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4.

Mudanças no mundo do trabalho e seus impactos para o Serviço Social na cena


contemporânea
1. ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. Boitempo. São Paulo: Cortez, 1999.
11. FONTES, Virgínia. Capitalismo em tempos de uberização: do emprego ao
trabalho. In: Marx e o Marxismo v.5, n.8, jan/jun 2017.
9. NETTO, José Paulo. Transformações societárias e Serviço Social: notas para uma
análise prospectiva da profissão. In: Revista Serviço Social e Sociedade, n. 50, Ano
XVII. São Paulo: Cortez. 1996.
6. DEGENSZAJN, Raquel Raichelis. O assistente social como trabalhador assalariado:
desafios frente às violações de seus direitos. Serviço Social & Sociedade, v. 107, p.
420-437, 2011.

Capitalismo em tempos de uberização: do emprego ao trabalho* Fontes (2017)

A autora indica que existe um novo papel do Estado capitalista, deslocado de papel
complementar à reprodução da força de trabalho para o de contenção de massa
crescente de trabalhadores com direitos expropriados, anteriormente associados ao
contrato de trabalho. A extrema concentração da propriedade capitalista – a dos
recursos sociais de produção – contraposta a trabalhadores desprovidos de direitos é
exemplificada pela empresa Uber. Além de ausência de direitos (desemprego) e de
jornadas ilimitadas, ocorre uma centralização direta e internacional do comando
capitalista sobre os trabalhadores, acoplada à extrema descentralização do processo
de trabalho.

As estruturas de controle para bloquear reivindicações e rebeldias estavam ancoradas,


em primeiro lugar, diretamente no próprio patronato (capatazes, controle dos poros de
tempo nas funções exercidas etc.), que contava com o apoio policial (estatal) para as
situações que extrapolassem os muros das empresas.

Os Estados capitalistas realizaram um duplo movimento: reduziram sua intervenção


na reprodução da força de trabalho empregada, ampliando a contenção da
massa crescente de trabalhadores desempregados, preparando-os para a
subordinação direta ao capital. Isso envolve assumir, de maneira mais incisiva,
processos educativos elaborados pelo patronato, como o empreendedorismo e,
sobretudo, apoiar resolutamente o empresariado no disciplinamento de uma força de
trabalho para a qual o desemprego tornou-se condição normal (e não apenas mais
ameaça disciplinadora). O crescimento da violência estatal é, portanto, um aspecto
dos mais importantes, e merece estudos detalhados5. Um segundo aspecto é a
redução dos recursos disponíveis para o Estado, de um lado pela redução de suas
fontes de recursos, sejam aquelas ligadas ao assalariamento, seja pela evasão fiscal
empresarial sob múltiplos formatos; de outro, pelo aumento do apetite inexorável do
capital captando recursos públicos para sua expansão internacional e/ou em
momentos de crise. O predomínio dos Estados Unidos na formatação dessas novas
práticas não é desprezível. Mas não deve fazer esquecer o papel das classes
dominantes dos demais países que aderiram vivamente a elas por também partilharem
interesses internacionais, pelos efeitos “benéficos” que extraem desse disciplinamento
dos trabalhadores ou ainda pelo uso dos recursos públicos para expandirem-se ou
amortecer crises.

Ele não se reconhece no produto do seu trabalho, que se lhe a figura como o produto
“da empresa”, e sua subordinação parece ser ao “sistema”. A desqualificação do
trabalho/emprego e dos trabalhadores está ligada à sua forma social, mas os atinge
singularmente.

Prática procedimentos empresariais e/ ou políticos para bloquear a emergência das


tensões geradas por essas contradições.

Superposição de sucessivas formações profissionais, em diferentes níveis,


procurando adequar os seres sociais às necessidades específicas – e exigências – do
capital, preparando-os para uma disponibilidade a mais flexível possível, frente à
inflexibilidade crescente das exigências do capital: a empregabilidade. Outra política –
empresarial e pública – reside na falsificação da democracia, através do estímulo
(monetário ou por temor ao desemprego) à participação e ao engajamento do
trabalhador, que deve vestir a camisa da empresa. Também o estímulo ao
empreendedorismo, como apagamento jurídico fictício da relação real de subordinação
do trabalho ao capital, que se apresenta como igualdade entre… capitalistas, sendo
um deles mero “proprietário” de sua própria força de trabalho.

 A relação entre o trabalhador e a tecnologia.

A tecnologia costuma ser apresentada como algo “externo” à humanidade e indiferente


à sua sorte.

Como se, a partir da própria coisa tecnológica, engendrassem-se revoluções na vida


social. Ela torna-se uma ameaça, brandida regularmente, como maneira específica de
eliminar trabalho (isto é, emprego) na vida social, substituindo os seres concretos em
funções que, doravante, serão eliminadas pelo uso de tal ou qual método ou
tecnologia. A tecnologia é simultaneamente ameaça difusa de desemprego e
promessa do fim do trabalho.

Algumas facilidades e serviços para facilitar a vida e as necessidades sociais, com o


avanço das forças produtivas, mas acaba promovendo desemprego e diminuição de
postos de trabalho.

A pandemia é um grande exemplo disso: não acabou o emprego, surgiram novas


atribuições para trabalhadores motoboys, entrega online, estoquista, separador de
produtos, organizador de arquivos online, marketing digital para dar conta dessa
demanda. Aqueles trabalhadores que estavam subempregados sofreram mais pela
instabilidade no contrato de trabalho, muitos foram demitidos, tiveram seus contratos
subempregados. O Brasil é o país da informalidade.

 A categoria trabalho está permeada de sentidos contraditórios,


positivos e negativos

CONCEITO DA AUTORA: expropriações secundárias - expropriação secundária dos


contratos de trabalho, que atinge trabalhadores urbanos, em muitos casos já
secularmente expropriados dos meios de produção (terra e seus instrumentos de
trabalho).

Esse processo acontece de duas formas, conforme aponta Fontes (2010): a


expropriação primária, original, de grandes massas campesinas que saem da sua terra
para as cidades e perdem a capacidade de produção sustentável ou seu meio de
subsistência, tal movimento pode ocorrer de forma induzida ou aleatória e aquelas
expropriações secundárias, impulsionadas pelo capital-imperialismo contemporâneo.
Virgínia Fontes (2010, p. 51) ressalta que “não há lado de fora do mundo
mercantil” critica o conceito de exclusão, pois, uma vez que o trabalhador esteja
expropriado, ou seja, disponibilizado ao mercado, a própria reprodução de sua vida
passa a dele depender, mesmo que este esteja fora do circuito do mercado de
trabalho formal. As massas humanas disponíveis para o mercado, ainda que não
estejam empregadas, exercem pressão sobre os demais trabalhadores e reforçam,
desse modo, a subordinação do conjunto.
A massa profundamente desigual de trabalhadores disponíveis urbanos, assim
constituída, por um lado, abriu formidável manancial de exploração da força de
trabalho para capitais e capitalistas de porte variado, ao mesmo tempo em que grande
parte dessa população anseia – compreensivelmente – pela integração ao mundo do
trabalho regular. Entretanto, sua magnitude agudiza as tensões intercapital
imperialistas e certamente impulsionará lutas sociais com escopos variadíssimos.
Nesse cenário, multiplica-se a segregação em favelas e periferias e se reatualizam (e
surgem novas) formas de opressão étnicas, sexuais, culturais, geográficas e
religiosas, assim como atividades ilegais e diferentes formas de violência. (FONTES,
2010).

Por diversas razões – internacionalização da circulação de capitais contraposta ao


relativo encapsulamento dos trabalhadores em âmbitos nacionais; ampliação das
expropriações primárias nas periferias, levando a uma disponibilidade crescente de
trabalhadores em mercados de trabalho distantes, o que leva ao aprofundamento de
tecnologias voltadas para a interconexão e o transporte –, formas secundárias de
subordinação de trabalhadores já existentes passaram a se disseminar e a assumir
papel de destaque: o trabalho por peças, trabalho a domicílio, os estágios
(período complementar à formação educativa, em diversos níveis) e as empresas
de alocação de mão de obra (terceirização genérica). Forneceram um molde para a
subordinação dos trabalhadores ao capital para além do emprego.

Desemprego: As formas mais conhecidas são tecnologias que dispensam


trabalhadores, processos nacionais ou internacionais de deslocalização de empresas,
ou ainda ataques diretos contra direitos conquistados, quando e onde porventura
tenham ocorrido melhorias das condições salariais e organização de trabalhadores
para assegurar limites legais à jornada e às condições de trabalho.

Subordinação direta – sem a mediação de emprego ou contrato – dos trabalhadores


às mais variadas formas de capital. Multiplicaram-se as modalidades jurídicas para
enquadrar tais situações, seccionando desigualmente direitos das relações concretas
(efetivas) de trabalho.
TRABALHO INTERMITENTE.

Multiplicam-se formas paralelas, com contratos parciais (tempo determinado, jornada


parcial ou alongada), terceirizações em vários níveis (subcontratações), subordinação
sem contrato (bolsistas, estagiários etc.), salário por peças, trabalho a domicílio,
pessoa jurídica (quando o trabalhador cria uma empresa cujo objetivo é vender sua
força de trabalho, uma das modalidades do empreendedorismo, na qual o próprio
trabalhador torna-se “empresa”, para a qual não estão previstos direitos trabalhistas,
ou ainda “trabalho voluntário”, quando trabalhadores aceitam realizar tarefas “sociais”
com a expectativa de posteriormente conseguirem empregos)7.

7 Francisco de Oliveira cunhou uma curiosa expressão, o “trabalho sem-formas”:


“[…] entre o desemprego aberto e o trabalho sem-formas transita 60% da força de
trabalho brasileira […] É o mesmo mecanismo do trabalho abstrato molecular-digital
que extrai valor ao operar sobre formas desorganizadas do trabalho.” (Oliveira, 2007,
pp.34-35).

Sujeição direta do trabalhador:


 uber, lojas virtuais, com o avanço tecnológico. Essas iniciativas não acabam
com o trabalho, mas aceleram a transformação da relação empregatícia (com
direitos) em trabalho isolado e diretamente subordinado ao capital, sem
mediação contratual e desprovido de direitos. Interesse do capital continua
sendo a extração e a captura do mais-valor.
 empreendedorismo (realizado por trabalhadores de diversas formações, mas
sem emprego.
 “incubadoras de empresas”
 No caso da Uber, por exemplo, desde 2010, a empresa capta financiamentos
milionários, chegando, na atualidade, a acordos com a Arábia Saudita (que
injetou 3,5 bilhões de dólares na empresa) e com a China, que resultou em
fusão com a chinesa Didi, em negócio estimado em 35 bilhões de dólares
(Insider.Pro,
 28/08/2016).
 Segmentos e nichos variados: variados: fundos de investimento de riscocomo
Benchmark ou First Round Capital, grandes conglomerados financeiros, como
Goldman Sachs ou empresas como Amazon ou Google, sem falar em acordos
com operadoras de cartão de crédito, com montadoras ou empresas de aluguéis
de automóveis.

Há uma centralização absoluta e internacional do comando sobre os trabalhadores e


redução dos custos do processo de valorização do valor.

A contraparte dessa centralização é uma enorme descentralização do processo de


trabalho.
 Não há jornada de trabalho combinada ou obrigatória, nem limites para ela,
tampouco dias de repouso remunerado.
 Aqui, trata-se de lidar com novas escalas, ampliando o volume de valor,
através de fornecedores massivos de mais-valor. Qualquer tempo
disponibilizado pelo trabalhador singular é tempo de lucro.

Pois é a empresa quem define o modo da produção do serviço, o preço, o padrão de


atendimento, a forma de pagamento e a modalidade de seu recebimento. É ainda ela
quem recebe o pagamento e paga o motorista, além de centralizar o acionamento do
trabalhador para sua atividade. A Uber conta ainda com um sistema disciplinar que
aplica penalidades aos trabalhadores que infringirem suas normas de serviço. Nada há
de compartilhamento, “pois o motorista, ao ligar o aplicativo, não tem senão a opção
de seguir estritamente as rígidas normas estabelecidas de forma heterônoma pelo
algoritmo do aplicativo criado e gerenciado pela empresa”.

 Trabalhadores sem emprego, mas em atividade.


 Aliás, boa parte das regulamentações jurídicas da Uber é deixada às
administrações municipais, o que favorece o silêncio obsequioso de legislações
mais abrangentes, permitindo o alastramento dessas iniciativas e provando que
o procedimento do trabalho desprovido de direitos (trabalho sem emprego)
figura como um dos modelos desejáveis para a relação entre o capital e os
trabalhadores em escala internacional.

A empresa Uber figura aqui apenas como exemplo, embora extremamente elucidativo.
Em diferentes ramos de atividade, nas diversas modalidades de contrato, descontrato
e subordinação do trabalho, por exemplo, observa-se uma mescla de formas similares.
No campo brasileiro, a engorda de animais (frangos e porcos), a produção de ovos
etc., é realizada por pequenos proprietários, que devem assegurar, por seus próprios
meios (em geral, através de endividamento bancário) as instalações exigidas e
certificadas por grandes empresas agroindustriais. Estas, detentoras dos recursos
sociais de produção, definem o processo de trabalho e o tempo máximo de sua
realização (como o tempo de engorda de cada tipo de animal).

Os pequenos proprietários convertem-se em elos de uma enorme cadeia produtiva, na


qual realizam processos similares aos que o operário parcelar executa em grandes
indústrias, arcando com os custos físicos de implantação e de manutenção do
processo e sem… salário.

Pouco a pouco, parcela dessas entidades passou a substituir atividades públicas (na
assistência social) e consolidou uma atuação mercantil- filantrópica: de um lado,
vendia projetos a financiadores (privados e públicos), que asseguravam a manutenção
das entidades e sua própria subsistência, e de outro lado, convertia-se em forma de
expropriação de direitos em diversos níveis. Essa prática resultava na redução de
políticas universais, ao defenderem intervenções pontuais, quase cirúrgicas, em
situações dramáticas (fome, abrigo, algumas doenças etc.). Em muitos países,
enfrentaram forte oposição pela manutençãodas políticas universais.

 ANTUNES (1999).

O assistente social como trabalhador assalariado: desafios frente às violações


de seus direitos – Raquel Raichelis.

“o binômio flexibilização/precarização e a perda da razão social do trabalho, com a


reafirmação do lucro e da competitividade como estruturadores do mundo do trabalho
a despeito do discurso e de programas de responsabilidade social” (Franco, Druck e
Seligman-Silva, 2010, p. 233).

A erosão do trabalho contratado e regulamentado, bem como dos direitos sociais e


trabalhistas, ampliam-se também as relações entre trabalho e adoecimento,
repercutindo na saúde física e mental dos trabalhadores, nas formas de objetivação e
subjetivação do trabalho.

Essa dinâmica de flexibilização/precarização atinge também o trabalho do assistente


social, nos diferentes espaços institucionais em que se realiza, pela insegurança do
emprego, precárias formas de contratação, intensificação do trabalho, aviltamento dos
salários, pressão pelo aumento da produtividade e de resultados imediatos, ausência
de horizontes profissionais de mais longo prazo, falta de perspectivas de progressão e
ascensão na carreira, ausência de políticas de capacitação profissional, entre outros.

Esse processo inclui a organização e as lutas sindicais e trabalhistas, mas também o


enfrentamento das dimensões complexas envolvidas nos processos e relações de
trabalho nos quais os assistentes sociais estão inseridos.

Depende do vínculo de trabalho - Estado, a empresa privada, as ONGs, as entidades


filantrópicas, os organismos de representação política — e da organização e gestão
dos processos e relações de trabalho nos diferentes espaços sócio-ocupacionais onde
realizam sua atividade.

Envolve a construção de estratégias coletivas e de alianças políticas que possam


reforçar direitos nas diferentes áreas de atuação (Saúde, Previdência, Assistência
Social, Judiciário, organizações empresariais, ONGs etc.), na perspectiva de ampliar o
protagonismo das classes subalternas na esfera pública.

O trabalho do AS em tempos de precarização do trabalho: flexibilizados,


informalizados, precarizados, pauperizados, desprotegidos de direitos e
desprovidos de organização coletiva (Antunes, 2005).

1. Das formas de mercantilização da força de trabalho — desestabilização dos


trabalhadores estáveis com perda de direitos e vínculos.
2. Do processo de construção das identidades individual e coletiva - coisificação
das relações humanas e fragilizando as identidades individual e coletiva e a
dimensão ética do trabalho.
3. Da organização e das condições de trabalho - metas inalcançáveis, extensão
da jornada, polivalência, rotatividade, exposição de agentes químicos e físicos.
4. Das condições de segurança no trabalho - estáveis e instáveis, precárias
condições de trabalho - maior exposição a riscos e sujeição a condições
aviltantes de aumento da produtividade, gerando precarização da saúde e da
segurança no trabalho.
5. Das condições de representação e de organização sindical - discriminação,
pulverização e competição entre os próprios trabalhadores, enfraquecendo a
representação política da classe trabalhadora.

No Seso, intensificam-se os processos de terceirização, de subcontratação de


serviços individuais dos assistentes sociais por parte de empresas de serviços ou de
assessoria (empresas do eu sozinho ou PJs), de “cooperativas”de trabalhadores, na
prestação de serviços aos governos e organizações não governamentais, acenando
para o exercício profissional privado (autônomo), temporário, por projeto, por tarefa,
em função das novas formas de gestão das políticas sociais.

- aviltamento da precarização dos contratos de trabalho no interior da profissão, seja


por contratos temporários, seja por ausência de vínculo empregatício, ou travestidos
de profissionais autônomos.

Impactos:
1)Desconfigura o significado e a amplitude do trabalho técnico realizado pelos
assistentes sociais e demais trabalhadores sociais;
2) Desloca as relações entre a população, suas formas de representação e a gestão
governamental, pela intermediação de empresas e organizações contratadas;
3) Subordina as ações desenvolvidas a prazos contratuais e aos recursos financeiros
definidos, implicando descontinuidades, rompimento de vínculos com usuários,
descrédito da população para com as ações públicas;
4) Realiza uma cisão entre prestação de serviço e direito, pois o que preside o
trabalho não é a lógica pública, obscurecendo-se a responsabilidade do Estado
perante seus cidadãos, comprimindo ainda mais as possibilidades de inscrever as
ações públicas no campo do direito.

FRAGMENTAÇÃO da classe:
Além da fragmentação entre os trabalhadores com diferentes formas de contrato e
níveis salariais, muitas vezes na mesma equipe, gerando dificuldades e
constrangimentos para o trabalho social e para a luta coletiva.

MECANIZAÇÃO DO TRABALHO:
 “cultura do “gerencialismo” da empresa privada no setor público esvazia os
conteúdos mais criativos do trabalho, desencadeando o desgaste criado pela
atividade mecânica, repetitiva, que não instiga a reflexão.

 preenchimento de formulários e a realização de cadastramentos da população,


quando assumidos de forma burocrática e repetitiva, não agrega conhecimento e
reflexão sobre os dados e o trabalho realizado

METAS TB NO ESTADO:
ideologia da gerência e da qualidade total, do erro zero, do trabalho a tempo justo, da
eficiência das metas e dos resultados.

 A luta pela conquista das 30 horas é um movimento político dos mais


relevantes, que está pautando inclusive a mobilização de outros profissionais, como os
psicólogos. Talvez este seja o movimento coletivo mais importante desses últimos
anos em defesa de direitos do assistente social como trabalhador assalariado, mas
que, como era de esperar, está sendo objeto de desconstrução por parte dos
empregadores, exigindo da categoria profissional e de suas entidades políticas a
adoção de diferentes estratégias coletivas para fazer valer esse direito para todos(as)
os(as) profissionais do país.

NETTO, J. P. “Transformações societárias e serviço social – Notas para uma análise prospectiva da
profissão no Brasil”. In Serviço Social e Sociedade, n.50. São Paulo: Cortez, 1996.

Período histórico em que estamos situados marcado por transformações que incidem
sobre as profissões e em suas áreas de intervenção,seus suportes de conhecimento e
de implementação, suas funcionalidades etc
Equívocos a serem evitados na reflexão sobre o Serviço Social neste contexto:

1. Fuga para o futuro: preocupação em examinar possibilidades de


desenvolvimento servindo como justificativa da ausência de atenção para com
as realidades atuais.
2. Converter a prospecção entendida como análise projetiva, em operação
especulativa
3.
Introdução: Transformações societárias e alterações profissionais

Problema teórico-analítico: explicar e compreender como, na particularidade prático-


social de cada profissão, se traduz o impacto das transformações societárias.
Determinar as mediações que conectam as profissões particulares àquelas
transformações.

Exige tanto desvendamento das transformações societárias quanto o exame do


complexo da profissão que se quer o objeto da reflexão.

Transformações societárias no capitalismo tardio

Transformações da década de 70: recessão que pôs de manifesto um giro profundo na


dinâmica comandada pelo capital: chegava ao fim o padrão de crescimento que,
desde o segundo pós-guerra e por quase 30 anos (as três décadas gloriosas do
capitalismo monopolista), sustentara, com as suas ondas expansivas, o pacto de
classes expresso pelo Welfare State. Emergia um novo padrão de crescimento que,
operando por meio de ondas longas recessivas, não só erodia as bases de toda a
articulação sociopolítica até então vigente como ainda, tornava exponenciais as
contradições imanentes à lógica do capital, especialmente aquelas postas pela
tendência à queda da taxa média de lucro e pela superacumulação (Mandel, 1976)

Mandel= Capitalismo tardio = capitalismo monopolista contemporâneo

Netto= produção segmentada, horizontalizada e descentralizada ( fábrica difusa),


estimulada em vários ramos, propicia uma mobilidade ou desterritorialização dos pólos
produtivos, encadeados agora em lábeis redes supranacionais, passíveis de rápida
reconversão.

A tão celebrada globalização econômica vincula-se, não por acaso, a essa


financeirização do capitalismo e à articulação supranacional da unidades produtivas. A
globalização vem agudizando o padrão de competitividade intermonopolista e
redesenhando o mapa político-econômico do mundo: para assegurar mercados e
garantir a realização de superlucros, as grandes corporações têm conduzido
processos supranacionais de integração – os megablocos (União européia, nafta)

A revolução tecnológica tem implicado uma economia de trabalho vivo, elevando a


composição orgânica do capital. Resultado direto (conforme projeção de Marx) cresce
exponencialmente a força de trabalho excedentária em face dos interesses do capital.

Sociedade tardo-burguesa= sociedade no contexto das transformações provocadas


pela acumulação flexível

Nível social: a estrutura de classes da sociedade burguesa vem experimentando


verdadeira eversão, com o desaparecimento de antigas classes sociais como o
campesinato. Alterações tanto no plano econômico-objetivo da produção/reprodução
das classes e suas relações, quanto no plano ídeo-subjetivo do reconhecimento da
pertença de classe.

Estas modificações subvertem o mundo do trabalho; a classe operária tradicional


transforma-se afetada por divisões e o proletariado industrial tende a perder grandeza
estatística. Na verdade, infirmando as falsas teses acerca do fim da sociedade do
trabalho, o que se registra são mutações, ou como diz Antunes, metamorfoses no
mundo do trabalho. Contudo a classe-que-vive-do-trabalho, agora mais do que nunca,
é um conjunto bastante heteróclito.

Pouca atenção tem sido dada às modificações ocorrentes no interior das classes que
vivem da exploração do trabalho. Os representantes do grande capital estão
estruturando uma oligarquia financeiramente global.

As transformações no nível social não se reduzem a estrutura de classes. Mudanças


no perfil demográfico das populações, a expansão urbana, o crescimento das
atividades de serviços, a difusão da educação formal, novos circuitos de comunicação
social. Rebatendo na estrutura da família e ligadas às transformações de natureza
cultural, estas mudanças convulsionam, os padrões de socialidade. Destaca-se três
impactos contemporaneamente decisivos:

1. a emersão de protagonistas sociais que se põem como agentes sociais


independentes (Hobsbawm): as mulheres = graças ao empenho das
vanguardas, as demandas femininas já não podem ser ladeadas;
2. A juventude que esteve na base da revolução de costumes nos anos 60,
constitui-se em categoria social específica redimencionada
3. segmentos desprotegidos que compreendem universos heterogêneos. O que
peculiariza este segmento é que se situam na borda da sociedade oficial, e se
vêem e são vistos como Não sociedade ou contra-sociedade, interatuando com
a ordem.

Alterações substantivas no âmbito da cultura: dois vetores:

1. a translação da lógica do capital para todos os processos do espaço cultural


(produção, divulgação, consumo)
2. desenvolvimento de formas culturais socializáveis pelos meios eletrônicos (TV,
vídeo)

O traço mais notável dessa cultura é que ela incorpora as características típicas da
mercadoria – sua obsolescência programada, sua fungibilidade, sua imediaticidade
reificante. Mesmo que a sociedade tardo-burguesa esteja longe de ser uma sociedade
de consumo, a cultura que nela hoje se afirma é uma cultura do consumo
(Featherstone1995): ela cria a sensibilidade consumidora que se abre à devoração
indiscriminada e equalizadora de bens materiais e ideais – e nela, a própria distinção
entre realidade e signos se esfuma: numa semiologização do real, o signo é o real.

A imediaticidade da vida social planetariamente mercantilizada ganha estatuto de


realidade, a distinção entre aparência e esssência é desqualificada. O efêmero, o
molecular, o descontínuo tornam-se a pedra de toque da nova sensibilidade: o dado,
na sua singularidade empírica, desloca a totalidade e a universalidade, suspeitas de
totalitarismo.

Estamos falando da tese segundo a qual, a partir da segunda metade do século,


exauriu-se o programa da modernidade, fundado no capítulo iluminista do projeto
ilustrado, configurando-se uma mutação sociocultural estrutural, que implicaria a
anacronização dos padrões de análise dos objetos socioculturais e dos projetos
sociais a eles vinculados, ou seja, de uma parte teríamos uma crise de paradigmas,
com a superação das metanarrativas e das abordagens teóricas calçadas na categoria
da totalidade; de outra estaria colocada a urgência de só pensar a micropolítica ou de
encontrar novos referenciais para a ação sociopolítica.

O movimento pós-moderno é heterogêneo. Do ponto de vista de seus fundamentos


epistemológicos e teóricos, porem, o movimento é funcional à lógica cultural na
contemporaneidade.

Quer no cosmopolitismo, quer no localismo/singularismo, há uma nítida


desqualificação da esfera pública universalizadora:No primeiro o privilégio é conferido
a um individualismo de caráter possessivo, no segundo, o direito à diferença se impõe
abstrata e arbitrariamente. Nessa cultura vigora a máxima segundo a qual não há
sociedade, só indivíduos (Thatcher)
Hobsbawm = a revolução cultural de fins do século XX pode ser entendida como o
triunfo do indivíduo sobre a sociedade, o rompimento dos fios que antes ligavam os
seres humanos em texturas sociais.

Estado e sociedade civil modificam-se nas suas esferas e nas suas relações. Na
sociedade civil= crise nas representações das classes com a dessindicalização e
surgimento dos novos movimentos sociais que renovam pulsões democráticas mas
que ao não imbricarem instâncias políticas capazes de articular e universalizar a
pluralidade de interesses, seu potencial emancipatório vê-se comprometido, inclusive
podendo reincidir o corporativismo.

Estado=diminuição de sua ação reguladora, especialmente encolhimento de suas


funções legitimadoras: quando o grande capital rompe o pacto que suportava o
Welfare State, começa a ocorrer a retirada das coberturas sociais públicas e tem-se o
corte nos direitos sociais.

A desqualificação do Estado tem sido, como se sabe, a pedra de toque do privatismo


da ideologia neoliberal: as defesa do estado mínimo pretende o estado máximo para o
capital. Satanização do Estado e cultura política anti-estado.

Forças da oposição incorporando antiestatismo como priorização da sociedade civil e


como demanda democrática, daí decorrem dois fenômenos:

1. transfeR6encia para a sociedade civil de responsabilidades antes alocadas ao


Estado
2. minimização de lutas democráticas dirigidas a afetar as instituições estatais.

Conseqüência: politização de novos espaços sociais ou repolitização de espaços


abandonados, mas também a despolitização de demandas democráticas.
Estas transformações são vitórias do grande capital: do ponto de vista político foram
sustentadas por mecanismos eleitorais dotados de legitimidade; ídeo-cultural: pós-
modernismo contribuiu para conter avanços da década de 60 e 70 e do ponto de vista
econômico a lucratividade foi recuperada.

Para os trabalhadores custos seus empregos seus salários

Três dados:

1. alargamento da distância entre ricos e pobres;


2. ascensão do racismo e da xenofobia e
3. a crise ecológica do globo

Particularidade brasileira:

 Não há um welfare state a destruir


 A efetividade dos direitos sociais é residual
 Não há gorduras nos gastos sociais de um país com os indicadores
sociais que temos

No Brasil, este projeto não pode incorporar abertamente a programática, deve travesti-
se, com uma retórica não de individualismo mas de solidariedade, não de
rentabilidade, mas de competência, não de redução de coberturas mas de justiça.

Este projeto está longe da consolidação.

O serviço social no Brasil na estrada dos anos 90

Na entrada da década de noventa, o serviço social se apresenta no Brasil como uma


profissão relativamente consolidada. 70 unidades de ensino, produção científica
mostrando dinamismo marca a maturação profissional

Contudo, cenário carregado de questões e problemas.

A primeira questão: legitimidade social = a profissão caucionada pelas classes


dominantes em função do seu conservadorismo, não contava com a mesma caução
por parte dos seus usuários e 15 anos depois continua sem ter consolidado
legitimidade entre as classes subalternas. Outra questão é a disputa com outros
profissionais pelas tarefas e o surgimento de novas competências que remetem à
pesquisa, à produção de conhecimentos

Avanços na produção de conhecimento, contudo não há canais que operem


socialização destes avanços provocando distância entre a vanguarda acadêmica e a
massa de profissionais.

As novas competências passam, incontornavelmente, pela formação profissional que


remete à questão da política nacional de educação. Sucateamento da universidade
pública e permanência de traços herdados da ditadura, contudo ainda continua sendo
menos constrangedora que as escolas privadas, regidas pela lógica do lucro.

O protagonismo docente dos AS sofre condicionantes. Dois fenômenos:

1. mudança no perfil socioeconômico da massa do alunado, cada vez mais


composta por setores da camada baixa urbana;
2. empobrecimento do universo cultural do alunado

Os dois fenômenos são concomitantes à exigência de maior qualificação intelectual e


cultural, derivada da própria consolidação acadêmica do Serviço Social , esta é uma
contradição que deve ser enfrentada. O perfil socioeconômico e cultural dos alunos
deve ser preocupação da formação profissional.

No campo da prática profissional, conquistas e impasses= existência de mercado de


trabalho. Insuficientes conexões entre centros de formação e campos de intervenção
têm reduzido a capacidade daqueles de viabilizar inovações, bem como a sua retro-
alimentação pela realidade das práticas de campo – aqui é inegável o
desconhecimento mútuo; de outra e em função do anterior, as novas demandas são
enfrentadas em condições desfavoráveis (baixos salários, problema na formação e
conservadorismo)

A década de 80 consolidou no plano ídeo-político, a ruptura com o histórico


conservadorismo do Serviço Social. Isto não significa que este foi superado na
profissão e sim posicionamentos ideológicos e políticos de natureza critica e/ou
contestadora conquistaram legitimidade.

Democratizou-se a relação no interior da categoria e legitimou-se o direito à diferença


ídeo-política (lembremo-nos da presença do doutrinarismo católico e da intolerância da
profissão anteriormente)

Entretanto, na imediaticidade das expressões da categoria, a magnitude dessa ruptura


foi hiperdimensionada. A dinâmica das vanguardas profissionais, altamente
politizadas, ofuscou a efetividade da persistência conservadora. O conservadorismo
nos meios profissionais tem raízes profundas e se engana quem o supuser residual. A
legitimidade alcançada para a diversidade de posições está longe de equivaler à
emergência de uma maioria político-profissional radicalmente democrática e
progressista.

A consolidação da ruptura com o conservadorismo favoreceu a renovação teórico-


cultural da profissão e foi um dos principais suportes para a sólida inserção do Serviço
Social na academia.

Década de80= maioridade do Serviço Social no Brasil no domínio da elaboração


teórica, constituindo intelectualidade que passou a utilizar tradição marxista

A dominância dos influxos da tradição marxista contribuiu para a valorização da


elaboração teórica e para o diálogo do Serviço Social com outras áreas de
conhecimento.

Na virada da década as bases dessa dominância começam a ser deslocadas em


decorrência do impacto na esquerdas do colapso do socialismo real, a ofensiva
neoliberal, influência nos meios acadêmicos da pós-modernidade.

Racionalismo dialético é posto no mesmo nível da razão positivista e ambos são


impugnados como paradigmas anacrônicos, o humanismo marxista é acoimado de
eurocêntrico, a perspectiva da totalidade é equalizada à vontade totalitária, a ênfase
na macroscopia é catalogada como discurso generalizante

No Serviço Social registra-se critica formal às correntes marxistas no campo


profissional em dois níveis:

1. crítica à ortodoxia, tida como dogmatismo dos marxistas brasileiros no Serviço


Social
2. crítica às lacunas e não aos equívocos existentes nos seus trabalhos

Perspectivas imediatas, mercado de trabalho e tendências de desenvolvimento


As características estruturais da sociedade brasileira e sua inserção no capitalismo
garante espaços para a profissão.

Serviço Social como possibilidade objetiva: a conversão da possibilidade em realidade


dependerá da capacidade de resposta profissional do Serviço Social àquela demanda
e da sua maior ou menor compatibilidade com a hegemonia política que vier a afirmar-
se e/ou da sua funcionalidade em relação às eventuais contra-hegemonias. Se não for
capaz de elaborar respostas qualificadas pode tornar-se um exercício profissional
residual.

A cultura profissional tem importante papel na delimitação da compatibilidade entre


exercício profissional e uma dada hegemonia política. Num ordenamento social com
bases democráticas, uma profissão é sempre um campo de lutas, em que os
diferentes segmentos da categoria, expressando diferenciação ídeo política, procuram
elaborar direção social estratégica para a profissão.

 Consolidação de determinada direção social não equivale à supressão da


diferenças no conjunto da categoria ou à equalização dos vetores que
compõem a cultura profissional ( estamos diante de um processo não de
monopólio e sim de luta por hegemonia, de direção- uma categoria jamais se
configura enquanto bloco identitário homogêneo
 Se uma direção social estratégica tem seu nervo num componente ídeo-
político, está longe de reduzir-se a ele

Serviço Social na década de 80: direção social estratégica que colide com a
hegemonia política que o grande capital pretende construir. São matrizes antagônicas
ao conservadorismo e com as bases do pós-modernismo.

O que estará no centro da polêmica profissional será a seguinte questão: manter,


consolidar e aprofundar a atual direção estratégica ou conte-la, modifica-la e reverte-
la.

Vulnerabilizar aquelas matrizes (e a tradição marxista) será o modo mais discreto e


diplomático de questionar a direção social

A curto prazo o principal embate no terreno do Serviço Social terá conteúdo ídeo-
político embutido na polêmica teórico-epistemológica e operativa. Debate voltado para
as demandas profissionais imediatas. Condições favoráveis aos conservadores.

Faz-se necessário para este enfrentamento uma dupla coragem:

1. cívica= não ter medo de estar contra a corrente política do nosso tempo
(Anderson1995);
2. intelectual= conduzir o debate com a análise das transformações societárias

O confronto terá referência imediata posta pelas demandas do mercado de trabalho.

1. a crescente segmentação das atividades profissionais, requerendo uma


definitiva especialização dos profissionais
2. diferenciação progressiva das condições de trabalho nas instituições estatais e
nas de iniciativa privada, esta com esquemas de controle mais estritos.
Exigências do mercado de trabalho vão referenciar debate profissional porque:

1. prioridades dos empregadores em função das transformações, enfatizarão os


resultados da prática profissional;
2. para os AS o investimento na qualificação operativa será a via para a
legitimação da profissão;
3. os próprios avanços da década de 80 impõem o enfrentamento das questões
da prática, senão ao preço de se esgotarem

Apelo às iniciativas da sociedade civil/ refilantropização da assistência/ apostar nas


ONGs como saída profissional é desconhecer os riscos do pluriemprego

Ótica neoconservadora, que pode aliar conservadores históricos a pós-modernos, as


necessidades do mercado devem determinar a formação profissional

Para a direção social estratégica formulada na entrada dos anos 90, deve-se conectar
as demandas do mercado de trabalho à análise das tendências societárias
macroscópicas e aos objetivos e valores do projeto social que privilegia

Considerando as transformações societárias do capitalismo tardio em busca de


flexibilidade,, levando em conta as necessidades postas pelo mercado de trabalho,
podem avançar as seguintes projeções para o Serviço Social no Brasil:

1. As diferentes concepções profissionais se tornarão mais nítidas;


2. as possibilidades de manutenção da demanda social da profissão não estão
ameaçadas, mas exigem a elaboração de respostas mais qualificadas do ponto
de vista operativo e mais legitimadas do ponto de vista sociopolítico;
3. as possibilidades de ampliação e enriquecimento do espaço profissional só
serão possíveis através da análise teórica das tendências sociais
4. Tais possibilidades configurarão tensões na definição de papéis com outras
categorias
5. a segmentação (especialização) no mercado de trabalho tenderá a adensar
tendo como implicação:

 na categoria ,produzirá estratificação entre AS


 no campo da formação, reclamará redimensionamento das relações
entre escolas e segmentos da categoria

Os segmentos da categoria que melhor responderem as exigências do mercado de


trabalho tenderão a polarizar a cultura profissional e a aprofundar ou reverter a direção
social estratégica.

Problema da formação: insustentável, já a curto prazo, a atual graduação, com perfil


generalista, para atender ao mercado de trabalho.. Duas possibilidades:

1. afunilar a graduação, dirigindo a formação desde o início para especializações;


2. manter perfil generalista institucionalizando a especialização como requisito
para o exercício profissional
Estes encaminhamentos não são apenas opções técnicas. O primeiro reduz a
formação ao nível técnico-operativo (intervenção microlocalizada); segundo assegura
o desenvolvimento da cultura profissional congruente com a direção social dos anos
90 (qualificação para intervenção localizada à base de uma compreensão estrutural da
problemática.

O problema da formação profissional não pode mais se reduzir à formação das


próximas gerações, tem de incluir os milhares de AS já diplomados, que vem sendo
pressionados pelo mercado de trabalho.

Configuram-se dois paradigmas de profissional: o técnico bem adestrado que vai


operar instrumentalmente sobre as demandas do mercado de trabalho tal como elas
se apresentam ou o intelectual que, com qualificação operativa, vai intervir sobre
aquelas demandas a partir da sua compreensão teórico-crítica, identificando a
significação, os limites e as alternativas da ação focalizada.

Possíveis linhas de desenvolvimento das vertentes teórico-profissionais:

1. continuidade da vertente intenção de ruptura= seu futuro está vinculado ao


trato que dará às demandas do mercado de trabalho;
2. novo alento de vertente tecnocrática, herdeira da perspectiva modernizadora,
mas renovada pela ofensiva neoliberal.
3. persistência da vertente do conservadorismo tradicional, sem crescimento
(fenomenologia- reatualização do conservadorismo)
4. desenvolvimento de vertente neoconservadora, inspirada na epistemologia
pós-moderna (reentronização de práticas tradicionais)
5. florescimento de vertentes aparentemente radicais, abertamente
desqualificadoras da teorização sistemática e da pesquisa rigorosa
(anticapitalismo rom6antico, desconsideração do Estado,irracionalismo,
relativismo)
O problema reside em saber se os traços mais salientes da face de maior visibilidade
serão funcionais ou disruptivos em relação à ordem tardo-burguesa periférica.

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