AUTO Z PEÇAS E SERVIÇOS LTDA. – ME, sediada na Avenida Presidente
Tancredo de Almeida Neves, 606, Bairro São Judas Tadeu, Itajubá MG, inscrita no CNPJ nº 28.925.304/0001-89, a fim de resguardar seus direitos, em resposta à notificação ofertada vem, através desta apresentar CONTRANOTIFICAÇÃO mediante os fatos que se seguem:
A contra notificante participou de forma regular do processo
administrativo 015/2024, tendo sido homologada a ela o fornecimento da bomba injetora em questão. Ocorre que, não há no mercado grande disponibilidade do item solicitado, o que causou, inicialmente, atraso na entrega, existindo fato superveniente, de força maior, a impedir o cumprimento efetivo da solicitação.
Tem-se que ao celebrarem um contrato, as partes se obrigam a
executar as respectivas prestações considerando suas condições particulares, vigentes naquele dado momento. A partir da formalização do ajuste, impera o princípio da “pacta sunt servanda”, impondo às partes a fiel observância sob pena de consequências para o descumprimento.
Contudo, o atual cenário mundial e nacional, impede que a notificada
cumpra fielmente o requerido, especialmente quando a municipalidade requer o fornecimento de peça totalmente original, cujo valor é exorbitante e muito superior ao contratado, impondo ônus exacerbado a notificada, impedindo-a de cumprir o avençado.
De tal sorte, não há de se furtar, em cada caso concreto, à compreensão
da atuação administrativa sob o enfoque de alguns elementos: a) o alcance das finalidades do contrato; b) as dificuldades enfrentadas pelo contratado, entre outros. Ademais, cita-se jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, ao julgar apelação, a qual se transcreve a ementa:
“ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. ENTREGA DE EQUIPAMENTO OBJETO DA
CONTRATAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. TEORIA DA IMPREVISÃO. 1. É certo que para aplicar uma ou outra sanção, dentre aquelas previstas no art. 87 da Lei 8.666/93, o administrador deve ter em conta o princípio da proporcionalidade, de modo que a sanção aplicada deve guardar correlação com a gravidade do ato cometido. No caso, a inexecução do contrato foi constatada, com aplicação de pena de multa. Durante o prazo para o fornecimento dos equipamentos, a autora comunicou o fato imprevisível e superveniente, seguindo se correspondência, fundamentado parecer e sugestão, e, por fim, celebração do 1º Termo Aditivo ao Contrato, localizado exatamente na alteração do objeto da contratação. Aceitando os novos monitores em substituição aos inicialmente contratados. 2. Não há dúvida de que o contrato administrativo é celebrado “intuitu personae”, razão de ser precedido do procedimento da licitação, daí porque as situações de terceiros não tem o condão imediato de influir, exceto em casos como o presente, em que no objeto social da empresa licitante não consta a fabricação do produto que se obrigou a entregar, mas apenas a sua comercialização e manutenção, nos exatos termos da cláusula 2ª de seu objeto social. Mantida a sentença.”
Desta forma, tem-se que a notificada apenas é fornecedora do produto
em questão, não sendo responsável pela sua produção, não podendo inferir diretamente na sua disponibilidade ou ainda em seu valor de mercado a viabilizar o cumprimento do presente contrato.
Em que pese a notificada estar empenhada a realizar a entrega do
objeto, depende da disponibilidade e dos preços do mercado, sendo totalmente surpreendida com a indisponibilidade da peça e do custo exorbitante do item original, tornando inexecutável o presente termo.
A força maior e o caso fortuito, definidos indistintamente pelo Código
Civil de 2002 como “o fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir”, não implicarão responsabilização de quaisquer partes. No âmbito dos contratos administrativos, a Lei 8.666/1993 leva em conta tais premissas em algumas disposições expressas:
a) os inc. II e V do § 1º do art. 57 autorizam a prorrogação dos prazos de início,
execução e entrega em decorrência de fatos excepcionais ou imprevisíveis estranhos à vontade das partes e do impedimento da execução em decorrência de fato ou ato de terceiro;
b) o art. 86 prevê aplicação de multa apenas se o atraso for injustificado;
c) os incs. IV e V do art. 78 condicionam a rescisão à ausência de justa causa;
d) o inc. XVII do art. 78 prevê a rescisão contratual decorrente de força maior
ou caso fortuito que se revelem impeditivos da execução.
Estas normas destinam-se a regular situações excepcionais, não
esperadas ou desejadas quando o contrato administrativo é celebrado, exatamente o que ocorreu no presente caso. E mediante sua aplicação, é possível o para que o equilíbrio econômico-financeiro seja restabelecido.
Destarte, considerando a situação devidamente comprovada e a
impossibilidade de execução do contrato, por responsabilidade de terceiros/ motivo de força maior, nos termos do inc. XVII do art. 78, pugna-se pelo cancelamento do contrato celebrado.
Era o que cumpria esclarecer e apresentar, certo de contar com sua