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A autora indica que existe um novo papel do Estado capitalista, deslocado de papel
complementar à reprodução da força de trabalho para o de contenção de massa
crescente de trabalhadores com direitos expropriados, anteriormente associados ao
contrato de trabalho. A extrema concentração da propriedade capitalista – a dos
recursos sociais de produção – contraposta a trabalhadores desprovidos de direitos é
exemplificada pela empresa Uber. Além de ausência de direitos (desemprego) e de
jornadas ilimitadas, ocorre uma centralização direta e internacional do comando
capitalista sobre os trabalhadores, acoplada à extrema descentralização do processo
de trabalho.
Ele não se reconhece no produto do seu trabalho, que se lhe a figura como o produto
“da empresa”, e sua subordinação parece ser ao “sistema”. A desqualificação do
trabalho/emprego e dos trabalhadores está ligada à sua forma social, mas os atinge
singularmente.
A empresa Uber figura aqui apenas como exemplo, embora extremamente elucidativo.
Em diferentes ramos de atividade, nas diversas modalidades de contrato, descontrato
e subordinação do trabalho, por exemplo, observa-se uma mescla de formas similares.
No campo brasileiro, a engorda de animais (frangos e porcos), a produção de ovos
etc., é realizada por pequenos proprietários, que devem assegurar, por seus próprios
meios (em geral, através de endividamento bancário) as instalações exigidas e
certificadas por grandes empresas agroindustriais. Estas, detentoras dos recursos
sociais de produção, definem o processo de trabalho e o tempo máximo de sua
realização (como o tempo de engorda de cada tipo de animal).
Pouco a pouco, parcela dessas entidades passou a substituir atividades públicas (na
assistência social) e consolidou uma atuação mercantil- filantrópica: de um lado,
vendia projetos a financiadores (privados e públicos), que asseguravam a manutenção
das entidades e sua própria subsistência, e de outro lado, convertia-se em forma de
expropriação de direitos em diversos níveis. Essa prática resultava na redução de
políticas universais, ao defenderem intervenções pontuais, quase cirúrgicas, em
situações dramáticas (fome, abrigo, algumas doenças etc.). Em muitos países,
enfrentaram forte oposição pela manutençãodas políticas universais.
ANTUNES (1999).
Impactos:
1)Desconfigura o significado e a amplitude do trabalho técnico realizado pelos
assistentes sociais e demais trabalhadores sociais;
2) Desloca as relações entre a população, suas formas de representação e a gestão
governamental, pela intermediação de empresas e organizações contratadas;
3) Subordina as ações desenvolvidas a prazos contratuais e aos recursos financeiros
definidos, implicando descontinuidades, rompimento de vínculos com usuários,
descrédito da população para com as ações públicas;
4) Realiza uma cisão entre prestação de serviço e direito, pois o que preside o
trabalho não é a lógica pública, obscurecendo-se a responsabilidade do Estado
perante seus cidadãos, comprimindo ainda mais as possibilidades de inscrever as
ações públicas no campo do direito.
FRAGMENTAÇÃO da classe:
Além da fragmentação entre os trabalhadores com diferentes formas de contrato e
níveis salariais, muitas vezes na mesma equipe, gerando dificuldades e
constrangimentos para o trabalho social e para a luta coletiva.
MECANIZAÇÃO DO TRABALHO:
“cultura do “gerencialismo” da empresa privada no setor público esvazia os
conteúdos mais criativos do trabalho, desencadeando o desgaste criado pela
atividade mecânica, repetitiva, que não instiga a reflexão.
METAS TB NO ESTADO:
ideologia da gerência e da qualidade total, do erro zero, do trabalho a tempo justo, da
eficiência das metas e dos resultados.
NETTO, J. P. “Transformações societárias e serviço social – Notas para uma análise prospectiva da
profissão no Brasil”. In Serviço Social e Sociedade, n.50. São Paulo: Cortez, 1996.
Período histórico em que estamos situados marcado por transformações que incidem
sobre as profissões e em suas áreas de intervenção,seus suportes de conhecimento e
de implementação, suas funcionalidades etc
Equívocos a serem evitados na reflexão sobre o Serviço Social neste contexto:
Pouca atenção tem sido dada às modificações ocorrentes no interior das classes que
vivem da exploração do trabalho. Os representantes do grande capital estão
estruturando uma oligarquia financeiramente global.
O traço mais notável dessa cultura é que ela incorpora as características típicas da
mercadoria – sua obsolescência programada, sua fungibilidade, sua imediaticidade
reificante. Mesmo que a sociedade tardo-burguesa esteja longe de ser uma sociedade
de consumo, a cultura que nela hoje se afirma é uma cultura do consumo
(Featherstone1995): ela cria a sensibilidade consumidora que se abre à devoração
indiscriminada e equalizadora de bens materiais e ideais – e nela, a própria distinção
entre realidade e signos se esfuma: numa semiologização do real, o signo é o real.
Estado e sociedade civil modificam-se nas suas esferas e nas suas relações. Na
sociedade civil= crise nas representações das classes com a dessindicalização e
surgimento dos novos movimentos sociais que renovam pulsões democráticas mas
que ao não imbricarem instâncias políticas capazes de articular e universalizar a
pluralidade de interesses, seu potencial emancipatório vê-se comprometido, inclusive
podendo reincidir o corporativismo.
Três dados:
Particularidade brasileira:
No Brasil, este projeto não pode incorporar abertamente a programática, deve travesti-
se, com uma retórica não de individualismo mas de solidariedade, não de
rentabilidade, mas de competência, não de redução de coberturas mas de justiça.
Serviço Social na década de 80: direção social estratégica que colide com a
hegemonia política que o grande capital pretende construir. São matrizes antagônicas
ao conservadorismo e com as bases do pós-modernismo.
A curto prazo o principal embate no terreno do Serviço Social terá conteúdo ídeo-
político embutido na polêmica teórico-epistemológica e operativa. Debate voltado para
as demandas profissionais imediatas. Condições favoráveis aos conservadores.
1. cívica= não ter medo de estar contra a corrente política do nosso tempo
(Anderson1995);
2. intelectual= conduzir o debate com a análise das transformações societárias
Para a direção social estratégica formulada na entrada dos anos 90, deve-se conectar
as demandas do mercado de trabalho à análise das tendências societárias
macroscópicas e aos objetivos e valores do projeto social que privilegia