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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA 11/10/2017

DISCENTE: STEFANY FERRAZ SOUSA DOCENTE: MARCELA PESSOA


FICHAMENTO – CIÊNCIA POLÍTICA I 2º SEMESTRE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Martin Claret, 2003.

PRIMEIRA PARTE

CAPÍTULO XIII – SOBRE A CONDIÇÃO NATURAL DA HUMANIDADE


RELATIVAMENTE À SUA FELICIDADE E MISÉRIA

“A natureza fez os homens tão iguais, no que se refere as faculdades do corpo e do


espírito que, embora por vezes se encontre um homem visivelmente mais forte de corpo, ou de
espírito mais vivo do que outro [..] a diferença entre um e outro homem não é suficientemente
considerável para que qualquer um possa com razão nela reclamar qualquer benefício a que
outro não possa aspirar tal como ele” (HOBBES, 2003, 96).
Para ele há uma maior igualdade ainda nas faculdades de espírito que a igualdade do
corpo “Pois vêem sua própria sabedoria bem de perto e a dos outros homens à distância, isso
prova que os homens são iguais quanto a esse ponto e não que sejam desiguais” (HOBBES,
2003, 96).
Como no estado de natureza não existe propriedade, todos estão sujeitos a perderem
suas posses e dessa maneira coloca tanto a sua, quanto a dos outros, conservação em risco,
sendo assim: “Contra esta desconfiança de uns em relação aos outros, nenhuma maneira de se
garantir é tão razoável como a antecipação. Quer dizer, pela força ou pela astúcia, subjugar
todos os homens que puder, durante o tempo necessário para chegar ao mesmo momento em
que não veja qualquer outro poder suficientemente grande para ameaça-lo” (HOBBES, 2003,
97).
Na natureza do homem, que tem um enorme desprazer no convívio com o outro, há três
principais causas de discórdia: “Primeiro, a competição; segundo, a desconfiança; e terceiro, a
glória. A primeira leva os homens a atacar os outros visando lucro. A segunda, a segurança. A
terceira a reputação” (HOBBES, 2003, 97). Desse modo o homem vive no estado de guerra de
todos contra todos, não sendo essa apenas a batalha/luta em si, mas no lapso de tempo em que
esta pode e há a vontade de que ocorra. Assim os homens vivem apenas com a segurança
oferecida por si mesmo.
“Há um constante temos e perigo de morte violenta. A vida do homem é solitária,
pobre, sórdida, embrutecida e curta” (HOBBES, 2003, 98).
“As noções do bem e do mal, de justiça e injustiça, não podem ter lugar aí. Onde não há
poder comum não há lei. Onde não há lei não há injustiça [...] são qualidades que pertencem ao
homem em sociedade, não na solidão [...] outra consequência da mesma condição é que não há
propriedade, domínio, distinção entre o meu e o teu [...] pertence ao homem só aquilo que ele é
capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de conservá-lo” (HOBBES, 2003, 100).
A razão (lei de natureza), e as paixões (medo, desejo de conforto...) levam os homens a
proferir a paz.

CAPÍTULO XIV – SOBRE A PRIMEIRA E A SEGUNDA LEIS NATURAIS E SOBRE OS


CONTRATOS
“Direito de natureza [...]Jus naturale, é a liberdade que cada um possui de usar seu
próprio poder, da maneira que quiser para preservação de sua própria natureza [...]
Consequentemente de fazer tudo aquilo que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como
meios adequados a esse fim [...] lei natural – lex naturalis” é um preceito ou regra geral,
estabelecido pela razão mediante a qual se proíbe a um homem a fazer tudo o que possa destruir
sua vida, privá-lo dos meios necessários para preservá-los ou omitir aquilo que pensam poder
contribuir melhor para preservá-la” (HOBBES, 2003, 101).
Já que o homem é governado por sua própria razão e que utiliza de todos os meios para
garantir a sua conservação, neste estado de guerra de todos contra todos, ele tem o direito a
tudo, incluindo os corpos dos outros. Dito isso, nenhum homem tem a segurança de viver o
tempo que a natureza o permite.
“Desta lei fundamental da natureza, que ordena a todos os homens a procurarem a paz,
deriva esta segunda lei: que um homem concorde e conjuntamente, na medida em que tal
considere necessário para a paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar o seu direito a todas
as coisas, contentando-se, em relação aos outros, com a mesma liberdade que os outros homens
permite em relação a si mesmo. Pois enquanto cada homem detiver seu direito de fazer tudo
quanto queira, a condição de guerra será constante para todos. Porem se os outros homens não
renunciarem a seu direito, assim como ele próprio, nesse não há razão para que alguém se prive
do seu, pois isso equivaleria a oferecer-se como presa” (HOBBES, 2003, 102).
Chama-se contrato a translação ou troca mútua de direitos. Quando um contratante
transmite o direito, e pronuncia palavras do futuro, o contrato se chama de pacto por convenção.
Por isso nos atos de contrato “uma promessa é equivalente a um pacto, e, consequentemente
obrigatória” (HOBBES, 2003, 105).
Em um pacto onde ninguém cumpre sua parte ou quando há a suspeita de que não
cumprirá de imediato ele se torna nula a não ser que “Se houver, entretanto, um poder comum
situado acima dos contratantes, com direito e força suficiente para impor seu cumprimento, ele
não é nulo. Aquele que cumpre primeiro não tem qualquer garantia de que o outro também
cumprirá depois, porque os vínculos das palavras são demasiados fracos para refrear a ambição,
a avareza, a cólera e outras paixões dos homens, caso não haja o medo de algum poder
coercitivo [...] aquele que segundo o pacto deve cumprir primeiro é obrigado a fazê-lo [...] quem
dá a um homem o direito de governar soberanamente lhe dá também o direito de recolher
impostos [...] Tudo o que posso fazer legitimamente sem obrigação posso também pactuar na
legalidade por medo. O que eu compactuar legitimamente não posso romper na legalidade [...]
ninguém pode transferir ou renunciar a seu direito de evitar a morte, ferimentos de cárcere que é
o único fim a renuncia ao direito [...] É possível, todavia, nos seguintes termos: se eu não fizer
isto ou aquilo, mata-me; não se pode fazê-lo nestes termos: se eu não fizer isto ou aquilo, não
resistirei quando vieres matar-me” (HOBBES, 2003, 107 – 108).
Para obrigar os homem a cumprir seus pactos utiliza-se do medo das punições, ao faltar
com a palavra e/ou o orgulho de parecer não precisar faltar a ela.
O medo tem dois objetivos gerais: o primeiro é o temor de sua religião, medo do invisível
(surge antes da sociedade civil; segundo ´´e o poder dos homens, medo do visível, das tentações
(avareza, ambição...)
“submete-se também que o julgamento nada acrescenta à obrigação. Pois um pacto,
caso seja legítimo, vincula aos olhos de Deus, tanto sem o juramento sem ele. Caso seja
ilegítimo não vincula nada, mesmo que um juramento o confirme” (HOBBES, 2003, 110).

CAPÍTULO XV – SOBRE OUTRAS LEIS DA NATUREZA


Há uma terceira lei que surge “os homens tem de cumprir os pactos que celebrarem”
(HOBBES, 2003, 111). sendo esta responsável pela origem da justiça, já que no estado de
natureza todos tem direito a tudo, nada pode ser considerado injusto e as palavras não garantem
nada.
Desta forma “ para que as palavras “justo” e “injusto” possam ter sentido, é necessário
alguma espécie de poder coercitivo, capaz de obrigar igualmente os homens ao cumprimento
dos pactos mediante ao medo de algum castigo que seja superior ao beneficio que esperam tirar
do rompimento do pacto, e capaz de fortalecer aquela propriedade que os homens adquirem por
contrato mútuo como recompensa do direito universal a que renunciam. Não pode haver tal
poder antes de emergir-se um Estado [...] onde não há, portanto, os seus, isto é, não há
propriedade, não pode haver injustiça. Onde não foi estabelecido um poder coercitivo, isto é,
onde não há Estado, entende-se; nada pode ser injusto. A natureza da justiça consiste no
cumprimento dos pactos só no começo com a instituição de um poder civil suficiente para
obrigar os homens a cumpri-los, e é também só aí que começa a haver propriedade” (HOBBES,
2003, 112).
“Os homens podem perdoar uns aos outros suas dívidas, mas não os roubos ou outras
violências que cause dano. Porque não pagar dividas é uma injuria feita a eles mesmos, ao passo
que o roubo e a violência são injurias feitas a instituição do Estado” (HOBBES, 2003, 115).
Divide-se a justiça das ações em duas: primeira, convidativa “é a justiça de um
contratante, ou seja o cumprimento dos pactos, na compra e na venda, no aluguel ou na
aceitação [...] justiça distributiva é a justiça de um arbitro, isto é, o ato de definir o que é justo”
(HOBBES, 2003, 176).
Esta ultima, por sua vez, garante a equidade e por isso é uma lei natural.
“Esta é a quarta lei natural, que pode ser assim formulada: “quem recebeu beneficio de
outro, por simples graça, se esforce para que o doador não venha a ter motivo razoável para
arrepender-se de sua boa vontade [...] a quinta lei é a complacência [...] A sexta lei natural é:
“com garantia do tempo futuro se perdoe as ofensas passadas, àqueles que se arrependem e
deseja” a sétima lei é: “Na vingança [...] os homens não dêem importância ao mal passado, mas
só importância ao bem futuro’” (HOBBES, 2003, 116 – 118).
Hobbes não acreditava que existem homens que tem a capacidade, por natureza, de
mandar e outros de servir, já que contradiz a lei natural que diz que todos os homens são iguais.
A nona lei natural propõe: “cada homem reconheça os outros como seus iguais por
natureza [...] desta lei depende outra: ao iniciar as condições de paz niguem pretenda reservar
para sim qualquer direito que não aceite seja também para qualquer dos outros [...] deriva desta
uma outra lei: as coisas que não podem ser divididas, que sejam gozadas em comum, se assim
puder ser [...] há coisas que não podem ser gozadas em comum [...] a lei natural que prescreve a
equidade orienta: o direito absoluto ou então, se o uso for alternado a primeira posse deve ser
determinado por sorteio [...] há duas espécies de sorteio: o arbitrário e o natural. Arbitrário é
aquele com o qual os competidores concordam natural [...] é a primeira apropriação [...] é
também uma lei natural: a todos aqueles que servem de mediadores para a paz seja concedido
salvo-conduto [...]se as partes em presença não fizerem mutuamente um pacto no sentido de
aceitar a sentença de um terceiro, estarão tão longe da paz como antes. }Esse outro cuja
sentença se submete chama-se arbitro. Daí se surge que é da lei natural; aqueles dentre os quais
há controvérsias submetam seus direitos ao julgamento de um arbitro” (HOBBES, 2003, 118 –
120).

CAPÍTULO XVI – SOBRE AS PESSOAS, AUTORES E COISAS PERSONIFICADAS


“Pessoa é tido como aquela cujas palavras ou ações estão consideradas quer
com suas próprias quer como representando palavras ou ações de outro homem, ou de qualquer
outra coisa a que sejam atribuídas, seja palavras verdadeiras ou ficção. Sendo as palavras a ela
atribuída ela se chama uma pessoa natural. Quando estão representando palavras e ações de um
outro chama-se-lhe uma pessoa fictícia ou artificial” (HOBBES, 2003, 123).
Personificar é representar, seja a si mesmo ou a outro[..] as pessoas artificiais emitem
palavras e ações que pertencem aqueles a quem representam [..] a pessoa é o ator das ações do
autor [...] quando o ator faz alguma coisa contra a lei natural por ordem do autor, se pelo pacto
anterior foi obrigado a obedecer-lhe, não é ele e sim o autor que viola a lei natural” (HOBBES,
2003, 123 – 124).
As coisas inanimadas (igrejas, hospitais...) podem ser personificadas (apenas com um
Estado de governo civil) mas n autores, consequentemente não podem dar autoridade a seus
atores.
“contamos com dois tipos de autores o primeiro é [...] aquele a que pertence
simplesmente a ação de um outro. O segundo é aquele a quem pertence uma ação ou um pacto
de outro, condicionalmente” (HOBBES, 2003, 126). Como exemplo do segundo caso um
advogado.

SEGUNDA PARTE

CAPÍTULO XVII – SOBRE AS CAUSAS, GERAÇÕES E DEFINIÇÃO DE UM ESTADO

O desejo de sair da condição de guerra de todos contra todos por meio de um


cumprimento de um pacto, respeitando as leis naturais e com força e um poder coercitivo que
garanta a sua conservação e uma vida mais satisfeita foi a causa da geração do Estado.
Vivendo em pequenas famílias as únicas regras eram as leis de honra (evitar crueldade).
Esta união, entretanto, não ofereciam segurança por ser um numero pequeno de pessoas. “Em
grandes multidões se as ações de cada um dos que a compõem forem determinadas segundo o
juízo individual e apetites individuais de cada um, não poderá se esperar que ela seja capaz de
dar defesa e proteção a ninguém” (HOBBES, 2003, 128).
O homem se difere das abelhas e formigas que também vivem socialmente porque: 1º.
Vive em constante competição pela honra e pela dignidade gerando ódio, guerra, inveja, etc; 2º.
Há entre os homens a divisão entre o bem comum e o individual; 3º. Os homens dispõe do uso
da razão e 4º o acordo entre os homens surge de forma artificial (pacto) enquanto o destas
criaturas surge de forma natural.
A única forma de garantir a segurança da comunidade por meio da constituição
de um poder comum é possível quando se “designar um homem ou uma assembleia de homens
como representantes deles próprios, considerando-se e reconhecendo-se cada um como autor de
todos os atos que aqueles que o representa praticar ou vier a realizar em tudo o que disser
respeito à paz e segurança comum. Todos devem submeter suas vontades à vontade dos
representantes e suas decisões à sua decisão [...] é como se cada homem dissesse a cada
homem: Cedo e transfiro meu direito de governar a mim mesmo e a este homem, ou a esta
assembleia de homens, com a condição de que transfiras a ele o teu direito, autorizado de
maneira semelhante todas as suas ações. Feito assim, a multidão assim unida numa só pessoa se
chama Estado [...] esta é a geração daquele enorme Leviatã, ou antes [...] daquele deus mortal,
ao qual devemos, abaixo do outro Deus imortal, nossa paz e defesa” (HOBBES, 2003, 130 –
131).
Há duas formas de adquirir o poder soberano: pela força natural, quando um homem
obriga seus descendentes à autoridade do soberano, na medida em que pode ser destruído caso
se recuse, ou quando por meio da guerra os inimigos são submetidos à sua vontade. A outra
forma é o Estado político ou por aquisição, quando há um consentimento entre os homens a se
submeterem a um outro homem ou assembleia de homens, representando todos, sem exceção,
em prol da segurança.

CAPÍTULO XVIII – SOBRE OS DIREITOS DOS SOBERANOS POR INSTITUIÇÃO

“Em 1º lugar pactuando-se deve entender-se que não se encontram obrigados


por um pacto anterior a qualquer coisa que contradiga o atual [...] Aqueles que estão submetidos
a um monarca n pode sem licença deste renunciar à monarquia [...] nem transferir sua pessoa
daquele que dela é portador para outro homem ou outra assembleia de homens [...] posto que
constitui injustiça alguém fazer alguma coisa devido à qual possa ser castigado por sua própria
autoridade, também a esse título ele estará sendo injusto. Quando alguns homens
desobedecendo a seu soberano, pretendem ter celebrado um novo pacto, não com homens, mas
com Deus, isso também é injusto, pois não há pacto com Deus a não ser pela mediação de
alguém que representa a pessoa de Deus. [...] em 2º lugar [...] não pode haver a quebra do pacto
da parte do soberano, portanto nenhum súdito pode se libertar da sujeição sob qualquer pretexto
de infração [...] em 3º lugar, se a maioria, por voto de consentimento, escolher um soberano, os
que discordarem devem passar a consentir juntamente com os restantes [...] em 4º lugar, posto
que todo súdito é por instituição autor de todos os atos e decisões do soberano instituído, deduz-
se que nada feito por este pode ser considerado injuria para qualquer de seus súditos [...] em 5º
lugar [...] o detentor do poder soberano não pode justamente ser morto, nem de qualquer outra
maneira pode ser punido por seus súditos [...] Tendo em vista o fim desta instituição é a paz e a
defesa de todos, e dado que quem tem direito ao um fim tem direito aos meios, constitui direito
de qualquer homem ou assembleia que detenha a soberania o de ser juiz dos meios para a paz e
a defesa de tudo o que possa perturbar ou dificultar [...] Em 6º lugar, compete a soberania de ser
juiz de quais opiniões e doutrinas são contrárias à paz e quais lhe são a favor [...] Em 7º lugar,
compete ao soberano o poder de prescrever as regras para se homem saber quais os bens de que
pode gozar, e quais as ações que pode praticar, sem ser molestado por qualquer de seus
concidadãos. A isto os homens chamam de propriedade [...] Em 8º lugar, cabe ao poder
soberano a autoridade judicial [...] Em 9º lugar, compete ao soberano o direito de fazer guerra e
a paz com outras nações e Estados [...] Em 10º lugar, cabe ao soberano a escolha de todos os
conselheiros , ministros, magistrados e funcionários, tanto na paz, como na guerra [...] Em 11º
lugar, é dado ao soberano o direito de recompensar com riquezas e honras, e o direito de punir
com castigos corporais ou pecuniários, ou com ignomínia, a qualquer súdito, de acordo com o
de que previamente estabeleceu [...] levando em conta os altos valores que as pessoas tendem
naturalmente a se atribuir” (HOBBES, 2003, 132 – 134).
É importante também que se dê forçar a alguns setores, visando a execução dessas leis e
conceder títulos de honra.

CAPÍTULO XVII – SOBRE A LIBERDADE DOS SÚDITOS

“Liberdade significativa, em sentido próprio, a ausência de oposição [...] um


homem livre é aquele que não é impedido de fazer o que tem vontade de fazer, naquilo que é
capaz de fazer [...] dessa forma, quando falamos livremente, não se trata de liberdade da voz ou
de pronuncia e, sim, do homem ao qual nenhuma lei obrigou a falar de maneira diferente do que
usou” (HOBBES, 2003, 158).
Há uma compatibilidade entre o medo e a liberdade, visto que ao praticar por medo da
lei, determinados atos constituem ações que seus autores têm a liberdade de não praticar.
“Tendo em vista conseguir a paz e através disso sua própria conservação, os homens
criaram um homem artificial, ao qual chamamos de Estado, assim também criaram cadeias
artificiais, chamadas leis civis” (HOBBES, 2003, 159).
“A liberdade dos súditos, portanto está apenas naquelas coisas que ao regular suas
ações, o soberano permitiu [...] não obstante eles podem sem injustiça recusar-se a fazer, é
preciso examinar quais são os direitos que transferimos no momento em que criamos o Estado”
(HOBBES, 2003, 163).
A obrigação e liberdade dos súditos se dá de acordo com seu proferimento que autoriza
todas as ações do soberano, não havendo nestas quaisquer tipos de restrição à sua antiga
liberdade natural, ou da intenção daquele que se submetem a seu poder.
“Um monarca ou uma assembleia soberana que outorguem uma liberdade a todos ou a
qualquer dos súditos, liberdade essa que lhe faz perder a capacidade de promover a sua
segurança, faz com que essa outorga seja nula, a não ser que diretamente renuncie ou transfira a
soberania para outrem [...] A obrigação dos súditos para com o soberano dura enquanto e apenas
enquanto dura também o poder mediante o qual ele é capaz de protege-los [...] caso um monarca
renuncie à soberania, tanto para sim mesmo como para seus herdeiros, os súditos voltam à
absoluta liberdade natural [...] Caso o soberano banir um súdito, durante o banimento ele não
será súdito [...] Quem quer que penetre nos domínios de outrem passa em estar sujeito a todas as
leis alí vigorantes a não ser que tenha um privilégio, por acordo entre os soberanos ou por
licença especial [...] Caso um monarca vencido na guerra se fizer súdito do vencedor, seus
súditos ficam livres da obrigação anterior e passam a ter a obrigação para com o vencedor”
(HOBBES, 2003, 165 – 167).

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