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IMPOSTOS E TAXAS

Pilar Coutinho
IMPOSTOS
CONCEITO – ART. 16 DO CTN

Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação


tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade
estatal específica, relativa ao contribuinte.
CARACTERÍSTICAS

 Fato gerador não vinculado


 Arrecadação não vinculada – Princípio da
não afetação dos impostos. Art. 167, IV da
CR-88.
 Incidem sobre fatos-signo presuntivos de
riqueza.
 São tributos contributivos.
Que tipo de atividade estatal é
financiada pela arrecadação
de impostos
Os impostos se fundamentam em duas
ideias:
 Solidariedade social
 Existem serviços universais.
Existe vinculação de receita de
impostos
Art. 167. São vedados:
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de
recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para
manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de
atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a
prestação de garantias às operações de crédito por
antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o
disposto no § 4º deste artigo
Se existe vinculação da receita dos
impostos, qual a sua
diferença das contribuições
especiais
Impostos – excepcionalmente vinculados
Contribuições especiais – em regra
vinculadas.
COMPETÊNCIA PARA INSTITUIR IMPOSTOS

a) Enumerada constitucionalmente.
b) Privativa de cada ente federado.
Impostos da União: art. 153 + art. 154 (impostos
residuais + impostos extraordinários de guerra)
Impostos dos Estados e DF: art. 155
Impostos dos Municípios: art. 156
Competência residual:
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos
não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato
gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição.
Competência extraordinária.
Art. 154 A União poderá instituir:
II- Na iminência ou no caso de guerra
externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência
tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua
criação.
Lei Complementar e Impostos– art.146 CR-88

Art. 146. Cabe à lei complementar:


III a) definição de tributos e de suas espécies,
bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos
respectivos fatos geradores, bases de cálculo
e contribuintes;
E se não houver LC a respeito da BC,
FG e Contribuintes
Caso do IPVA.
A solução está no art. 24, §§ 3º e 4º, CR.
Inexistindo lei federal sobre normas gerais,
os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades. A superveniência de lei federal
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrária.
Ementa. IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS
AUTOMOTORES –DISCIPLINA. Mostra-se constitucional a
disciplina do Imposto sobre Propriedade de Veículos
Automotores mediante norma local. Deixando a União de
editar normas gerais, exerce a unidade da federação a
competência legislativa plena –§ 3º do artigo 24, do corpo
permanente da Carta de 1988 – , sendo que, com a entrada em
vigor do sistema tributário nacional, abriu-se à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios, a via da edição de leis
necessárias à respectiva aplicação –§ 3º do artigo 34 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias da Carta de 1988. (STF -
AI: 500743 MG Data de Julgamento: 02/12/2010)
TAXAS
TAXAS – ART 77 e seguintes do CTN

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados,


pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito
de suas respectivas atribuições, têm como fato
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou
a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição.
Características

 Fato gerador vinculado a uma atuação


estatal.
 Tributo contraprestacional.
 Arrecadação vinculada ao custeio da
atividade estatal
A atividade estatal deve ser benéfica
ao contribuinte
Competência para instituir taxas

A Constituição Federal não enumera a


competência para instituir taxas. O ente
federado que detém a competência
administrativa, detém também a competência
para instituir taxa sobre aquela atividade estatal.
O fato de mais de um ente federado criar taxa
sobre a mesma atividade caracteriza
bitributação
Ementa: [...] É condição constitucional para a cobrança de
taxa pelo exercício de poder de polícia a competência do
ente tributante para exercer a fiscalização da atividade
específica do contribuinte (art. 145, II da Constituição). Por
não serem mutuamente exclusivas, as atividades de
fiscalização ambiental exercidas pela União e pelo
estado não se sobrepõem e, portanto, não ocorre
bitributação [...].
(STF - RE: 602089 MG, Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA,
Data de Julgamento: 24/04/2012)
Atividades estatais que justificam a
incidência de taxas

Art. 77 do CTN
 Exercício regular do poder de polícia e
 Utilização efetiva ou potencial de serviço
público específico e divisível.
Taxas de serviços públicos

Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o


artigo 77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a
qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização
compulsória,
sejam postos à sua disposição mediante atividade
administrativa em efetivo funcionamento;
II - específicos, quando possam ser
destacados em unidades autônomas de
intervenção, de unidade, ou de necessidades
públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de
utilização, separadamente, por parte de cada um
dos seus usuários.
Taxas de exercício regular de poder de
polícia

Poder de polícia- considera-se poder de polícia


atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse
ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse
público (art. 78 do CTN).
Regular – desempenhado em conformidade
com a lei, com obediência ao processo legal,
sem abuso ou desvio de poder.
Efetivo poder de polícia – existência de uma
estrutura fiscalizatória.
Existe a necessidade de concreta
fiscalização ou basta a estrutura
fiscalizatória
EMENTA: Constitucional. Tributário. Taxa de localização e
funcionamento. Hipótese de incidência. Efetivo exercício de
poder de polícia. Ausência eventual de fiscalização
presencial. Irrelevância. Processual civil. Agravo regimental.
1. A incidência de taxa pelo exercício de poder de
polícia pressupõe ao menos (1) competência para
fiscalizar a atividade e (2) a existência de órgão ou
aparato aptos a exercer a fiscalização. (STF - RE:
361009 RJ, Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data de
Julgamento: 31/08/2010)
Base de cálculo das taxas

 A base de cálculo da taxa deve ser,


necessariamente, o custo da atuação
estatal.
 Art., 145, § 2º, da CR-88 - As taxas não
poderão ter base de cálculo própria de
impostos.
A base de cálculo das taxas pode ter elementos
comuns com a base de cálculo

dos impostos
Taxa de lixo.
Composição da base de cálculo da taxa de
lixo. Chega-se no valor analisando os elementos
como, tamanho do imóvel, localização do imóvel.
Elementos esses que são determinantes da base
de cálculo do IPTU. A utilização desses elementos
compartilhados não influencia na base de cálculo
a ponto de dizer que são idênticas as bases de
cálculos e, consequentemente, inconstitucional o
tributo.
Taxa de lixo é constitucional. Para o STF a
coleta de resíduos sólidos residenciais é serviço
público específico e divisível, portanto,
constitucional.
EMENTA: Tributário. Taxa de coleta, remoção e destinação de
lixo. Taxa de combate a sinistros. Utilização de elementos da
base de cálculo própria de impostos. Constitucionalidade. I - A
Corte tem entendido como específicos e divisíveis os
serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis,
desde que essas atividades sejam completamente dissociadas
de outros serviços públicos de limpeza realizados em benefício
da população em geral (uti universi) e de forma indivisível. II -
Legitimidade da taxa de combate a sinistros, uma vez que
instituída como contraprestação a serviço essencial, específico
e divisível.
III - Constitucionalidade de taxas que, na apuração do
montante devido, adote um ou mais dos elementos
que compõem a base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não se verifique
identidade integral entre a base de cálculo da taxa e a
do imposto. IV - Agravo regimental improvido. (RE
557957 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Primeira Turma, julgado em 26/05/2009).
Súmula vinculante 29, STF: É constitucional a
adoção, no cálculo do valor de taxa, de um
ou mais elementos da base de cálculo
própria de determinado imposto, desde que
não haja integral identidade entre uma base e
outra.
DEBATES

1) Taxa de iluminação pública: muitos


Municípios criaram essa taxa. O STF, na súmula
670, consolidou entendimento no sentido de que
o serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa. É que o serviço é
universal, geral.
DEBATES

2) Taxa de limpeza de logradouros públicos. Para o STF


a taxa de limpeza de logradouros públicos é
inconstitucional.
EMENTA: Tributário. Município do Rio de Janeiro. Ilegalidade da taxa
de coleta de lixo e limpeza pública. Art. 145, II, da Constituição
Federal. Tributo vinculado não apenas à coleta de lixo
domiciliar, mas também à limpeza de logradouros públicos,
hipótese em que os serviços são executados em benefício da
população em geral (uti universi), sem possibilidade de
individualização dos respectivos usuários e,
conseqüentemente, da referibilidade a contribuintes
determinados, não se prestando para custeio mediante taxa.
Impossibilidade, no caso, de separação das duas parcelas.
Agravo regimental improvido. (AI 245539 AgR, Relator(a): Min.
ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 14/12/1999, DJ 03-03-
2000 PP-00065 EMENT VOL-01981-13 PP-02694).
Referências Bibliográficas
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 20. Ed.
São Paulo: Saraiva, 2014.

BRASIL. Código Tributário Nacional. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br .

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito


Tributário. 31. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.

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