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Esta Orientação foi elaborada pela Equipe Técnica e revisada pela Supervisão do Serviço de
Orientação da Zênite.
Para tratar das questões suscitadas, é preciso compreender que a subcontratação ocorre quando
o contratado transfere a execução do objeto da contratação para terceiro. E, em se tratando de
contratos administrativos, a regra é que a subcontratação seja parcial (não total 1) e esteja autorizada
no edital e no contrato. 2 Contudo, a falta de autorização expressa por si só não impede a
subcontratação, bastando que não haja vedação ou que seja demonstrada a superveniência de
circunstâncias impossíveis de serem antevistas quando do planejamento e que exigem essa solução
para fins de viabilizar o escorreito atendimento do interesse público.
ao decidir pela possibilidade de subcontratação e quais partes do objeto poderão ser subcontratadas, a
Administração deve levar em conta práticas usuais adotadas no mercado e o interesse público
subjacente à contratação. (TCU, 2010, p. 792.) (Grifamos.)
Para proceder à análise em questão, a Administração deve considerar, como dito, que a regra é
que a subcontratação não seja total e não incida sobre as principais parcelas do objeto, assim
entendidas aquelas caracterizadas como as "de maior relevância" do objeto e determinantes
das exigências de qualificação técnica, 3 as quais não podem ser subcontratadas. 4
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Ao abordar recentemente situação envolvendo subcontratação total, o TCU exarou o Acórdão nº
636/2017 do Plenário, nos seguintes moldes:
[Relatório]
218. Em relação à Concorrência 263/07 [...], aduz que a sistemática de contratação também foi
escolhida devido ao estado crítico com o que se deparava a estatal. Era necessária a efetiva e
rápida implantação das linhas de transmissão em questão para o atendimento à cidade de [...] (peça
104, p. 5).
[...]
224. Em relação à subcontratação dos serviços objeto dos contratos 9.993/2008 e 10.492/08,
firmados com a empresa Bimetal (peça 104, p. 96-123), afirma que esta informou, após a assinatura
das avenças, que estava desprovida de capacidade operacional suficiente, motivo pelo qual a [...]
autorizou a subcontratação de parte desses objetos à empresa Intec. Ressalta que a grande diferença
entre os preços da vencedora e das demais licitantes inviabilizava uma negociação com estas
sociedades e que a realização de nova licitação atrasaria a execução das obras em questão (peça
104, p. 9). Ademais, afirma que a empresa subcontratada (Intec) era tecnicamente bem
conceituada (peça 104, p. 126-130).
225. Além disso, alega que as subcontratações (parciais) estavam previstas na Cláusula Quinta
das referidas avenças e em conformidade com o artigo 72, da Lei 8.666/1993, além de terem sido
realizadas para preservar os interesses da Administração e garantir o abastecimento de energia da
cidade de [...] (peça 104, p. 9).
[...]
Análise:
256. No que tange à subcontratação dos serviços objeto dos contratos 9.993/2008 e 10.492/08,
firmados com a empresa Bimetal, o recorrente foi responsabilizado por ter aprovado a subcontratação
total dos serviços em questão, indo de encontro ao artigo 72, da Lei 8.666/1993 (peça 35, p. 35, e
peça 47, p. 7).
257. A partir da Cláusula 2ª, do contrato celebrado entre a Bimetal (Contratada) e a Intec
(Subcontratada) (peça 47, p. 23-35), restou evidenciado que ocorreu uma subcontratação total
dos objetos dos Contratos 9.993/2008 e 10.492/08 (peça 60, p. 71-82, peça 61, p. 1-2 e 4-17).
258. Como registrado no relatório do acórdão recorrido (peça 35, p. 36), referida cláusula 2ª, da
avença por meio da qual ocorreu a subcontratação, previu que caberia à Bimetal apenas o
fornecimento de parte dos equipamentos necessários para a construção das linhas de
transmissão, cabendo à Intec a execução integral da obra e o fornecimento do restante dos
equipamentos. Ou seja, a Bimetal passou a ser apenas uma intermediária, auferindo lucros pela
intermediação.
259. Além de essa intermediação ser antieconômica, por aumentar os custos da contratação
desnecessariamente, é ainda evidentemente ilegal, pois contraria o artigo 72, da Lei de
Licitações, que permite apenas a subcontratação parcial de parte do objeto, nos estritos limites
fixados previamente no edital e no contrato.
260. Em adição, a Bimetal passou pelo crivo da fase de habilitação do certame, mas a subcontratada
não, o que aumenta os riscos de inadimplemento do contrato, além de ferir a isonomia entre as
empresas participantes da licitação.
261. No caso de descumprimento dos contratos 9.993/2008 e 10.492/08 pela Bimetal, havia a
possibilidade de a Administração rescindir as avenças com base no artigo 78, da Lei 8.666/1993, e,
posteriormente, realizar nova licitação ou contratar por dispensa, se necessário, preservando o
interesse público.
[...]
[Voto]
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5. Quanto ao mérito, acolho integralmente, desde já, as conclusões presentes nos pareceres
uniformes da Secretaria de Recursos deste Tribunal de Contas – Serur (peça 144 a 146), as quais
adoto como razões de decidir, pois entendo que análise empreendida pela referida unidade técnica
abordou com propriedade e com a devida amplitude os argumentos consignados nos recursos,
mostrando-se despicienda a adução de novas considerações de fato e de direito sobre a matéria.
6. Com efeito, não merecem acolhida os argumentos recursais apresentados pelos Srs. [...], devendo,
por conseguinte, em relação a eles, ser mantido em seus exatos termos a deliberação recorrida.
(Grifamos.)
Em outra oportunidade, no Acórdão nº 4.808/2016 da 2ª Câmara, o TCU foi ainda mais incisivo
quanto à configuração de superfaturamento em contratos que resultam na subcontratação integral do
objeto:
[Relatório]
26. Outro não é o entendimento do Exmo. Sr. Ministro Substituto André de Carvalho, no voto condutor
do Acórdão 8657/2011 – Segunda Câmara:
'Mesmo que fosse prevista, a subcontratação não poderia ser feita pela totalidade dos serviços
contratados com a Administração, ainda mais sem justificativa plausível para essa
intermediação, nem ter como contraprestação valor tão elevado, pois a lei permite a
subcontratação, mas há vedação legal para a subcontratação integral (inciso VI do art. 78 da Lei
nº 8.666, de 1993), até porque essa prática levaria à conclusão de que os preços ofertados à
Administração não seriam compatíveis com os praticados no mercado e que os preços justos
seriam, na realidade, os cobrados pelas subcontratadas, configurando o superfaturamento.'
27. Citem-se, outrossim, nessa mesma toada, os Acórdãos 2292/2013 – Segunda Câmara e
2093/2012 – Plenário.
28. Com base nas medições colacionadas, pode ser apurado o montante amealhado pela empresa
contratada, sem fato gerador lídimo para amparo, correspondendo a enriquecimento sem causa às
expensas do erário, calculado pela diferença entre o quantum percebido pela real prestadora dos
serviços e pela intermediária, no âmbito do contrato [...].
[...]
[Voto]
29. Destaco, a um, a subcontratação irregular, para executar serviços de dragagem a valores
nitidamente menores que os ajustados com o poder público, da empresa SCG Serviços de Dragagem
Ltda., levada a cabo pela empresa Everest Tecnologia em Serviços Ltda.
30. Além de representar clara infração ao ordenamento jurídico, qual seja, o art. 72 da Lei de
Licitações, visto que a transferência à SCG se constituía no cerne do que havia sido contratado
pelo município de [...] junto à Everest, também acarretou superfaturamento. É que essa
empresa repassou àquela sociedade empresarial montante inferior que o previsto no contrato
firmado com a Administração Pública, auferindo assim rendimentos em razão de mera
intermediação.
31. Nesse sentido, rejeito as alegações de defesa apresentadas quanto ao referido tópico e
determino a devolução dos recursos correspondentes à diferença entre o valor efetivamente
pago com recursos públicos e aquele repassado à subcontratada, posicionamento esse em
conformidade com a sólida jurisprudência desta Casa quanto ao tema, a exemplo da indicada
pelo Ministério Público no seu parecer. (Grifamos.)
Diante desse cenário, que aponta pela inviabilidade de autorizar a subcontratação total dos
objetos contratados, a Administração deve avaliar o cabimento de outras alternativas se verificar que
as parcelas de maior relevância podem ser executadas por terceiros em razão de usualmente isso
assim ocorrer na execução de empreendimentos privados. Trata-se da divisão do objeto ou da
previsão quanto à participação de consórcios na licitação.
Como exemplo, cita-se o TCU, que, em decisão veiculada em seu Informativo de Licitações e
Contratos, assim se manifestou:
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Para a realização de parcela da obra aeroportuária que seja técnica e materialmente relevante e
que, por sua especialidade, seja normalmente subcontratada, deve-se proceder ao
parcelamento do objeto a ser a ser licitado ou, se isso não for viável, deve-se admitir a
participação de consórcios na licitação
Para tanto, é válido lembrar que a subcontratação representa uma relação jurídica própria e
autônoma, que vincula o contratado e o subcontratado, para a qual se colhe apenas o consentimento
do Poder Público, nos casos em que é permitida.
Assim, como a subcontratação não estabelece uma relação jurídica entre a Administração e
o subcontratado, o contrato permanece sob exclusiva responsabilidade do contratado, que
responderá pela totalidade da obrigação assumida. Isso significa que, diante de eventuais
inadimplementos do subcontratado, a Administração deverá recorrer ao contratado, sujeito que se
obrigou, perante ela, a executar a contratação.
Agora, tal fato não significa que a Administração não deverá adotar qualquer cautela relativa à
pessoa do subcontratado.
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A finalidade da habilitação é gerar a presunção de que a contratada reúne as condições pessoais
mínimas indispensáveis para bem executar o objeto a ser contratado, reduzindo o risco de fracasso da
contratação. Em vista dessa finalidade, se a execução de parcela desse objeto é delegada a terceiro e
o interesse público envolto na contratação é indisponível, nada mais coerente que condicionar a
subcontratação à demonstração de que esse terceiro também reúne as condições mínimas
indispensáveis para assegurar a inexistência de risco decorrente dessa prática.
É permitido ao contratado, pela Lei de Licitações, subcontratar parte do objeto. Nada obstante, aceita
a subcontratação, deve a Administração exigir do subcontratado a apresentação dos
documentos de habilitação requisitados na licitação, especialmente quanto à regularidade
jurídica, idoneidade fiscal, qualificação técnica, qualificação econômico-financeira e o
cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal. (TCU, 2010, p. 791.)
(Grifamos.)
Seguindo a presente ordem de ideias, além de não haver razão para exigir dos subcontratados os
mesmos requisitos técnicos e econômicos dos licitantes que acudiram ao certame para execução do
objeto integral, talvez seja o caso de avaliar, no que tange às qualificações técnica e econômico-
financeira, apenas a primeira. Afinal, na medida em que o contratado se obrigou pela totalidade
do encargo, a preocupação em torno da saúde financeira da subcontratada, como regra, deixa
de existir.
Diante disso, a Administração deve exigir a documentação de habilitação prevista no edital no que
tange à habilitação jurídica, às regularidades fiscal e trabalhista e ao cumprimento do disposto no inc.
XXXIII do art. 7º da Constituição e, quanto às exigências de qualificação técnica, estas deverão ser
pertinentes à parcela a ser subcontratada. 5
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vulto reduzido e baixo risco, é possível, motivadamente, também dispensar a exigência de
requisitos de habilitação técnica.
Frise-se, por fim, que, no âmbito da Corte de Contas da União, há precedentes que
aparentemente são conflitantes sobre o assunto, ora apontando para a necessidade de avaliação
apenas da regularidade fiscal, ora indicando a impossibilidade de exigir essa condição:
No que diz respeito ao preenchimento dos requisitos para habilitação por parte da subcontratada, o
TCU, em voto do Ministro Relator, entendeu que: "A Lei de Licitações, porém, não estabelece
requisitos específicos que devam ser atendidos pela empresa subcontratada para que possa executar
os respectivos serviços. Quanto a essa matéria, a despeito da existência do precedente citado pela
equipe de auditoria (Acórdão nº 2.884/2008), considero excessiva a extensão à empresa
contratada da apresentação de toda documentação relativa à habilitação jurídica e qualificação
técnica exigidas da empresa contratada após regular procedimento licitatório. Alinho-me, isto
sim, à orientação contida no subitem 9.2.2.3 do Acórdão nº 1.529/2006 - Plenário, no sentido de
que se deva exigir das empresas subcontratadas apenas a comprovação de regular situação
fiscal e previdenciária". (TCU, Acórdão nº 1.570/2009, Plenário, Rel. Min. Benjamin Zymler, DOU de
13.08.2008.) (MENDES, 2018c.) (Grifamos.)
Em representação formulada contra edital de licitação que tinha por objeto a contratação de empresa
para locação de veículos, transporte de pessoal, documentos e pequenas cargas, com motorista,
combustível e seguro, visando a atender necessidades de determinado órgão público, questionou-se a
exigência editalícia de que a vencedora do certame, em caso de eventual subcontratação (sublocação
de veículos), submetesse à aprovação do órgão licitante os nomes das empresas que serão
sublocadas em cada região, antes da assinatura do contrato. Exigiu-se, ainda, que as eventuais
subcontratadas comprovassem regularidade fiscal perante a esfera de governo do órgão
licitante. Analisando o caso, o Relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira considerou ilegal tal
exigência, manifestando-se nos seguintes termos: “a exigência é ilegal, uma vez que não há amparo
na legislação que rege os pregões, bem como na Lei 8.666/1993 para tal exigência, a qual
considero inadequada, posto que estaria o ministério compartilhando com a empresa
contratada a responsabilidade pela escolha de empresas subcontratadas. O que se poderia,
eventualmente, avaliar, seria a definição de critérios a serem observados pela empresa
contratada na escolha das empresas a serem subcontratadas, ou, simplesmente, a proibição de
subcontratação, se o ministério entender que tal possibilidade pode por em risco a boa e
regular execução do objeto contratual”. (TCU, Acórdão nº 697/2013, Plenário, Rel. Ministro-
Substituto Weder de Oliveira, DOU de 03.04.2013.) (MENDES, 2018c.) (Grifamos.)
Por fim, é imperioso pontuar que, sob o novo viés da legislação trabalhista, a terceirização
levada a efeito pelas empresas contratadas não conduzirá à configuração de subcontratação.
Isso porque, com a terceirização, a contratada não transfere simplesmente a execução para
terceiros, mas integra-os à sua estrutura para fins de cumprimento das obrigações contratuais.
E essa atuação das empresas mediante contratação de terceiros parece representar uma tendência
segundo a nova diretriz da legislação trabalhista, de modo que, para o exercício de sua atividade-fim,
será admitida a condução de seus negócios por meio do gerenciamento do serviço prestado por outros
profissionais ou empresas.
Tal realidade não é totalmente estranha à Lei de Licitações, uma vez que, para fins de
comprovação da qualificação técnica profissional na forma do art. 30, § 1º, inc. I, a demonstração de
que os profissionais qualificados integram a estrutura da licitante não deve se restringir à prova de
vínculo trabalhista, podendo abranger os contratos de prestação de serviços, etc.
Na realidade, o que importa para a Administração é que o profissional indicado pelo licitante
efetivamente participe da execução do contrato. Nesse sentido, pouco importa se ele faz parte do
quadro permanente do licitante ou não. Ora, a Administração exige atestado de capacitação técnico-
profissional para averiguar se o licitante dispõe de profissional experiente. Assim sendo, o modo como
o licitante dispõe do profissional é algo absolutamente irrelevante, se por meio de vínculo
empregatício, se faz parte do quadro societário do licitante, ou se ele firmou um contrato de
prestação de serviços em que se compromete a participar da execução do futuro contrato.
Insista-se, o necessário para a Administração é que o licitante disponha de profissional com a
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experiência desejada. O modo como o licitante dispõe do profissional é irrelevante para a
Administração; trata-se de questão que diz respeito à empresa e ao profissional. (NIEBUHR,
2011, p. 393.) (Grifamos.)
Diante do cenário que possivelmente passará a ser verificado no âmbito das terceirizações,
entende-se adequado que o edital estabeleça as parcelas de maior relevância que deverão
necessariamente ser atendidas pelo contratado e indique a possibilidade de subcontratação de modo
mais amplo, sem prejuízo da responsabilidade do contratado pela integralidade do objeto.
CONCLUSÕES
Salvo melhor juízo, essa é a orientação da Zênite, de caráter opinativo e orientativo, elaborada de
acordo com os subsídios fornecidos pela Consulente.
REFERÊNCIAS
MENDES, Renato Geraldo. LeiAnotada.com. Lei nº 8.666/1993, nota ao art. 30, § 1º, categoria
Tribunais de Contas. Disponível em <www.leianotada.com>. Acesso em: 13 mar. 2018a.
______. ______. Lei nº 8.666/1993, nota ao art. 30, § 2º, categoria Doutrina. Disponível em:
<www.leianotada.com>. Acesso em: 13 mar. 2018b.
______. ______. Lei nº 8.666/1993, nota ao art. 72, caput, categoria Tribunais de Contas. Disponível
em <www.leianotada.com>. Acesso em: 13 mar. 2018c.
NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação pública e contrato administrativo. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum,
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2011.
Revista Zênite ILC – Informativo de Licitações e Contratos, Curitiba: Zênite, n. 212, p. 1007, out. 2011,
seção Perguntas e Respostas.
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3 Sobre o ponto, veja-se: "A qualificação técnica é aspecto da habilitação por meio do qual a
Administração pretende assegurar-se de que os licitantes possuem condições técnicas de executar o
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encargo. A capacidade técnica demonstra-se mediante a apresentação de atestados de desempenho
anterior. A exigência de atestado tem seu fundamento de validade no art. 30, § 1º, da Lei nº 8.666/93.
Somente é válida a exigência de comprovação de capacidade técnica relativa à parte principal do
objeto licitado, ou seja, a Administração não pode exigir atestados de capacitação técnica em função
de parcelas insignificantes e irrelevantes do objeto. A parcela de maior relevância significa a essência
do objeto licitado, aquilo que é realmente caracterizador da obra ou do serviço, que é de suma
importância para o resultado almejado. Portanto, a exigência relativa à capacidade técnica somente
poderá ser feita em relação a essa parcela essencial do objeto licitado. É fundamental que a
Administração indique, no edital, qual é a parcela de maior relevância técnica e valor significativo, pois
é com base nela que o licitante irá demonstrar sua capacidade técnica, e não relativamente ao objeto
como um todo. No entanto, se essa parcela, por exemplo, não for definida, a capacidade técnica teria
de ser exigida relativamente ao todo, o que ensejará restrição à disputa. Sendo a restrição indevida,
poderá o interessado impugnar o edital e, não surtindo efeito, impetrar mandado de segurança. Seja
qual for a providência, haverá um incidente que poderá ensejar a nulidade do processo, como é
comum ocorrer nesses casos. Assim, a definição da parcela de maior relevância técnica é condição
necessária para publicar o edital e deflagrar a fase externa do processo. Aliás, essa condição deve ser
avaliada por ocasião da análise e da aprovação do edital pela assessoria jurídica. (Orientação
formulada em discussões realizadas pelo Núcleo Zênite de Pesquisa e Desenvolvimento.)". (MENDES,
2018b.) "O TCU, em análise à representação, considerou irregular, para fins de comprovação de
capacidade técnico-operacional das empresas licitantes, a exigência de experiência anterior em
serviços que não apresentem relevância técnica nem valor significativo. Na hipótese, a unidade
técnica esclareceu que os requisitos de relevância técnica e valor significativo devem ser observados
cumulativamente, consoante entendimento consolidado no enunciado da Súmula nº 263: "para a
comprovação da capacidade técnico-operacional das licitantes, e desde que limitada,
simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a ser contratado, é
legal a exigência de comprovação da execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com
características semelhantes, devendo essa exigência guardar proporção com a dimensão e a
complexidade do objeto a ser executado”. Acolhendo integralmente o parecer da unidade técnica, o
Relator reiterou o entendimento pacificado daquela Corte: “com efeito, conforme já suscitado
nestes autos, a jurisprudência do TCU é pacífica e inequívoca no sentido de que a comprovação
da capacidade técnico-operacional das licitantes deve se restringir às parcelas de maior
relevância e valor significativo do objeto a ser contratado [...]”. (TCU, Acórdão nº 31/2013,
Plenário, Rel. Min. Aroldo Cedraz, DOU de 31.01.2013.)". (MENDES, 2018a.)
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licitantes”. O secretário substituto da unidade técnica, ao dissentir do exame empreendido pelo auditor,
ponderou que parcela relevante do objeto não pode ter sua execução subcontratada, sob pena de
comprometer a busca pela proposta mais vantajosa para a Administração de que trata o art. 3º da Lei
8.666/93. Propôs, então, a expedição de determinação ao [...], com o objetivo de que não inclua em
seus editais cláusula que permita a subcontratação do principal do objeto, “esse entendido como os
itens para os quais, como requisito de habilitação técnico-operacional, fora exigida a apresentação de
atestados que comprovem a execução de serviços com características semelhantes”. O relator, ao
aliar-se ao entendimento do Sr. Secretário, observou que “A licitação se destina a selecionar a
proposta mais vantajosa para a administração. E a proposta mais vantajosa não é apenas a de
menor preço, mas igualmente a que contempla a técnica adequada e a execução por empresa
apta para tanto [...]. Para assegurar a boa execução do objeto, é exigida do futuro contratado a
demonstração de capacidade financeira e sua capacidade técnico-profissional e técnico-
operacional, de forma a comprovar sua aptidão mediante desempenho de tarefas semelhantes”.
E mais: “Tal comprovação de aptidão, obviamente, está relacionada às frações tecnicamente
complexas e financeiramente relevantes do objeto, sob pena de serem absolutamente
descabidas as exigências de habilitação”. E concluiu: “Assim, não faria sentido admitir que tais
parcelas cruciais do objeto, para cuja execução foi selecionado o licitante mais apto, fossem
posteriormente transferidas a terceiro por este escolhido [...]”. O Tribunal, então, ao acatar
proposta de encaminhamento do relator, decidiu “9.8. determinar ao [...] que: 9.8.1. não inclua, em seu
edital padrão, cláusula que permita subcontratação do principal do objeto, entendido este como
o conjunto de itens para os quais, como requisito de habilitação técnico-operacional, foi exigida
apresentação de atestados que comprovassem execução de serviço com características
semelhantes;”. (TCU, Acórdão nº 3.144/2011, Plenário, TC-015.058/2009-0, Rel. Min. Aroldo Cedraz,
j. em 30.11.2011.) Reforça essa linha de argumentação o seguinte precedente do Tribunal de Contas
da União: "3. A exigência para o fim de habilitação de experiência anterior com relação a serviços que
serão subcontratados é restritiva à competitividade. Auditoria do Tribunal no processo de licitação
realizada pelo Estado [...] para a construção do novo hospital da Universidade Federal [...], indicou
diversas falhas, potencialmente restritivas à competitividade do certame. Dentre elas, constou a
exigência de experiência anterior na execução de serviços que são invariavelmente subcontratados.
Para a relatora, tal impositivo desnaturaria o processo de habilitação técnica, isso porque não haveria
sentido em requerer expertise para realização de serviço que, muitas vezes, acaba sendo executado
por terceiros. Segundo a relatora, “exigida do licitante, como pressuposto para participar da licitação,
capacidade para execução de determinada tarefa, a prestação não pode ser transferida. A entidade
que realiza a concorrência deve, portanto, avaliar a relevância dos serviços para os quais exige prévia
experiência, de forma a não adotar exigências desnecessárias e restritivas”. Mesmo com a anulação
do certame feita pelo Governo [...], a relatora houve por bem encaminhar alerta a respeito desta e de
outras irregularidades observadas, de modo a evitar que venham a se repetir em futuras licitações a
serem realizadas por aquela unidade federativa, sem prejuízo de que as obras do novo hospital fossem
acompanhadas pelo Tribunal, em face da materialidade e da relevância do empreendimento, o que
contou com a anuência do Plenário. Acórdão nº 2760/2012-Plenário, TC-014.017/2012-1, Rel. Min.
Ana Arraes, 10.10.2012". (Extraído do Informativo de Jurisprudência nº 127/2012.)
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relator, o Plenário determinou à [...] que: “9.3.3. exija das contratadas originais, nos casos abrangidos
pelo subitem 9.3.2.2 desta decisão [vide tópico anterior deste informativo] ou no caso da
subcontratação de parcela da obra para a qual houve solicitação de atestados de qualificação técnica
na licitação, como condicionante de autorização para execução dos serviços, a comprovação de
experiência das subcontratadas para verificação de sua capacidade técnica, disposição essa que deve
constar, necessariamente, do instrumento convocatório;”. (TCU, Acórdão nº 2.992/2011, Plenário,
TC-008.543/2011-9, Rel. Min. Valmir Campelo, j. em. 16.11.2011.)
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