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17 a 19 DE NOVEMBRO DE 2021
RESUMO: As transformações no mundo do trabalho da sociedade salarial até os dias de hoje, vem
se mostrando um grande desafio para os pesquisadores da temática, pois apesar das controvérsias o
trabalho ainda é a forma do indivíduo manter a sua subsistência e de sua família, assim imperativos
desvendar os novos caminhos que as novas formas trabalho vem sendo traçadas em nossa
sociedade. Em tempos fluidos, que quase nada é perene, uma política governamental neoliberal,
aliada a uma escassez de trabalho formal tem forçado os indivíduos a buscar novas modalidades de
sustento e é nesse cenário que o empreendedorismo surge como uma possibilidade ou melhor
apresenta-se como oportunidade de renda e flexibilidade. O que a propagação do discurso do
empreedorismo não mostra é o exacerbado individualismo, precarização ou desregulamentação de
direitos trabalhistas e previdenciários, ou seja, a ausência de qualquer tipo de segurança. Uma
possibilidade oposição as ideias apresentadas é a autogestão, que preza o coletivo, na força da união
de seus participantes, e preocupada com uma mudança social, no sentido dos trabalhadores
cooperarem entre si e não competir que é a lógica do capitalismo. A metodologia a ser utilizada na
pesquisa será qualitativa método dedutivo, com o levantamento bibliográfico para captar o
entendimento da doutrina, mais precisamente dos autores reconhecidos pela academia.
1. INTRODUÇÃO
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Doutorando em Política Pública e Direitos Humanos UCPEL, Mestre em Sociologia UFPEL, Graduado e Professor de
Direito na URCAMP, vilmar@urcamp.edu.br
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2. METODOLOGIA
A metodologia a ser utilizada na pesquisa será qualitativa método dedutivo, com o
levantamento bibliográfico para captar o entendimento da doutrina, mais precisamente dos autores
reconhecidos pela academia.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Brasil vem passando uma das suas maiores crises de desemprego2, que segundo os últimos
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio Continua (PNAD) do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) é de 14,1%, da população brasileira, ou seja, 14,4 milhões de
brasileiros.
O alto índice de desemprego pode ser causa ou consequência das diversas metamorfoses que
vem sofrendo o mundo do trabalho, a crise do capitalismo tem alterado as bases construídas nas
lutas geradas pela revolução industrial entre essas mudanças estão: a inclusão de todos os lugares do
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O desemprego, de forma simplificada, se refere às pessoas com idade para trabalhar (acima de 14 anos) que não estão
trabalhando, mas estão disponíveis e tentam encontrar trabalho. Assim, para alguém ser considerado desempregado, não
basta não possuir um emprego (IBGE, 2021).
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foram surgindo outras modalidades, o que se pode verificar que o capitalismo tende a criar
organizações de trabalho associado e o nosso momento de forte inciativas neoliberais são propicias
para o protagonismo do trabalho associado, em razão do agravamento das condições de vida e
trabalho (VIEITEZ; DAL RI, 2010).
Como falávamos o capitalismo é uma competição, seja para a venda de um produto, da qual
a melhor empresa vende mais, aumenta os lucros e cresce (vencedores) e o que não vendem fecham
(perdedores), seja pela disputa de um emprego com numerosos pretendentes. Essa forma de viver
capitalista gera consequências sociais, o que acontece com os perdedores? Os que não são se
enquadram nas engrenagens desse moinho satânico? Para Singer (2002) para evitar uma sociedade
desigual gestada pelo capitalismo seria preciso que a economia seja solidária em vez de
competitiva.
O trabalho associado, está comprometido com uma mudança social, um novo paradigma
para o trabalho, com a uma mudança social, surge como forma de alterar a apropriação do
excedente econômico do empreendimento e na viabilização de uma democracia real ou o socialismo
(VIEITEZ; DAL RI, 2010).
Segundo Singer (2002) “Os participantes de uma atividade econômica deveriam cooperar e
não competir”, por isso a distribuição de poder e riqueza é uma determinante básica para o trabalho
associado.
Para Guilherm e Bourdet (1976) a autogestão é muito mais do a designação da forma como
administrar uma empresa, para a real implantação da autogestão seria necessária uma revolução
radical na sociedade com nova forma de ver a economia, política e a vida social.
Se a autogestão demonstra-se bem mais favorável aos trabalhadores, porque ela preterida em
relação ao empreendedorismo, talvez encontremos a resposta no estudo de Tibira (2002) quando ela
começa lembrando que no Brasil os trabalhadores tem em média três anos e meio de escolaridade, o
que dificulta o conhecimento dos empreendimentos associativos.
Outro ponto é o sistema capitalista que nega o conhecimento de gestão, pois no
empreendimento autogestionário o trabalhador terá os meios de produção, mas não saberá
administra-lo pela falta de conhecimento, fazendo muita falta aqueles anos de escola negados
(TIBIRA, 2002).
No empreendedorismo, a gestão de si mesmo também não foi ensinada na escola, mas na
vida, isso porque não é um empreendimento coletivo, complexo, mas uma mistura de
empreendimento e vida privada na luta pela sobrevivência, que o trabalhador privado dos meios de
produção aprende desde a mais tenra idade.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estado atual mergulhado nas ideias neoliberais se desvencilha da responsabilidade de
gerar os postos de trabalhos necessários para a obtenção de renda dos brasileiros, aposta no
empreenderismo como uma solução para o desemprego. Assim o Estados abandona uma obrigação
coletiva de organização do trabalho para uma proposta individual, quando quem se responsabiliza
pela sua formação e lugar no mercado de trabalho é o indivíduo.
As empresas autogestionárias poderiam ser um substituto do trabalho formal negado, mas
esbarra na falta de educação dos trabalhadores para gerir um empreendimento coletivo, portanto que
resta é que o Estado invista na Educação dos brasileiros para que possam enxergar um horizonte
mais igualitário.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GORZ, André. O imaterial: conhecimento, valor e capital. São Paulo: Annablume, 2005.
GUILLERM, Alain; BOURDET, Yvon. Autogestão: uma mudança radical. Rio de Janeiro, Zahar,
1976.
SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.
VIEITEZ, Candido Giraldez; DAL RI, Neusa Maria. Trabalho associado e mudança social. São
Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária; Montevidéu: Editorial PROCOAS, 2010
(Introdução + p. 67-96).
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TIRIBA, Lia. Trabalho, educação e autogestão: desafios frente à crise do emprego. 2002.
Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/nesth/IIIseminario/texto4.pdf>. Acesso em: 26
setembro. 2021.