Você está na página 1de 5

Debate - argumentos contra

ARGUMENTOS

Falta de consideração da diversidade: Os rankings levam a uma hierarquização das


escolas que abrangem diversas classes sociais, ou seja, existe uma falta de
consideração pela diversidade de contextos e classes sociais que estão presentes
na maioria das escolas. Isto é um argumento contra os rankings uma vez que, as
escolas que contém alunos mais desfavorecidos ou com necessidades especiais,
por exemplo, acabam por ser penalizadas a nível de avaliação. Ou seja, estamos a
acabar por comparar o que é incomparável porque estamos a comparar os
diferentes alunos sendo que têm condições diferentes quer psicológicas, físicas e
habitus.

Falta de consideração para o progresso individual: Os rankings geralmente


comparam escolas com base nos resultados, ou seja nas médias dos exames, sem
ter em conta o percurso individual dos alunos ao longo do tempo. Uma escola pode
fazer um excelente trabalho ao tentar melhorar o desempenho dos seus alunos,
contudo pode ser subestimada, pois segundo os rankings apenas contam os
resultados dos exames.

Ênfase excessiva em aspectos académicos: Os rankings muitas vezes concentram-


se em aspectos académicos nomeadamente nos resultados e acabam por
desconsiderar aspetos importantes do desenvolvimento dos alunos tais como as
habilidades emocionais e criativas.Focam-se nos resultados e não se focam nas
dificuldades dos alunos, na possibilidade de ter acontecido algum aspecto familiar
ou pessoal que possa ter interferido com o seu desempenho e até com a sua saúde
mental que é um aspeto bastante importante pois os alunos não devem ser
desvalorizados devido à sua nota no exame final e deve ser considerado o
desempenho total do aluno.

Manipulação e distorção de dados: Algumas escolas podem ser tentadas a


manipular ou distorcer dados para melhorar sua posição nos rankings, o que pode
criar uma imagem falsa da qualidade educacional. Os mass media ao terem
liberdade para escolher quais os critérios que pretendem usar para publicar os
resultados que lhes são fornecidos pelo ministério da educação, também estão a
manipular os dados.

Ênfase na concorrência em detrimento da colaboração: A colaboração e entreajuda


entre colegas é bastante enfatizado no que se considera o ambiente escolar e o
processo de aprendizagem. Contrariamente a isto, temos os rankings que ajudam a
promover uma mentalidade competitiva entre as escolas, desencorajando a
colaboração entre alunos.
Contraste entre escolas públicas e privadas: Enquanto que as escolas públicas
apresentam uma diversidade económica entre os alunos e podem haver alunos de
diferentes classes sociais, nas escolas privadas apenas observamos alunos com um
habitus mais elevado o que lhes possibilita o acesso a explicações, a um ensino
mais particular/chegado ao aluno, acesso a fichas de apoio e até a uma valorização
da escola por parte dos pais. Vai haver uma diferença enorme nos rankings
escolares, devido à discrepância existente entre alunos do ensino privado e público
e claramente os colégios privados vão sobressair nesta questão porque nas escolas
públicas, devido ao elevado número de alunos não existe por parte dos professores
e pais um apoio tão chegado pelo que, nem todos os alunos iram conseguir obter
resultados mais elevados nos exames.

Média da escolaridade dos pais: através de dados estatísticos e de acordo com a


teoria de Pierre Bourdieu podemos referir que a média dos anos de escolaridade de
entre os pais de classe social média e elevada são os que apresentam a média de
resultados nos exames mais elevadas e o contrário também se verifica pois os pais
que apresentam escolaridade mais baixa, devido à influência que o habitus tem na
vida escolar de um aluno, os resultados dos exames de classes sociais mais baixas
são os que apresentam resultados mais baixos também.

Alunos beneficiários de ação social escolar: os alunos que beneficiam de ação


social escolar tendencialmente apresentam a média dos resultados dos exames
menor do que os alunos que não beneficiam pois, os alunos que beneficiam desta
ação escolar social são alunos de classes sociais mais baixas.

Em suma, muitos críticos argumentam que os rankings escolares são uma


simplificação excessiva e muitas vezes injusta da complexidade envolvida na
avaliação da qualidade educacional. Esses sistemas podem não refletir de forma
precisa a contribuição de uma escola para o desenvolvimento integral de seus
alunos.

EXEMPLOS:

o que pode influenciar:


● média dos anos de escolaridade entre os pais
● percentagem de alunos que beneficiam de ação escolar social
● percentagem dos professores do quadro escola
● percentagem de alunos inscritos no ensino regular e o total de alunos no
ensino básico e secundário
● percentagem de alunos que concluíram o 12ºano em humanidades -
secundário.
estratégia de análise das estatísticas:
- perspetiva descritiva dos resultado que considera as variáveis de interesse e
segmentação por região: tendo em conta os valores médios foi testada a
significância da segmentação por região na influência às variáveis de
contexto socioeconómico e escolar. Isto é, se o contexto regional em que os
agrupamentos se inserem permite destrinçar diferenças estatisticamente
significativas nos resultados médios dos exames, bem como nas restantes
variáveis.

- operacionalizar a relação entre os resultados dos exames e as variáveis de


contexto familiar e escolar a partir de uma análise de correlações.

- perspectiva multivariada recorrendo a modelos de regressão linear múltipla


que permite avaliar o efeito controlado das diferentes variáveis de contexto
familiar e escolar nos resultados médios dos exames.

resultados
A - Continuidades ou contrastes regionais?
● A média dos resultados dos exames é negativa (inferior a 3 valores) para
todas as regiões do continente
● Em relação ao 3 ciclo do básico, observam-se diferenças estatisticamente
significativas entre as médias das regiões relativamente aos resultados dos
exames e para todas as variáveis de contexto escolar e familiar, com
exceção da variável percentagem de alunos inscritos no ensino regular entre
o total de inscritos no ensino básico jovem.
● Tendo em conta as habilitações escolares, na região de Lisboa regista-se
médias de anos de escolaridade mais elevada entre os pais, seguida das
regiões Algarve e Alentejo.
● Na região Norte que se regista o valor médio mais baixo.
● A percentagem de alunos beneficiários de ação social escolar no ensino
básico é mais elevada na região Norte, seguindo-se as regiões Algarve e
Alentejo. No centro assinala-se uma média comparativamente mais baixa
● Em relação ao corpo docente, a partir da percentagem de docentes
pertencentes aos quadros de zona, verifica-se que esta é mais elevada na
região Centro, e mais baixo no Algarve.
● Em relação ao secundário, verificou-se que a média dos resultados dos
exames é negativa (ou seja inferior aos 10 valores) para todas as regiões do
Continente, apesar de não se observarem diferenças estatisticamente
significativas nos resultados médios dos exames por região.
● Também se registam diferenças estatisticamente significativas entre as
médias das regiões para todas as variáveis de contexto escolar e
socioeconómico.
● Também no que respeita ao ensino secundário, é na região de Lisboa,
seguida das regiões Algarve e Alentejo, que se registam médias mais
elevadas de escolaridade entre os pais, mantendo-se o valor mais baixo
associado à região Norte.
● A percentagem de beneficiários de ação social escolar no ensino secundário
é, de igual modo, mais elevada na região Norte (38,9%) e mais baixa na
região Lisboa (21,1%)
● A percentagem de professores do ensino secundário pertencentes a quadros
de zona é, por seu turno, mais elevada na região Centro e mais baixa no
Algarve, sendo os valores bastante próximos nas restantes três regiões do
Continente.
● Lisboa é a região com a percentagem de alunos inscritos no ensino regular
no total de alunos inscritos no ensino secundário jovem mais elevada e é no
Algarve que esta percentagem se apresenta mais baixa.
● Destaca-se que a percentagem de alunos que concluiu o 12º ano em Cursos
Científico Humanísticos é mais baixa na região de Lisboa e mais elevada nas
regiões Norte e Centro.

B- O contexto escolar e socioeconómico pode ajudar a explicar os resultados


escolares?
Ensino básico por Continente e por regiões– correlação positiva e estatisticamente
significativa entre os resultados médios dos exames e a média dos anos de
escolaridade mais elevada entre os pais.
Portanto, verifica-se uma associação entre estas duas variáveis: quanto mais
elevada a média dos anos de escolaridade entre os pais, também mais elevada
se apresenta a média dos resultados dos exames.
Ainda assim é registada uma correlação negativa (como podemos verificar no
gráfico 2) entre a percentagem de alunos beneficiários de ação social escolar,
tendencialmente menor se apresenta a média dos resultados dos exames.
Média dos resultados médios dos exames + percentagem de professores do quadro
de zona/escola é positiva e estatisticamente significativa. Indica que uma presença
mais elevada de professores relaciona-se positivamente com os resultados
médios dos exames.
A percentagem de alunos inscritos no ensino regular apenas na região Centro
apresenta uma correlação positiva o que indica que quanto maior o nº de inscritos
no ensino regular tendencialmente maior se apresenta a média dos resultados dos
exames.
9.º ano de escolaridade: correlações positivas e estatisticamente significativas em
todas as regiões entre a percentagem de alunos que concluíram o 9º ano e os
resultados dos exames.
Ensino secundário: correlação positiva e estatisticamente significativa entre os
alunos médios dos exames e a média dos anos de escolaridade mais elevada entre
os pais. Verifica-se uma associação entre as duas variáveis que indica que quanto
mais elevada a média dos anos de escolaridade entre os pais, também mais
elevada é a média dos resultados dos exames.
Correlação negativa entre os alunos beneficiários de ação social escolar numa
escola/agrupamento e os resultados dos exames. É possível inferir que quanto
maior a percentagem de beneficiários de ação escolar, tendencialmente menor se
apresenta a média dos exames
C. Qual o efeito preditor do contexto escolar e sócio económico nos resultados
escolares?
Ensino básico:
O que influencia nos resultados médios dos exames:
Continente;:
1. A escolaridade dos pais (impacto positivo)
2. A percentagem de beneficiários de ação social (impacto negativo)
3. A percentagem professores de quadro de escola ou quadro de zona
pedagógica (impacto positivo)
4. A percentagem de alunos que concluíram o 9º ano (impacto positivo)
Região:
1. Média de anos de escolaridade dos pais como única (no caso do Alentejo) ou
a melhor preditora (regiões norte, centro e Lisboa)
2. Algarve:
2.1. Percentagem de alunos beneficiários de ação social escolar (impacto
negativo)
2.2. Percentagem de alunos que concluíram o 9º ano (impacto positivo)
3. Norte:
3.1. ação social escolar (impacto negativo)
3.2. Média de escolaridade dos pais
percentagem de alunos que concluíram o 9º ano
constitui uma variável preditora dos resultados dos exames em todas as regiões do
país, com exceção do Alentejo.

Ensino secundário:
Continente:
1. A escolaridade dos pais (impacto positivo)
2. Nº de beneficiários de ação social (impacto negativo)
3. Percentagem de professores de quadro de escolas ou quadro de zona
pedagógica (impacto positivo)
4. Percentagem de alunos que acabaram o 12º ano em cursos de ciências
humanisticas (impacto positivo)
Regiões:
1. Lisboa
1.1. Escolaridade dos pais
2. Norte e Alentejo
2.1. Alunos que concluíram o 12º ano em cursos científicos humanisticos
3. Centro
3.1. Escolaridade dos pais
3.2. Percentagem de professores do quadro de escolas ou quadro de zona
pedagógica

Você também pode gostar