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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo traçar uma analise sintética e precisa sobre a
precarização do trabalho contemporâneo trazendo como paralelo o filme intitulado “Você não
estava aqui” dirigido pelo cineasta inglês Ken Loach. Para tanto, em um primeiro momento
conduziu-se uma retrato histórico das relações de trabalho para, em seguida, debruçar-se sobre o
tema da precarização. Por fim, contemplando o objetivo deste artigo, analizar-se-á o paralelo
existente entre a obra audiovisual supracitada e o contexto de precarização de trabalho brasileiro.
se a noção de identidade nacional e o nacionalismo, como modo de subverter a luta de classe a uma
luta pelas nações
A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO
O percurso histórico das relações de trabalho veio nos últimos anos acompanhado do
crescente processo de precarização da atividade laboral. O trabalho contemporâneo, em especial nas
últimas décadas do século XX, caracterizou-se pelas premissas do pós-fordismo, e dês de então
coloca em prática modalidades da precarização próprias da fase da flexibilidade toyotizada.
Manifestam-se, por exemplo, pela flexibilidade da jornada de trabalho, de espaço e de estatutos do
trabalho (trabalho a tempo parcial, trabalho no domicílio, trabalho independente, trabalho
temporário, teletrabalho, entre outros), flexibilidade do processo produtivo, da estrutura de poder
nas organizações, das relações trabalhistas. Além dos imperativos de flexibilidade destacam-se as
mudanças entre as próprias empresas, especialmente caracterizado pelos crescentes processos de
terceirização, levando a uma proliferação de micro e pequenas empresas que utilizam contratos
precários de trabalho.
Sob uma perspectiva sociopolítica, Barreto (2003) sinaliza que a precarização do trabalho é
uma consequência da expansão das atividades capitalistas que ocorreu após a crise do fordismo e do
Estado de bem-estar social na década de 1970. Essa mudança na forma de organização do trabalho e
na relação entre capital e trabalho resultou em uma flexibilização e desregulamentação do trabalho.
O PROCESSO DE UBERIZAÇÃO
Umas das mais marcantes formas de precarização contemporânea tem sido a adoção de
dinâmicas produtivas mediadas pelas plataformas digitais, conhecidas como uberização dos
processos de trabalho. Esse método implanta, sob o pretexto de uma lógica empreendedora, novas
formas de controle e gerenciamento do proletário.
A uberização, segundo ANTUNES, pode ser definida como um processo no qual as relações
de trabalho são crescentemente individualizadas e invisibilizadas, assumindo, assim, a aparência de
‘prestação de serviços’ e obliterando as relações de assalariamento e de exploração do trabalho.
Empresas como Rappi, Ifood e Uber Eats seguem essa mesma lógica organizacional
característica da Indústria 4.0. O intenso dispêndio de energia física exigido dos trabalhadores nessa
relação capital-trabalho, fica submergido no discurso da ideologia do empreendedorismo - partícipe
e central nos trabalhos uberizados. Dessa forma, milhares de trabalhadores taxados como
“livres”, “empreendedores” e “autônomos” têm , na realidade, seu trabalho controlado e
subordinado pelo capital.
Para além disso, a ideologia empreendedora, que prega ao trabalhador a falácia de “ser seu
próprio chefe” e gerenciar seu próprio negócio, tem um impacto direto na organização política de
classe. Esse movimento faz com que os trabalhadores vejam a si mesmos como patrões, em vez de
membros de uma mesma classe, afastando-s das lutas coletivas.
"Você não estava aqui" é um filme de drama social dirigido por Ken Loach e lançado em
2019. A obra aborda o tema da precarização do trabalho no Reino Unido, com enfoque na história
de Ricky e sua família, que luta para sobreviver em meio à crise econômica.
Após perder seu emprego como construtor durante a crise financeira de 2008 o personagem
principal decide investir em um negócio de entregas de encomendas, utilizando sua própria van. No
entanto, com o desenrolar da trama, percebe-se preso em uma espiral de dívidas e trabalho
exaustivo, em uma relação de trabalho sem garantias. O drama chega a seu ponto de maior potência
na medida em que desmonta, didática e objetivamente, as promessas de liberdade e sucesso contidas
na retórica do empregador: não há espécie alguma de proteção no caso de doença, problema
CONCLUSÃO
"Você não estava aqui" é um retrato realista e emocionante da luta diária dos trabalhadores
precarizados. O filme aborda questões essenciais ao mercado de trabalho contemporâneo e oferece
uma visão crítica sobre as desigualdades sociais e econômicas compartilhadas por trabalhadores de
todo o mundo, inclusive brasileiros. Portanto, representa importante instrumento de analise e leitura
da realidade, servindo não só como representação política, cultural e social de um período histórico,
mas como ferramenta para a compreensão do direito e das relações trabalhistas do mundo
contemporâneo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, Marley Rosana Melo de; MORAIS, Kátia Regina Santos de. Precarização do trabalho e
o processo de derrocada do trabalhador. Cad. psicol. soc. trab., São Paulo , v. 20, n. 1, p. 1-13,
2017 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1516-37172017000100001&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 28 fev.
2023.
SOUZA, Lucas Eduardo Silveira de; SOUZA, Luis Otávio Silveira de; PALOMARES3, Raphael
Salatino. UMA DÉCADA DE CRISE: DIÁLOGOS ENTRE A PRECARIZAÇÃO DO
TRABALHADOR E O RETRATO DE DETERIORAÇÃO SOCIAL NO FILME "VOCÊ NÃO
ESTAVA AQUI" (2019). Espirales, [s. l.], v. II, ed. V, 2020.