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EXCELENTÍSSIMO(a) SENHOR(a) DOUTOR(a) JUIZ(a) DO

TRABALHO DA ____ VARA DO TRABALHO DA COMARCA


DE RIBEIRÃO PRETO ESTADO DE SÃO PAULO.

SAMUEL MENDONÇA, brasileiro, casado, vendedor,


portador da Cédula de Identidade RG. nº 14.943.656 SSP/SP,
inscrito no CPF sob o nº 067.303.308-21, natural de
Bandeirantes Estado do Paraná, residente e domiciliado na
Rua do Professor 1.531 casa 13, na Cidade de Ribeirão Preto,
Estado de São Paulo, por seus advogados e bastante
procuradores abaixo subscrito, nos termos da inclusa
procuração, vem propor

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Pelo rito ordinário em face de JURESA INDUSTRIAL DE


FERRO LTDA CNPJ 60.887.239/0001-57, com sede na
Avenida Jabaquara nº 1.909 10º andar na Cidade de São
Paulo, Estado de São Paulo, CEP 04045-003 fundamentando-
se nas razões de fato e fundamentos de direito que a seguir
expõe:
DA RELAÇÃO CONTRATUAL E DA RESCISÃO INDIRETA

O Reclamante foi contratado pela PRIMEIRA RECLAMADA no


mês de Dezembro de 2.000 para exercer a função de
Vendedor, recebendo naquele momento a paga salarial
média de R$15.000,00 mensais. Nos últimos anos de labor,
a média salarial do RECLAMANTE (que se comprova através
dos depósitos bancários e pelas notas fiscais) é de
R$57.618,56 conforme demonstrativo abaixo:

Em data de 29/01/2.016, quando recebia esta média salarial


O RECLAMANTE utilizando-se do amparo legal que lhe
confere o artigo 483, letra d da CLT, notificou a empregadora,
ora RECLAMADA, da rescisão de seu contrato de trabalho,
pleiteando todos seus direitos rescisórios, haja vista que a
RECLAMADA nunca cumpriu com as obrigações legais
trabalhistas.

Assim, consoante ao parágrafo 3º deste mesmo artigo 483, o


EMPREGADO, ora RECLAMANTE, optou por não mais
permanecer em serviço, pleiteando portanto sua rescisão
indireta nos termos da legislação em vigor.

Verbas rescisórias não quitadas:

Saldo de Salário 29 dias:-------------------------- R$55.697,94


13º Salário proporcional 1/12: --------------------R$4.801,54
Férias proporcionais 2/12: -------------------------R$9.603,09
Aviso Prévio Especial 15 anos:-------------------R$172.855,68
Multa de 40% sobre o FGTS 15 anos: ----------------a apurar
FGTS sobre as verbas rescisórias: --------------------a apurar
Total das verbas rescisórias sem FGTS:--------R$242.958,25

DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO –


DESCARACTERIZAÇÃO DA PERSONALIDADE JURIDICA.

A RECLAMADA contratou o RECLAMANTE em dezembro de


2.000 para exercer a função de vendedor com salários fixados
em 2% dois por cento sobre o montante das vendas que o
mesmo efetuasse para a RECLAMADA. Os trabalhos se
iniciaram e a RECLAMADA percebeu o alto potencial pessoal
do RECLAMANTE, chegando à conclusão que o mesmo teria
salários altos tendo em vista seu bom desempenho nas
vendas.

A princípio, os vencimentos do funcionário eram pagos a


título de REMUNERAÇÃO/SALÁRIOS conforme extrato
bancário juntado sob o título “Extrato Bancário com
discriminação de pagamento de salário”.

Porém, ao perceber que o Vendedor contratado teria altos


salários, e para suprimir custos para a empresa, a
RECLAMADA determinou que o RECLAMANTE abrisse uma
empresa em seu nome (AÇOS MENDONÇA
REPRESENTAÇÕES LTDA – EPP – CNPJ
04.556.618/0001-93), para SUPRIMIR DIREITOS
TRABALHISTAS. Foi uma ordem da empresa sob pena de não
mais poder continuar trabalhando para a RECLAMADA.

A relação de prestação de serviços entre RECLAMANTE e


RECLAMADA sempre foi pessoal, de natureza não eventual,
a um único empregador, mediante pagamento de salário
mensal. Esta relação de trabalho, sempre subsumiu-se aos
moldes do artigo 3º da CLT.

Destaque-se, que sempre foi o próprio RECLAMANTE a


prestar diretamente os serviços. Nunca houve um
terceiro, ou seja, sempre houve a pessoalidade conforme
se discorrerá exaustivamente a seguir.

A relação de emprego teve início em dezembro de 2.000. Os


pagamentos das remunerações do Reclamante foram
efetuadas pela empresa RECLAMADA, através de depósitos
bancários, a princípio sob a denominação/descrição

REMUNERAÇÃO / SALÁRIO (meses de dezembro


de 2.000 e janeiro de 2.001), conforme se comprova
pelo extrato fornecido pela Instituição Bancária e assinado
pela gerente da agência. Em seguida, a partir de fevereiro de
2.001, a RECLAMADA mascarou os pagamentos e começou a
quitar sua remuneração a título de PAGAMENTO
FORNECEDOR dentre outras descrições.

Verifique-se o absurdo!! Nem sequer a empresa havia sido


aberta e a RECLAMADA já se utilizava do substerfúgio de
pagamento a FORNECEDOR!!! A empresa foi aberta
apenas em 12/07/2.001!!!

Com o único intuito de suprimir os direitos trabalhistas que


são inerentes às relações de emprego, a RECLAMADA obrigou
o RECLAMANTE à abertura de empresa, o que lhe causou
muitos prejuízos trabalhistas e fiscais.

O Fenômeno da PEJOTIZAÇÃO praticado pelas empresas


visando fraudar os direitos trabalhistas dos seus empregados
vem há muito tempo sendo desmascarado pelos Tribunais.

O RECLAMANTE colaciona abaixo algumas decisões


exemplares quanto ao que alega:

TRT-3 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO


01706201011203000 0001706-18.2010.5.03.0112
(TRT-3)
Data de publicação: 27/06/2011
Ementa: EMPRESA CONSTITUÍDA PARA FRAUDAR A
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA - RELAÇÃO DE
EMPREGO CONFIGURADA - FENÔMENO DA
PEJOTIZAÇÃO. A pejotização é o fenômeno pelo
qual a criação de pessoas jurídicas é fomentada pelo
tomador de serviços com o propósito de se esquivar
das obrigações e encargos trabalhistas. Contudo,
vigora no Direito do Trabalho o princípio da
irrenunciabilidade, mediante o qual não é permitido
às partes, ainda que por vontade própria, renunciar
os direitos trabalhistas inerentes à relação de
emprego existente

TRT-3 - RECURSO ORDINARIO


TRABALHISTA RO 01731201401003007 0001731-
07.2014.5.03.0010 (TRT-3)
Data de publicação: 09/11/2015
Ementa: VÍNCULO DE EMPREGO. "PEJOTIZAÇÃO".
ARTIGO 9º DA CLT. FRAUDE À LEGISLAÇÃO
TRABALHISTA. O fenômeno da "pejotização" é
utilizado para burlar o cumprimento dos direitos
trabalhistas devidos ao empregado, que é induzido a
constituir pessoa jurídica para firmar contrato de
prestação de serviços entre empresas. Trata-se, no
caso, de tentativa de dissimulação da relação de
emprego existente entre o autor e a ré, o que não se
admite no ordenamento jurídico pátrio, atraindo a
aplicação do art. 9º da CLT.

TRT-3 - RECURSO ORDINARIO


TRABALHISTA RO 02371201418503001 0002371-
67.2014.5.03.0185 (TRT-3)
Data de publicação: 23/09/2015
Ementa: EMENTA. FRAUDE NO PAGAMENTO DO
SALÁRIO. PAGAMENTO ATRAVÉS DE PESSOA
JURÍDICA. SALÁRIO EXTRAFOLHA. O fenômeno
denominado "pejotização" é uma realidade atual. É
certo que nem toda contratação através de pessoas
jurídicas é fraudulenta. Por outro lado, inúmeros são
os casos dessa forma de contratação visando apenas
redução de custo e precarização dos direitos
trabalhistas, o que não pode ser admitido. Constatado
nos autos que o reclamante recebia parcela
significativa do seu salário à margem da folha regular
de pagamento, mediante pessoa jurídica por ele
constituída por orientação da reclamada, as
diferenças decorrentes da fraude são devidas.

TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO


00025931120135020084 SP
00025931120135020084 A28 (TRT-2)
Data de publicação: 13/11/2014
Ementa: Vinculo Empregatício. Prestação de Serviços
através de pessoa jurídica constituída pelo
trabalhador. O mero invólucro formal que recobre as
diversas formas de contratos-atividade não tem o
condão de impedir o eventual reconhecimento de
liame empregatício. O fenômeno de contratação de
serviços pessoais, por pessoas físicas, de modo
subordinado, não eventual e oneroso, intermediado
por pessoa jurídica constituída para esse fim, com
escopo de mascarar eventual vínculo empregatício
vem sendo detectada pela jurisprudência, trata-se do
fenômeno da "pejotização". Esse procedimento, que
burla a legislação trabalhista surge como opção aos
empregadores para a diminuição dos custos e
encargos trabalhistas, violando diretamente o
princípio da primazia da realidade. Apelo improvido.

TRT-1 - Recurso Ordinário RO


00000617320125010069 RJ (TRT-1)
Data de publicação: 19/11/2014
Ementa: VÍNCULO DE EMPREGO. PEJOTIZAÇÃO.
FRAUDE À LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. O
fenômeno da 'pejotização', consiste na constituição
de pessoa jurídica com o escopo de mascarar
verdadeira relação de emprego, em nítida fraude à
legislação trabalhista (art. 9º da CLT ), com a
supressão de direitos constitucionalmente
assegurados (art. 7º , CF/88 ), e violação dos
princípios da dignidade da pessoa humana (art. 1º ,
III , CF/88 ) e da valorização do trabalho (art. 170 e
193 , CF/88 ). Sendo assim, comprovado nos autos
que o autor foi empregado da 1ª ré ao longo de todo o
período declinado na inicial, tendo a ele sido imposta
a condição de integrar o quadro societário da 2ª ré
como forma de mascarar a natureza da avença
ocorrida, impõe-se o reconhecimento da fraude
perpetrada pelas demandadas e a formação do
vínculo de emprego diretamente com a tomadora dos
serviços.

RT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO


00001827920115020014 SP
00001827920115020014 A28 (TRT-2)
Data de publicação: 14/03/2014
Ementa: Dia Brasil Sociedade Ltda. Contrato de
gestão. Relação de emprego. Terceirização ilícita da
atividade fim mais pejotização. Recursos para
esvaziamento de direitos do trabalhador. Fraude à
legislação trabalhista. Aplicação do art. 9º da CLT . O
contexto fático e jurisprudencial delineado sobre a
hipótese, somado à análise do conjunto probatório,
não deixa qualquer dúvida a respeito da fraude à
legislação trabalhista, nos termos do art. 9º da CLT ,
perpetrada pela reclamada mediante a transferência
de gestão de seus supermercados para trabalhadores
que nada mais eram do que seus subordinados e que
jamais poderiam assumir os riscos da atividade
econômica, mormente porque não detinham os meios
para isso. A hipótese retratada nesses autos é
claramente de terceirização ilícita de atividade fim
através de um "contrato de gestão" celebrado com
uma pessoa jurídica constituída por trabalhadores
que atuam na verdadeira condição de empregados,
caracterizando-se, ainda, o fenômeno da
"pejotização", neologismo pelo qual se define a
hipótese em que o empregador, para se furtar ao
cumprimento da legislação trabalhista, obriga o
trabalhador a constituir pessoa jurídica, dando
roupagem de relação interempresarial a um típico
contrato de trabalho. Por fim, a contratação da
reclamante como empregada no dia subsequente à
rescisão do "contrato de gestão" vem a corroborar a
notória relação de emprego que já existia entre as
partes. Recurso provido.

Ademais, a atividade de vendedor é função precípua da


RECLAMADA, haja vista ser função indispensável à atividade
fim da mesma. Tal função não pode ser terceirizada. O setor
comercial da empresa é atividade inerente e fundamental
para seu negócio. É condição “sine qua non” para o
funcionamento da empresa RECLAMADA a existência de um
setor comercial.

Também, durante todo o pacto laboral, além de não receber


por seus direitos trabalhistas, o RECLAMANTE ainda teve
que quitar os tributos que passaram a ser devidos pela
empresa aberta devido à emissão das notas fiscais
exigidas pela RECLAMADA.

A Relação de emprego entre RECLAMANTE E RECLAMADA é


cristalina.

Para comprovar a natureza não eventual, o RECLAMANTE


junta a este processo, as notas fiscais emitidas pelo
RECLAMANTE e, destaca que:

“TODAS AS NOTAS FISCAIS EMITIDAS, SEM EXCEÇÃO,


FORAM ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE EMITIDAS PARA A
RECLAMADA”. Nunca houve uma nota fiscal sequer,
emitida a outra pessoa que não a própria reclamada ou seja,
os trabalhos sempre foram prestados ao mesmo empregador.

Todas as notas fiscais emitidas estão anexadas a este


processo e comprovam o que se alega. Desde a nota fiscal
nº 01, até a última Nota fiscal aqui colacionadas, possuem
um único destinatário, ou seja, a RECLAMADA.

A não eventualidade, comprova-se também pela ABSOLUTA


REGULARIDADE na PERIODICIDADE das emissões das
notas. SEMPRE FORAM EMITIDAS NOTAS FISCAIS
MENSALMENTE, E OS VALORES FORAM PAGOS
MENSALMENTE conforme se comprova pela juntada dos
extratos em anexo.

O local do escritório onde o RECLAMANTE estava sediado


quando ao voltar dos trabalhos externos, de onde enviava os
documentos relativos às vendas efetuadas para a
RECLAMADA, preparar os relatórios e encaminhar os
pedidos, assim como para resolver os problemas cotidianos
do escritório, sempre foram alugados diretamente pela
RECLAMADA através de seus sócios diretores ANDRÉ
ZINN E JORGE LUIZ KAMINSKY conforme contrato de
locação em anexo. Os diretores mencionados, constam do
quadro societário da RECLAMADA, conforme se comprova
pela Certidão da JUCESP ora juntada a este feito.
Verifique-se inclusive, que o IPTU daquela localidade alugada
pelos sócios da RECLAMADA, estão em nome da empresa
JURESA INDUSTRIAL DE FERRO LTDA, o que põe por terra
qualquer pretensão de alegações que o local pertencia ao
RECLAMANTE. Verifica-se também, que a locação foi
efetuada em nome dos sócios da RECLAMADA, porém o IPTU
foi sempre efetuado diretamente em nome da própria
RECLAMADA.

Há de se destacar, diversas situações em que se configura a


existência de uma sede da RECLAMADA no local onde ficava
sediado o RECLAMANTE. Nos papéis timbrados da empresa,
cartões de visita do Reclamante, envelopes timbrados que
constam o endereço de Ribeirão Preto (docs. juntados),
constam o endereço de Ribeirão Preto.

No próprio site (internet) da RECLAMADA consta o endereço


do local do escritório de vendas da RECLAMADA, local onde o
RECLAMANTE laborou por 15 anos.
Verifique-se inclusive, algumas fotos em anexo da localidade
a que se refere. Há e sempre houve, uma placa de
identificação com o Logotipo da RECLAMADA.

O endereço mencionado acima é o da Rua Bernardino de


Campos nº 1.001 Em Ribeirão Preto Estado de São Paulo,
conforme relata os papeis timbrados cartões de visita e outros
documentos da JURESA.

O RECLAMANTE tinha jornada de trabalho absolutamente


bem definida. O RECLAMANTE entrava em serviço às 06:00
laborando até às 20:00 de segunda-feira até sábados, sendo
que aos Domingos, laborava em média 02 vezes por mês entre
as 08:00 e 11:00. Não tinha sequer o direito a questionar tal
situação, haja vista a DEPENDÊNCIA e SUBORDINAÇÃO às
ordens dadas pelo empregador. Se as ordens não fossem
cumpridas ele seria demitido. Os trabalhos não poderiam se
acumular, caso contrário, os pedidos dos clientes da
RECLAMADA ficariam acumulados. Os trabalhos sempre
deviam ser entregues de imediato.

Verifique-se exemplificativamente um e-mail enviado pelo Sr.


Carlos Poleti ao RECLAMANTE em 25 de maio de 2.015
(anexado nesta inicial sob o título “E-mail de advertência
pela JURESA”) sobre as metas de contato com os clientes
(exigindo 40 ligações para clientes por dia).

Resta claro que havia subordinação expressa à RECLAMADA!


O RECLAMANTE nunca teve liberdade em suas negociações.
Todas as regras, como contato com clientes, condições de
pagamento, preços, descontos, condições das vendas tinham
que ser absolutamente respeitadas e eram passadas
diretamente pela RECLAMADA. Os horários laborados, os
locais das vendas, os clientes, assim como todas as condições
eram sempre condicionadas às ordens da EMPREGADORA.
Nunca houve liberdade neste sentido.

A Dependência Econômica do RECLAMANTE face à


RECLAMADA era absoluta. A única fonte de renda do
RECLAMANTE era relativa ao trabalho efetuado para a
RECLAMADA. Isto se comprova pela exclusividade de emissão
de notas fiscais em favor única e exclusivamente da
RECLAMADA. Sempre houve um único empregador, ou seja,
A RECLAMADA.

Os trabalhos nunca foram eventuais. Sempre houve a


frequência diária habitual de trabalho do RECLAMANTE à
RECLAMADA.

Nos dias em que o RECLAMANTE não saia para efetuar


vendas, o mesmo ficava no escritório da RECLAMADA a fim
de organizar os pedidos, pedir autorização para os descontos
nos preços solicitados pelos clientes, identificar a
disponibilidade dos estoques, acertar a documentação fiscal
da operação de vendas pretendidas, e tomar conta do
escritório da RECLAMADA (JURESA), em todo seu
funcionamento, tais como limpeza, pagamento de contas de
água, energia elétrica, internet, telefone impostos em geral,
condomínios dentre outras atividades normais de um
escritório.

Realmente o único intuito da RECLAMADA foi o de mascarar


a relação de emprego e suprimir os direitos que o
RECLAMANTE faz jus.

A única intenção da RECLAMADA era a de omitir direitos do


RECLAMANTE, e assim o fez durante todo o pacto laboral. O
RECLAMANTE foi obrigado a abrir esta empresa e teve
muitas perdas, que ora submete a este MM. Juízo. Perdas de
direitos trabalhistas e perdas fiscais pelo pagamento de
tributos pela empresa aberta o que desde já, requer a
restituição.

Não é lícito à RECLAMADA, obrigar seus funcionários à


abertura de empresa para esta finalidade. O Direito não pode
socorrer tais desmandos, sob pena de legitimar aos
fraudadores a possibilidade de promover injustiças frente aos
seus subordinados, como de fato ocorreu nesta presente lide.
A imposição do poder pelo EMPREGADOR tem que ser
limitado.
A descaracterização da Personalidade Jurídica, declarando a
prestação de serviço pessoal à RECLAMADA, firma a primazia
da realidade, ensejada pelos Tribunais.

Durante o período de 15 (quinze) anos o RECLAMANTE


emitiu notas fiscais exclusivamente para a RECLAMADA, ou
seja, abriu uma empresa para trabalhar exclusivamente para
uma empresa e exercer função precípua de suas atividades. A
Situação de Relação de Emprego está plenamente
caracterizada haja vista o longo período de prestação de
serviços para a mesma e única empregadora.

Estão caracterizados todos os elementos necessários para a


caracterização do vínculo, ou seja, pessoalidade, não
eventualidade, onerosidade e subordinação.

Também, quando da abertura da empresa, a forma de


pagamento salarial foi travestida pela RECLAMADA sob outra
titularidade. Deixou de ser paga como Remuneração/Salário,
passando a denominar “COMISSÃO” e, em outro momento,
“Pagamento a Fornecedor”.

Outro fator a ser considerado é que nunca houve prestação


de serviços pela EMPRESA e sim, pelo RECLAMANTE. Os
serviços sempre foram prestados pessoalmente por ele.
Não havia outro vendedor. Sempre houve esta
continuidade pessoal nos trabalhos.
A Habitualidade também está totalmente caracterizada.
Verifique-se a periodicidade pelas emissões das notas fiscais,
assim como pelos pagamentos britanicamente mensais
efetuados pela RECLAMADA. O Caráter de permanência está
comprovado.

A Onerosidade está cristalina. As duas condições necessárias


para esta condição estão devidamente comprovadas neste
processo, ou seja, os trabalhos prestados pelo RECLAMANTE
e o pagamento dos salários pela RECLAMADA.

A pessoalidade, ou intuitu pernonae está comprovado neste


processo. As vendas, objetos do trabalho do RECLAMANTE
nunca foram efetuadas por outra pessoa que não ele próprio.
A Pessoalidade está comprovada per se stante.

Todos os elementos do vinculo empregatício presentes no


artigo 3º da CLT estão aqui caracterizados e comprovados.

Amauri Mascaro do Nascimento em seu “Curso de Direito do


Trabalho, 11ª edição, São Paulo, Saraiva 1.995, Pagina 308,
diz que para que o trabalhador figure como empregado, é
necessário que preencha alguns requisitos:

"Na definição legal brasileira estão os


seguintes requisitos da figura do empregado:
a) pessoa física; b) subordinação
compreendida de forma mais ampla que
dependência; c) inenventualidade do trabalho;
d) salário; e) pessoalidade da prestação de
serviços esta resultante não da definição de
empregado, mas de empregador."

O reclamante preenche todos estes requisitos do art. 3º


da CLT, ou seja, pessoa física, nos primeiros meses de
trabalho, sendo que nos demais meses, foi obrigado a
tornar-se dono de uma empresa que continuou
subordinada à reclamada, relação essa, de pessoa jurídica,
apenas fictícia.

A subordinação e a criação da empresa fictícia é reconhecida


pela própria reclamada, considerando que no início pagou-
lhe REMUNERAÇÃO/SALÁRIO conforme consta nos extratos
bancários anexados, passando a quitar como “pagamento a
fornecedor”, mesmo antes de ter sido aberta a empresa (a
partir de 28 fevereiro de 2.001 conforme extrato juntado),
obrigando o RECLAMANTE a abrir uma empresa logo em
seguida.

Ou seja, entre fevereiro de 2.001 e julho de 2.001


(abertura da empresa), a RECLAMADA pagou os salários
para o RECLAMANTE como se ele fosse fornecedor!!! Não
havia sequer a empresa aberta ainda!!!

Porém, por todo o exposto, e apesar te ter sido contratado na


data supra e trabalhado para a REQUERIDA com
pessoalidade, habitualidade, subordinação e onerosidade,
cumprindo, todas as exigências do artigo 3º da CLT, não teve
o registro de sua CTPS, descumprindo assim, a
RECLAMADA reclamado, a exigência trazida pelo artigo 29 da
CLT. Desta feita desde já se requer o reconhecimento do
vínculo empregatício com a consequente anotação na CTPS.

O Reclamante nunca teve outro cliente.

Enfim, a relação de emprego encontra-se plenamente


caracterizada e exaustivamente explanada nos parágrafos
anteriores, assim como pelos inúmeros documentos em
anexo, onde o Reclamante demonstra sua total subordinação
para com o polo passivo desta lide.

Requer-se portanto, que seja reconhecido o vínculo


empregatício entre RECLAMANTE e RECLAMADA,
descaracterizando-se a prestação pela pessoa jurídica,
condenando-se a RECLAMADA a indenizar todas as verbas
suprimidas diante do ato ilícito praticado pela mesma,
arcando inclusive com todos os ônus tributários que foram
objetos de pagamento pela empresa aberta pelo
RECLAMANTE.

DA JORNADA DE TRABALHO, DAS HORAS EXTRAS

O Reclamante, durante o período em que laborou como


Vendedor, entre dezembro de 2.000 e Janeiro de 2.016,
trabalhava de segunda até sábado, em jornada que iniciava
as 06:00 horas, saindo as 20:00 horas do escritório, sempre
sem intervalo legal para repouso e alimentação. Aos
Domingos, laborava em média duas vezes por mês entre as
08:00 e 11:00. Jamais foram quitadas as horas extras
laboradas.

Ressalte-se que o RECLAMANTE sempre fez horas extras


diariamente e acima das duas horas extras que a
Constituição federal Autoriza em seu artigo 59.

Art. 59 - A duração normal do trabalho poderá


ser acrescida de horas suplementares, em
número não excedente de 2 (duas), mediante
acordo escrito entre empregador e empregado,
ou mediante contrato coletivo de trabalho.

Desta forma, como o RECLAMANTE laborava 06:40 extras


por dia, o excedente de duas, ou seja, 04:40 por dia deverá
ser acrescido do percentual de 100% sobre a hora normal.

O reclamante sempre recebeu sua remuneração, em absoluto


desacordo com a real jornada dispendida. Tal situação foi
repetida durante todo o pacto laboral sendo-lhe suprimidos
os direitos às horas extras diariamente laboradas e nunca
pagas pelas Reclamadas. Estes valores deverão ser apurados
em final execução de sentença.

DO DESRESPEITO AO ART. 71 DA CLT


A RECLAMADA durante o citado período do contrato de
trabalho do RECLAMANTE, nunca permitiu que fosse
desfrutado o intervalo intrajornada previsto pelo “Caput” do
art. 71 da CLT.

No horário destinado ao repouso e alimentação, o Reclamante


era obrigado a atender seus clientes, ou até fazer rápidas
refeições em período de até no máximo 20 minutos quando
havia, devendo sempre estar à disposição dos clientes da
RECLAMADA a fim de “NÃO PERDER PEDIDOS”.

Assim, nos termos do parágrafo quarto do referido artigo 71


da CLT, deverá a Reclamada ser condenada a pagar mais
“uma hora extra inteira” por esta hora, somados a 50% de
acréscimo sobre a jornada normal, ao Reclamante de
intervalo intrajornada todos os dias da semana durante o
período citado, onde não se respeitou o intervalo intrajornada
mínimo, tudo sem prejuízo das horas extras já pleiteadas no
tópico supra, observando os acréscimos Convencionais ou
Legais, refletindo por habituais nos DSR’s (Lei 605/49, art.
7º, “a” e E 172 TST), férias + 1/3(E 151 TST), salários
trezenos (E 45 TST), FGTS (E 63 TST) + 40%, aviso prévio,
multa do art.71 da CLT, etc.

Neste sentido é o entendimento do C TST, o qual encontra-se


cristalizado na nova redação da OJ 307 , da SDI I , senão
veja-se:
“Intervalo intra-jornada (para repouso e
alimentação). Não concessão ou concessão
parcial. Lei nº 8923/1994.DJ 11.08.2003 –
Parágrafo único do art. 168 do Regimento
Interno do TST. Após a edição da Lei
nº8.923/1994 , a não concessão total ou
parcial do intervalo intra-jornada mínimo, para
repouso e alimentação, implica o pagamento
total do período correspondente, com acréscimo
de, no mínimo 50% sobre o valor da
remuneração da hora normal de trabalho (art.
71 da CLT).

Desta forma, deve ser pago ao Reclamante tais remunerações


por todo o período mencionado.

DO DESCANDO SEMANAL REMUNERADO E FERIADOS


LABORADOS

Conforme será comprovado no curso deste processo, o


Reclamante laborou aos Domingos (em média duas vezes por
semana) quando estes deveriam ser-lhe concedidos a título de
Descansos Semanais Remunerados assim como tendo
laborado em todos os feriados, exceto natal, ano novo e sexta-
feira santa.

Assim, com amparo no art. 7º, inc. XV da CF; art. 67 da CLT


e Súmula 146 do E. TST, que visam garantir o repouso do
trabalhador nessas ocasiões, e caso venha a laborar nos
referidos dias, não sendo compensado, lhe é assegurado o
pagamento em dobro.

A respeito disso, importe citar o ilustre Professor André Luis


Paes de Almeida, em sua obra Direito do Trabalho 5ª edição,
editora Rideel, p. 128, que assevera:

“No que diz respeito aos descanso


semanais remunerados e feriados, o
empregado que trabalhar nesses dias
deverá receber em dobro.”

Assim, por não ter efetuado corretamente o pagamento das


horas trabalhadas requer, com fundamento na determinação
legal contida nos artigos 66 e 67 da CLT, bem como na
Súmula 110 do C. TST e Orientação Jurisprudencial nº 355
da SDI-1 do C. TST, sejam as Reclamadas compelidas ao
pagamento dessas horas suprimidas, como extras, com o
devido adicional ou convencional, além dos reflexos nas
verbas contratuais em razão de serem habituais (DSR, 13º
Salário, Férias + 1/3 e FGTS) e nas verbas rescisórias (Aviso
Prévio indenizado, Saldo de Salário, 13º proporcional, Férias
proporcionais + 1/3 e multa de 40% sobre o FGTS).

RESCISÃO INDIRETA – VERBAS RESCISÓRIAS


A RECLAMADA nunca cumpriu com nenhuma obrigação
trabalhista para com o RECLAMANTE. Nunca efetuou a
devida anotação em Carteira de Trabalho e Previdência
Social, assim como horas extras, férias, 13º salário, Depósitos
de FGTS dentre outros que ora estão sendo pugnados nesta
lide.

Desta forma, em 29/01/2.016, o RECLAMANTE notificou a


RECLAMADA (notificação e contra-notificação anexa) da
decisão tomada, amparada no artigo 483 da Consolidação
das Leis do Trabalho.

Art. 483 – O empregado poderá considerar rescindido o


contrato e pleitear a devida indenização quando:
...
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
...
§ 3º – Nas hipóteses das letras “d” e “g”, poderá o empregado
pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento
das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço
até final decisão do processo.

Uma vez descumpridas todas as normas legais, o


RECLAMANTE optou por ajuizar a presente reclamatória a
fim de obter seus haveres a que faz jus.

Assim, espera o acolhimento do pedido da dispensa indireta,


condenando-se a RECLAMADA ao pagamento de todas as
verbas rescisórias já apresentadas.

DA APLICAÇÃO DO ARTIGO 467 DA CLT.


As Reclamadas embora tenham dado motivo para a rescisão
indireta face ao Reclamante em 29/01/2015, não quitaram
nenhuma das verbas da rescisão de contrato de trabalho até
a presente data.

O Reclamante faz jus ao Aviso Prévio Especial, Férias


vencidas e proporcionais, 13º Salário proporcional, saldo de
salários, entrega das guias de seguro desemprego, multa de
40% sobre o saldo de FGTS, dentre outras ainda não pagas.

Desta forma por se tratar de verbas incontroversas requer


sejam as mesmas quitadas em primeira audiência, sob pena
de não o fazendo, incidir no pagamento da multa de 50%
sobre o saldo devido e não pago, nos termos do que prevê o
dispositivo legal em epígrafe (art. 467 CLT).

15. DO ATRASO NO PAGAMENTO DA RESCISÃO


CONTRATUAL – MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT.

O RECLAMANTE rompeu seu contrato por justa causa em


29/01/2.016 e até a presente data não recebeu o pagamento
de sua rescisão de contrato de trabalho.

Assim, por já haver passado mais de 10 dias da dispensa sem


justa causa conforme aplicação do artigo 483, letra d da CLT,
e pelo fato de não haver pagamento das verbas rescisórias, O
Reclamante faz jus ao pagamento de uma multa no montante
de 01 salário do empregado, nos termos do artigo 477 da
CLT, o que se requer como medida de justiça.

16. DO FGTS NÃO DEPOSITADO.

Durante a vigência do contrato de trabalho, a RECLAMADA


nunca efetuou o depósito de FGTS – Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço.

Desta forma, a RECLAMADA deve ser compelida ao


pagamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –
FGTS, por todo o pacto laboral, com os devidos acréscimos
legais e multa, sempre considerando-se a prescrição
trintenária relativa ao FGTS.

Tais depósitos devem integrar a base de cálculo para o


pagamento da multa rescisória de 40% sobre o saldo do FGTS
que deveria ter sido depositado e não foi.

17. DAS FÉRIAS VENCIDAS (PAGAMENTO EM DOBRO) E


PROPORCIONAIS + 1/3 (UM TERÇO) CONSTITUCIONAL.

O Reclamante iniciou seu labor para as Reclamadas em


Dezembro de 2.000, mas nunca teve suas férias
concedidas.

Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas


após o prazo de que trata o art. 134, o empregador
pagará em dobro a respectiva remuneração.
§ 1º - Vencido o mencionado prazo sem que o
empregador tenha concedido as férias, o empregado
poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por
sentença, da época de gozo das mesmas.

Por esta razão, referidos períodos não concedidos devem ser


indenizados “EM DOBRO”, e acrescidos de 1/3 (um terço)
nos termos da Constituição federal.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e


rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal;

Requer-se portanto, a condenação da RECLAMADA ao


pagamento destes períodos em dobro, acrescidos dos
adicionais legais devidos nos ermos da lei vigente.

18. DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO

A RECLAMADA nunca pagou o décimo terceiro salário ao


RECLAMANTE.

Desta forma, o RECLAMANTE faz jus ao recebimento desta


verba por todo o período laborado, somando-se às integrações
de horas extras habitualmente laboradas.
Súmula nº 45 do TST SERVIÇO
SUPLEMENTAR - A remuneração do serviço
suplementar, habitualmente prestado, integra
o cálculo da gratificação natalina prevista na
Lei nº 4.090, de 13.07.1962.

Requer portanto a condenação da RECLAMADA ao


pagamento destas verbas acrescidas dos encargos legais,
juros, correção monetária e demais cominações deste estilo.

DOS DANOS MORAIS

É fato de fácil comprovação que a RECLAMADA nunca


cumpriu com nenhuma obrigação legal relacionada à
presente lide, originária do pacto laboral exercido entra
RECLAMANTE E RECLAMADA durante mais de 15 anos.

De acordo com os fatos narrados, o Reclamante rompeu o


contrato de trabalho por justa causa em 29/01/2.016 e até a
presente data não recebeu suas verbas rescisórias. Também
não recebeu nenhuma verba a título de décimo terceiro
salário, férias mais um terço Constitucional, depósito de
FGTS, dentre outros direitos objetos desta lide. É evidente
que as atitudes adotadas pela RECLAMADA causaram e
ainda causam ao Reclamante, sérios prejuízos ao seu
patrimônio moral. O Autor sequer recebeu suas verbas
rescisórias a que tinha direito.
Conforme já mencionado, o Reclamante enfrentou e ainda
vem enfrentando situação humilhante, posto que acumula
contas a pagar, e família para sustentar; encontrando-se
entretanto impossibilitado de cumprir com seus
compromissos, por culpa exclusiva da Reclamada, que deixou
de cumprir obrigações elementares do contrato de trabalho,
situação essa que inegavelmente tem causado prejuízos ao
patrimônio moral do autor, bem como à sua honra e
dignidade pessoal.

A Reclamada abusou do seu poder hierárquico e diretivo, não


como uma prerrogativa para melhor administrar o seu
empreendimento e as relações de trabalho, mas sim para
obtenção de vantagens ilícitas, causando graves prejuízos
àquele que exerceu sua atividade com dignidade ao longo de
todo o contrato de trabalho.

A Reclamada não levou em consideração a principal


obrigação do empregador que é oferecer trabalho de forma
digna, com quitação de todas as verbas decorrentes do
contrato de trabalho, nelas incluídas as verbas rescisórias e
depósitos fundiários, tudo isso em observância aos princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana e o valor
social do trabalho (Art. 1º, incisos III e IV; Art. 7º, incisos I e
III da Constituição Federal), condições estas evidentemente
não respeitadas pelas Reclamadas.
Tal situação submeteu o Reclamante a grande sofrimento e
constrangimento moral, devendo as Reclamadas indenizar o
Reclamante pelo ato ilícito causado.

Nesse diapasão, não se pode olvidar que as atitudes da


Empregadora são repudiadas pelo Código Civil em seu artigo
186, porquanto considera ato ilícito a ação ou omissão
voluntária daquele que por negligência ou imprudência violar
direito e causar dano a outrem, sendo garantido o direito a
reparação do dano, ainda que, exclusivamente moral
conforme caput do artigo 927 do Código Civil.

Desta forma, a conduta da Reclamada lesou o patrimônio


psíquico e ideal do Reclamante, infringindo assim os artigos
1º, inc. III; 5º, incisos V e X da Constituição Federal, os quais
visam proteger a dignidade da pessoa humana além de
conceder o direito à indenização proporcional ao agravo com
o objetivo de diminuir os efeitos provocados pelo dano sofrido.

O ilustre Professor Maurício Godinho Delgado, em sua obra já


declinada, pag. 615, assim nos ensina:

“... dano moral ao trabalhador. Este, conforme


visto, consiste em toda a dor física ou
psicológica injustamente provocada em uma
pessoa humana. (...) Ressalta-se que tanto a
higidez física, como a mental, inclusive
emocional, do ser humano são bens
fundamentais de sua vida, privada e pública,
de sua intimidade, de sua auto-estima e
afirmação social e, nesta medida, também de
sua honra.”

Ainda na mesma obra, à pag. 617 garante o ilustre Professor:

“É do empregador, evidentemente, a
responsabilidade pelas indenizações por dano
moral ou à imagem resultantes de conduta
ilicita por ele cometida, ou por sua chefias,
contra o empregado sem relação com a
informtunística do trabalho.”

Vale ressaltar ainda, o ensinamento do também ilustre Prof.


Carlos Alberto Bittar, em sua obra Reparação Civil por Danos
Morais, 2ª ed., São Paulo, pag. 130, que diz:

“Na prática, cumpre demonstrar-se que pelo


estado da pessoa, ou por desequilíbrio, em
sua situação jurídica, moral, econômica,
emocional ou outras, suportou ele
consequências negativas, advindas do fato
lesivo. A experiência tem mostrado, na
realidade fática, que certos fenômenos
atingem a personalidade humana, lesando os
aspectos referidos, de sorte que a questão se
reduz, no fundo, a simples prova do fato
lesivo. Realmente, não se cogita, em verdade,
pela melhor técnica, em prova de dó ou aflição
ou de constrangimento, porque são
fenômenos ínsitos na alma humana como
reações naturais a agressões do meio social.
Dispensam, pois, comprovação, bastando, no
caso concreto, a demonstração do resultado
lesivo e a conexão com ao fato causador, para
responsabilização do agente.”

Nessa linha de raciocínio, necessário citar as palavras do


grande Prof. Caio Mario da Silva Pereira, em sua obra
Responsabilidade Civil, 4ª edição, Ed. Forense, pag. 55, o
qual assevera que o ressarcimento por danos morais tem que
atingir a convergência de duas forças, vejamos:

“caráter punitivo para que o causador do


dano, pelo fato da condenação, se veja
castigado pela ofensa que praticou e o caráter
compensatório para a vítima, que receberá
uma soma que lhe proporcione prazeres como
contrapartida do mal sofrido.”

Também o Prof. Carlos Alberto Bittar, em sua obra Reparação


Civil por danos morais, Ed. RT. 1993, pag. 220, destaca:

“... a indenização por danos morais deve


traduzir-se em montante que represente
advertência ao lesante, e à sociedade de que
não se aceita o comportamento assumido, ou
o evento lesivo advindo. (...) Deve, pois, ser
quantia economicamente significativa, em
razão das potencialidades do patrimônio do
lesante.”

É sempre bom ressaltar, ainda que a importância da


condenação vá além do caso concreto, haja vista que a
sentença tem alcance muito elevado, na medida em que traz
consequências ao direito e toda sociedade. Por isso, deve
haver a correspondente e necessária exacerbação do
quantum da indenização tendo em vista a gravidade da
ofensa à honra do autor, vez que os efeitos punitivos e
educativos da condenação só produzirão seus efeitos e
alcançarão sua finalidade se esse quantum for
suficientemente alto a ponto de apenar a RECLAMADA e
assim coibir que outros casos semelhantes aconteçam, além
de levar em consideração na determinação da indenização, o
poder econômico da RECLAMADA.

Com a devida vênia, está clara a necessidade da


RECLAMADA em responder pelas lesões causadas ao
patrimônio moral (psíquico e ideal) do Reclamante, bem como
à sua honra e dignidade, uma vez que todos os pressupostos
para a imposição do dever de indenizar restaram
comprovados no caso em comento, ou seja, o dano, o nexo
causal e a culpa das Reclamadas, tendo em vista os fatos
aqui expostos em relação à FALTA DE PAGAMENTO DAS
VERBAS RESCISÓRIAS, A FALTA DE RECOLHIMENTO DOS
DEPÓSITOS FUNDIÁRIOS + A MULTA DE 40%, FALTA DE
PAGAMENTO DE FÉRIAS E UM TERÇO, AVISO PRÉVIO
ESPECIAL INDENIZADO ASSKM COMO OUTROS DIREITOS
COMO HORAS EXTRAS, FÉRIAS ETC..., fatos esses que
inegavelmente causaram e ainda causam lesões a patrimônio
imaterial do ofendido.

Diante de todo o exposto, restou claro os danos morais


sofridos pelo Reclamante, nos termos do que dispõe os artigos
186 e 927, “caput” do Código Civil, e artigo 5º, incisos V e X
da Constituição Federal, requerendo assim a condenação da
RECLAMADA ao pagamento de indenização a título de danos
morais no valor correspondente a 30 (trinta) salários médios
do reclamante.

DOS TRIBUTOS PAGOS PELO RECLAMANTE

A RECLAMADA obrigou o RECLAMANTE a abrir uma


empresa em seu nome. Desta forma, além de ter seus direitos
trabalhistas substancialmente reduzidos, o mesmo ainda foi
obrigado a pagar tributos derivados do faturamento (emissão
das notas fiscais) pelas vendas efetuadas.

Desta forma, o RECLAMANTE passou a suportar às suas


próprias expensas, todos os tributos originários das
operações fiscais relativas às atividades daquela empresa que
foi unicamente aberta por ordem da RECLAMADA.

Estes montantes pagos pelo RECLAMANTE, (todos anexados


a este processo), não podem e não devem ser suportados por
ele, e sim pela RECLAMADA.

Os tributos quitados, que totalizam R$272.391,42 (Duzentos


e setenta e dois mil, trezentos e noventa e um reais e
quarenta e dois centavos) somente nestes últimos 05 (cinco)
anos, não seriam devidos caso a RECLAMADA cumprisse com
todas suas obrigações e efetivasse a anotação em Carteira
de trabalho.

Referidos tributos constam de forma individualizada em


planilha anexa, porém, refere-se a:

Pelo exposto, requer que a RECLAMADA seja condenada a


restituir o montante acima indicado, acrescidos de juros e
correção monetária, como medida de justiça.
DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS

O Reclamante faz jus ao recebimento de participação nos


lucros e resultados da empresa RECLAMADA, nos termos do
que dispões a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria à
qual pertence, a qual deverá ser carreada aos autos pela
RECLAMADA.

A Reclamada jamais quitou referida verba motivo pelo qual


requer o Reclamante pela indenização correspondente.

23. DA GRATUIDADE JUDICIAL – Lei 1.060/50, E


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

O Reclamante declara-se pessoa pobre na acepção jurídica do


termo sob as penas da lei (doc. anexo), não possuindo
condições de arcar com os gastos desta demanda judicial,
sem que lhe falte o suficiente para sua sobrevivência e de
seus familiares, requerendo deste modo os benefícios da
Justiça Gratuita, nos termos do § 1º do Artigo 4ª da Lei nº
1.060/50, c.c. o Artigo 5º, Inc. LXXIV da Constituição Federal
de 1988, bem como com o Artigo 790, § 3º da CLT.

Inobstante a isso, em análise ao artigo 5º, LV, e artigo 133 da


CF/88, podemos observar que é imprescindível a presença do
advogado para que ocorra a ampla defesa no processo, como
os meios e recursos a ele inerentes.
Outrossim, com o advento da atual Constituição Federal em
seu artigo 133, e o novo Estatuto da Advocacia – Lei
8.906/94, artigos 22 a 26, o advogado tornou-se
indispensável na administração da Justiça.

Sendo assim requer o Reclamante que as custas processuais


e honorários advocatícios calculados à base de 30% (trinta)
por cento sobre o valor da condenação, recaiam sobre as
Reclamadas, em cumprimento ao disposto no Art. 133 da
CF/88 e ao Estatuto da OAB – Lei 8.906/94.-

DA COMPENSAÇÃO E/OU DEDUÇÃO DE VALORES PAGOS


SOB O MESMO TÍTULO.

Eventuais valores já quitados pelas Reclamadas, desde que


regularmente comprovados nos autos, na fase processual
própria e referindo-se aos mesmos títulos pleiteados, deverão
ser deduzidos dos valores reais devidos.

DOS TRIBUTOS DESTA RECLAMATÓRIA

Em função de não ter obedecido às normas legais, tendo


quitado as verbas que deveria ter pago no momento de suas
ocorrências, a RECLAMADA deve suportar única e
exclusivamente todos os tributos que deveriam incidir à
época, isentando-se o RECLAMANTE de todos os tributos
incidentes nesta lide.
25. DOS PEDIDOS.

Frente às razões acima expostas, pleiteia por ser de direito:

a. Reconhecimento do VÍNCULO EMPREGATÍCIO do


RECLAMANTE em face da RECLAMADA,
descaracterizando-se portanto a prestação de serviços
pela empresa a que foi obrigado a abrir nos termos da
fundamentação explanada nesta inicial, com o
consequente registro em Carteira de Trabalho e
Previdência Social.

b. Seja declarada a RESCISÃO INDIRETA do contrato de


trabalho, bem como haja a condenação da Reclamada
ao pagamento de todas as verbas rescisórias
provenientes de uma dispensa sem justa causa, quais
sejam: saldo de salário, aviso-prévio especial, décimo
terceiro salário proporcional, férias proporcionais
acrescidas do terço constitucional, multa de 40% sobre
o saldo do FGTS assim como nos reflexos destas verbas;

c. Pagamento das HORAS EXTRAS prestadas diariamente


diante do período laborado entre as 06:00 e 20:00 sem
intervalo para repouso e alimentação além de 07:20
(sete horas e vinte minutos) diários com o adicional legal
de 50% (cinquenta por cento) sobre as duas primeiras
horas extras prestadas, e de 100% (cem por cento)
sobre as demais, conforme a fundamentação....a apurar.

d. Pagamento de indenização da hora como extra, mais


multa de 50% sobre o INTERVALO PARA REPOUSO E
ALIMENTAÇÃO não concedido integralmente nos
termos do artigo 71 e parágrafos da CLT, mais
reflexos............................................................a apurar.

e. Pagamento dos DESCANSOS SEMANAIS


REMUNERADOS E FERIADOS EM DOBRO, com
adicional de 100%, cujo valor deverá ser apurado em
regular liquidação de sentença........................ a apurar.

f. Pagamento das VERBAS RESCISÓRIAS (Saldo de


Salário, 13º salário, Férias proporcionais, Aviso
Prévio Especial, Multa de 40% sobre o FGTS, FGTS
sobre as verbas rescisórias)em primeira audiência, sob
pena de não o fazendo, que seja aplicada às Reclamadas
a multa de 50% (cinquenta por cento), nos termos do
Artigo 467 da CLT..........................................a apurar.

g. A condenação da Reclamada ao pagamento da MULTA


PREVISTA NO PARÁGRAFO 8º DO ART. 477 da CLT,
em razão das mesmas não terem, até a presente data,
efetuado o pagamento das verbas rescisórias a que tem
direito o Reclamante, nos termos da fundamentação,
cujo quantum será apurado em regular liquidação de
sentença...........................................................a apurar.

h. Requer-se que as Reclamadas sejam compelidas ao


pagamento dos valores correspondente ao FGTS –
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, obedecendo-
se à prescrição trintenária, de todo o período laborado,
com incidência de juros e mora de 1% (um por cento) ao
mês, e multa de 10% (dez por cento) a partir do mês
sobre os valores atualizados, nos termos do que dispõe o
artigo 22 da Lei 8.036/90, além do valor correspondente
à multa rescisória de 40% sobre o FGTS a ser apurado
que deveria depositado na respectiva conta vinculada do
obreiro, bem como sobre o valor do FGTS devido por
força da rescisão contratual, cujo quantum será apurado
em regular liquidação de sentença....................a apurar.

i. A condenação das Reclamadas ao pagamento das


FÉRIAS EM DOBRO (nunca gozadas) + 1/3 dos
períodos não concedidos (todo o período laborado), a ser
apurada em regular liquidação de
sentença........................................................a apurar.

j. Pagamento de todos os salários trezenos (DÉCIMOS


TERCEIROS SALÁRIOS) por todo o período do contrato
efetivamente laborado ......................................a apurar.
k. Indenização do valor correspondente à 05 (CINCO)
PARCELAS DO SEGURO DESEMPREGO, tendo em
vista o não fornecimento pelas Reclamadas do Termo de
Rescisão de Contrato de Trabalho – TRCT, bem como
das guias necessárias à habilitação do referido seguro,
cujo quantum será apurado em regular liquidação de
sentença.......................................................a apurar.

l. Condenação das Reclamadas à indenização por DANOS


MORAIS nos termos da fundamentação, no valor
correspondente a 30 (trinta) salários do Trabalhador,
por infração aos artigos 186 e 927 “caput” do Código
Civil, e artigo 5º, incisos V e X da Constituição Federal,
cujo valor deverá ser apurado em regular liquidação de
sentença...........................................................a apurar.

m.Condenação das Reclamadas ao pagamento de valor


correspondente à PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E
RESULTADOS da empresa, nos termos do que prevê a
convenção coletiva da categoria que deverá ser carreada
aos autos pela RECLAMADA, cujo quantum deverá ser
apurado em regular liquidação de
sentença........................................................a apurar.

n. Condenação das Reclamadas à restituição de todos os


valores pagos a título de TRIBUTOS pela empresa que o
RECLAMANTE foi obrigado a abrir (AÇOS MENDONÇA
REPRESENTAÇÕES LTDA – EPP ) para manter a relação
de emprego nos termos da fundamentação apresentada,
que deverá ser apurado em regular liquidação de
sentença.........................................................a apurar.

o. Que seja condenada ao pagamento de todos os


REFLEXOS das verbas deferidas nesta petição, em 13º
salário, férias mais o terço constitucional, FGTS,
Rescisão de Contrato, Descanso Semanal Remunerado,
e demais verbas aqui reconhecidas como devidas;

p. Requer-se os benefícios da Justiça Gratuita, bem como


que as custas processuais e honorários advocatícios
calculados à base de 30% (trinta por cento) do valor
devido ao autor recaiam sobre as Reclamadas em
cumprimento ao art. 133 da CF, e aos artigos 22 e 26 do
Estatuto da OAB – (Lei 8.906/94), cujo quantum será
apurado em regular liquidação de sentença..... a apurar.

q. Juros de mora legais a partir da data do fato gerador


do débito da ação.............................................a apurar.

r. Correção monetária a incidir a partir do fato


gerador.............................................................a apurar.

s. Apresentação dos controles de jornada do


RECLAMANTE.

t. Apresentação dos recibos de pagamento da


remuneração do RECLAMANTE.
Requer a apresentação pela reclamada, do contrato de
trabalho, anotações de férias, reajustes salariais, dissídio
coletivo da categoria, recibos de pagamento (holerites),
cartões-ponto ou fichas de controle de frequência de todo
pacto laboral, exame médico admissional, periódicos e
demissional, GR´s do FGTS ou extratos do período laborado,
TRCT - Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho, tudo a
ser exibido em primeira audiência, nos termos dos Artigos
355 e seguintes do CPC, e sob as penas do Artigo 359 do
mesmo diploma legal, Artigo 74, Par.2º, CLT e Sumula 338 do
C. TST.

Requer que V. Exa., se digne determinar a


Citação/Notificação da RECLAMADA, para que querendo
responda a presente ação para que não suporte os efeitos da
revelia quanto à matéria de fato, sendo esta, ao final, julgada
como totalmente procedente, condenando a reclamada ao
pagamento de todas as verbas acima pleiteadas, acrescidas
de juros de mora, correção monetária, custas processuais,
honorários advocatícios, e demais cominações de direito.

Protesta provar o alegado, por todos os meios admitidos em


direito, especialmente pelo depoimento pessoal da reclamada
ou de seu preposto, o que se requer sob pena de confissão,
testemunhas, Prova pericial, e outras que se fizerem
necessárias no desenvolvimento do processo.
Ratifica o Reclamante que é pessoa pobre na acepção jurídica
do termo, não estando em condições de demandar sem
sacrifício do sustento próprio e de sua família, motivo pelo
qual requer que a Justiça do Trabalho lhe conceda os
benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, nos termos das Leis nº
5.584/70 e 1.060/50, com a redação que lhe deu a Lei nº
7.510/86.

DO RITO

A Presente reclamatória supera a importância de 20 salários


mínimos, sendo que desta forma, o Rito obedecido é o do
Procedimento Ordinário.

DA COMPENSAÇÃO.

Eventuais verbas comprovadamente já quitadas pelas


RECLAMADAS, deverão ser compensadas com a que serão
deferidas no presente pleito sob a mesma titularidade.

DO VALOR DA CAUSA.

Dá-se à presente o valor de R$ 50.000,00 (Cinquenta mil


reais).

Termos em que,
P.deferimento.
Guariba, em 02 de maio de 2.015.

MARCELO ROBERTO PETROVICH, advogado


OAB/SP 188.370

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