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Faculdade de Direito
Sociologia I
201804089
201804091
Juiz De Fora
2019
Resumo – A história da humanidade é composta por processos de evolução, na
maneira de se comunicar, de se relacionar e principalmente, após a Primeira
Revolução Industrial, no processo de produção. O novo milênio é marcado pela forte
presença da tecnologia nas relações sociais, um dinamismo que está presente na
forma de gerar capital e no mercado de trabalho, que deixou de ser algo regional e
nacional e agora atua em aspecto globalizado. As consequências são notórias, pois
a melhora e otimização na capacidade de produzir garantem uma equidade na
relação microeconômica entre consumidor e fabricante, a elevação da concorrência,
melhora na qualidade dos produtos e serviços caminham a economia para um
mercado ideal, onde há a satisfação de todos os entes envolvidos. Todavia a mesma
tecnologia que caminha a sociedade vertiginosamente para um progresso no campo
econômico é também, a responsável pelos maiores paradigmas da atualidade, que
são a metamorfose do trabalho e o desemprego formal. O foco desse trabalho é
analisar os impactos que tecnologia informacional vem gerando no labor e
primordialmente na vida do novo proletário, que vive uma complexa situação de falta
de estabilidade financeira e social e precisa se subordinar, cada vez mais, a
trabalhos precarizados, sem jornadas pré-determinadas, sem espaço laboral
definido, sem remunerações fixas, sem direitos.
1. Introdução
O neoliberalismo tem como uma de suas principais pautas uma “estrada livre” para
o setor econômico, onde produção, distribuição, troca e consumo se englobam.
Neste caso, ocorre a desregulamentação das atividades econômicas por parte do
estado, privatizações de estatais lucrativas, assim como privatização dos setores de
moradia, transporte, saneamento, dentre outros. O estado então deixa de participar
da maioria das atividades econômicas ou sociais que possam vir a interessar o
capital privado, tanto nacional, quanto internacional. À vista disso, atribui-se ao
estado o deve de apenas fiscalizar as regras do jogo econômico, gerando aquilo que
é popularmente conhecido como estado mínimo.
2. Terceirização
Com esse processo em ocorrência, a terceirização surge como uma das principais
alternativas para as empresas. No dicionário, terceirização pode ser definida como
“forma de organização estrutural que permite a uma empresa transferir a outra suas
atividades-meio, proporcionando maior disponibilidade de recursos para sua
atividade-fim, reduzindo a estrutura operacional, diminuindo os custos,
economizando recursos e desburocratizando a administração.”, sendo assim, essa
forma é vista como uma grande vantagem para o sistema neoliberal, já que ela corta
o vínculo direto entre empresa que produz e trabalhador que realiza a mão de obra.
Ainda nessa linha de análise, podemos dizer que “Com salários menores, jornadas
de trabalho prolongadas, vicissitudes cotidianas que decorrem da burla da legislação
social protetora do trabalho, a terceirização assume cada vez mais relevo, tanto no
processo de corrosão do trabalho e de seus direitos como no incremento e na
expansão de novas formas de trabalho produtivo geradoras de valor.” (Antunes,
2018).
Desta forma, a terceirização foi um dos fatores que ajudou a trazer não só a
precarização do trabalho, a instabilidade de empregos, a diminuição de salários e
condições de segurança como também resultou em uma enorme dificuldade para
esse grupo de trabalhadores se organizarem através de sindicatos, dentre outras
formas de buscarem a proteção de seus direitos e reivindicação de novos. Com isso
as reformas nas legislações trabalhistas, unidas à terceirização, criam uma classe
trabalhadora cada vez mais precarizada e sem rumo.
4. O Desemprego e a precarização
O antagonismo entre a economia globalizada e a geração de emprego possui seu
fundamento na introdução tecnológica no mercado de trabalho e na divisão
internacional do trabalho. A luta por uma vaga de emprego requer cada vez mais a
especialização de quem busca o posto, no Brasil o novo perfil do mercado aponta
para uma forte tendência ao trabalho informal, devido ao grande desemprego
estrutural.
A segunda categoria para ele é aquela que é constituída por jovens que possuem
uma boa formação intelectual, ligados as tendências do mercado, mas que precisam
de ajuda para compreender o que deve ser feito, assim “Em médio prazo, esta
categoria será a bola da vez”, ressalta o professor. E por fim a última categoria é
constituída por talentos já feitos, uma minoria, “esses profissionais são alvos de altas
propostas pelas empresas. São pessoas com visão estratégica, com mentalidade
evoluída e que buscam por conta própria a sua formação.”
5. Individualização do Trabalhador
Tendo assim, o avanço dos novos postos de trabalho, nota-se cada vez mais uma
fragmentação da classe trabalhadora, fragmentação essa no sentido de que com o
novo cenário mundial, globalização, neoliberalismo, terceirizações, flexibilizações de
leis trabalhistas, gera-se uma individualização do trabalhador. A lógica de
negociação entre patrão em empregado, a uberização, a linha de pensamento que
faz o trabalhador sentir-se um “empresário de si mesmo”, tudo isso faz o trabalhador
sentir-se afastado da esfera coletiva. Antigamente uma fábrica empregava, por
exemplo, em torno de vinte mil operários, onde os mesmos trabalhavam junto, eram
transportados juntos, reivindicavam juntos, hoje em dia esse tipo de operário se
encontra em menor quantidade na classe trabalhadora, dando lugar a trabalhos
muito mais individuais.
A classe trabalhadora possui uma nova cara, com a ascensão da era digital no
trabalho tivemos um aumento significativo nos números de freelancers, home officer,
ubers, entregadores de aplicativos, sendo assim, “Isso pode trazer vantagens, como
economia de tempo em deslocamentos, permitindo uma melhor divisão entre
trabalho produtivo e reprodutivo, dentre outros pontos positivos. Mas com frequência
é, também, uma porta de entrada para a eliminação dos direitos do trabalho e da
seguridade social paga pelas empresas, além de permitir a intensificação da dupla
jornada de trabalho, tanto o produtivo quanto o reprodutivo (sobretudo no caso das
mulheres). Outra consequência negativa é a de incentivar o trabalho isolado, sem
sociabilidade, desprovido do convívio social e coletivo e sem representação
sindical.” (Antunes, 2018)
6. Conclusão
Tendo em vista tudo o que foi abordado, vimos que “O proletariado passa por
diferentes fases de desenvolvimento. Sua luta começa com sua existência” como
defende Marx, percebemos então que as mudanças no cenário mundial afetaram
diretamente toda a estrutura social, principalmente a da classe trabalhadora, sendo
assim, o cenário mundial criou uma nova modalidade de classe trabalhadora que
enfrentará muitas dificuldades para se encontrar nesse novo contexto, fica cada vez
mais difícil estipular uma visão de qual será o futuro da classe trabalhadora, como
virão a se organizar, como isso começará a impactar a economia, as relações de
consumo, as relações e estruturas sociais.
Deste modo, o que podemos concluir é que esse contexto mudará as formas de
produção, de dependência tecnológica e da criação de uma nova modalidade de
economia, onde as empresas começarão a lucrar não só com produtos, mas com
dados e plataformas (como já ocorre em alguns casos). Sendo assim, cabe a essa
classe trabalhadora encontrar novas maneiras de se organizar para acabar não
sofrendo uma marginalização com o possível aumento da desigualdade social que
esse novo contexto gerará. O futuro dessa classe é uma incógnita, mas a
necessidade de organização presente para frear esse quadro prejudicial à ela é
nesse momento, mais que necessária.
7. Referências Bibliográficas