FICHAMENTO – CIÊNCIA POLÍTICA I 2º SEMESTRE DE CIÊNCIAS SOCIAIS
HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Martin Claret, 2003.
PRIMEIRA PARTE
CAPÍTULO XIII – SOBRE A CONDIÇÃO NATURAL DA HUMANIDADE
RELATIVAMENTE À SUA FELICIDADE E MISÉRIA
“A natureza fez os homens tão iguais, no que se refere as faculdades do corpo e do
espírito que, embora por vezes se encontre um homem visivelmente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro [..] a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com razão nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa aspirar tal como ele” (HOBBES, 2003, 96). Para ele há uma maior igualdade ainda nas faculdades de espírito que a igualdade do corpo “Pois vêem sua própria sabedoria bem de perto e a dos outros homens à distância, isso prova que os homens são iguais quanto a esse ponto e não que sejam desiguais” (HOBBES, 2003, 96). Como no estado de natureza não existe propriedade, todos estão sujeitos a perderem suas posses e dessa maneira coloca tanto a sua, quanto a dos outros, conservação em risco, sendo assim: “Contra esta desconfiança de uns em relação aos outros, nenhuma maneira de se garantir é tão razoável como a antecipação. Quer dizer, pela força ou pela astúcia, subjugar todos os homens que puder, durante o tempo necessário para chegar ao mesmo momento em que não veja qualquer outro poder suficientemente grande para ameaça-lo” (HOBBES, 2003, 97). Na natureza do homem, que tem um enorme desprazer no convívio com o outro, há três principais causas de discórdia: “Primeiro, a competição; segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória. A primeira leva os homens a atacar os outros visando lucro. A segunda, a segurança. A terceira a reputação” (HOBBES, 2003, 97). Desse modo o homem vive no estado de guerra de todos contra todos, não sendo essa apenas a batalha/luta em si, mas no lapso de tempo em que esta pode e há a vontade de que ocorra. Assim os homens vivem apenas com a segurança oferecida por si mesmo. “Há um constante temos e perigo de morte violenta. A vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta” (HOBBES, 2003, 98). “As noções do bem e do mal, de justiça e injustiça, não podem ter lugar aí. Onde não há poder comum não há lei. Onde não há lei não há injustiça [...] são qualidades que pertencem ao homem em sociedade, não na solidão [...] outra consequência da mesma condição é que não há propriedade, domínio, distinção entre o meu e o teu [...] pertence ao homem só aquilo que ele é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de conservá-lo” (HOBBES, 2003, 100). A razão (lei de natureza), e as paixões (medo, desejo de conforto...) levam os homens a proferir a paz.
CAPÍTULO XIV – SOBRE A PRIMEIRA E A SEGUNDA LEIS NATURAIS E SOBRE OS
CONTRATOS “Direito de natureza [...]Jus naturale, é a liberdade que cada um possui de usar seu próprio poder, da maneira que quiser para preservação de sua própria natureza [...] Consequentemente de fazer tudo aquilo que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios adequados a esse fim [...] lei natural – lex naturalis” é um preceito ou regra geral, estabelecido pela razão mediante a qual se proíbe a um homem a fazer tudo o que possa destruir sua vida, privá-lo dos meios necessários para preservá-los ou omitir aquilo que pensam poder contribuir melhor para preservá-la” (HOBBES, 2003, 101). Já que o homem é governado por sua própria razão e que utiliza de todos os meios para garantir a sua conservação, neste estado de guerra de todos contra todos, ele tem o direito a tudo, incluindo os corpos dos outros. Dito isso, nenhum homem tem a segurança de viver o tempo que a natureza o permite. “Desta lei fundamental da natureza, que ordena a todos os homens a procurarem a paz, deriva esta segunda lei: que um homem concorde e conjuntamente, na medida em que tal considere necessário para a paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar o seu direito a todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros, com a mesma liberdade que os outros homens permite em relação a si mesmo. Pois enquanto cada homem detiver seu direito de fazer tudo quanto queira, a condição de guerra será constante para todos. Porem se os outros homens não renunciarem a seu direito, assim como ele próprio, nesse não há razão para que alguém se prive do seu, pois isso equivaleria a oferecer-se como presa” (HOBBES, 2003, 102). Chama-se contrato a translação ou troca mútua de direitos. Quando um contratante transmite o direito, e pronuncia palavras do futuro, o contrato se chama de pacto por convenção. Por isso nos atos de contrato “uma promessa é equivalente a um pacto, e, consequentemente obrigatória” (HOBBES, 2003, 105). Em um pacto onde ninguém cumpre sua parte ou quando há a suspeita de que não cumprirá de imediato ele se torna nula a não ser que “Se houver, entretanto, um poder comum situado acima dos contratantes, com direito e força suficiente para impor seu cumprimento, ele não é nulo. Aquele que cumpre primeiro não tem qualquer garantia de que o outro também cumprirá depois, porque os vínculos das palavras são demasiados fracos para refrear a ambição, a avareza, a cólera e outras paixões dos homens, caso não haja o medo de algum poder coercitivo [...] aquele que segundo o pacto deve cumprir primeiro é obrigado a fazê-lo [...] quem dá a um homem o direito de governar soberanamente lhe dá também o direito de recolher impostos [...] Tudo o que posso fazer legitimamente sem obrigação posso também pactuar na legalidade por medo. O que eu compactuar legitimamente não posso romper na legalidade [...] ninguém pode transferir ou renunciar a seu direito de evitar a morte, ferimentos de cárcere que é o único fim a renuncia ao direito [...] É possível, todavia, nos seguintes termos: se eu não fizer isto ou aquilo, mata-me; não se pode fazê-lo nestes termos: se eu não fizer isto ou aquilo, não resistirei quando vieres matar-me” (HOBBES, 2003, 107 – 108). Para obrigar os homem a cumprir seus pactos utiliza-se do medo das punições, ao faltar com a palavra e/ou o orgulho de parecer não precisar faltar a ela. O medo tem dois objetivos gerais: o primeiro é o temor de sua religião, medo do invisível (surge antes da sociedade civil; segundo ´´e o poder dos homens, medo do visível, das tentações (avareza, ambição...) “submete-se também que o julgamento nada acrescenta à obrigação. Pois um pacto, caso seja legítimo, vincula aos olhos de Deus, tanto sem o juramento sem ele. Caso seja ilegítimo não vincula nada, mesmo que um juramento o confirme” (HOBBES, 2003, 110).
CAPÍTULO XV – SOBRE OUTRAS LEIS DA NATUREZA
Há uma terceira lei que surge “os homens tem de cumprir os pactos que celebrarem” (HOBBES, 2003, 111). sendo esta responsável pela origem da justiça, já que no estado de natureza todos tem direito a tudo, nada pode ser considerado injusto e as palavras não garantem nada. Desta forma “ para que as palavras “justo” e “injusto” possam ter sentido, é necessário alguma espécie de poder coercitivo, capaz de obrigar igualmente os homens ao cumprimento dos pactos mediante ao medo de algum castigo que seja superior ao beneficio que esperam tirar do rompimento do pacto, e capaz de fortalecer aquela propriedade que os homens adquirem por contrato mútuo como recompensa do direito universal a que renunciam. Não pode haver tal poder antes de emergir-se um Estado [...] onde não há, portanto, os seus, isto é, não há propriedade, não pode haver injustiça. Onde não foi estabelecido um poder coercitivo, isto é, onde não há Estado, entende-se; nada pode ser injusto. A natureza da justiça consiste no cumprimento dos pactos só no começo com a instituição de um poder civil suficiente para obrigar os homens a cumpri-los, e é também só aí que começa a haver propriedade” (HOBBES, 2003, 112). “Os homens podem perdoar uns aos outros suas dívidas, mas não os roubos ou outras violências que cause dano. Porque não pagar dividas é uma injuria feita a eles mesmos, ao passo que o roubo e a violência são injurias feitas a instituição do Estado” (HOBBES, 2003, 115). Divide-se a justiça das ações em duas: primeira, convidativa “é a justiça de um contratante, ou seja o cumprimento dos pactos, na compra e na venda, no aluguel ou na aceitação [...] justiça distributiva é a justiça de um arbitro, isto é, o ato de definir o que é justo” (HOBBES, 2003, 176). Esta ultima, por sua vez, garante a equidade e por isso é uma lei natural. “Esta é a quarta lei natural, que pode ser assim formulada: “quem recebeu beneficio de outro, por simples graça, se esforce para que o doador não venha a ter motivo razoável para arrepender-se de sua boa vontade [...] a quinta lei é a complacência [...] A sexta lei natural é: “com garantia do tempo futuro se perdoe as ofensas passadas, àqueles que se arrependem e deseja” a sétima lei é: “Na vingança [...] os homens não dêem importância ao mal passado, mas só importância ao bem futuro’” (HOBBES, 2003, 116 – 118). Hobbes não acreditava que existem homens que tem a capacidade, por natureza, de mandar e outros de servir, já que contradiz a lei natural que diz que todos os homens são iguais. A nona lei natural propõe: “cada homem reconheça os outros como seus iguais por natureza [...] desta lei depende outra: ao iniciar as condições de paz niguem pretenda reservar para sim qualquer direito que não aceite seja também para qualquer dos outros [...] deriva desta uma outra lei: as coisas que não podem ser divididas, que sejam gozadas em comum, se assim puder ser [...] há coisas que não podem ser gozadas em comum [...] a lei natural que prescreve a equidade orienta: o direito absoluto ou então, se o uso for alternado a primeira posse deve ser determinado por sorteio [...] há duas espécies de sorteio: o arbitrário e o natural. Arbitrário é aquele com o qual os competidores concordam natural [...] é a primeira apropriação [...] é também uma lei natural: a todos aqueles que servem de mediadores para a paz seja concedido salvo-conduto [...]se as partes em presença não fizerem mutuamente um pacto no sentido de aceitar a sentença de um terceiro, estarão tão longe da paz como antes. }Esse outro cuja sentença se submete chama-se arbitro. Daí se surge que é da lei natural; aqueles dentre os quais há controvérsias submetam seus direitos ao julgamento de um arbitro” (HOBBES, 2003, 118 – 120).
CAPÍTULO XVI – SOBRE AS PESSOAS, AUTORES E COISAS PERSONIFICADAS
“Pessoa é tido como aquela cujas palavras ou ações estão consideradas quer com suas próprias quer como representando palavras ou ações de outro homem, ou de qualquer outra coisa a que sejam atribuídas, seja palavras verdadeiras ou ficção. Sendo as palavras a ela atribuída ela se chama uma pessoa natural. Quando estão representando palavras e ações de um outro chama-se-lhe uma pessoa fictícia ou artificial” (HOBBES, 2003, 123). Personificar é representar, seja a si mesmo ou a outro[..] as pessoas artificiais emitem palavras e ações que pertencem aqueles a quem representam [..] a pessoa é o ator das ações do autor [...] quando o ator faz alguma coisa contra a lei natural por ordem do autor, se pelo pacto anterior foi obrigado a obedecer-lhe, não é ele e sim o autor que viola a lei natural” (HOBBES, 2003, 123 – 124). As coisas inanimadas (igrejas, hospitais...) podem ser personificadas (apenas com um Estado de governo civil) mas n autores, consequentemente não podem dar autoridade a seus atores. “contamos com dois tipos de autores o primeiro é [...] aquele a que pertence simplesmente a ação de um outro. O segundo é aquele a quem pertence uma ação ou um pacto de outro, condicionalmente” (HOBBES, 2003, 126). Como exemplo do segundo caso um advogado.
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO XVII – SOBRE AS CAUSAS, GERAÇÕES E DEFINIÇÃO DE UM ESTADO
O desejo de sair da condição de guerra de todos contra todos por meio de um
cumprimento de um pacto, respeitando as leis naturais e com força e um poder coercitivo que garanta a sua conservação e uma vida mais satisfeita foi a causa da geração do Estado. Vivendo em pequenas famílias as únicas regras eram as leis de honra (evitar crueldade). Esta união, entretanto, não ofereciam segurança por ser um numero pequeno de pessoas. “Em grandes multidões se as ações de cada um dos que a compõem forem determinadas segundo o juízo individual e apetites individuais de cada um, não poderá se esperar que ela seja capaz de dar defesa e proteção a ninguém” (HOBBES, 2003, 128). O homem se difere das abelhas e formigas que também vivem socialmente porque: 1º. Vive em constante competição pela honra e pela dignidade gerando ódio, guerra, inveja, etc; 2º. Há entre os homens a divisão entre o bem comum e o individual; 3º. Os homens dispõe do uso da razão e 4º o acordo entre os homens surge de forma artificial (pacto) enquanto o destas criaturas surge de forma natural. A única forma de garantir a segurança da comunidade por meio da constituição de um poder comum é possível quando se “designar um homem ou uma assembleia de homens como representantes deles próprios, considerando-se e reconhecendo-se cada um como autor de todos os atos que aqueles que o representa praticar ou vier a realizar em tudo o que disser respeito à paz e segurança comum. Todos devem submeter suas vontades à vontade dos representantes e suas decisões à sua decisão [...] é como se cada homem dissesse a cada homem: Cedo e transfiro meu direito de governar a mim mesmo e a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condição de que transfiras a ele o teu direito, autorizado de maneira semelhante todas as suas ações. Feito assim, a multidão assim unida numa só pessoa se chama Estado [...] esta é a geração daquele enorme Leviatã, ou antes [...] daquele deus mortal, ao qual devemos, abaixo do outro Deus imortal, nossa paz e defesa” (HOBBES, 2003, 130 – 131). Há duas formas de adquirir o poder soberano: pela força natural, quando um homem obriga seus descendentes à autoridade do soberano, na medida em que pode ser destruído caso se recuse, ou quando por meio da guerra os inimigos são submetidos à sua vontade. A outra forma é o Estado político ou por aquisição, quando há um consentimento entre os homens a se submeterem a um outro homem ou assembleia de homens, representando todos, sem exceção, em prol da segurança.
CAPÍTULO XVIII – SOBRE OS DIREITOS DOS SOBERANOS POR INSTITUIÇÃO
“Em 1º lugar pactuando-se deve entender-se que não se encontram obrigados
por um pacto anterior a qualquer coisa que contradiga o atual [...] Aqueles que estão submetidos a um monarca n pode sem licença deste renunciar à monarquia [...] nem transferir sua pessoa daquele que dela é portador para outro homem ou outra assembleia de homens [...] posto que constitui injustiça alguém fazer alguma coisa devido à qual possa ser castigado por sua própria autoridade, também a esse título ele estará sendo injusto. Quando alguns homens desobedecendo a seu soberano, pretendem ter celebrado um novo pacto, não com homens, mas com Deus, isso também é injusto, pois não há pacto com Deus a não ser pela mediação de alguém que representa a pessoa de Deus. [...] em 2º lugar [...] não pode haver a quebra do pacto da parte do soberano, portanto nenhum súdito pode se libertar da sujeição sob qualquer pretexto de infração [...] em 3º lugar, se a maioria, por voto de consentimento, escolher um soberano, os que discordarem devem passar a consentir juntamente com os restantes [...] em 4º lugar, posto que todo súdito é por instituição autor de todos os atos e decisões do soberano instituído, deduz- se que nada feito por este pode ser considerado injuria para qualquer de seus súditos [...] em 5º lugar [...] o detentor do poder soberano não pode justamente ser morto, nem de qualquer outra maneira pode ser punido por seus súditos [...] Tendo em vista o fim desta instituição é a paz e a defesa de todos, e dado que quem tem direito ao um fim tem direito aos meios, constitui direito de qualquer homem ou assembleia que detenha a soberania o de ser juiz dos meios para a paz e a defesa de tudo o que possa perturbar ou dificultar [...] Em 6º lugar, compete a soberania de ser juiz de quais opiniões e doutrinas são contrárias à paz e quais lhe são a favor [...] Em 7º lugar, compete ao soberano o poder de prescrever as regras para se homem saber quais os bens de que pode gozar, e quais as ações que pode praticar, sem ser molestado por qualquer de seus concidadãos. A isto os homens chamam de propriedade [...] Em 8º lugar, cabe ao poder soberano a autoridade judicial [...] Em 9º lugar, compete ao soberano o direito de fazer guerra e a paz com outras nações e Estados [...] Em 10º lugar, cabe ao soberano a escolha de todos os conselheiros , ministros, magistrados e funcionários, tanto na paz, como na guerra [...] Em 11º lugar, é dado ao soberano o direito de recompensar com riquezas e honras, e o direito de punir com castigos corporais ou pecuniários, ou com ignomínia, a qualquer súdito, de acordo com o de que previamente estabeleceu [...] levando em conta os altos valores que as pessoas tendem naturalmente a se atribuir” (HOBBES, 2003, 132 – 134). É importante também que se dê forçar a alguns setores, visando a execução dessas leis e conceder títulos de honra.
CAPÍTULO XVII – SOBRE A LIBERDADE DOS SÚDITOS
“Liberdade significativa, em sentido próprio, a ausência de oposição [...] um
homem livre é aquele que não é impedido de fazer o que tem vontade de fazer, naquilo que é capaz de fazer [...] dessa forma, quando falamos livremente, não se trata de liberdade da voz ou de pronuncia e, sim, do homem ao qual nenhuma lei obrigou a falar de maneira diferente do que usou” (HOBBES, 2003, 158). Há uma compatibilidade entre o medo e a liberdade, visto que ao praticar por medo da lei, determinados atos constituem ações que seus autores têm a liberdade de não praticar. “Tendo em vista conseguir a paz e através disso sua própria conservação, os homens criaram um homem artificial, ao qual chamamos de Estado, assim também criaram cadeias artificiais, chamadas leis civis” (HOBBES, 2003, 159). “A liberdade dos súditos, portanto está apenas naquelas coisas que ao regular suas ações, o soberano permitiu [...] não obstante eles podem sem injustiça recusar-se a fazer, é preciso examinar quais são os direitos que transferimos no momento em que criamos o Estado” (HOBBES, 2003, 163). A obrigação e liberdade dos súditos se dá de acordo com seu proferimento que autoriza todas as ações do soberano, não havendo nestas quaisquer tipos de restrição à sua antiga liberdade natural, ou da intenção daquele que se submetem a seu poder. “Um monarca ou uma assembleia soberana que outorguem uma liberdade a todos ou a qualquer dos súditos, liberdade essa que lhe faz perder a capacidade de promover a sua segurança, faz com que essa outorga seja nula, a não ser que diretamente renuncie ou transfira a soberania para outrem [...] A obrigação dos súditos para com o soberano dura enquanto e apenas enquanto dura também o poder mediante o qual ele é capaz de protege-los [...] caso um monarca renuncie à soberania, tanto para sim mesmo como para seus herdeiros, os súditos voltam à absoluta liberdade natural [...] Caso o soberano banir um súdito, durante o banimento ele não será súdito [...] Quem quer que penetre nos domínios de outrem passa em estar sujeito a todas as leis alí vigorantes a não ser que tenha um privilégio, por acordo entre os soberanos ou por licença especial [...] Caso um monarca vencido na guerra se fizer súdito do vencedor, seus súditos ficam livres da obrigação anterior e passam a ter a obrigação para com o vencedor” (HOBBES, 2003, 165 – 167).