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DIREITO TRIBUTÁRIO: RESUMO.

Leis complementares e ordinárias: art. 61, CRFB.

Há dois pontos de vista: material e formal. Em suma, diferenças de taxatividade e quórum.

Material > as hipóteses de regulamentação feita por lei complementar estão


taxativamente previstas na Constituição, ou seja, sempre que alguma matéria tiver que ser
regulada por lei complementar, o legislador assim o requererá no próprio texto
constitucional, o que significa que as matérias a serem reguladas por lei complementar
estão pré-determinadas.

As leis ordinárias, por outro lado, têm um campo material residual: tudo o que não for
regulado por lei complementar, decreto legislativo ou por resoluções deverá ser regulado
por lei ordinária.

Formal > a diferença entre lei ordinária e lei complementar está no quórum de aprovação
do projeto de lei. Enquanto a lei complementar é aprovada pela maioria absoluta dos
membros de cada casa, a lei ordinária é aprovada pela maioria simples.

O Município X instituiu, por uma mesma lei ordinária municipal datada de junho de 2017,
ISS sobre a locação de automóveis realizada em seu território, bem como ISS sobre serviços
de execução de tatuagens, piercings e congêneres. Em razão dessa lei, em junho de 2018,
uma locadora de veículos foi autuada pelo fisco municipal por não estar declarando nem
efetuando o recolhimento do referido tributo. Por sua vez, também em junho de 2018, uma
loja que faz tatuagens foi autuada pelo não recolhimento do tributo, mas judicializou a
questão e alegou que somente por lei complementar municipal poderia o ISS incidir sobre
esse serviço.

Diante desse quadro, responda aos itens a seguir.


A) A autuação feita pelo fisco municipal contra a locadora de automóveis está correta?
(Valor: 0,50)
B) O Município X poderia valer-se dessa lei ordinária municipal para instituir fato gerador de
ISS sobre prestação de serviços de tatuagem? (Valor: 0,75)

RESPOSTAS:
A) A autuação não é correta, pois é inconstitucional a incidência de ISS sobre a locação de
bens móveis, já que a locação não configura prestação de serviço (Súmula Vinculante nº 31 -
É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre
operações de locação de bens móveis).
B) Sim. O Município pode utilizar a espécie normativa de uma lei ordinária municipal para
instituir fatos geradores de ISS em seu território, desde que tais fatos geradores estejam
devidamente previstos na LC 116/03 (Lei Complementar de caráter nacional exigida pelo
Art. 156, inciso III, da CRFB/88). Os serviços de aplicação de tatuagens, piercings e
congêneres foram inseridos na Lista de Serviços Anexa à LC 116/2003 (item 6.06) por força
da LC 157, de 29/12/2016. Portanto, é legal a cobrança referida no enunciado.

Não se confunda a exigência de lei complementar de caráter nacional para veicular a


previsão abstrata da lista de serviços anexa à LC 116/2003, com a efetiva instituição dos
fatos geradores de ISS em cada município, que se faz por lei ordinária municipal, que
escolherá as hipóteses de incidência dentre aquelas previstas na lista de serviços anexa à LC
116/2003.

O governo federal, visando ao desenvolvimento e à redução das desigualdades no sertão


nordestino do Brasil, editou a Lei Complementar Y, que dispôs sobre a concessão de isenções
e reduções temporárias de tributos federais devidos por pessoas físicas e jurídicas situadas
na referida região. Sobre a Lei Complementar Y, assinale a afirmativa correta.

A) É formalmente inconstitucional, eis que a Constituição da República de 1988 proíbe


expressamente a criação de regiões, para efeitos administrativos, pela União.

B) É materialmente inconstitucional, sendo vedada a concessão de incentivos regionais de


tributos federais, sob pena de violação ao princípio da isonomia federativa.

C) É formal e materialmente constitucional, sendo possível que a União conceda incentivos


visando ao desenvolvimento econômico e à redução das desigualdades no sertão
nordestino.

D) Apresenta inconstitucionalidade formal subjetiva, eis que cabe aos Estados e ao Distrito
Federal, privativamente, criar regiões administrativas visando ao seu desenvolvimento e à
redução das desigualdades.
Diferenciação de tributos e impostos:

TRIBUTO:
Art. 3º CTN > tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito.

IMPOSTO:
Art. 16 CTN > é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente
de qualquer atividade estatal específica.

DAS TAXAS:
CF > Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos:

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,


de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua
disposição;
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

CTN > Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato,
em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado


pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e,
tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

STF, SV 12 > a cobrança de taxa de matrícula nas Univ. Públicas viola o disposto no art. 206,
IV, CF/88.
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e
suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configura obrigação
principal.

Tecnicamente podemos assim distinguir:

Hipótese de incidência => previsão normativa => Integra o antecedente ou o pressuposto da


norma tributária impositiva (previsão abstrata).
Fato gerador => é a concretização no plano fático => Ocorrência da situação prevista na
norma => atrai a incidência da norma.

Fato Gerador
Quid => Aspecto material => o quê?
Ubi => Aspecto espacial => Onde?
Quando => Aspecto temporal => Quando?
Quis => Aspecto pessoal => Sujeitos?
Quanti => aspecto quantitativo => Quanto?

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e
existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as


circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são
próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente
constituída, nos termos de direito aplicável.

Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios


jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo
ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os
procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.

A capacidade tributária passiva é a possibilidade de alguém figurar como sujeito passivo de


uma obrigação tributária, seja principal ou acessória, ficando obrigado a cumpri-la e a
responder por eventual inadimplemento:

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo
ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador; => é o sujeito passivo direto.

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de


disposição expressa de lei. => é o sujeito passivo indireto.

A responsabilidade tributária (inc. II do § único do art. 121 do CTN), poderá ser:


a) Por substituição => Art. 128 do CTN (a uma terceira pessoa).
b) Por sucessão => Arts. 129 a 133 do CTN.
c) Por solidariedade => Arts. 124, 125, 134 (com caráter subsidiário) (e 135) e 208
do CTN.

3.7.3 Responsabilidade por infrações


Arts. 136/138 CTN
Classificação tradicional das multas:
a) moratória
b) de ofício
c) isolada

3.7.4 Responsabilidade pelo fato gerador futuro


CF/1988
Art. 150 [...]
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável
pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente,
assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato
gerador presumido.

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