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Contratual
1. Introdução
Mas essa alteração contratual não pode ser realizada para corrigir eventual falha do
processo licitatório (ex.: erro na especificação das quantidades do objeto, do prazo para
fornecimento, etc.), ainda que a Administração entenda que esta medida atenderia ao
interesse público. Caso a falha seja descoberta ainda durante a licitação, o correto é
cancelar o processo, por mais oneroso e moroso que isto represente.
O termo aditivo deve ser assinado pelas partes contraentes (contratante e contratado),
observando o mesmo padrão formal do contrato. Na UFS, o Reitor é a autoridade
competente para subscrever termos de aditamento contratual, conforme o estatuto da
Instituição. Logo, um pró-reitor não pode assinar um termo aditivo, porque ele não
firmou o contrato.
A propósito, vale comentar algo que acontecia com muita frequência na UFS. Em
várias situações, alguns fiscais de contrato solicitavam a abertura de novo processo
administrativo para que um termo aditivo fosse produzido. Já sabemos que isto é
incorreto, porquanto o fiscal deve realizar o pedido de aditamento no próprio processo
da licitação.
Entretanto, os fiscais devem ficar atentos para uma questão. O TCU já emitiu diversos
julgamentos nos quais reconheceu a irregularidade de se realizar apostilamento quando
se deveria ter feito termo aditivo. Em alguns casos, disse o Tribunal que houve
entendimento inadequado do que fosse uma apostila. Em outros, o TCU entendeu que
teria havido má fé dos gestores, que pretendiam efetuar modificações contratuais que
demandariam termo aditivo (portanto publicação), mediante apostilas. Nesses casos,
pessoas foram multadas.
Por esse motivo, uma observação é importante: se houver dúvida entre apostila ou
termo aditivo, que se faça o segundo.
Por fim, como se pode depreender do que já foi dito, o processo de solicitação de termo
aditivo ou apostilamento deve conter a fundamentação do fiscal e a análise de todos os
setores competentes do Órgão. Sem essas formalidades, o processo tornase irregular.
Ex.: se o fiscal pretende a prorrogação de um contrato, o seu despacho deve explicar
que o serviço está adequadamente sendo prestado e que financeiramente prorrogar não é
prejudicial ao Órgão.
Vimos que um contrato pode ser alterado, tanto por termo aditivo, como por
apostilamento. Mas quais são as alterações que podem ser realizadas num contrato?
3.1 Partes
Como se vê, eventual subcontratação de outra firma pela empresa contratada não
importa em tornar a subcontratada parte no contrato original. A subcontratação é muito
comum em contratos de obra. Uma empreiteira contratada para construir um prédio
pode subcontratar empresas para realizar serviços de fundação, ou serviços com
madeira, instalação de piso, etc.
O que a Lei 8.666/03 veda e o TCU tem combatido é a subcontratação da maior parte
do objeto contratado. Isto acontece quando uma empresa ganha uma licitação e
pretende repassar para outra a maior parcela do objeto licitado. É como se houvesse
uma fraude ao processo licitatório.
Por esta razão, o TCU tem determinado que os editais de licitação informem se é
possível a subcontratação e quais os seus limites (Acórdão nº 1.045/2006, Plenário,
processo nº TC-011.764/2001-1):
Logo, o fiscal precisa estar atento em caso de a empresa pretender, durante a execução
do contrato, repassar ou pretender repassar parte essencial do objeto licitado a terceiros.
Caso isso ocorra, a empresa poderá ser advertida, multada ou o contrato poderá ser
rescindido.
3.2 Objeto
Sob nenhuma hipótese o objeto por ser modificado. O que pode acontecer, por
exemplo, é uma pequena mudança no projeto inicial para atender ao interesse do Órgão.
Qualquer outra alteração seria irregular. Se a UFS, por exemplo, realiza licitação para
instalar serviço de vigilância especificamente no Campus de São Cristóvão, não poderá,
posteriormente, alterar o objeto do contrato para inserir postos de vigilância no Campus
de Laranjeiras. Nesse caso, será necessária nova licitação para o outro campus, por mais
custoso que isto seja.
O contrato pode prever que o pagamento total do serviço somente aconteça após ele ser
realizado. Ou, de outra forma, que seja feito mediante parcelas. Estas condições,
normalmente, não podem ser modificadas.
Caso seja do seu interesse, a Administração pode alterar a garantia contratual (caução
em dinheiro, caução em títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança
bancária) lançada no edital. Todavia, entendemos que essa alteração somente pode
ocorrer para garantir a prestação do objeto ou assegurar futura indenização ao Órgão
Público, nunca apenas para favorecer a condição do contratado. Ou seja, o que vale é
o interesse público.
3.6 Prazo
O prazo pode ser alterado, tanto nos contratos de entrega ou fornecimento unitário,
assim como nos contratos de prestação de serviços continuados. Lembrando que
apenas estes últimos podem ultrapassar o exercício financeiro (Unidade 2).
3.7 Preço
O preço do contrato merecerá maior atenção. É que se trata de ponto fundamental para a
execução e fiscalização dos contratos.
c) supressão, além desses limites, desde que haja acordo entre as partes.
Como se percebe, os dois primeiros casos referem-se à alteração unilateral pela
Administração e o contratado tem que aceitar. Na terceira situação, a supressão deve
ser acordada.
A lei, portanto, estabeleceu limites rígidos. Não poderá o fiscal do contrato permitir que
tais fronteiras sejam ultrapassadas. Caso isso ocorra, a auditoria pode entender, por
exemplo: a) que houve falta de planejamento (o órgão licitou em quantidades bem
menores ou maiores do que precisava); b) que se pretende beneficiar o fornecedor ou
prestador de serviços; c) que houve falha na fiscalização (isso ocorre muito quando o
fiscal não percebe que os limites foram atingidos e permite a continuidade do
fornecimento do produto ou serviço, necessitando aumentar os quantitativos do contrato
para justificar o erro).
Em sua obra Licitações e Contratos, o Tribunal de Contas da União trata de
reajuste, repactuação e equilíbrio econômico-financeiro em tópicos distintos.
Seguiremos esta distinção de modo didático, embora veremos a seguir que
somente existe diferença prática entre reajuste e repactuação.
a) Reajuste de preços do contrato
Isto nada mais é senão a correção do preço praticado à época da licitação, evitando que
haja um prejuízo ao fornecedor. É uma cláusula obrigatória, conforme o Acórdão nº
1.159/08/TCU. A propósito, nessa decisão, o Tribunal de Contas da União determinou à
Gerência Regional do Ministério da Fazenda que fizesse constar em seus contratos
os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento do preço, informando
expressamente o índice utilizado.
b) Repactuação de Preços
É bom que se diga que os fatos que merecem revisão contratual devem ser imprevistos e
significativos. Isto porque o empresário que contrata com a Administração deve correr
os riscos naturais do mercado (é o risco do negócio). Isso significa que o simples
aumento de despesa inerente à execução contratual, como a variação normal dos preços
na economia, não possibilita aos contratantes se socorrerem deste mecanismo.
De qualquer forma, vejamos outra situação. É possível que uma modificação imprevista
na economia (fato do príncipe) incida sobre a relação contratual, de modo que o preço
se torne inviável, tanto para o contratado, como para a Administração. Esta situação, o
fato do príncipe, também autoriza o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Uma ação estatal de ordem geral (como uma nova política de impostos) que de alguma
forma incida sobre o equilíbrio econômico-financeiro de um contrato administrativo é
chamada de Fato do Príncipe. Essa designação “estranha” serve para resumir condição
que autorizadora a alteração do contrato celebrado pelo ente público.
Neste caso, o valor ajustado será majorado ou diminuído. Em regra, o fato do príncipe é
sempre utilizado pelo particular.
A rescisão do contato pode ser realizada por ato unilateral da Administração, por
acordo amigável ou por decisão judicial (art. 79 da Lei 8.666/93).
O artigo 78 da Lei 8.666/93 prevê as hipóteses de rescisão por ato unilateral, ou seja,
por decisão única da Administração. Esta forma de extinção do contrato acontece em
razão do descumprimento de cláusula contratual pelo contratado ou por interesse
público. Entretanto, em ambos os casos, é necessário que seja permitido à empresa o
direito de ampla defesa e manifestação, em processo administrativo fundamentado.
Ou seja, mesmo sendo a decisão unicamente da Administração, ela precisa ouvir o que a
empresa contratada tem a dizer, antes de efetivamente romper o vínculo. Caso isso não
ocorra, a rescisão poderá ser anulada pelo Poder Judiciário, ou mesmo poderá ser
concedida indenização material e moral à empresa pelo ato (que será tido por arbitrário)
da Administração.
Suponha-se a construção de um posto de saúde, com prazo inicial previsto para 200 dias
e metas parciais fixadas a partir do trigésimo dia. Ocorre que a empresa deixou de
cumprir os dois primeiros prazos e suas justificativas não são mais convincentes.
Tal situação autoriza rescisão unilateral e aplicação de a penalidade cabível.
A obra, o serviço ou o fornecimento podem ser paralisados. Mas, para que isso ocorra é
imprescindível uma causa justa. Além disso, mesmo havendo uma justa causa, é
necessária prévia comunicação ao Órgão Público. A propósito: quando a norma fala em
comunicação, não significa que a Administração irá aceitar a justificativa. Se ela não
acatar (em regra, é o fiscal quem decide sobre a paralisação ou não), entendendo não
haver justa causa, o contrato deve continuar sem paralisação.
O §1º do art. 67 da Lei 8.666/93 trata do registro habitual que o fiscal realiza com
relação às “pequenas” irregularidades existentes no contrato. Ou seja, o fiscal deve
anotar no processo de contratação ou em um processo à parte, todas as falhas existentes
na execução do contrato. Detalha importante é que todas elas devem ser informadas à
contratada. Caso os erros sejam repetidos seguidamente, sem solução por parte da
empresa, caberá a rescisão unilateral do contrato.
A dissolução da sociedade ocorre quando a pessoa jurídica deixa de existir. Com relação
à pessoa física, tratase de falecimento.
O interesse público que justifique a rescisão unilateral deve ser grave. O simples
desinteresse da Administração não fundamenta o rompimento. A falta de orçamento, a
ocorrência de greve, problemas na economia, entre outros, podem se constituir causa
para a rescisão. Na UFS, caberá ao Reitor, após o parecer do fiscal, endossar as razões
apresentadas no processo. Eventualmente e mediante pedido fundamentado, a empresa
poderá ser indenizada.
São situações extremas que, por serem imprevistas, ensejam a impossibilidade da
execução e a subsequente rescisão contratual.
Conforme o artigo 80 da Lei 8.666/93, a rescisão por ato unilateral acarreta as seguintes
consequências, sem prejuízo das sanções cabíveis:
a) Retomada do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por ato
próprio da Administração;
Por exemplo: havendo um contrato de obra, cuja execução esteja paralisada por culpa da
empresa contratada, a Administração pode assumir provisoriamente ou definitivamente
a execução do serviço.
A maior parte dos contratos prevê garantia (fiança, caução, seguro) que poderão ser
executadas em benefício da Administração se a rescisão ocorreu por culpa da empresa.
A Administração reterá os valores que ainda teria de repassar a empresa, para que possa,
por exemplo, descontar as multas aplicadas e outros prejuízos verificáveis durante a
execução.
6. Considerações Finais
Por essa razão, a Administração deve utilizar as mais amplas formas de manter a
execução do contrato, sem que haja prejuízo financeiro ao Órgão. Para isso, é preciso
uma análise técnica detida, para que as decisões não aconteçam precipitadamente e
sem o respaldo jurídico.
Uma postura diferente pode ser entendida como omissiva (omissão) ou, pior, dolosa
(intenção de prejudicar) frente aos interesses públicos. Nesse sentido, as hipóteses de
rescisão unilateral devem ser observas sem tergiversação, assim como os tipos de
sanções. Por outro lado, evidentemente, a gestão e fiscalização do contrato não devem
ser arbitrárias. É necessário garantir ao contratado o amplo direito de defesa.
Entretanto, caso as justificativas não sejam acolhidas, não resta outra alternativa ao
Órgão Público senão aplicar exatamente o que prescreve a lei.
7. Referência Bibliográfica
________. Lei nº 8.666/93, que dispõe sobre licitações e contratos. Brasília, DF,
1993.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. Rio de
Janeiro. Atlas: 2013.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 15. ed. São Paulo: Atlas,
2003.
MORAES, Alexandre de. Curso de Direito Constitucional. São Paulo, Atlas, 2005.
TCU. Tribunal de Contas da União. Obras públicas. Recomendações básicas para
contratação e fiscalização de obras em edificações públicas. 4ª ed. Brasília: 2014.
Disponível http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2684759.PDF.