Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
: 1
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
Partes:
RECORRENTE: ZAMBONI COMERCIAL LTDA
ADVOGADO: ANDRE LUIZ LAPOENTE DE AZEVEDO
ADVOGADO: DANIELA MEDEIROS VILANOVA
ADVOGADO: FREDERICO TRINDADE GARCIA DA SILVA
ADVOGADO: CAROLINA DE CASTRO MIRANDA
RECORRIDO: ANDERSON DE MENEZES
ADVOGADO: HENRIQUE CASIMIRO FARIAS
ADVOGADO: JOSIMAR RODRIGUES PINTO
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
Fls.: 2
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
EMENTA
RELATÓRIO
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
ADMISSIBILIDADE
MÉRITO
DA JUSTIÇA GRATUITA
Analiso.
O artigo 790, § 3º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017,
por sua vez, estabelece que é facultado aos juízes concederem a gratuidade de justiça a todos aqueles que
recebam salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do regime geral de previdência
social.
Nego provimento.
DO VÍNCULO DE EMPREGO
Maurício Godinho Delgado (in Estudos em Memória de Célio Goyatá, pág. 258, vol.1,
Editora LTr/SP, edição de 1993) conceitua como autônomo "aquele que exerce,
habitualmente, por conta própria, atividade profissional remunerada, explorando,
assim, em proveito próprio, sua força de trabalho mesma, ...", enquanto é empregado o
trabalhador que, mediante paga de salário, coloca sua força de trabalho à disposição e
em proveito do empregador, com subordinação, pessoalidade e habitualidade.
O contrato de representação comercial autônoma pode ser firmado por pessoa física ou
jurídica, para realização de negócios mercantis, sendo ele necessariamente escrito, para
que possam nele serem inseridos os elementos dos artigos 27 e 28 da Lei 4886/65.
O representante comercial deve ter inscrição nos Conselhos Regionais, sendo certo que
as vendas executadas através dele ocorrem sem ingerência direta da representada,
embora devam ser observadas as cláusulas do contrato, inclusive a de possível
exclusividade para proteção de mercado (art. 41 da Lei 4886/65), não sendo possível, no
entanto, contratar a pessoalidade do representante.
A esse respeito, deve ser dado maior valor probatório ao depoimento da testemunha
MAGNO, já que este era da mesma equipe do Autor e, portanto, tinha mais condições de
acompanhar a rotina de trabalho.
Ainda assim, ambas as testemunhas referiram que cada equipe possuía um supervisor, a
quem os representantes comerciais se reportavam, não sendo crível que a existência de
diversos supervisores na
Não havia a possibilidade de escolha dos dias de trabalho, inclusive porque se não
trabalhassem não iriam atingir as metas estabelecidas pela Acionada e corriam o risco
de serem dispensados.
Presentes os requisitos do art. 3º. da CLT na relação havida entre as partes, reconheço
o vínculo de emprego durante o período de 01.03.2009 a 01.03.2017, determinando em
consequência a anotação do pacto laboral na CTPS do Reclamante. Caso a reclamada,
especificamente intimada para proceder a mencionada anotação reste silente, autorizo
desde já o registro do contrato de trabalho por parte da Secretaria da Vara.
Quanto aos salários, determino que seja anotada a média mensal de comissões, no valor
de R$ 2.500,00, conforme relato da inicial e diante da inexistência de prova em
contrário.
Indefiro o pedido de pagamento da multa do artigo 467 da CLT, porque sendo declarado
o vínculo empregatício através desta sentença, não havia verbas incontroversas à data
de comparecimento da Ré à Justiça do Trabalho.
Analiso.
Pois bem.
Contrato de representação mercantil é o pacto pelo qual uma pessoa física ou jurídica
se obriga a desempenhar, em caráter oneroso, não eventual e autônomo, em nome de
uma ou mais pessoas, a mediação para realização de negócios mercantis, agenciando
propostas ou pedidos, para os transmitir aos representados, praticando ou não atos
relacionados com a execução dos negócios. (Curso de Direito do Trabalho, p. 713/714.
17ª edição. São Paulo: LTr, 2018).
A testemunha arrolada pela ré, por sua vez, nada mencionou a respeito
desta circunstância.
"(...)
(...)
(...)
Neste ponto encontramos uma contradição própria do novo modelo: ao mesmo tempo
em que acena para a entrega de parcela de autonomia ao trabalhador, essa liberdade é
impedida pela programação, pela só e mera existência do algoritmo.
(...)
Supiot nos traz interessante caso julgado pela Cour de cassation francesa que
demonstra como isso se dá na gestão por programação. Pela participação em um reality
show televisivo que se chamava "Île de la tentation", no qual casais passavam doze dias
em uma ilha participando de atividades recreativas com pessoas solteiras, passando por
testes de "fidelidade", cada pessoa recebeu 1500 euros. A questão chegou à Justiça
francesa porque vários participantes demandaram à Justiça o reconhecimento de
vínculo empregatício com a produtora do programa. A Corte de Cassação por fim
reconheceu a condição de empregados, porque estes "deveriam seguir as regras do
programa definidas unilateralmente pelo produtor, que eles [os trabalhadores] eram
orientados a partir da análise de sua conduta, (...) e estipulava-se que toda infração às
obrigações contratuais poderia ser sancionada com a sua dispensa". A corte considerou
que "a prestação dos participantes à emissão televisiva tinha por finalidade a produção
de um bem com valor econômico." (SUPIOT, Alain. Ob. Cit, p. 353-354) Conforme
Supiot, a grande novidade do julgado foi o reconhecimento das mutações (ou
deslocamento de sentido) que a direção por objetivos imprimem à subordinação,
troncando-se a ficção do trabalho-mercadoria pela noção de liberdade programada.
Assim, a autonomia concedida é uma "autonomia na subordinação". Os trabalhadores
não devem seguir mais ordens, mas sim a "regras do programa". Uma vez programados,
na prática os trabalhadores não agem livremente, mas exprimem "reações esperadas"."
(grifei)(Carelli, Rodrigo de Lacerda. O caso Uber e o controle por programação: de
carona para o Século XIX In: Tecnologias Disruptivas e a exploração do trabalho
humano. Ana Carolina Paes Leme, Bruno Alves Rodrigues e José Eduardo de Resende
Chaves Junior. São Paulo, LTR, p. 130-146)
A subordinação, por sua vez (ao menos em sua dimensão clássica), é elemento de mais
difícil aferição no plano concreto desse tipo de relação entre as partes. Ela tipifica-se
pela intensidade, repetição e continuidade de ordens do tomador de serviços com
respeito ao obreiro, em direção à forma de prestação dos serviços contratados. Se
houver continuidade, repetição e intensidade de ordens do tomador de serviços com
relação à maneira pela qual o trabalhador deve desempenhar suas funções, está-se
diante da figura trabalhista do vendedor empregado (art. 2 e 3, caput, CLT; Lei n.
3.207, de 1957). Inexistindo essa contínua, repetida e intensa ação do tomador sobre o
obreiro, fica-se diante da figura regulada pela Lei Comercial n. 4.886/65 e Código Civil
de 2002. (Curso de Direito do Trabalho, p. 717. 17ª edição. São Paulo: LTr, 2018).
individuais e a positivação exigida de cada representante, inclusive com ameaças de sanções, como se
constata dos correios eletrônicos juntados aos autos (ID 5136829). Transcrevo alguns trechos:
Estou enviando esse email para reforçar que vocês que não PODEM VENDER A Fralda
Pampers que está na promoção sem vender também pelo menos três unidades dos
Desodorantes Gillete (lançamento) pode ser o Aero ou Rollon. Tanto faz.
(...) se algum de vocês efetuar a venda das fraldas sem vender o Desodorante, será
considerada falta gravíssima, e quem fizer isso irá assumir as consequências".
"Agora as metas de Alliance. O q eu disse sobre a meta geral serve tb para Alliance.
Vai necessitar de todos dedicação, estratégia e foco no resultado. Como já vendo
dizendo paras vcs há pouco tempo, o trabalho eh da formiguinha, um pouco em cada
cliente, com mix e positivação fica muito mais fácil de se atingir o objetivo. Sucesso paa
todos!!!
(...)"
Atribuições do Representante
[...]
Manter assiduidade constante aos nossos clientes, mantendo a Empresa informada sobre
o seu roteiro de trabalho atualizado.
[...]
Manter-se organizado; zelar pelo material de trabalho. Planejar as visitas aos clientes
no dia anterior verificando a situação de crédito e buscando o melhor roteiro para obter
os melhores resultados e redução de custos.
[...]
[...]
Compromissos da semana
Assiduidade no trabalho.
Não restam dúvidas que tal escolha foi orientada pela vantagem
econômica auferida pela ausência de custos na folha de salários e nos encargos sociais daí decorrente.
Entretanto, como não era possível arcar com a desvantagem da autonomia do autor, seguiu fiscalizando
suas atividades, exigindo o cumprimento de metas, avaliando-o e, portanto, o subordinando como
verdadeiro empregado.
Por onde quer que se olhe - seja sob o viés da subordinação clássica,
seja sob o viés da subordinação estrutural, seja sob a ótica individual seja sob a ótica coletiva e
organizacional, que caracteriza a fraude e o abuso de direito, concluo, de forma inarredável, que a
parte autora era verdadeira empregada da reclamada, restando presentes os requisitos dos artigos
2º e 3º da CLT à hipótese vertente.
noção civilista de que o operador jurídico, o exame das declarações volitivas, deve atentar mais à
intenção dos agentes do que ao envoltório através de que transpareceu a vontade (art. 85, CCB/1916;
art. 112, CCB/2002). No Direito do Trabalho deve-se pesquisar, preferentemente, a prática concreta
efetivada ao longo da prestação do serviço, independentemente da vontade eventualmente manifestada
pelas partes na respectiva relação jurídica".
Nego provimento.
Afirma a recorrente que não há nenhuma prova nos autos que indique que
o autor teria sido obrigado ou enganado a assinar documento de distrato mútuo e os comprovantes de
pagamento de indenizações. Postula, caso mantido vínculo de emprego, que seja declarado que a rescisão
foi a pedido do autor ou, subsidiariamente, na modalidade de acordo entre as partes, na forma do art. 484-
A da CLT. Postula, ainda, que seja excluída da condenação o pagamento do FGTS e multa de 40%.
Analiso.
Nego provimento.
Aduz a ré que a multa prevista no art. 477 da CLT é aplicável tão somente
nas relações jurídicas de emprego de caráter incontroverso.
Analiso.
A circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida apenas em juízo não tem
o condão de afastar a incidência da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida
multa não será devida apenas quando, comprovadamente, o empregado der causa à
mora no pagamento das verbas rescisórias."
Nego provimento.
Analiso.
Nego provimento.
Analiso
Nego provimento.
RECOMENDAÇÕES FINAIS
ACÓRDÃO
mn
Votos