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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Bacharelado em Direito

Anna Carolina Pires Ferreira

Bruna Letissa Ferreira Machado

José da Conceição Júnior

Pâmela Monike Pereira Rocha

Paolla Francinnelly Ferreira de Jesus

Robson Silva Generoso

ANÁLISE DOS TRIBUTOS DOS MUNICÍPIOS DE PEÇANHA E CANTA GALO

Serro/MG

2019
Anna Carolina Pires Ferreira

Bruna Letissa Ferreira Machado

José da Conceição Júnior

Pâmela Monike Pereira Rocha

Paolla Francinnelly Ferreira de Jesus

Robson Silva Generoso

ANÁLISE DOS TRIBUTOS DOS MUNICÍPIOS DE PEÇANHA E CANTA GALO

Trabalho apresentado à Disciplina de Direito Tributário II


como requisito parcial para obtenção de conceito
avaliativo.

Professor: Bruno Fernandes Magalhães Pinheiro de


Lima.

Serro/MG

2019
Introdução

O presente trabalho tem como finalidade a composição de uma análise


acerca dos tributos municipais, sua aplicabilidade, arrecadação, adequação às
peculiaridades dos Municípios, e se os mesmos observam os princípios da
Legalidade, da Capacidade Contributiva, do Não Confisco e ainda se
obedecem a Lei da Responsabilidade Fiscal.

Ademais, faz-se pressuposto a exposição das Leis que exibam a


fixação desses tributos ao longo das Legislações tributárias instituídas nos
Municípios estudados: Peçanha e Cantagalo.

No mais, serão trazidos à discussão parâmetros indispensáveis


comuns aos tributos municipais, como: fato gerador, sujeitos, dentre outros.
Para que com isso seja comparado com as legislações e códigos tributários
pertinentes a esses municípios, observando a capacidade contributiva da
população, bem como, a aplicação desses recursos arrecadados.

Por fim, analisar-se-á a aplicação destes tributos, que tem importância


fundamental para organização das atividades tributárias dos municípios em
tela, para que ofereçam segurança jurídica aos contribuintes e uma Gestão
Fiscal responsável.

1. IPTU

O IPTU é um tributo real, não pessoal, que incide sobre o bem imóvel
por natureza ou por acessão física, nos termos da definição da legislação civil
(propriedade, posse ou domínio útil), localizado em zona urbana do município.
Não é imposto pessoal, pois o possuidor pode não ser o proprietário, desde
que venha, por exemplo, por convenção constante de contrato de locação, a
responsabilizar-se pelo pagamento do imposto, tornando subsidiária a
responsabilidade do proprietário. Mesmo que o locatário não tenha capacidade
econômica, no entanto, será o responsável de fato pelo tributo.

De acordo com a Constituição, em seu art. 156, inciso I, o IPTU é de


competência dos Municípios, devendo-se respeitar os princípios constitucionais
da legalidade, capacidade contributiva, proporcionalidade, igualdade e
proibição de confisco. Sua incumbência é tipicamente fiscal, tendo como
propósito a obtenção de fundos financeiros aos municípios, sujeitos ativos na
cobrança do imposto.

FATO GERADOR DO IPTU

Conforme já dito, o IPTU é um imposto direcionado ao patrimônio.


Assim, o elemento material do fato gerador é, portanto, a propriedade predial e
territorial urbana. O fator gerador do IPTU previsto na Constituição Federal de
1988, no art. 156, inciso I, é de forma mais clara apresentada no art. 32 do
Código Tributário Nacional (CTN), o qual preceitua: é a propriedade, o domínio
útil e a posse de bem imóvel por natureza ou acessão física, como definido no
Código Civil, situado na zona urbana do Município, desde que servido por, no
mínimo, dois dos melhoramentos arrolados no § 1 daquele dispositivo.

BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo do IPTU será o valor venal do bem imóvel, não se


considerando o valor dos bens móveis mantidos em caráter permanente ou
temporário no imóvel, conforme se depreende do artigo 33 do CTN. Valor
venal, considera-se o preço à vista que o imóvel alcançaria se colocado à
venda em condições normais no mercado imobiliário.

A base de cálculo do tributo deverá ser originalmente prevista em lei,


em prol da estrita legalidade tributária.

ALÍQUOTA

A alíquota revela-se por meio de índice de percentagem, que permitirá


a aferição do quantum tributário a pagar. O IPTU, no plano das alíquotas, não
pode se distanciar da estrita legalidade.

Quanto à possibilidade de variação das alíquotas, a Constituição


admite em seu art. 182, § 4º, II c/c art. 156, § 1º, I e II, sendo assim o IPTU é o
único imposto não federal dotado de progressividade.
LANÇAMENTO, CÁLCULO E COBRANÇA DO IPTU

O IPTU tem como finalidade arrecadar recursos financeiros para o


desenvolvimento do município, e seu aspecto quantitativo é definido
multiplicando-se o valor venal do imóvel pela alíquota correspondente.

Efetuado o lançamento anualmente por ofício pelas Prefeituras, por


meio dos seus bancos de dados, os contribuintes são notificados para que
efetuem o pagamento do imposto. A autoridade administrativa constitui o
crédito tributário relativo ao IPTU utilizando-se das informações que constam
no seu banco de dados relativos à propriedade de imóveis na área urbana do
município.

Respeitando os princípios estabelecidos pela Constituição, a Lei


Municipal deverá estabelecer os mecanismos de cobrança, além de fixar o fato
gerador, a base de cálculo, a alíquota e o contribuinte (sujeito passivo).

1.1 IPTU PEÇANHA – Análise Tributária

Com relação a prerrogativa do legislador municipal para dispor sobre o


tributo em comento, este fica adstrito à observância dos princípios
constitucionais e ao disposto no CTN, devendo o ente tributante, observar os
princípios da capacidade contributiva, da legalidade, da proporcionalidade, da
proibição de confisco, dentre tantas outras premissas afetas ao Sistema
Tributário Nacional.

Desse modo, abordaremos o dispositivo normativo que institui o IPTU


no Município de Peçanha, qual seja, a Lei Complementar nº: 12/2017,
denominado Código Tributário e de Rendas do Município de Peçanha, que
compreende as disposições do Código Tributário Municipal.

O dispositivo legal trata dos chamados tributos próprios, aqueles cuja


competência o constituinte delegou aos Municípios (ISS, IPTU, ITIV e as Taxas
cobradas em decorrência do poder de polícia e a utilização dos serviços
públicos prestados aos contribuintes), no âmbito de atuação do ente tributante,
o qual dedicou ao IPTU o capítulo I, que compreende os artigos 83 a 107.
Passemos então à análise de cada um destes.

Os artigos 83 a 87 tratam da incidência e do fato gerador, sendo que o


artigo 83 praticamente reproduz o teor do art. 32 do CTN, ratificando a
incidência do tributo sobre a propriedade predial e territorial urbana, e o fato
gerador como sendo a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel,
localizado na zona urbana do município, assim considerada desde que
atendidos os requisitos mínimos referidos no artigo 84.

De forma análoga o art. 88 da Lei reproduz o art. 34 do CTN que define


o contribuinte nas figuras do proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil
ou seu possuidor a qualquer título.

O artigo 85 prevê, a incidência do IPTU sobre imóveis com edificações


para habitação ou para o exercício de qualquer atividade, ou seja, terrenos cuja
definição consta do artigo seguinte, o 86. O terreno pode ser o imóvel sem
edificação, com obras de edificação em andamento ou paralisadas, ou ainda
em ruínas; com edificação de natureza temporária, inadequada, ocupados por
construção de qualquer espécie.

A definição de construído, para fins de incidência do tributo em questão


naquele município será aquela constante do artigo 85 para o qual são
considerados assim todos os imóveis na qual exista edificação que possa servir
para habitação ou para o exercício de quaisquer atividades.

A obrigatoriedade da inscrição no Cadastro Imobiliário é trazida pelo


art. 8º, podendo se dar a pedido ou de ofício, figurando sempre como titular o
proprietário ou possuidor do imóvel a qualquer título. A inscrição será instruída
com todos os elementos necessários ao lançamento do IPTU, devendo cada
unidade imobiliária autônoma ter inscrição própria.

De acordo com o artigo 104 o lançamento do imposto é anual, feito em


nome do sujeito passivo. Em se tratando do adquirente do imóvel ou dos
direitos reais a ele relativos, a obrigação de pagamento do imposto a este se
transmite, de acordo com o previsto no parágrafo único do mesmo dispositivo.
Nada faz referência, o Código, se não for conhecido o proprietário do
imóvel, assim como no caso de espólio com inventário em status de
sobrestado, até que seja julgado e sentenciado, e assim por diante.

O lançamento do IPTU é efetivado anualmente com base nas


informações constantes no Cadastro Imobiliário do órgão competente, e
considerando-se a situação do imóvel no dia 1º de janeiro do exercício a que
corresponder o lançamento, o exercício fiscal.

Os artigos 90 a 101 dispõem sobre a base de cálculo, sendo que a


base de cálculo é o valor venal do imóvel, em consonância com o que
preconiza o art. 33 do CTN.

Já a alíquota, no caso em tela, é definida na Tabela de Receita I anexa


a esta Lei, e varia de 1,0% a 2,0% conforme a especificação do imóvel, que
considera alguns aspectos como o uso, destinação e tipo do bem. Como
observada tabela abaixo:

TABELA DE RECEITA N° I
Alíquotas do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

COD. ESPECIFICAÇÕES %
01 Unidade imobiliá ria 1,0
constituída por terreno
com muro
02 Unidade imobiliá ria 2,0
constituída por terreno
sem muro
03 Unidade imobiliá ria 0,5
constituída por
construçã o com fins
residenciais
04 Unidade imobiliá ria 1,0
constituída por
construçã o com fins
Industriais
05 Unidade imobiliá ria 1,0
constituída por
construçã o com fins de
Comércio e Serviços
06 Unidade imobiliá ria 0,5
constituída por
construçã o com fins
Agropecuá rios
07 Unidade imobiliá ria 2,0
constituída por
construçã o em estado
ruína

Nesse contexto o legislador tributário municipal aborda no artigo 103, §


1º e § 2º, o princípio da progressividade no tempo, disposto no artigo, 182, § 4º,
II, da CR/88, dispondo que, sem prejuízo do que assevera o mencionado
dispositivo constitucional, poderá o IPTU ser progressivo em razão do valor do
imóvel e ter alíquotas diferenciadas de acordo com o seu uso ou localização.

O valor dos imóveis, de acordo com o art. 91 e ss, serão apurados a


partir da especificidade de cada imóvel, se são construídos ou não, se tratar-se
de edificação em condomínio, em função do logradouro ou na forma
regulamentar disposta no artigo 95 e seus parágrafos, dados fornecidos pela
Planta Genérica de Valores, e em consonância com o artigo 156, § 2º, II, da
CR88, considerando-se alguns critérios; já os valores venais dos imóveis, que
constituem a base de cálculo do imposto serão apurados e atualizados pelo
Executivo local desde que não supere a inflação do período, medida pelo
índice de Preços ao Consumidor Amplo – Série Especial – IPCA-E.

A apuração do valor venal, mencionada acima, far-se-á com base em


Planta de Valores Imobiliários. Os logradouros que não constarem da Planta ou
decorrentes de novos loteamentos ou os apurados em recadastramentos
imobiliários, terão seus valores unitários de metro quadrado fixados em ato
pelo Executivo, levando-se em conta os equipamentos existentes e os valores
dos logradouros similares, preferencialmente na mesma região, é o que está
previsto no art. 96.

Aplicar-se-á o arbitramento quando os imóveis se encontrarem


fechados ou o contribuinte impedir o levantamento dos elementos necessários
a apuração do valor venal, artigo 100, assim como se a tributação for
considerada injusta ou inadequada, poderá ser adotado a requerimento do
interessado, processo para avaliação especial, sujeito à aprovação da
autoridade competente, disposto no artigo 101.

No artigo 106, figuram as isenções, nas hipóteses reguladas nos


incisos do dispositivo, bem como a ressalva do parágrafo único, onde a isenção
prevista no inc. III só alcançará um único imóvel do servidor supracitado.

Por fim, o artigo 107 trata das infrações e das penalidades afetas à
arrecadação do IPTU, entretanto, sem deixar claro quem seriam seus
destinatários, se apenas os contribuintes ou também os agentes no exercício
da função pública. Estabelece multas a percentuais de 80 UFM a 160 UFM,
que terão por base o valor venal do imóvel, a serem aplicadas quando
identificadas condutas elencadas neste dispositivo em relação ao lançamento e
arrecadação do imposto. Salientando no parágrafo único que no caso de
imóveis populares essas infrações serão reduzidas 50% (cinquenta por cento).

1.2 IPTU CANTAGALO – Análise Tributária

Com relação ao município de Cantagalo, o único encontrado no site do


mesmo diz que o Distrito foi criado com a denominação de Cantagalo pela lei
estadual 336, de 27-12-1948, subordinado ao município de Peçanha. Elevado
posteriormente a categoria de município pela lei estadual 12.030, de 21-12-
1995, sendo dessa forma desmembrado de Peçanha.

Assim sendo de acordo com a lei estadual 12.030 de 1995 em seu


artigo 2 Aplicam-se aos municípios criados por esta lei, a partir do exercício
financeiro de 1996, as disposições da Lei Complementar Federal de 63, de 11-
01-1990, relativas ao credito das parcelas do produto de arrecadação de
impostos de competência dos Estados e de transferências por estes recebidas
aos Municípios.

Foram feitos inúmeros contatos com Prefeitura de Cantagalo,


solicitando a Lei Orgânica do Município, contudo sem sucesso. O site da
Prefeitura não traz as leis pertinentes ao Município o que impossibilitou a
análise dos impostos em comento.
2 - ITBI

O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis – ITBI, é um tributo


de competência municipal, instituído pela Constituição Federal de 1988, com o
objetivo de evitar conflitos entre os estados e seus municípios, ficando os
municípios com a competência pela cobrança do ITBI e os Estados pela
cobrança do ITCMD. O ITBI é cobrado pela transmissão Inter vivos de bens
imóveis ou direitos reais sobre eles, excluídos os direitos reais de garantia. Já
o ITCMD, é cobrado pela transmissão causa mortis, ou transmissão a título
gratuito de bens.

FATO GERADOR

A Transmissão da propriedade ou direito real de um bem imóvel, à luz


do ordenamento jurídico brasileiro, ocorre mediante o registro da Escritura
Pública no Cartório de Registro de Imóveis, competente a situação do imóvel
objeto do negócio jurídico. Tendo em vista a obrigatoriedade do Registro no
Cartório competente, o fato gerador que possibilita a cobrança do ITBI, é o
momento do Registro da Escritura no Cartório de Imóveis. Contudo, há
municípios que obrigam o pagamento do ITBI, no momento que é feito a
escritura no Cartório de Notas, indo contra a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, que traz:

1.O fato gerador do imposto de transmissão de bens imóveis ocorre


com a transferência efetiva da propriedade ou do domínio útil, na
conformidade da lei civil, com o registro no cartório imobiliário. 2. A
cobrança do ITBI sem obediência dessa formalidade ofende o
ordenamento jurídico em vigor" (STJ, 2.' T., RMS 10.650/DF, Rei. Min.
Francisco Peçanha Martins, j. 16.06.2000, DJ 04.09.2000, p. 135).
Em sentido semelhante, o Supremo Tribunal Federal, firma o
entendimento que o Contrato de Promessa de Compra e Venda, mesmo que
averbado na matricula do Imóvel objeto deste, no Cartório de Imóvel, não é fato
gerador para legitimar a cobrança do ITBI, uma vez que é um contrato
preliminar, não transmitindo a propriedade do imóvel.
BASE DE CÁLCULO E LANÇAMENTO

A base de Cálculo do ITBI, equipara-se com a base de cálculo do IPTU,


ou seja, em regra é o valor venal do Imóvel. No entanto, na prática, a base de
cálculo do ITBI, tem sido o valor da transação imobiliária, no qual é declarado
na escritura pública, de acordo com Ricardo Alexandre:

(...) adota-se como base de cálculo do ITBI o valor da transação


conforme indicado pelo contribuinte. Verificando-se, contudo, que o
valor informado notoriamente não corresponde à realidade de
mercado - e, no Brasil, é prática bastante comum a declaração de
valor inferior, o Fisco poderá arbitrar o valor do imposto, nos termos
do art. 148 do CTN (STJ, l' T., REsp 1.057.493/SP).
Sendo o Valor declarado na escritura pública abaixo do valor venal,
com o intuito de fraudar os cofres públicos, poderá a administração pública
arbitrar, ou seja, corrigir o valor do negócio jurídico, para que seja feita o
cálculo do ITBI, com base no valor real.

Aproveitando a explicação da base de cálculo, o lançamento do ITBI é


por DECLARAÇÃO e por OFÍCIO. A primeira forma do lançamento a ser
tratada é o lançamento por declaração. No lançamento por declaração, a
autoridade administrativa constitui o crédito tributário com base em informações
prestadas pelo próprio sujeito passivo ou por terceiro. Tendo como
característica a informação prestada pelo contribuinte para ocorrer o
lançamento do Tributo. Caso o contribuinte não faça a declaração para o
lançamento do tributo, ou ocorra algum vicio na declaração prestada pelo
contribuinte, como por exemplo a inferioridade do valor real da venda do
imóvel, e declarou um valor menor administração pública poderá fazer a
correção, ou em caso que não foi feito o lançamento, poderá fazê-lo por ofício,
desde que respeitado o prazo decadencial.

2.1 - ITIV PEÇANHA - Análise Tributária

Conforme estabelecido no Artigo 156, II da CF/88, a competência para


a instituição e do ITBI é de âmbito municipal. Cumprindo o exposto na
Constituição Federal de 1988, o município de Peçanha instituiu o Imposto
Sobre a Transmissão Intervivos de Bens Imóveis e de Direitos Reais – ITVI,
através da Lei Complementar nº: 12/2017, sendo mais preciso nos artigos 108
ao 121, da referida lei. O Imposto Sobre a Transmissão Intervivos de Bens
Imóveis e de Direitos Reais, terá que que respeitar e seguir os princípios
estabelecidos na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional, que
também legisla sobre o ITBI, nos seus artigos 35 ao 42. Vale frisar, que mesmo
o Imposto sendo de Competência Municipal, o legislador Municipal tem que
respeitar os princípios estabelecidos tanto na Constituição Federal como no
Código Tributário Nacional, não podendo agir contrário ao que estabelece.

No Código Tributário do Município de Peçanha, o Imposto Sobre a


Transmissão Intervivos de Bens Imóveis e de Direitos Reais – ITVI, é abordado
no Capítulo II, da Lei Complementar nº: 12/2017. Desse modo, serão
abordados os dispositivos da Lei Municipal que institui o referido imposto,
sendo feita uma análise, a fim de verificar se estão em concordância com o
Código Tributário Nacional e a Constituição Federal.

O artigo 108, do Código Tributário do Município de Peçanha, reproduz


as hipóteses do fato gerador do artigo 35 do Código Tributário Nacional, não
havendo nenhuma divergência. O artigo 109 do Código Municipal, traz
hipóteses de incidência, no entanto no seu inciso VI, traz a seguinte hipótese
de incidência: VI -o valor dos imóveis que, na divisão de patrimônio comum ou
na partilha, forem atribuídos a um dos cônjuges separado ou divorciado, ao
cônjuge supérstite, ou a qualquer herdeiro, acima da respectiva meação ou
quinhão;

Vale frisar que o Imposto Sobre a Transmissão Intervivos de Bens


Imóveis e Direitos Reais, tem que ser a título oneroso, pois se for a título
gratuito, a competência seria do Estado. Em análise ao texto do inciso em
destaque, cita o excedente do valor dos imóveis que forem atribuídos a um dos
cônjuges ou quaisquer herdeiros a mais do que por direito na meação. Porém,
se for atribuído sem onerosidade, o negócio jurídico vai ser por título gratuito
equiparando-se à doação, passando a competência para instituição do tributo
competente para o Estado. O legislador deveria ter destacado a obrigação da
onerosidade para tal ato.

O artigo 110 do Código Tributário do município de Peçanha, descreve a


exceção da incidência do ITIV, em conformidade com o artigo 36 e 37 do
Condigo Tributário Nacional, reproduzindo o teor semelhante ao Código
Tributário Nacional.

Em seu artigo 111, o Código Tributário Municipal em questão, define


quem são os contribuintes, ou seja, o sujeito passivo da obrigação tributária do
ITIV, em conformidade com o Código Tributário Nacional, no que dispõe em
seu artigo 42, no qual deixa a cargo da Lei feita pelo ente atribuir a
competência para legislar sobre o referido tributo. O código Tributário Municipal
coloca como responsáveis solidários caso os sujeitos passivos não cumpram
com a obrigação tributária. Porém, coloca o transmitente, o cedente e os
Tabeliães, escrivães e demais serventuários. No código Tributário Nacional-
CTN, traz a hipótese dos Tabeliães, escrivães e demais serventuários, no
Art.134, VI, do CTN, contudo não traz as hipóteses do transmitente e do
cedente. No Art.124, I do CTN, traz a hipótese de solidariedade para as
pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador
da obrigação principal, mas de acordo com o parecer normativo nº04 de 10 de
Dezembro de 2018, o interesse em comum se define com o interesse
econômico e o interesse jurídico, dispondo o seguinte:

O interesse jurídico, por sua vez, se daria pelo vínculo jurídico entre
as partes para a realização em conjunto do fato gerador. Para tanto,
as pessoas deveriam estar do mesmo lado da relação jurídica, não
podendo estar em lados contrapostos (como comprador e vendedor,
por exemplo).
Diante disso, seria imprudente o município dispor sobre
responsabilidade solidária, sendo que não está prevista essa hipótese nem na
Constituição Federal nem no Código Tributário Nacional. Podendo ser
reconsiderado a hipótese da responsabilidade do transmitente e do cedente.

O artigo 113 do Código Tributário Municipal em análise traz a Base de


Cálculo e as Alíquotas, estando em conformidade com artigo 38 do CTN. No
artigo 114 prevê a hipótese da administração pública ou o contribuinte não
concordar com o valor que vai incidir a cobrança do imposto, podendo ambas
as partes contestarem desde que portadoras de laudos técnicos. Fazendo
também a diferenciação das Alíquotas, no artigo 115 do Condigo Tributário
Municipal em conformidade com o disposto no artigo 39 do CTN.
O lançamento, o pagamento e a hipótese de restituição estão previstos
nos artigos 116,117 e 118 do Código Tributário do Município de Peçanha, em
que o município disporá sobre a forma de pagamento de local que ainda não
está definido, no que refere o artigo 116. Já o ato do pagamento regulado no
artigo 117, dispõe sobre o pagamento do tributo em questão e no artigo 118,
dispõe sobre a hipótese de restituição do imposto, em hipóteses específicas,
todos os artigos do Código Tributário Municipal de Peçanha.

Por fim, o artigo 119 traz as possiblidades de aplicação de penalidades


de acordo com as infrações cometidas. O artigo 120, dispõe sobre os
procedimentos que os serventuários deverão seguir e o artigo 121 coloca a
hipótese da substituição da guia de recolhimento pela certidão, nas hipóteses
que o transmitente ou o cessionário for isento do tributo em questão, em que os
artigos tratados são do Código Tributário Municipal de Peçanha.

3. ISSQN

O Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza chamado de ISS, é um


tributo brasileiro que pode ser instituído ou modificado pelo Município conforme
artigo 156, III da Constituição Federal de 1988:

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


III -  serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar.
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste
artigo, cabe à lei complementar:
        I -  fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
        II -  excluir da sua incidência exportações de serviços para o
exterior;
        III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e
benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
O ISS é um tributo municipal, os municípios têm competência para
institui-lo ou modifica-lo, ficando a critério de cada Prefeitura a instituição das
alíquotas bem como sua alteração. Mas, conforme a determinação da União a
alíquota máxima será de 5% (cinco por cento).

FATO GERADOR DO ISSQN


O fato gerador do ISS são os serviços descritos na lei nº 116 de 2003,
podendo os serviços serem prestados por empresas ou profissionais
autônomos, ainda que tais serviços não se constituem como atividade
preponderante do prestador.

BASE DE CÁLCULO

A base do cálculo do imposto ISSQN é o valor do serviço,


conforme descreve a Lei Complementar nº 116/2003, quando os serviços
descritos pelo subitem 3.04 da lista anexa, e forem estes prestados em mais de
um Município, a base de cálculo será proporcional conforme cada caso.

ALÍQUOTA

As alíquotas são os valores utilizados para o cálculo de valor de


um tributo determinado, sendo assim, quanto maior a base de cálculo maior
será o valor da alíquota.

A alíquota mínima do ISS conforme a Emenda Constitucional 37/2002,


será de 2% (dois por cento), e conforme a Lei Complementar nº 116/2003, a
alíquota do ISS será no máximo 5% (cinco por cento).

LANÇAMENTO

Após a ocorrência do fato gerador, surge a obrigação tributária está


tem como objetivo o pagamento do tributo, sendo extinta em decorrência do
credito tributário. O lançamento do ISS será através de homologação, quando é
atribuído ao sujeito passivo da relação tributaria a obrigação de pagar
previamente o tributo, sem que ocorra o exame prévio da Administração
Municipal.
A Administração Municipal quando toma conhecimento da prestação de
serviço, expressamente a homologara, atribuindo o valor do montante a ser
recolhido referente a prestação de serviço.

Caso não seja expresso em lei municipal, o prazo para homologação,


será de 5 anos contados da ocorrência do fato gerador.

3.1 ISSQN PEÇANHA –MG – ANALISE TRIBUTARIA

A Administração Municipal possui prerrogativa para instituição do


Imposto Sobre Circulação de Serviços de Qualquer Natureza, devendo sempre
observar o que está estabelecido da Constituição Federal, Código Tributário
Municipal ou Lei Complementar.

Na cidade de Peçanha-MG, O ISSQN, foi instituído pela Lei


Complementar nº 012/17. A Lei Complementar dispõe sobre as normas
relativas ao ISSQN.

O Art. 122 da referida lei, define o fato gerador, este será a prestação
de serviços constantes na Lista de Serviços, ainda que estes não se
constituam como atividade preponderante do prestador.

O art. 123 define a não incidência do imposto sobre exportações de


serviços para fora do país, prestação de serviço em relação de emprego, dos
trabalhadores avulsos, dos diretores e membros do conselho consultivo ou
conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e
dos gerentes delegados.

Em seu parágrafo único, define que não se enquadram no dispositivo


do inciso I os serviços desenvolvidos no Município, cujo o resultado aqui se
verifique, ainda que o pagamento seja feito por contratante residente no
exterior.

O artigo 124, vem em conformidade com o que estabelece a Lei


Complementar 116/2003, definindo que o ISS será devido no local da
prestação de serviço. A base de cálculo será o preço do serviço.

O artigo 127 do Código Tributário Municipal, define quem é o


contribuinte, será aquele que presta o serviço, em conformidade com o CNT
que define que o contribuinte será aquele responsável pelo pagamento do
tributo.

Em se tratando do valor das alíquotas no Município de Peçanha em


alguns tipos de serviços, estas serão variadas, conforme o tipo de serviço:

Serviços relativos a construção civil Alíquota


Execução, por administração,
empreitada ou sub-empreitada, de
obras de construção civil, hidráulica ou
elétrica e de outras obras
3%
semelhantes.
Demolição 3%
Reparação, conservação, reformas de
edifícios, estradas, portos e
3%
congêneres
Pesquisa, perfuração, cimentação,
mergulho, perfilagem, concretação,
testemunhagem, pescaria estimulação
e outros serviços relacionados com a
3%
exploração de petróleo, gás natural e
outros recursos minerais.

Nucleação e bombardeamento de 3%
nuvens e congêneres.

Serviços de diversões, laser e Alíquota


entretenimento
Espetáculos Teatrais 3%
Exibições cinematográficas 3%
Programas de auditório 3%
Parques de diversões 3%
Boates, taxi-dancing 3%
Feiras, exposições e congressos 3%
Shows, ballet, danças, desfiles, 3%
bailes, operas e etc.
Bilhares, boliches e diversões 3%
Corridas e competições animais 3%
Competições esportivas 3%
Execução de músicas 3%
Produção mediante ou sem 3%
encomenda prévia, de eventos
Fornecimento de músicas em locais 3%
fechados
Desfile de blocos carnavalescos 3%
Exibição de filmes, entrevistas, 3%
musicais, espetáculos
Recreação de animais 3%
A base de cálculo conforme o artigo 130 do Código Tributário
Municipal, será a do valor do serviço, não será incluído na base de cálculo o
valor das mercadorias produzidos fora do local da prestação de serviço e
comercializados pelo contribuinte. O artigo 131, considera que o preço do
serviço para o cálculo do imposto, será a receita bruta, recebida ou não, devida
pela prestação de serviço.

No artigo 135 do referido Código, quando se tratar de prestação


de serviço de difícil controle ou fiscalização, definidas em regulamento, a base
de cálculo, será estimada conforme critérios estabelecidos por Ato do Poder
Executivo.

O Lançamento do imposto conforme o artigo 144 da Lei Complementar


nº 12/2017 será feito com base na declaração do contribuinte ou de ofício de
acordo, regra geral o lançamento sempre é feito de ofício pela Administração,
conforme o artigo 142 do CTN.

O artigo 153 da Lei Complementar 12/2017, estabelece quem serão os


isentos de pagar o ISSQN, neste será os microempresários individuais, no
Código Tributário Nacional, a partir do artigo 176 a 178, ao tratar das isenções
não prevê quem serão as pessoas isentas do pagamento do Tributo.

Estabelece ainda o Código Tributário de Peçanha no artigo 154, que os


prestadores de serviço que venham se instalar no referido município, poderão
gozar de alguns benefícios como isenção por seis meses do pagamento do
imposto, redução de 60% (sessenta por cento) pelos dezoito meses
subsequentes a isenção do pagamento do imposto.
Por fim o artigo 155, trata das infrações e penalidades onde estão
estabelecidos valores entre 30 UFM a 2.700 UFM, conforme cada situação.

Conclusão

Ao concluirmos o presente estudo, observamos que estes impostos


municipais, se consubstanciam em relevante fonte de receita para os
Municípios, cuja destinação poderá ser para diversos setores, a critério da
Administração.

Entretanto, para que seja auferida receita a partir de tais tributos, é


necessário que o ente tributante municipal implante uma estrutura mínima, que
deve compreender desde a legislação que instituirá os impostos e disporá
sobre os diversos aspectos a eles relacionados, até a efetiva arrecadação,
sempre com observância dos princípios constitucionais, bem como das normas
e princípios afetos ao Sistema Tributário Nacional.

Cabe ao legislador municipal, identificar o contribuinte, o fato gerador,


aferir o valor do bem sobre o qual incidirá a alíquota, definir qual percentual
será aplicado, observando-se a capacidade contributiva do contribuinte,
viabilizando a forma de recolhimento do tributo a partir do lançamento e
emissão de boletos/carnês, atualização de dados e correção de valores, etc.

Assim sendo, julgamos de extrema relevância esta pesquisa, a partir


da qual pudemos identificar aspectos positivos com relação às Legislações, no
caso o Código Tributário do Município, tendo em vista que o mesmo se
respalda na Constituição e observa o disposto no Código Tributário Nacional,
não sendo apontada nenhuma incompatibilidade entre eles.

Quando bem geridas e aplicadas, as receitas advindas desses


impostos resultam em melhorias para as áreas a qual são destinadas, gerando
satisfação aos beneficiados, que se sentirão incentivados a contribuir
espontaneamente, em virtude do retorno dos recursos despendidos.
REFERÊNCIAS

Alexandre, Ricardo. Direito tributário I Ricardo Alexandre - 11. ed. rev~ atual. e
amp1. - Salvador - Ed. JusPodivm, 2017.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL, 21ª ed., São Paulo, 2016, Ed. Saraiva.

CONSTITUICAO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 21ª ed., São


Paulo, 2016, Ed. Saraiva.

FOGAÇA, Eduardo Gabriel de GÓes Vieira Ferreira; REIS, Mirza Mendes;


MOMBELLI, Fernando. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO: PARECER NORMATIVO
Nº 4, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2018. 2018. 11 Edição. Disponível em:
<http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/5473
4160/do1-2018-12-12-parecer-normativo-n-4-de-10-de-dezembro-de-2018-
54734094>. Acesso em: 10 dez. 2018.

LEI COMPLEMENTAR 12/2007 – Código Tributário do Municipal de Peçanha,


2017.

LEI ESTADUAL 12.030 de 21 de dezembro de 1995 –Legislação Mineira, 1995.


SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 4ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2012.

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