o conjunto dos métodos sintéticos que privilegiam
as correspondências grafo fônicas. Seu princípio organizativo é a ênfase na relação direta entre
fonema e grafema, ou seja, entre o som da fala e a escrita. Este método surge como uma reação
às críticas à soletração, e seu uso é mencionado na França, por Vallange, em 1719; na Alemanha,
por Enrique Stefhani, em 1803; e é trabalhado por Montessori, na Itália, em 1907.
Neste método o ensino se inicia pela forma e pelo som das vogais, seguidas pelas
consoantes. Cada letra (grafema) é aprendida como um som (fonema) que, junto a outros
fonemas, pode formar sílabas e palavras. Para o ensino dos sons, há uma sequência que deve ser
respeitada – dos mais simples para os mais complexos.
Para atenuar a falta de sentido e aproximar os alunos de algum significado, foram criadas
variações do método fônico, com diversas formas de apresentação dos sons: seja a partir de uma
palavra significativa, de uma palavra vinculada à imagem e ao som, de um personagem associado
a um fonema, de uma onomatopeia ou de uma história. Geralmente, as lições do método
fônico apresentam-se com palavras ou pequenos textos, e é no Manual do Professor que se
explicita em que momento se farão as apresentações de letras/grafemas, assim como qual recurso
vai servir para a emissão dos fonemas.
Na Cartilha Nacional, de Hilário Ribeiro, publicada por volta de 1880, sugere-se ao
professor uma forma de destacar o som, seja em posição inicial ou no meio da palavra, conforme
o exemplo “o professor pronunciará vvvvá e em seguida perguntará às crianças: o que é que soa
antes do a? Naturalmente, os alunos aproximarão o lábio inferior dos dentes de cima e emitirão
a voz inicial vvvv vocalizada pelo professor”. No livro Minha Abelhinha, os sons/fonemas
também são relacionados a uma história: “Um dia a abelhinha viu, lá no céu, uma pipa
balançando pra lá e pra cá… Quando o vento batia na pipa com força, ela fazia um barulhinho
assim: p...”.
No livro É tempo de aprender, há uma pergunta relacionada a uma onomatopeia e a uma
história que liga os personagens numa trama, como “a cobrinha ou a serpente silvando ssss….”.
No livro Casinha Feliz, as consoantes são consideradas como ajudantes das vogais: “esse
ajudante que parece um martelo, que tem uma perna bem comprida, é o ajudante do papai. Ele
quer dizer papai, mas só faz um barulhinho assim: p p p. Parece um martelo batendo de leve”. O
destaque ao fonema isolado é ainda hoje empregado em alguns materiais que utilizam cartazes
com figuras que ajudem a destacar a letra e seu som em posição inicial e o fonema em posição
final, sendo que este é emitido várias vezes pelos alunos e pelo professor (ao ver a letra M,
pronunciam mmmmm…).
Uma das principais críticas dirigidas a esse método de alfabetização refere-se à
impossibilidade de que um fonema que aparece na corrente da fala de forma contextualizada seja
pronunciado sem apoio de uma vogal. Além disso, na língua portuguesa, há poucas relações
biunívocas (termo a termo) entre letras e sons, pois uma mesma letra pode representar diferentes
41
sons, segundo sua posição, e um mesmo som pode ser representado por diferentes letras, também
segundo sua posição. Assim, o sistema de escrita é uma representação complexa e suas
propriedades precisam ser compreendidas pelo aprendiz, por meio de diversas abordagens e
estratégias. A apreensão da função que o fonema exerce na palavra pode ser focalizada quando
as crianças discriminam palavras que começam ou terminam da mesma maneira e observam sua
forma escrita; quando comparam o comportamento de um fonema em várias posições, através da
fala e da escrita, como em rato, arco, cantar; quando observam o que altera quando se muda
apenas uma letra inicial em palavras como bala, cala, fala, por comparação e contraste – entre
outras estratégias de ensino sistemático das correspondências som-grafia.
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MÉTODO SILÁBICO
Autor: Isabel Cristina Alves da Silva Frade,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,
Posicionado no grupo dos métodos sintéticos, que se organizam das partes para o todo,
o método silábico se caracteriza pela apresentação visual de sílabas prontas, sem forçar a
articulação das consoantes com as vogais, e sem destacar as partes que compõem a sílaba. O
princípio básico é que a consoante só pode ser emitida se apoiada na vogal; logo, somente a sílaba
(e não as letras) pode servir como unidade linguística para o ensino inicial da leitura.
No desenvolvimento do método, geralmente é escolhida uma ordem de apresentação “do
mais fácil para o mais difícil”, ou seja, das sílabas “simples” para as “complexas”. Em várias
cartilhas, o trabalho inicial deste método centra-se nas vogais e em seus encontros, como uma
das condições para a sistematização posterior das sílabas. Muitas delas apresentam desenhos e
palavras-chave cujas sílabas iniciais, realçadas em outras cores e tipos gráficos, são apenas
apresentadas e depois destacadas das palavras e memorizadas em grupos silábicos. As famílias
silábicas são inicialmente compostas por consoante e vogal (da, de, di, do, du) e recompostas
para formar novas palavras. Gradativamente, pequenas frases e textos são propostos, a partir de
combinações entre sílabas já estudadas. Em geral, a preocupação em focar a sílaba é maior do
que a preocupação com o sentido e as estruturas das frases e dos textos.
O método silábico nem sempre é concretizado da mesma forma nos livros didáticos.
Felisberto de Carvalho defendia que o método de emissão de sons não deveria mostrar à criança
as letras isoladas, como na escrita, mas sons e articulações como na palavra falada. Seu Primeiro
Livro de Leitura, publicado em 1892, apresentava as sílabas em forma de monossílabos
significativos, apoiados no desenho – como pá, pé – ou palavras dissílabas sem distinção gráfica
(como dado) ou com leve separação gráfica (como da- do), com ou sem apoio de desenhos.
Desde a primeira lição, estas já eram aplicadas em expressões e frases. A Cartilha
Sodré, publicada na década de 1940, apresenta mais de uma sílaba em cada lição, mas escolhe
sílabas com uma mesma vogal, visando a reduzir o número de sílabas para o aprendiz. A partir
da ilustração de uma pata nadando, aparece na primeira lição: “A pata nada./ Pata, nada/ Pa na
/pata papa”.
O método silábico atende a um princípio importante e facilitador da aprendizagem:
quando falamos, pronunciamos sílabas, e não letras ou sons separados, e opera com um
fragmento que pode ser reconhecido sem preocupação sobre sua relação direta com o som da
fala. Existem várias sílabas que comportam mais letras do que os sons que pronunciamos; há
letras que têm mais de uma representação sonora ou sons representados por mais de uma letra;
há sílabas de uma a cinco letras que podem ser decifradas num bloco silábico único, e não
elemento a elemento.
Na escrita alfabética, em geral, aparecem vários tipos de combinações silábicas na mesma
palavra. Portanto, dois procedimentos são importantes para os processos de registro escrito e
decodificação na leitura: a análise fonológica da sílaba, como segmento que compõe a cadeia
43
sonora da fala e seu registro escrito, e a segmentação de palavras escritas em sílabas a serem lidas
numa dada sequência.
MÉTODO GLOBAL
Autor: Isabel Cristina Alves da Silva Frade,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,
O método global integra o conjunto dos métodos analíticos que se orientam no sentido do
todo para as partes. Defende que a criança percebe as coisas e a linguagem em seu aspecto global,
que a leitura é uma atividade de interpretação de ideias e que a análise de partes deve ser um
processo posterior.
No final do século XIX e início do XX, o método global encontra sólido apoio na teoria
de Decroly, psicólogo e educador belga, para quem a aprendizagem das crianças ocorreria através
de observações, associação e expressão de ideias. Outro apoio ao método é atribuído ao psicólogo
suíço Claparède, que defendia dois grandes princípios, baseados na teoria alemã da Gestalt, ou
da ‘forma’: ir do simples para o complexo significa ir do todo às partes; a palavra e a frase
oferecem à criança uma configuração total, ou um perfil geral necessário a esse movimento.
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No início do século XX, registram-se várias críticas aos silabários e aos métodos que
apresentam a língua deslocada dos significados para a criança. Em Minas Gerais, em 1907, o
autor Arthur Joviano cria seu método de palavração. Ao contrário dos adeptos do uso da
ilustração, esse autor condena o uso de recursos que não sejam a forma da palavra. Segundo ele,
o aluno deveria ligar a ideia à forma e, assim, a palavra “se desenhará na sua retina, figurando-
se como se fosse a própria constituição orgânica da ideia expressa”. Seu livro apresenta lições
com várias listas de palavras já exploradas oralmente em classe. As palavras impressas em listas
aparecem em colunas, em diferentes posições, para que o aluno as reconheça em qualquer
posição. Sugere-se que a decomposição ou análise seja empreendida apenas com algumas poucas
palavras retiradas dessas listas, para serem reconhecidas globalmente, bem depois do tempo da
lição de apresentação inicial, com o intuito de não incentivar demasiadamente o trabalho de
decomposição.
O método de sentenciação enfatiza a sentença como unidade que, depois de reconhecida
e compreendida globalmente, será decomposta em palavras e, finalmente, em sílabas. Um outro
procedimento é a estratégia de comparar palavras e isolar elementos nelas reconhecidos, para ler
e escrever palavras novas.
Braslavsky descreve o método da frase com um significado similar ao método de
sentenciação, destacando que nele se faz o uso de um grupo de palavras com sentido desde o
começo da alfabetização. Segundo a autora, o ponto de partida são atividades de expressão oral
das crianças, cujos enunciados são simplificados em orações simples e escritos em faixas de
distintos tamanhos, exibidas na sala de aula para que as crianças possam ilustrá-las, conservando-
as numa certa ordem. Essas frases podem depois ser consultadas para que as crianças encontrem
novas palavras e combinações.
d e parlendas e outras mais frequentes, que posteriormente podem ser usadas para análise e
comparação de segmentos menores como letras, sílabas e palavras.
Segundo Gilda Rizzo Soares, o método natural foi implementado no Brasil em 1946, no
Instituto de Educação do Rio de Janeiro, a partir de estudos de Heloisa Marinho, em colaboração
com Lourenço Filho, inspirados em pesquisas alemãs. Sua análise comparativa de métodos de
alfabetização apontou relações entre método global e método natural, com algumas diferenças:
no segundo, haveria uma produção mais “espontânea” de textos, escritos pelas crianças, a partir
de um repertório mínimo de palavras conhecidas pela classe. A esse repertório poderiam ser
acrescidos substantivos e verbos de ligação, desenhos, atividades e jogos para análise sonora e
gráfica que levam a criança a perceber o som dentro do todo o audiovisual da palavra – entre
outros, o jogo “preguicinha”, com objetivo de desenvolver o reconhecimento de sons e letras, a
partir da emissão oral da “melodia” da palavra inteira, apresentada lentamente.
Segundo Anne-Marie Chartier e Jean Hébrard, o método natural foi utilizado pelo
pedagogo francês Freinet e assumido por ele como uma adesão ao método global de leitura – que
teve seu auge em 1960 –, com foco na produção escrita. Nessa atividade, a criança teria
necessidade de solicitar a um adulto um modelo gráfico das palavras e sua motivação seria
mantida por incentivos para que se comunicasse à distância. A leitura, assim, seria consequência
da escrita. Na prática do método em escolas francesas, após discussões livres, os professores
encaminhavam com a classe a escrita de uma frase ou texto, lido, copiado no caderno e depois
impresso, com a escolha dos alunos “tipógrafos do dia”. Além disso, era registrado em cartolina
e cortado em tiras, para ser remontado. A questão da decodificação só se tornava necessária em
determinada época do ano, na qual os alunos trocavam arquivos entre salas e era necessário ler
palavras novas. O professor intervinha, com comparação entre as palavras novas e as
memorizadas, propondo a análise em forma de jogo.
A produção de uma imprensa pedagógica tem, então, uma centralidade no método natural
de Freinet. Nessa pedagogia, as crianças escrevem porque é preciso realizar um jornal escolar e
trocar correspondências, e não apenas para cumprir uma atividade escolar, escrevendo para
pessoas que estão presentes. Percebe-se, assim, que a produção de textos visava a cumprir uma
função social, contribuindo para uma vivência democrática na escola.
O trabalho de alfabetização denominado linguagem integral por Ana Teberosky e Teresa
Colomer segue princípio semelhante ao do método natural e privilegia a escrita e a leitura,
quando essas se fazem necessárias. Acredita-se que as crianças aprendem a ler e a escrever em
situações de imersão em seus diversos usos sociais, em situações comunicativas e em
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Ainda que a referência mais conhecida seja Método Paulo Freire, este autor jamais criou
um método de alfabetização. Proposta é um termo mais adequado aos fundamentos defendidos
pelo educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997). Um deles consistia na criação de um “Círculo
de Cultura”, constituído por uma turma de alfabetizandos e um professor orientador, que
incentivava os alunos a falarem de suas vidas na comunidade em que viviam. O Círculo era
também a forma espacial de disposição de alunos e professor na sala de aula, pois a “roda”
favorecia o diálogo, a interação entre todos.
A linguagem e o diálogo, elementos constitutivos da teoria mais ampla de Paulo Freire,
eram os pontos de partida para pesquisa, organização e levantamento investigativo do universo
vocabular e dos eixos temáticos significativos da vida dos alunos, a partir dos quais se definia o
material a ser utilizado na aprendizagem da leitura e da escrita. Ao tematizar com os alunos a sua
realidade, o orientador do Círculo enfatizava a conscientização e a superação da visão acrítica do
mundo, a partir dos significados sociais discutidos e da seleção de palavras geradoras advindas
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ORALIDADE E ESCRITA
Autor: Anne-Marie Chartier, Isabel Cristina Alves da Silva Frade,
Instituição: Laboratoire de Recherche Historique Rhône-Alpes / École Normale Supérieure de
Lyon/França, Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação -
Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE
(Tradução de Ceres Leite Prado)
ágrafas (sem escrita) quanto com crianças que convivem cotidianamente com a escrita. Já a
Sociologia analisou a face oculta da cultura escolarizada, os saberes inscritos em redes de poder,
a violência simbólica das classificações eruditas vinculadas exclusivamente ao domínio da
escrita.
A existência da escrita acarreta várias consequências na construção de registros, na
mudança de lugares de poder e nos sistemas de funcionamento da sociedade. A escrita modifica
o sistema jurídico (contrato escrito versus palavra dada), confere à pessoa instruída autoridade
sobre o iletrado –, mas não anula as culturas populares em que persistem tradições orais e
transmissões práticas. A oposição popular/erudito, que reduz a cultura escrita aos discursos
teóricos mais formais, esquece que os letrados também falam e que, simultaneamente ao uso da
escrita, a oralidade é uma modalidade fortemente presente nas interações sociais.
A oposição oralidade/escrita aponta não só as distâncias e transferências entre a voz e a
letra, mas também sua coexistência instável nas diversas interações sociais que praticamos. As
novas mídias que circulam na sociedade e na escola mesclam recursos orais, verbais e visuais,
colocando em questão as grandes divisões entre o que constitui as especificidades da escrita e as
da oralidade. As mídias audiovisuais nos habituam a considerar como oral o que é uma escrita
falada: apresentadores de rádio e televisão leem textos previamente elaborados; palestrantes e
conferencistas também preparam suas falas por escrito, mas é preciso dar a esses usos da palavra
a aparência de uma expressão oral espontânea.
A escola trabalha com uma cultura escrita, com dispositivos que são organizados pela
escrita, como livros, cadernos, fichários, quadros e tabelas. Os escritos que circulam nesses
materiais acabam conduzindo a um modo de se expressar e pensar que é nutrido pelo modelo
escrito e pelos poderes da escrita. No entanto, a escola é, além disso, espaço de encontro de
culturas da oralidade, quando os alunos produzem textos orais de sua tradição familiar e de seus
grupos de convivência, quando diferentes falares convivem no espaço escolar, quando muitos
conhecimentos são transmitidos pela via da oralidade. A presença de escritos na vida social ou
escolar e as tecnologias têm modificado as fronteiras entre a escrita e a oralidade: fala-se a
distância (por telefone), a pessoas ausentes (recados na secretária eletrônica); dialoga-se por
escrito (através de e-mails, chats, tweets). O oral passa a deixar seus traços em registros escritos
e os numerosos escritos podem ser efêmeros como a fala. A grande diferença entre os modos de
funcionamento oral e escrito deve ser relativizada quando as sociedades se tornam letradas. Além
disso, a existência da escrita não é marco para estabelecer o fim de algumas práticas sociais que
ocorrem numa cultura típica da oralidade.
Referências:
BOURDIEU, P. A distinção: critica social do julgamento.Porto Alegre: Zouk. 2013.
GOODY, J. A domesticação da mente selvagem. Petrópolis: Vozes, 2012.
LEVI-STRAUSS, C. O pensamento selvagem. São Paulo: Nacional, 1976.
VIGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987. (Coleção
Psicologia e Pedagogia)
de como, individualmente, as crianças escrevem, buscando respostas sobre o que leva alguém a
escrever algo, mesmo antes de saber escrever. Essa busca conduz aos contextos sociais e
coletivos de produção dos conhecimentos prévios sobre a escrita, que são construídos nas
vivências socioculturais das crianças.
Assim, a compreensão dos conhecimentos prévios sobre a escrita supõe a atenção dos
professores a essas condições de contextualização: o que se escreve, para quem, como, quando,
com quais objetivos, ou seja, todas as dimensões que possam afetar alguém e que o levem a
escrever algo para outrem. Dessa forma, as crianças apropriam-se do sistema de escrita e de suas
funções sociais por meio da observação da escrita em funcionamento e das tentativas de utilizá-
la. Elas o fazem pela imitação do outro nas relações interpessoais; as apropriações ocorrem, em
cada pessoa, de forma particular e intersubjetiva.
Para que a linguagem escrita historicamente desenvolvida pela humanidade se converta
em linguagem escrita das crianças, necessita-se de complexos processos de desenvolvimento
infantil; não basta ensinar apenas letras que formam palavras (a escrita), mas a linguagem escrita
– concebida, neste referencial, como um sistema especial de símbolos e signos cujo domínio
significa uma virada crítica em todo o desenvolvimento cultural das crianças. Assim, segundo
Vygotsky e Luria, a escrita percorre um caminho, uma gênese que começa muito antes de as
crianças entrarem para as escolas. Tem início nos gestos que elas fazem e que ganham sentido
nas interações com os outros: “o gesto é a primeira escrita no ar e o signo escrito é o gesto que
se fortalece”. Ao mesmo tempo em que desenham, as crianças pequenas fazem gestos e escrevem
garatujas para significar seus pensamentos, emoções e ações. Dessa forma, gesto, brincadeira,
desenho, rabiscos mediados pela fala constituem momentos diferenciados de um processo
unificado de desenvolvimento dos conhecimentos prévios sobre a escrita. Representam, portanto,
a pré-história da escrita, porque levam as crianças da prática social da escrita à simbolização da
escrita.
Como implicação pedagógica dessa compreensão, decorre que as crianças não precisam
adquirir uma prontidão para escrever, como um condicionante prévio para a alfabetização,
reduzida a treinos mecânicos e desprovidos de sentido. As crianças precisam, efetivamente, de
praticar e produzir significações para a escrita, mesmo antes de aprender a escrever.
Referências:
LURIA, A. R. O desenvolvimento da escrita na criança. In: Vygotsky, L. S. et al. Linguagem,
desenvolvimento e aprendizado. São Paulo: Ícone/Edusp, 1988.
ROCCO, M. T. F. Acesso ao mundo da escrita: os caminhos paralelos de Luria e Ferreiro.
Cadernos de Pesquisa, n. 75, nov. 1990.
A escrita coletiva é uma estratégia que pode ser utilizada com objetivos distintos em uma
sala de aula. Ela envolve grupos de alunos ou toda a turma e o professor que, necessariamente,
atua como mediador no processo de elaboração textual. A produção coletiva de textos pode ser
desenvolvida com crianças que ainda não estão alfabetizadas e, também, com crianças em
processo de consolidação das habilidades de ler e escrever, contribuindo significativamente para
o aprendizado da escrita.
A produção coletiva com crianças ainda não alfabetizadas favorece a compreensão de que
um texto escrito necessariamente deve atender a uma determinada estrutura. Assim, é importante
que todos tenham clareza sobre o quê, para quem, com que finalidade e como se vai escrever. A
atividade é desafiadora, pois a construção coletiva implica ouvir o outro, suas ideias e opiniões,
e estar atento ao processo de elaboração que é conduzido pelo adulto professor. A cooperação e
a colaboração do grupo, portanto, é fundamental uma vez que ela envolve tanto apresentar e
defender uma ideia quanto alterar, questionar, rejeitar, deixar em segundo plano ou excluir a ideia
apresentada. Ao professor cabe mostrar como o processo de construção da escrita exige uma
organização coerente das ideias para que os outros compreendam o que se pretende comunicar.
A produção de uma narrativa, por exemplo, envolve determinada estrutura, sequência lógica dos
fatos, coerência e coesão textuais. Se o objetivo da escrita for a elaboração de um cartão, outros
aspectos estarão em evidência.
A escrita coletiva com crianças já alfabetizadas e que estão inseridas em práticas letradas
em que o texto está presente envolve aspectos relacionados à macro e à microestrutura do texto,
como o emprego de recursos coesivos específicos que, por exemplo, eliminem ou minimizem as
repetições e que garantam a continuidade e a progressão textual. Uma vez que as crianças já estão
imersas em práticas em que o texto escrito é objeto de análise (tanto na leitura quanto na produção
de textos), a escrita coletiva configura-se como uma importante estratégia para se trabalharem
aspectos como a ortografia, a extensão dos períodos, a pontuação, entre outros.
As crianças apresentam diferentes condições ao participarem do processo de construção
coletiva de um texto, dependendo da etapa de escolarização em que se encontram. Nos anos
iniciais, no ciclo da alfabetização, a participação das crianças inicialmente, aos 6 anos, por
exemplo, está voltada para o conjunto das ideias. Assim um grande volume de ideias emerge no
momento da produção. À medida que avançam para os 8/9 anos, elas já começam a compreender
que as ideias necessariamente precisam estar vinculadas a aspectos formais que garantem a
organização do texto. No processo de construção coletiva de textos escritos, o professor sinaliza
e estabelece uma interlocução garantindo novas aprendizagens. Ele é mais que um escriba das
ideias do grupo.
Referências:
FERREIRO, E. O ingresso na escrita e nas culturas do escrito: seleção de textos de pesquisa.
Cotez, 2013.
JOLIBERT, J. et al. Formando crianças produtoras de textos. Porto Alegre: Artes Médicas,
1994.
TEBEROSKY, A. Psicopedagogia e linguagem escrita. Campinas: UNICAMP, 1990.
56
ESCRITA ESPELHADA
Autor: Valéria Barbosa de Resende,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE
A escrita espelhada pode ser caracterizada por dois tipos de ocorrências: as rotações de
letras e a mudança da posição da letra no interior da palavra. Nas rotações, as letras são rodadas
sobre o próprio eixo; temos, por exemplo, as inversões das letras: p e q, b e d, u e n. A mudança
de posição ocorre quando uma letra tem sua localização modificada dentro da palavra; por
exemplo, a criança escreve anso para anos, ou coraçoa para coração. A escrita espelhada é uma
ocorrência comum e frequente nos primeiros anos de escolarização e não pode ser considerada
como indício de distúrbios e patologias.
Antes da contribuição de vários estudos linguísticos que se ocuparam dessas ocorrências,
apresentando explicações que subvertem a lógica do erro, vigorou na Pedagogia uma perspectiva
organicista, pois o espelhamento de letras era entendido como um problema de natureza
neuropsicomotora e de domínio espacial, cuja explicação estava relacionada ao conflito entre
hemisférios direito e esquerdo do cérebro, falhas na percepção visual, na lateralidade, no
esquema corporal ou em noções espaço-temporais.
No Brasil, o trabalho de Cacilda Cuba dos Santos, na década de 1970, seguiu essa
tendência de análise, apontando erros típicos que podem ocorrer tanto na escrita quanto na leitura:
confusão entre letras simétricas (p/q; n/u; d/b), inversão da ordem das letras dentro de uma sílaba
(pal/pla). Disseminou-se a crença, tanto no meio clínico quanto no meio escolar, de que as
inversões de letras poderiam ser indícios definidores da dislexia. Com base na perspectiva
psicogenética piagetiana, pode-se explicar a escrita espelhada a partir de outros argumentos, que
vão além dos aspectos viso espaciais, e romper com uma explicação de caráter patológico. A
referência está calcada nos aspectos próprios do desenvolvimento cognitivo infantil, na
construção da noção de realidade, mais especificamente, a noção de permanência e de invariância
do objeto. Uma das principais descobertas da criança é a compreensão de que os objetos podem
ter uma existência independente e que eles possuem propriedades invariáveis.
Assim, a partir do desenvolvimento dessa capacidade, uma criança pode reconhecer seus
pais, bem como outras pessoas que lhe são familiares, independentemente da posição em que se
encontrem. No caso da escrita, a situação é bem diferente, ou seja, a posição da letra determina
sua identidade, e esse aspecto precisa ser observado; por exemplo, quando o círculo estiver
voltado para baixo e para a esquerda, será a letra “d”; quando estiver voltado para baixo e para a
direita, será a letra “b”; quando o círculo estiver voltado para a direita e para cima, é a letra “p”;
e, por fim, se estiver voltado para a esquerda, será a letra “q”, ou seja, a letra não é um objeto
que pode modificar de posição e se manter como ‘invariante’.
Conhecer as convenções da escrita e suas arbitrariedades é um primeiro passo para
solucionar os problemas que envolvem a escrita espelhada. A criança precisa ser orientada sobre
a necessidade de se levar em consideração a posição das letras, tomando como referência o
espaço gráfico, isto é, as margens do papel, a direção (da esquerda para direita) e o sentido (de
cima para baixo) da escrita. É importante mostrar para a criança que, além de sua permanência
como traço gráfico e sua convencionalidade, as letras também podem até mudar de som em razão
da posição que passam a ocupar; por exemplo, a letra R no início da palavra, como em ROMA
(som forte), e a letra R entre duas vogais, como em BARATA (som fraco).
A criança também precisa compreender que, se é invertido o PAL pelo PLA, ocorre
mudança sonora na leitura da palavra. Estudos recentes mostram que quanto mais a sílaba se
distancia do padrão CV (consoante vogal), mais chances tem o aprendiz de trocar a ordem das
57
letras - mas essas ocorrências estão num padrão de normalidade comum na fase inicial da escrita
e tendem a desaparecer no tempo de consolidação das aprendizagens.
Referências:
AJURIAGUERRA, J. A dislexia em questão: dificuldades e fracassos na aprendizagem da
língua escrita. Porto Alegre:Artes Médicas, 1984.
PIAGET, J. A construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
CUBA, C. C. Dislexia específica de evolução. São Paulo: Sarvier, 1975.
ZORZI, J. L. Aprendizagem e distúrbios da linguagem escrita: questões clínicas e educacionais.
Porto Alegre: Artmed, 2003.
ESCRITA ESPONTÂNEA
Autor: Sara Mourão Monteiro,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE
Considerando que nosso sistema de escrita é alfabético, a escrita espontânea pode ser
compreendida como toda a produção gráfica da criança que se encontra em processo de
compreensão do princípio alfabético, mesmo quando ainda não domina este princípio. O
espontâneo designa essa possibilidade de escrever mais livremente, sem restrições e
preocupações em errar, seja na escola ou em situações cotidianas. Nas pesquisas que tomam o
desenvolvimento da aquisição da língua escrita pela criança como objeto de investigação, ela é
considerada uma importante atividade, por desencadear e revelar processos de reflexão do
aprendiz – uma vez que, para escrever, é necessário que pense nas características gráficas e
produza indagações sobre como grafemas (letras) representam os fonemas (sons) da palavra a
ser escrita.
Na prática de alfabetização, a escrita espontânea se torna uma importante estratégia
pedagógica. A escrita de palavras e/ou de frases, orientada pelos diferentes níveis de
conceitualização da escrita e pelos conhecimentos prévios das crianças a respeito desse sistema
(conhecimento das letras, por exemplo), faz com que elas formulem e reformulem suas hipóteses
sobre o funcionamento do sistema de escrita. Isso se torna mais evidente quando as crianças têm
a oportunidade de analisar suas escritas por meio do confronto com as escritas dos colegas e/ou
com a forma ortográfica da palavra. Nesse sentido, os professores, preparados para orientar a
reflexão das crianças sobre suas produções escritas, fazem com que elas observem, comparem,
identifiquem aspectos sonoros e gráficos das palavras e revisem suas produções escritas. Todos
esses processos podem ser realizados tanto por meio de intervenções individuais quanto por
interações em pequenos grupos.
A escrita espontânea também é usada, na prática pedagógica, como estratégia de
acompanhamento e avaliação do processo de aprendizagem das crianças, por professores e
equipe pedagógica das escolas. Analisando as produções espontâneas dos alunos, esses
profissionais podem se aproximar das primeiras intuições infantis sobre a representação da
escrita, das constantes hipóteses formuladas por elas ao longo do processo e de seus avanços
conceituais em relação à representação da escrita. Dessa forma, a escrita espontânea, além de
fundamentar o repertório de estratégias pedagógicas, contribui, de forma significativa e geral, na
definição da prática docente de alfabetização.
Referências:
FERREIRO, E. O ingresso na escrita e nas culturas do escrito: seleção de textos de pesquisa.
Cortez, 2013.
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FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas,
1985.
TEBEROSKY, A. Psicopedagogia e linguagem escrita. Campinas: UNICAMP, 1990.
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
Autor: Maria Elisa de Araújo Grossi,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Centro Pedagógico
A contação de histórias é uma arte que pode ser desenvolvida por qualquer pessoa que
aprecia narrativas, que queira se envolver com elas e que tenha voz e memória. Faz parte da
tradição de vários povos desde os mais antigos tempos – narrativas orais são passadas de geração
a geração desde o início da humanidade, num movimento incessante de recriação. O contador de
histórias cria imagens que ajudam a despertar as sensações e a ativar no ouvinte os sentidos:
paladar, audição, tato, visão e olfato. Assim, suas narrativas são carregadas de emoção e repletas
de elementos significativos, como gestos, ritmo, entonação, expressão facial, silêncios... Esses
elementos proporcionam uma interação direta com o público e implicam improvisação e
interpretação.
Contar uma história é diferente de ler uma história, e na escola há espaço para as duas
práticas. O contador recria o conto junto com seu auditório. Ele conserva algumas partes do texto,
mas modifica-o, de acordo com a interação que estabelece com o público. Já o leitor de histórias
empresta sua voz ao texto, respeitando a estrutura linguística da narrativa, bem como as escolhas
lexicais do autor. Muitas vezes a contação de histórias abre caminho para que muitas outras
leituras do texto contado sejam feitas. Praticada nos mais variados estilos e em diferentes lugares,
na escola o seu papel é fundamental, pois desperta o interesse dos alunos e estimula o desejo pela
leitura de livros literários. Uma história é capaz de emocionar e de surpreender o ouvinte pela
forma como é contada. Sabe-se que as crianças vivenciam na instituição escolar experiências
significativas e duradouras. A contação de histórias é uma dessas experiências que contribuem
para a permanência do gosto pela literatura para além da infância. Daí a importância de propiciar
à criança oportunidades de ouvir muitas histórias, que podem ser lidas ou contadas de memória.
Todo professor pode se tornar um contador de histórias. No início, basta que ele leia
diferentes tipos de histórias para os alunos. Aos poucos, ele vai se apropriando das narrativas e
começa a querer contar aquelas de que mais gosta. Cada contador, usando suas habilidades,
encontra a sua forma de contar histórias – e começa a dar vida a elas. Algumas sugestões são
importantes para quem deseja se aventurar pela arte de contar histórias: é recomendável uma
leitura prévia minuciosa do conto, buscando apreender o seu sentido mais profundo, ou seja,
buscando compreender a sua essência; é interessante, também, que se faça uma divisão do conto
em cenas ou partes principais, e que se identifique a estrutura da narrativa; por fim, é bom
conhecer bem os personagens e as situações que eles vivenciam na sequência narrativa.
Referências:
PAIVA, A; PAULINO, G; PASSOS, M. Literatura e leitura literária na formação escolar:
caderno do professor. Belo Horizonte: Ceale, 2006.
MATOS, G. A; SORSY, I. O ofício do contador de histórias: perguntas e respostas, exercícios
práticos e um repertório para encantar. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
59
ROTINAS NA ALFABETIZAÇÃO
Autor: Maria José Francisco de Souza, Kely Cristina Nogueira Souto,
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais-UEMG / Faculdade de
Educação, Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Centro Pedagógico/Escola de
Educação Básica e Profissional
Rotina é uma sequência de ações que situa o sujeito no tempo, propiciando-lhe uma
referência e uma organização. Ao planejar e organizar rotinas em turmas de alfabetização, é
necessário ter em mente os objetivos e as habilidades que se pretende atingir, levando em conta
os sujeitos envolvidos e os contextos de ensino e aprendizagem. A definição das atividades – o
que fazer, como e com que frequência – pode ser estabelecida a partir do diálogo entre
professores e alunos, e ser revista sempre que necessário, garantindo que todos conheçam as
atividades e se apropriem da dinâmica do trabalho, participando ativamente de cada proposta.
Ao contrário de monotonia e simples repetição, a rotina supõe dinamismo e precisa ser
construída a partir de dois aspectos fundamentais: (a) ser variada, isto é, possibilitar aos alunos
experiências diversificadas de trabalho, criando várias oportunidades de aprendizagem e
ampliação de habilidades, conhecimentos e contextos de aplicação; (b) ser sistemática e bem
estruturada, ou seja, possibilitar a presença frequente e previsível de certas atividades,
consolidando habilidades e experiências dos alunos. Assim, as rotinas possibilitam às crianças a
compreensão da noção de tempo, conduzem a certa regularidade de suas ações e lhes permitem
perceber a escola e a sala de aula como espaços em que as atividades podem ser planejadas,
previsíveis e autocontroladas, com maior ou menor grau de autonomia.
O início das atividades diárias em sala de aula com a construção ou retomada da rotina
possibilita que os participantes se situem quanto à dinâmica, aos intervalos e ao horário de saída,
e visualizem a distribuição do tempo, com a previsão de duração de cada uma das ações
propostas. Esses tempos devem ser avaliados e ajustados no desenvolvimento das atividades,
tendo em vista a necessidade de cumprir uma proposta previamente organizada, e de se
considerar o ritmo e o envolvimento da turma.
A construção da rotina, portanto, organiza o trabalho cotidiano e favorece que a sala de
aula seja um espaço dinâmico, com diversidade e sistematização de: (a) atividades que
contemplem os diferentes eixos de ensino (leitura, produção escrita, apropriação do sistema de
escrita alfabética, conhecimentos linguísticos e oralidade); (b) formas de organizar a turma
(individualmente, em duplas e em grupos); (c) oportunidades de leitura e de audição de textos
pertencentes a diferentes gêneros e tipos textuais; (d) condições para que os alunos possam
produzir textos de diferentes gêneros e tipos textuais, para diferentes interlocutores.
Além disso, as rotinas propiciam uma ampliação de tempos, para que as crianças
frequentem a biblioteca, participem de rodas de conversa e de contação de histórias, dentre outras
atividades. Assim, seu planejamento e execução devem contemplar tanto atividades permanentes
quanto sequências didáticas e projetos a serem desenvolvidos em determinado período de tempo.
Referências:
CASTANHEIRA, M. L.; MACIEL, F.; MARTINS, R. (Orgs.). Alfabetização e letramento na
sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica/Ceale, 2008.
FERREIRA, A.; ROSA, E. O fazer cotidiano na sala de aula: a organização do trabalho
pedagógico no ensino da língua materna. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
60
ATIVIDADE DIDÁTICA
Autor: Sara Mourão Monteiro,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE
A linguagem focalizada sob a perspectiva dos gêneros textuais se apresenta como matéria
suscetível a classificações. Dessa forma, textos e discursos podem ser identificados de acordo
com os usos e as funções que eles ganham nas situações comunicativas. Aquilo que é estável em
um gênero textual, ou seja, os elementos que nos levam a reconhecer uma notícia, um conto de
fadas, um anúncio, uma lenda, uma frase de para-choque de caminhão ou uma fábula, por
exemplo, resultam de experiências compartilhadas social e historicamente. Os estudos de gêneros
literários buscam identificar estabilidades que podem ser reconhecidas, podendo favorecer a
compreensão dos textos lidos e ouvidos que a literatura oferece.
Para Bakhtin, os gêneros não possuem formas fixas ou imutáveis. Eles possuem um grau
de instabilidade, por isso o autor preferiu defini-los como “tipos de textos relativamente
estáveis”. Essa dinâmica de constituição dos gêneros dá vida às criações literárias que reinventam
gêneros narrativos e poéticos, por meio da oralidade e da escrita. Nas classificações, deve-se
considerar, portanto, a força histórica orientadora do modo de agrupar e organizar o que se quer
compreender, que pode não ser a mesma para todas as sociedades e culturas.
A literatura infantil que hoje se publica para crianças bebeu em fontes variadas da tradição
literária, que se atualizam criativamente a cada geração de leitores – daí a importância de
identificá-las. Os nomes Contos de fadas, Contos maravilhosos, Contos da Mamãe
Gansa, Contos da Carochinha são algumas dessas formas de classificar que carregam uma
história. Falar de gêneros da literatura pressupõe, assim, o diálogo com a tradição e com formas
orais e escritas do texto literário, produzidas para crianças em diferentes épocas.
Por ter a literatura infantil o adjetivo que especifica o seu endereçamento, por muito
tempo ela foi tomada como um “gênero”, o que, de certa forma, ocultava a heterogeneidade de
gêneros que a constituía. Vale ressaltar que o conjunto de textos que nomeamos como “literatura
infantil” possui uma gama variada de gêneros literários que confirma essa heterogeneidade:
fábulas, poemas, contos, lendas, entre outros. Hoje podemos encontrar – dentro das amplas
denominações “poesia e narrativas para crianças” –, uma série de propostas que desafiam os
leitores no permanente jogo de aproximações e rupturas que a literatura favorece em relação à
tradição. No processo de renovação das histórias para crianças, observam-se modificações e, em
alguns casos, até mesmo cerceamentos, que apontam concepções de infância predominantes em
cada época.
Convém, ainda, ressaltar que os gêneros da literatura infantil se caracterizam pelo
equilibrado diálogo entre as imagens visuais e o texto verbal. Essa configuração, que lhe é
peculiar, instaura modos de ler sensíveis aos efeitos produzidos pelo e no entrelaçamento dessas
linguagens. Para isso, é preciso contar com a percepção de elementos como a cor, as formas, os
traços da composição visual, tomados como componentes das escolhas de estilo que dividem as
páginas com os textos verbais.
Referências:
BAKHTIN, M. M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
COELHO, N. N.. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.
CUNHA, M. A. A. Literatura infantil: teoria e prática. São Paulo: Ática, 1991.
HUNT, P. Crítica, teoria e literatura infantil. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
62
Sabemos que ao longo dos anos a educação preocupou – se em contribuir para a formação
de um indivíduo crítico, ético, responsável e atuante na sociedade, onde as trocas sociais
acontecem rapidamente através das diversas culturas, da leitura, da escrita, da linguagem oral e
visual.
A literatura infantil é compreendida como uma atividade que além de educar, diverte,
ensina e forma a criança para a vida em sociedade através de atividades prazerosas extraídas
direto dos livros de literatura, como, (contos, fábulas, lendas, gravuras, fantoches, dobraduras
etc.).
Os livros literários são ferramentas valiosas para o educador e para a escola, como um
meio propulsor para um ensino-aprendizagem significativo e qualitativo, desenvolvendo na
criança a linguagem, a oralidade, o conhecimento de diversas histórias, enriquecendo e
ampliando o vocabulário das mesmas, aproximando-as do universo da escrita, permitindo a livre
expressão para descreverem cenários e personagens.
A literatura infantil apresenta as crianças um universo de magia, emoções, sentimentos,
sentidos e significados, a partir da interação com o livro, com o mundo das histórias, onde
proporciona o desenvolvimento da imaginação, da criatividade, de valores culturais, éticos e
morais de forma prazerosa.
No processo de alfabetização/ letramento, a literatura infantil oferece objetivos
específicos de aprendizagem, as crianças passam a ver a literatura não só como forma inventada,
mas sem deixar de estar ligada á fatos reais, através do contato direto com a leitura, as imagens,
o contato individual e silencioso com o livro. A cultura implica no modo de ser da sociedade, e
a literatura sendo um fato cultural, acompanha esse desenvolvimento revelando dimensões
culturais. Como afirma Corsino (2009, p.57):
Ler o mundo, ouvir histórias são fatores que influenciam na formação do leitor, uma vez que a formação
do leitor se inicia nas suas primeiras leituras de mundo, na prática de ouvir histórias narradas oralmente
ou a partir de textos escritos, na elaboração de significados e na descoberta de que as marcas impressas
produzem linguagem
Como aplicar literatura infantil em diversos contextos sociais de forma em que as crianças
tenham curiosidade, sede de ouvir, ler, transformar e vivenciar personagens fictícios em reais?
Sabemos que toda criança em processo de desenvolvimento tem curiosidades, desde
então, a literatura infantil deve ser aplicada de maneira prazerosa, comunicativa e divertida, na
hora de contar uma história escolher um bom livro e deixar que as crianças imaginem a história
partindo de seu mundo de fantasias e encantamentos, fazendo com que as mesmas interagem
mais de perto com o enredo de seu interesse, usando de muitos recursos literários para atrair a
atenção das crianças e contextos diversificados, pois assim, sentirão mais descontração e alegria
em conhecer outros espaços, desenvolvendo muitas atividades, desde, uma simples narrativa,
livros de gravuras, mural didático, álbum seriado, DVD, teatro, máscaras, histórias sequenciadas,
alfabeto móvel etc.
Os recursos diversificados fazem toda a diferença e despertam nas crianças a sede de ler
e ouvir as histórias e querer imitar os personagens fictícios em reais, pois é através das histórias
que as crianças conhecem e imaginam um mundo de pura magia, onde brincam com as palavras,
63
CONFECÇÃO DE CARTILHA
GRUPO
O grupo será composto por 8 alunos ( é muito trabalho!!!!!!!!!!!!!!)
A elaboração da cartilha consistirá em muitas etapas
ETAPAS:
São 16 blocos para serem pensados e confeccionados
A cartilha deverá conter uma história dividida em 12 unidades
Todas as unidades juntas terão como intersecção o tema da cartilha
Cada unidade trabalhará alguns fonemas pré-determinados- já estarão escritos aqui
Da unidade 1 até a unidade 3 – os alunos não lerão os textos – os mesmos serão escritos e as histórias
contadas pelos professores. As palavras contidas em cada história (palavras – chave) deverão aparecer
nas histórias de cada unidade
A partir da 4ª unidade só poderá ter palavras que foram formadas A PARTIR DA COMUTAÇÃO das
sílabas apresentadas nas três primeiras unidades (cuidado e muita atenção!!!)
A partir da 4ª unidade os textos poderão ser cada vez maiores até chegar na 12 ª unidade com uma
historinha.
BLOCO 1
Parte 1 – TÍTULO DA CARTILHA = o nome do tema da cartilha – deverá constar em relevo o nome e a
capa deverá ser toda desenhada e pintada.
BLOCO 2
Parte 1 – SUMÁRIO – deve constar os nomes das 12 unidades com as respectivas páginas – só poderá
ser feita depois da cartilha pronta, mas podem deixar o lugar reservado para o sumário
BLOCO 3
Parte 1 – APRESENTAÇÃO DOS PERSONAGENS PRINCIPAIS – um em cada folha com o nome em letra
bastão
BLOCO 4
Parte 1 – UNIDADE 1 – NOME DA UNIDADE EM LETRA BASTÃO – desenho colorido utilizando a folha
toda.
Parte 2 – NOMES DAS PALAVRAS CHAVE -( são 3 palavras para cada unidade em letra bastão)
Parte 3- 5 EXERCÍCIOS SOBRE AS PALAVRAS CHAVE (os exercícios deverão ser com as palavras chave
da unidade e sempre em letra bastão)
Fonemas: B L M C
64
BLOCO 5
Parte 1 – UNIDADE 2 – NOME DA UNIDADE EM LETRA BASTÃO – desenho colorido utilizando a folha
toda.
Parte 2 – NOMES DAS PALAVRAS CHAVE -(são 3 palavras para cada unidade em letra bastão)
Fonemas: D N V
BLOCO 6
Parte 1 – UNIDADE 3 – NOME DA UNIDADE EM LETRA BASTÃO – desenho colorido utilizando a folha
toda.
Parte 2 – NOMES DAS PALAVRAS CHAVE -( são 3 palavras para cada unidade em letra bastão)
Fonemas: G T F P
BLOCO 7
Parte 1 – UNIDADE 4 – NOME DA UNIDADE EM LETRA BASTÃO – desenho colorido utilizando a folha
toda.
Parte 2 – NOMES DAS PALAVRAS CHAVE -( são 3 palavras para cada unidade em letra bastão)
Fonemas: NH J ÃO
BLOCO 9
Parte 1 – UNIDADE 6 – NOME DA UNIDADE EM LETRA BASTÃO – desenho colorido utilizando a folha
toda.
Parte 2 – NOMES DAS PALAVRAS CHAVE -( são 3 palavras para cada unidade em letra bastão)
Fonemas: H CH
BLOCO 10
Parte 1 – UNIDADE 7 – NOME DA UNIDADE EM LETRA BASTÃO – desenho colorido utilizando a folha
toda.
Parte 2 – NOMES DAS PALAVRAS CHAVE -( são 3 palavras para cada unidade em letra bastão)
Fonemas: RR SS
BLOCO 12
65
Parte 1 – UNIDADE 9 – NOME DA UNIDADE EM LETRA BASTÃO – desenho colorido utilizando a folha
toda.
Parte 2 – NOMES DAS PALAVRAS CHAVE -( são 3 palavras para cada unidade em letra bastão)
Fonemas: CE CI
BLOCO 15
Parte 1 – UNIDADE 12 – NOME DA UNIDADE EM LETRA BASTÃO – desenho colorido utilizando a folha
toda.
Parte 2 – NOMES DAS PALAVRAS CHAVE -( são 3 palavras para cada unidade em letra bastão)
Fonemas: SONS DO X
BLOCO 16
Nome do grupo / Turma /Disciplina / Ano