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A GÊNESE DA QUESTÃO SOCIAL


 Aula 1 - Do modo de organização feudal ao sistema de produção
capitalista
 Aula 2 - A organização do modo de produção capitalista segundo
marx
 Aula 3 - Capitalismo, flexibilização da produção e relações sociais no
trabalho
 Aula 4 - O capitalismo, suas roupagens e formação de consensos

 Aula 5 - Revisão da unidade

 Referências

Aula 1

DO MODO DE ORGANIZAÇÃO FEUDAL AO SISTEMA DE


PRODUÇÃO CAPITALISTA
O Serviço Social brasileiro adota a teoria social crítica na análise da realidade social e na sua intervenção
na realidade.

INTRODUÇÃO

O Serviço Social brasileiro adota a teoria social crítica na análise da realidade social e na sua intervenção na
realidade. Nesta perspectiva, você verá que o objeto de intervenção da profissão é a questão social, a qual é
entendida enquanto produto do desenvolvimento histórico, político, econômico e social das relações sociais,
estritamente relacionada às transições dos modelos econômicos de produção. Para você compreendê-la, é
preciso antes entender a configuração das relações sociais e de produção e como estas se manifestam nas
diferentes esferas da vida social e, finalmente, se tornam objeto de intervenção do serviço social.

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FEUDALISMO, CAPITALISMO E QUESTÃO SOCIAL

A origem do capitalismo está relacionada à sociedade feudal, pois é neste modelo societário que se constitui o
chamado processo de trabalho (NETTO; BRAZ, 2010). Consoante à teoria marxista, ou seja, o método de
análise socioeconômica sobre as relações de classe desenvolvida por Karl Marx, o processo de trabalho
acontece por meio de três elementos: meios de trabalho (instrumentos, ferramentas etc.), objetos de trabalho
(matérias naturais brutas ou modificadas) e força de trabalho (energia humana que opera e viabiliza os meios
de produção), que formam as forças produtivas (NETTO; BRAZ, 2010). Assim, “sob a influência da perspectiva
crítica marxista, a questão social revela-se como uma problemática histórica, articulada ao desenvolvimento
do capitalismo, donde este desenvolvimento produz compulsoriamente diferentes manifestações da questão
social” (RAPOSO; BELO, 2018, p. 1).

No feudalismo, duas classes sociais principais podem ser definidas: os senhores feudais (donos das terras) e
os servos (camponeses, donos dos meios de produção), que produzem mercadorias para comercializar,
devendo aos seus senhores o pagamento de impostos pela utilização das terras. Posteriormente, com o
desenvolvimento das relações mercantis, surgem os comerciantes, que atuam como intermediários entre os
produtores diretos (camponeses) e os compradores das mercadorias.

Portanto, estes comerciantes eram um elemento facilitador da relação entre produtores e compradores.
Segundo Netto e Braz (2010), são estes grupos mercantis que originam a futura classe burguesa, pois
aprendem o conceito de lucro em cima das atividades comerciais, e assim o feudalismo acompanhou a
expansão da economia mercantil e a ascensão de uma nova classe social, em que:

criam-se as melhores condições para a concretização histórica do modo de produção que


tem como uma de suas classes fundamentais a burguesia – trata-se do modo de produção
capitalista, gestado no ventre do feudalismo e no interior do qual a produção generalizada
de mercadorias ocupa o centro da vida econômica. (NETTO; BRAZ, 2010, p. 75)

Desta gênese histórica do capitalismo, surge o conceito de acumulação primitiva, que caracteriza o processo
de separação do trabalhador dos meios de produção e provoca uma reorganização econômica, em que o
sistema feudal é substituído pelo sistema capitalista (MARX, 1984; NETTO; BRAZ, 2010). São quebradas as
relações de servidão: os produtores diretos tornam-se trabalhadores, dependem de um salário (RODRIGUES,
2013). Este período caracteriza o processo de transição rural para os centros urbanos e as relações de
assalariamento. O liberalismo emerge a percepção de mérito individual: o acesso aos bens e serviços depende
individualmente daquele disposto a vender sua força de trabalho e, quanto mais trabalha, mais condições de
consumo tem (BEHRING, 2016), portanto, a relação entre homens, na produção, está relacionada aos meios
de produção (IAMAMOTO; CARVALHO, 2009) e, deste princípio, vamos entender o conceito de questão social.

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Neste contexto, algumas questões assumiram grandes proporções: a transformação de economias agrárias
em industriais, desemprego, flutuações de salários, precárias e insalubres condições de trabalho que resultam
em insatisfações populares e consequentes manifestações. Consoante Meirelles (2018), a gênese da questão
social está assente no final do século XVIII, quando, junto às transformações que ocorreram na sociedade,
passou a surgir a fase concorrencial do capitalismo. Nesta época, ocorre a Primeira Revolução Industrial que
se desenvolve até meados do século XIX, apresentando essencialmente o tear e a máquina a vapor. O
surgimento da grande indústria causa mudanças na dinâmica de produção, que traz em si graves
consequências para a vida dos operários em um período importante que consolidou a classe operária
europeia frente ao fenômeno de pauperização absoluta, decorrente da intensa exploração da força de
trabalho.

A questão social representa as manifestações e expressões da formação de uma classe operária que ascende
à consciência de classe e exige sua inserção no cenário político da sociedade e o seu reconhecimento
enquanto classe, portanto, manifesta a contradição entre proletariado e burguesia e as necessidades de
intervenções para além da caridade e repressão (IAMAMOTO; CARVALHO, 2009). Desse modo, quando se leva
em consideração a concentração de riqueza e o acúmulo de capital, existe a pressuposição de dois polos, no
qual em um está presente a exploração do trabalhador e no outro o pauperismo. Ou seja, trata-se das
consequências das desigualdades econômicas, sociais, políticas e culturais da sociedade, reconhecendo sua
base na relação de exploração entre classes sociais.

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O LUCRO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NAS RELAÇÕES SOCIAIS E DE PRODUÇÃO

O modelo de produção da sociedade feudal era distinto do modelo de produção capitalista. No primeiro, a
produção está baseada a um mercado restrito, em que o objetivo produtivo é a troca de mercadorias: o
produtor vende seu produto para ter acesso a outras mercadorias que necessite. Nesta fórmula, indicada por
Netto e Braz (2010), está o modelo chamado “produção mercantil simples”:

M → D → M (Mercadoria → Dinheiro → Mercadoria)

Consoante a expansão do comércio e o desenvolvimento das relações de produção, de trocas de mercadorias


e de novas necessidades, surgem os comerciantes, como intermediários entre produtores e consumidores,
que buscavam mercadorias a baixos preços, para vender a preços mais altos, possibilitando gerar lucro. Esta
nova relação modifica a fórmula inicial, e esta passa a ser, ainda como parte da produção mercantil simples:

D → M → D+ (Dinheiro à Mercadoria à Dinheiro acrescido de lucro)

Aqui, o lucro passa a fazer parte da relação mercantil, mas ainda distinto do modelo capitalista. Portanto,
diferentemente da produção mercantil simples, na qual o produtor é o detentor dos meios de produção, a
produção mercantil capitalista tem uma característica distinta: o dono dos meios de produção é o capitalista e
ele, diferente do produtor, não produz a mercadoria, mas compra a força de trabalho em troca de um salário.
O lucro do capitalista difere do lucro do comerciante, pois seu lucro assenta na exploração da força de
trabalho (Netto; Braz, 2010). A fórmula, aqui, passa a ser:

D → M → D’ (Dinheiro → Mercadoria → Dinheiro acrescido de lucro)

Entretanto, o lucro do modelo mercantil simples (D+) é diferente do lucro do capitalista (D’) (NETTO; BRAZ,
2010), o lucro do comerciante é, simplesmente, o acréscimo em cima da venda da mercadoria. O lucro do
capitalista está pautado na mais-valia, conceito que será trabalhado posteriormente, mas que representa um
trabalho excedente, não pago ao trabalhador, assim, “o que especifica a produção mercantil capitalista é o
fato de ela se fundar sobre o trabalho assalariado” (NETTO; BRAZ, 2010, p. 84). É nesta relação que são
constituídas as principais classes que fundamentam o capitalismo: o capitalista e o proletário.

Portanto, tanto o feudalismo quanto o capitalismo se baseiam na divisão social do trabalho e na propriedade
privada dos meios de produção, entretanto, no feudalismo o produtor direto era dono dos meios de produção
e pagava impostos ao dono da terra (senhor feudal), com a liberdade de mercantilizar sua produção. No
capitalismo, o dono dos meios de produção é o capitalista, com capacidades de comprar os meios de
produção e a força de trabalho, do outro lado está uma classe proletária, que apenas por meio da venda de
sua força de trabalho tem acesso às mercadorias (NETTO; BRAZ, 2010).

Esta relação contraditória e assente na exploração do homem sobre o homem que caracteriza o modo de
produção capitalista origina fenômenos sociais, políticos, culturais e econômicos que se manifestam na
sociedade, as chamadas expressões da questão social, em um processo no qual “a produção é cada vez mais

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coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se
privada” (IAMAMOTO, 2022, p. 27). A questão social relaciona-se tanto às desigualdades sociais do capitalismo,
como também à consciência de classe do proletariado e sua inserção no cenário político da sociedade.

A QUESTÃO SOCIAL NO AGIR PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL

É neste cenário conflituoso das relações sociais e econômicas que surge o que chamamos questão social,
conceito que assume diversificadas conotações ao longo da história. Sobre o serviço social e a questão social,
se compreende que a questão social é “a base de sua fundação como especialização do trabalho”
(IAMAMOTO, 2022), portanto, foi necessária uma maior qualificação para o enfrentamento das problemáticas
sociais geradas pelo capitalismo do século XIX. Quando a classe trabalhadora exige reconhecimento político, o
Estado intervém por meio de regulamentações jurídicas e na organização de serviços sociais que respondam
às necessidades emergentes (IAMAMOTO; CARVALHO, 2009), acatando algumas das manifestações dos
trabalhadores. Com o desenvolvimento da sociedade e o agravamento da questão social, cada vez mais eram
reconhecidos direitos, mas sem prejuízo ao capitalismo (BEHRING, 2016).

O serviço social surge da necessidade de “técnicos qualificados na área de relações humanas” (IAMAMOTO;
CARVALHO, 2009, p. 82) para adaptar os trabalhadores aos novos métodos de produção, portanto, como
elemento mediador entre os interesses do capital e dos trabalhadores. Seu surgimento está vinculado à
questão social, visto que a profissão atua por meio de políticas sociais, enquanto resposta às expressões da
questão social (MORAES, 2020) e representa um instrumento das classes dominantes na mediação dos
conflitos entre classes (IAMAMOTO e CARVALHO, 2009).

O serviço social brasileiro surge na década de 1930 vinculado às instituições religiosas e neste período de
intervenção católica, a questão social era enfrentada sobre os seus efeitos e não sobre suas causas, ou seja,
as problemáticas sociais eram entendidas de forma superficial. Apenas anos depois do seu surgimento,
aproximadamente na década de 1970, a profissão vivencia um processo de reconceituação e assume a base
teórica social crítica. Desde então, reconhece a questão social como objeto de intervenção da profissão e o
assistente social assume um posicionamento político, enquanto mediador dos interesses capitalistas ou dos
trabalhadores, delimitando sua posição neste jogo de forças sociais (IAMAMOTO; CARVALHO, 2009). A
apreensão crítica da realidade e das relações de poder na sociedade são essenciais para o direcionamento da
prática profissional, ou seja, para a compreensão e delimitação da função mediadora dos serviços sociais
(IAMAMOTO, 2022).

Em uma prática inserida no contexto das indústrias, Iamamoto (2022) explica a dupla posição assumida pelo
assistente social: no âmbito interno de controle e disciplinamento dos trabalhadores aos requisitos da
empresa e, por outro lado, a intervenção na vida privada, a qual acontece pelo seu papel na administração
dos benefícios sociais e na articulação entre empresa-trabalhador-comunidade, medidas estas que objetivam
identificar insatisfações e atenuar manifestações, garantindo a produtividade e a subordinação dos
trabalhadores aos interesses produtivos. É neste contexto que se desenvolve a ação profissional e, diante
desta posição conflituosa, é essencial que o assistente social, por meio de competências investigativas e
interventivas, compreenda sua função na correlação de forças e não se torne mero agente burocrático e
instrumento do capital.
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A dimensão investigativa compreende o conhecimento produzido por meio de pesquisas, estudos e


apropriação teórica sobre a profissão, o que dá suporte à dimensão interventiva, a qual se materializa pelos
instrumentos técnico-operativos da profissão, como entrevistas, visitas domiciliares, estudos sociais, dentre
outros. Portanto, a teoria e a prática devem estar interligadas na condução da ação profissional, visto que o
assistente social atua “em organizações públicas e privadas dos quadros dominantes da sociedade, cujo
campo é a prestação de serviços sociais” (IAMAMOTO, 2022, p. 45), os quais pretendem contribuir no
atendimento de necessidades das classes trabalhadoras.

Por meio da perspectiva crítica, o assistente social visualiza as relações sociais enquanto relações de classes
fundadas na exploração. Cabe à profissão a incorporação das lutas sociais da classe trabalhadora em busca
de acesso, garantia e ampliação dos direitos sociais (MEIRELLES, 2018). A intervenção do assistente social na
questão social exige a dimensão investigativa, de análise e conhecimento da realidade social e a dimensão
interventiva, pela qual se materializa sua ação profissional direcionada às necessidades da classe
trabalhadora.

VIDEO RESUMO

Neste vídeo resumo você verá um aprofundamento sobre características principais do feudalismo e do
capitalismo e como este processo de transição esteve relacionado a outros elementos do desenvolvimento
histórico. Você também conseguirá entender como a questão social surge neste contexto e a inserção do
serviço social como elemento essencial neste processo.

 Saiba mais
No livro Questão Social de Andréia Saraiva Lima, você verá a apresentação de conceitos didáticos e
explicativos sobre a articulação entre questão social e serviço social. Vai acompanhar a discussão sobre a
inserção da profissão na luta pelos direitos sociais e como o reconhecimento da luta de classes
determina o posicionamento investigativo e interventivo do serviço social na sociedade.

No livro Economia política: uma introdução crítica de José Paulo Netto e Marcelo Brazz, você verá
elementos fundamentais para compreender a estrutura da economia e do desenvolvimento das relações
de produção nos diferentes modelos de sociedade. São apresentados conceitos introdutórios que irão
nortear seu estudo e compreensão da economia política.

Aula 2

A ORGANIZAÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA


SEGUNDO MARX

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O modo de produção capitalista é um sistema econômico que tem nas relações sociais suas principais
características e determinações.

INTRODUÇÃO

O modo de produção capitalista é um sistema econômico que tem nas relações sociais suas principais
características e determinações. Este modo de produção está fundamentado na acumulação de capital e no
lucro, o que acontece por meio de um processo de exploração de uma classe sobre a outra. Karl Marx,
conhecido teórico político, realizou um aprofundado estudo sobre o capitalismo, destacando que as relações
de produção capitalistas estão diretamente relacionadas à luta de classes. Assim, para você entender o
capitalismo segundo Marx, vai aprender a identificar os conceitos e as características que embasam o
processo de exploração do capitalismo, quem são seus atores principais, o que é a mais-valia e como acontece
o processo de acumulação do capital.

O TRABALHO NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA

O capitalismo é um modo de produção baseado em uma economia fundamentada no mercado, consiste em


um sistema econômico, cultural e político, que gera não apenas a organização material da sociedade, mas
também as idealizações e os desejos das pessoas, os tipos de relações que se constituem e as relações de
poder que as percorrem, como explicitam Azevedo e Jardim (2021). Seu surgimento está relacionado à
percepção do acúmulo de riquezas, de trabalho assalariado, extração do lucro e na defesa da propriedade
privada dos meios de produção. O ponto de partida do capital está no processo de produção e circulação de
mercadorias, ou seja: o comércio (MARX, 2013).

Para o marxismo, o capitalismo organiza a vida social em torno das relações de mercado e compreende que
as relações sociais estão vinculadas às relações de produção (IAMAMOTO, 2022). Neste modelo, todas as
mercadorias produzidas ou serviços gerados se transformam em produto e podem ser comercializados. As
duas classes sociais principais são os capitalistas, também chamados de burguesia, donos dos meios de
produção (como fábricas, terras, espaços comerciais, bancos etc.) e o proletariado, também chamados de
trabalhadores, que produzem as mercadorias ou geram serviços para os capitalistas e, aqui, o trabalho
realizado pelo homem se torna também uma mercadoria: sua força de trabalho é vendida em troca de um
salário.

Os capitalistas têm como objetivo principal o lucro, portanto, o acúmulo e a ampliação da sua propriedade
privada. Este lucro é obtido por meio de um processo de exploração da força de trabalho, que envolve um
importante elemento: a mais-valia. A mais-valia representa “o acréscimo de valor que surgiu no processo de
produção, valor criado pela força de trabalho” (NETTO; BRAZ, 2010, p. 118), acréscimo este que é o lucro do
capitalista, portanto, significa a diferença entre o valor pago ao trabalhador (salário) e o valor do trabalho
produzido.

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Este processo de acumulação de lucro é, também, o processo de exploração. A circulação da mercadoria


precisa gerar o lucro, e o lucro só existe a partir da mais-valia advinda da exploração da força de trabalho. A
dinâmica do capitalismo exige que uma parcela da mais-valia seja transformada em novo capital, pois é um
processo constante de acumulação (NETTO; BRAZ, 2010). A mais valia é o instrumento de produção de um
remanescente cujo trabalhador não é remunerado, possibilitando a exploração do trabalho dentro do próprio
tempo de trabalho. É no fixar o preço da força de trabalho, ao atribuir um salário, que mais se expõe o conflito
de interesses entre capitalistas e trabalhadores, visto que, independentemente de quanto seja considerado
alto o salário, não é afetado o processo de exploração (NETTO; BRAZ, 2010).

A mercadoria produzida por meio do processo de trabalho contém diferentes naturezas, portanto, essa força
de trabalho assume um caráter duplo: ser produtora de valor de uso, também chamado trabalho concreto e
de valor de troca, o trabalho abstrato (MARX, 1977; NETTO; BRAZ, 2010; MARX, 2013). A análise marxista
compreende que todo trabalho consiste no uso da força humana, fisiologicamente falando e, neste sentido, o
trabalho é igual ou abstrato e cria o valor das mercadorias, por outro lado, todo trabalho também é diferente
pois tem um objetivo de produção final, um produto concreto que vai atender a uma necessidade, portanto,
cria um valor de uso (BEHRING, 2016).

Assim, o trabalho concreto é aquele que cria valor de uso, satisfaz uma necessidade, é a aplicação prática da
energia do ser humano, portanto, toda mercadoria isolada é, respectivamente, valor de uso e valor de troca,
de acordo com a forma que for analisada, ou seja, como produto de um trabalho específico, concreto, útil
(trabalho concreto individual) ou como consequência de um trabalho diretamente análogo (trabalho geral,
abstrato). O trabalho abstrato diz respeito à forma pela qual o trabalho cria valor, ou seja, o dispêndio de
força humana, independentemente de como for empregada, cria o valor da mercadoria (MARX, 2013). Não são
elementos diferentes e sim a análise da mercadoria por meio de dois ângulos: o seu valor de uso e o seu valor
de troca.

A NATUREZA DO TRABALHO NO CAPITALISMO

O capitalismo representa uma estrutura complexa, com distintos elementos que configuram o seu modo de
produção. É preciso compreender que, antes de tudo, representa um conjunto de processos, com significado
e, principalmente, com finalidades. O processo de acumulação de capital compreende que a propriedade
privada existe quando os meios de produção e as condições do trabalho pertencem a pessoas privadas e
quando seu crescimento está fundado em um processo de exploração da força de trabalho (MARX, 2013).

Portanto, no processo de trabalho, o elemento principal é a mercadoria, que é um elemento para satisfazer
necessidades humanas, as quais podem ser físicas ou não (MARX, 2013). A base material do sistema capitalista
é a produção e o consumo de mercadorias, o trabalho realizado na produção destas mercadorias é entendido
aqui enquanto atividade humana, cheia de subjetividade, de identidade, de costumes e vida, portanto, a
mercadoria é “qualquer coisa de necessário, útil ou agradável à vida, objeto de necessidades humanas, um
meio de subsistência no sentido mais amplo do termo” (MARX, 1977, p. 31). Para ser produzida, é preciso que
o capitalista invista dinheiro em objetos de trabalho, meios de trabalho e em força de trabalho. Ao final,
teremos a mercadoria final, com um valor de uso. Mas o processo de circulação precisa continuar, a

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mercadoria só realiza seu objetivo, no processo de troca, ou seja, quando é vendida. Ao ser vendida, o capital
adquirido é constituído pelo valor inicial investido em sua produção (valor de uso, trabalho concreto) e pela
mais-valia adquirida da força de trabalho (valor de troca, trabalho abstrato).

O valor de uso está na utilidade da mercadoria e este valor de uso apenas se efetiva quando a mercadoria é
usada ou consumida. Sendo assim, o suporte material do valor de troca. Portanto, é a utilidade que lhe
determina o valor de uso (trabalho concreto). Enquanto o valor de troca é um conceito mais relativo, que tem
como base a comparação, por exemplo, questionando quanto produto y é preciso para ser trocado por um
produto x. O valor de uso é produto físico, obtido pela força vital humana, entretanto o valor de troca “varia
com a quantidade de tempo de trabalho nela diretamente incorporado” (MARX, 1977, p. 43).

Deste modo, afirma Marx que o valor de troca é resultado de uma forma de trabalho social e que a troca de
mercadoria cria as relações de produção entre indivíduos (MARX, 1977), portanto, como afirma Iamamoto
(2009), as relações sociais são, também, relações de produção. Compreender estes conceitos é um dos
elementos para entender o modo de produção capitalista e suas determinações. Para Behring (2016), no
capitalismo, o trabalho se torna uma atividade natural de produção unicamente para troca, perdendo seu
caráter humano.

O objetivo do capital é ser reproduzido, ampliado e reinvestido, para assim acumular cada vez mais capital em
cima da exploração da força de trabalho. As contradições entre capitalista e trabalhadores são evidenciadas e
fundamentadas neste ciclo. A mais-valia, de onde é obtido o lucro do capitalista, engloba a característica dupla
do trabalho, por meio da qual observamos o trabalho concreto e o trabalho abstrato. Assim, é possível
identificar que estas categorias estão relacionadas e, principalmente, vinculadas àquela que constitui a
característica principal do capitalismo: a exploração da força de trabalho.

O ASPECTO SOCIAL NAS RELAÇÕES DE PRODUÇÃO

Ao compreender quais são os elementos que configuram este processo de mais-valia, tempo de trabalho,
assalariamento, acúmulo de capital e de dualidade do trabalho, vamos observar alguns exemplos que
auxiliam a identificar como estas relações de produção se materializam na realidade social. Partimos da
análise de duas mercadorias: uma tonelada de ferro e uma onça de ouro, as quais contêm seus respectivos
valores de uso e representam um volume, uma quantidade igual de trabalho para serem produzidos. O que
vai determinar seu valor de troca envolve o processo de produção, ou seja: a extração do ouro e a retirada do
ferro da mina, visto que são gêneros de trabalho qualitativamente distintos. É o tempo de trabalho
materializado nos valores de uso das mercadorias que caracteriza seu valor de troca (MARX, 1977).

Portanto, o ouro e o ferro com o mesmo tempo de trabalho e proporções podem apresentar valores de uso
equivalentes, porém os seus valores de troca são medidos pelo tempo de trabalho. Considera-se que o tempo
de trabalho inserido em uma mercadoria é o tempo necessário para sua produção, que pode ser realizado
por diferentes trabalhadores com as mesmas condições de produção. Este tempo de produção está
diretamente relacionado ao salário. O salário pago ao trabalho envolve a soma dos valores necessários à
produção, porém durante a jornada de trabalho, o trabalhador produz mais que o necessário para a produção
e é deste excedente – a mais-valia – que o capitalista se apropria, assim, a jornada de trabalho é constituída

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pelo tempo de trabalho necessário e pelo tempo de trabalho excedente, esta relação fornece a taxa de mais-
valia (NETTO; BRAZ, 2010). O salário acordado entre capitalista e trabalhador não deixa de ser pago,
entretanto, o valor não é equivalente ao que o trabalhador produziu em sua jornada de trabalho, valor este
que é superior ao que lhe foi pago. Deste modo, o trabalhador é expropriado desse remanescente, que é
apropriado pelo capitalista, implicando assim, na essência do modo de produção capitalista, que é a
exploração da força de trabalho, afinal, “a razão determinante do processo de produção é a obtenção da
maior valorização possível do capital, ou, em outros termos, a apropriação do trabalho não pago do
trabalhador livre pela classe capitalista, sob a forma de mais-valia” (IAMAMOTO, 2022, p. 75).

Por isso configura-se como um processo social: a troca depende dos indivíduos, de possuírem mercadorias e
estas constituírem um meio de troca, por isso o valor de uso está na utilidade desta mercadoria, ela deve ter
utilidade para outra pessoa e assim adquire seu valor de troca. Consoante Iamamoto (2022), a produção de
uma mercadoria precisa ter um valor de uso não para quem a produz, mas para os outros, caracterizando
assim seu valor de troca. Importante relembrar que o trabalho concreto (valor de uso) e o trabalho abstrato
(valor de troca) são um elemento único, são complementares e não se materializam individualmente.

No modo de produção capitalista, a lógica mercantil reduz o trabalho concreto ao trabalho abstrato,
homogeneizando todas as formas de trabalho a uma forma geral, assim, o capitalista compra a força de
trabalho como um trabalho abstrato e é esse trabalho reduzido a abstrato que gera o valor da mercadoria
(NETTO; BRAZ, 2010). Assim se configura uma das nuances do capitalismo, um processo de circulação que
envolve a exploração da força de trabalho, a produção de mercadorias com valores de uso e de troca e a
apropriação da mais-valia originada neste ciclo de trabalho.

VÍDEO RESUMO

Neste vídeo, você verá uma abordagem sobre os elementos que constituem o processo de trabalho e a
explicação sobre a natureza do trabalho e seu caráter duplo, de forma que estes conceitos fiquem mais claros
e possam lhe ajudar na compreensão dos assuntos abordados da aula. Vamos lá?

 Saiba mais
O Código do Enigma para o Capitalismo , apresenta o discurso do economista Bem Fine, apresentado em
uma conferência no ano de 2020. O congressista apresenta um resumo sobre as formas do capitalismo
ocultar o seu processo de exploração e como a mais-valia é importante elemento para compreender
como funciona este modo de produção. Boa leitura para fundamentar o assunto.

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A primeira parte livro Manuscritos Econômicos-Filosóficos , aborda as categorias trabalhadas na aula:


salário e lucro do capital. Os conceitos são apresentados de forma detalhada, o que irá auxiliar sua
compreensão sobre o salário e sua função no capitalismo, como também o que é o lucro e sua
importância na manutenção do capitalismo. Sugiro a leitura destas duas partes para entender melhor o
conteúdo, além da possibilidade de leitura direta de Marx.

Aula 3

CAPITALISMO, FLEXIBILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO E


RELAÇÕES SOCIAIS NO TRABALHO
O modo de produção capitalista, no decorrer de seu desenvolvimento na sociedade, precisou se adaptar
aos períodos históricos, construindo as suas relações de produção consoante as relações sociais,
considerando que a interação entre capitalistas e trabalhadores se desenvolve conforme o
reconhecimento da luta de classes e o posicionamento político da classe trabalhadora no processo de
trabalho.

INTRODUÇÃO

O modo de produção capitalista, no decorrer de seu desenvolvimento na sociedade, precisou se adaptar aos
períodos históricos, construindo as suas relações de produção consoante as relações sociais, considerando
que a interação entre capitalistas e trabalhadores se desenvolve conforme o reconhecimento da luta de
classes e o posicionamento político da classe trabalhadora no processo de trabalho. Seu modo de produção
tem como base a relação de exploração da classe trabalhadora pelos capitalistas e como objetivo o acúmulo
de capital, apropriado do trabalho não pago aos trabalhadores no processo de produção. Entretanto, esta
contradição se manifesta também nas relações comerciais, quando a produção atinge um volume de
mercadorias e os consumidores, que são também os produtos, não têm poder de compra suficiente para
consumir estas mercadorias, resultando em uma superprodução. A mercadoria que não é vendida ou
consumida provoca perdas ao capitalista, pois é na venda que se concretiza seu processo de exploração.
Deste modo, a economia vivencia sucessivos períodos de crise e de reestruturação, aprimorando também
suas formas de produção e de relações de produção. Assim, as relações de trabalho são transformadas,
impactando diretamente a vida da classe trabalhadora que, enquanto classe explorada e que necessita vender
sua força de trabalho, se submete às novas formas de organização do trabalho.

CICLOS ECONÔMICOS E CRISES NO CAPITALISMO

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O capitalismo, desde a sua origem, vivenciou intensos ciclos econômicos alternados entre fases produtivas e
recessivas. Consoante Netto e Braz (2010), a história concreta do capitalismo enquanto modo de produção
consolidado é, também, uma história de crises econômicas sucessivas, devido ao que os autores chamam de
uma dinâmica instável, ressaltando que estas crises são elementos constitutivos do capitalismo. Portanto,
entre as crises, decorre um ciclo econômico do capitalismo.

É importante ressaltar que o capitalismo pode ser classificado em quatro grandes fases, as quais decorrem de
transformações diretamente relacionadas ao desenvolvimento das forças produtivas, inovações tecnológicas
e organizacionais e mudanças nas relações sociais, políticas culturais de cada período histórico. Assim, as
quatro fases em que podemos dividir o capitalismo são: comercial ou mercantil, industrial ou concorrencial,
financeiro ou monopolista/imperialista e o informacional. Os ciclos econômicos que vamos discutir não são
determinantes para as transições entre fases, eles acontecem de forma sucessiva mesmo dentro das mesmas
fases. Estas transições acontecem mediante exigências do próprio processo econômico, quando este atinge
novas demandas e formas de relação econômicas do capital.

Netto e Braz (2010) explicam que até a crise de 1929, considerada uma das maiores crises do capitalismo,
esses ciclos econômicos tinham uma duração de 8 a 12 anos e que desde esse período, após a Segunda
Guerra Mundial, os ciclos encurtaram. Essa crise, também conhecida como Grande Depressão, revelou as
limitações do mercado quando desenvolvido de forma livre (BEHRING, 2016) e passou a exigir novas formas
de organização do capital e do trabalho. Assim, os ciclos econômicos são parte da estrutura produtiva do
capitalismo, e as crises ocorrem devido à lógica de superprodução e consequente abarrotamento do mercado,
ou seja, quando há mercadorias em excesso e não há consumidores com poder de compra suficiente para
escassear estas mercadorias na mesma proporção da produção. Trata-se de uma problemática que reflete
tanto as relações de produção, como as relações sociais.

Para o marxismo, as relações sociais estão diretamente vinculadas ao trabalho, à produção e às mercadorias
e, assim, é “a divisão social do trabalho que constitui a base geral de toda a produção de mercadorias” (MARX,
2013, p. 425). A divisão social do trabalho designa a especialização do trabalho humano, a organização da
sociedade em diferentes funções que podem ser exercidas de forma individual ou coletiva, refere a limitação
dos indivíduos a esferas profissionais particulares (MARX, 2013). Em suma, a divisão social do trabalho é uma
característica inerente ao trabalho humano executado na sociedade (BRAVERMAN, 1981), significa a
especialização de funções entre trabalhadores de uma sociedade ou a forma como é distribuído o trabalho.

Com a divisão social do trabalho, é reforçada a hierarquia social e os papéis de classe, pois pressupõe a
divisão entre trabalho manual e intelectual, por meio da subdivisão nos processos de produção. Para Marx
(2013), a história da humanidade é, também, a história da luta de classes. O capitalismo está fundamentado
no processo de exploração e a classe trabalhadora resiste lutando por seus direitos. Oliveira (2013) explicita
que as teorias liberais no período pós-1929 passam a ser utilizadas na sociedade como estratégia política de
enfraquecimento das lutas de classe, em que um dos elementos do discurso é a flexibilização e, por meio
dela, o capitalista consegue racionalizar seus processos de produção e impor condições ao trabalhador.

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A flexibilização do processo de produção acompanha também a flexibilização da força de trabalho, portanto,


está relacionada ao conceito de divisão social do trabalho. É expressão da construção política, além de revelar
a fragilidade do processo de trabalho (OLIVEIRA, 2013), a qual possibilita maior extração de mais-valia, por
meio do distanciamento nas relações contratuais entre trabalhador e capitalistas.

RELAÇÕES DE PRODUÇÃO E OS CICLOS ECONÔMICOS

Os ciclos econômicos do capitalismo acontecem no intervalo entre crises. A contradição do capitalismo,


afirmam Netto e Braz (2010), está tanto na relação de exploração da força de trabalho, como no processo de
produção. As crises são necessárias ao capitalismo, pois possibilitam que a circulação do capital se redefina e
desenvolva. Vamos entender melhor os quatro períodos que envolvem as crises capitalistas (NETTO; BRAZ,
2010):

Crise – pode ocorrer devido a incidentes econômicos ou políticos, com grandes quebras na produção e
nas relações comerciais. Ocorrem devido à superprodução de valores de uso, ou seja, não há
consumidores suficientes para pagar o valor de troca das mercadorias, provocando uma contenção ou
suspensão da produção, diminuição dos salários, aumento do desemprego e impossibilidade de escoar a
mercadoria;

Depressão – a produção se mantém estagnada e as empresas buscam soluções para continuar a


produção, mesmo que destruindo suas mercadorias ou vendendo a preços baixos, com o objetivo de
recuperar sua produção;

Retomada – as empresas que sobrevivem à crise e à depressão incorporam os meios de produção das
que não conseguiram se reestruturar, renovando o processo de criação de mercadorias, diminuindo o
desemprego e aumentando os preços das mercadorias;

Auge ou boom – capitalistas investem nas suas empresas, nos meios de trabalho e nas forças de
trabalho, ampliando a sua produção em larga escala, até que novamente a superprodução abarrote o
mercado, os preços caiam e o ciclo recomece.

Em cada ciclo econômico, o modo de produção se desenvolve e adquire novas características, visando a maior
extração de mais-valia e, portanto, incide principalmente no processo de trabalho dos indivíduos. Collin (2010)
ressalta que a luta de classes e suas exigências de condições de trabalho confrontam os limites do capitalismo
e são exigidas formas de fragmentação da luta da classe trabalhadora. A divisão social do trabalho se
estrutura mediante estas condições: delegar funções distintas, nas quais os trabalhadores podem se
especializar e quebrar a compreensão do produto como um todo, esta divisão acontece principalmente na
divisão entre trabalho manual e intelectual, criando uma hierarquia social entre a própria classe trabalhadora.

No período pós Segunda Guerra, o capitalismo assumiu uma nova fase (financeiro/monopolista), com maior
domínio de bancos e instituições financeiras sobre a economia. Dentre as estratégias capitalistas no
enfrentamento das crises, um dos elementos centrais é a flexibilização da mão de obra, a qual refere
significativas transformações na relação entre capitalistas e trabalhadores, explica Petras (1995), com forte

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ataque às condições de trabalho, como forma de imposição da classe dominante sobre a classe explorada. A
flexibilização está fortemente relacionada ao discurso de competição econômica legitimado socialmente, o
qual ainda refere que o “aumento de empregos” gerado pela flexibilização compensa a instabilidade.

A flexibilização está vinculada à precarização do trabalho (trabalhos temporários), provocando insegurança no


trabalhador sobre seu futuro e a desresponsabilização dos empregadores, fortalecendo o discurso de
alienação: o trabalhador não reconhece o produto do seu trabalho, nem o seu papel na execução do trabalho,
nem as próprias relações de trabalho (GALLINO, 2011). As crises sucessivas do capitalismo impulsionaram o
seu desenvolvimento e, como exemplo, a flexibilização reflete uma das estratégias no confronto à luta de
classes e às conquistas de direitos dos trabalhadores, enquanto meio de exploração do trabalhador.

CLASSE TRABALHO E AS CRISES DO CAPITALISMO

Com a divisão social do trabalho, cada trabalhador assume uma etapa específica do processo de produção,
por vezes, não tendo conhecimento do processo como um todo (MARX, 2010). Constitui, portanto, uma
espécie de cooperação particular que objetiva aumentar a força produtiva sobre o mesmo trabalho, em
menor espaço de tempo, o que acaba por reduzir o tempo de trabalho necessário da produção e aumentar o
tempo de trabalho excedente – de onde é extraído o lucro (PIRES, 2005). Ainda, ao perder a dimensão da
totalidade do seu trabalho, o trabalhador perde também a capacidade de perceber a quantidade da
mercadoria produzida e barreiras nas relações entre trabalhadores são criadas. Este processo é definido por
Marx como alienação, ou seja, quando o trabalhador é deslocado do seu lugar de produtor da mercadoria e
não reconhece o valor do seu trabalho final.

Com o processo de flexibilização, esta especialização das funções assume características mais profundas e
surge a diferenciação entre trabalho qualificado e precário, entre trabalho intelectual e manual, aumentando
os trabalhadores em busca de trabalhos precários, instáveis e que precisam se adaptar às exigências
padronizadas do mercado, transformando o acesso ao mercado de trabalho uma competição de quem é mais
adaptável às exigências deste mercado, do que quem é mais qualificado, além de reforçar hierarquias e
papéis sociais.

Aqui, a divisão social do trabalho, que antes estava pautada na especialização do trabalho em funções
específicas, com o objetivo de qualificar o trabalhador e acelerar a produtividade, assume nesta nova relação
de trabalho um distanciamento ainda maior entre trabalhador e processo de produção, em que o trabalhador
precisa ser flexível e adaptar-se a diferentes contextos, funções e formas de trabalho, por vezes assumindo
funções nas quais não é especializado, além da instabilidade e insegurança referente à sua renda e ao seu
planejamento financeiro. Estas mudanças na organização do trabalho são resultado do processo de
desenvolvimento do capitalismo após as crises.

Portanto, nos períodos que sucedem a crise, acontece um processo de renovação das empresas, em que as
sobreviventes se apropriam dos meios de produção daquelas que não conseguem se reerguer, assumindo as
alterações necessárias para alcançar o auge da produção de mercadorias. Este ciclo constante entre produção
e consumo expõe as contradições do capitalismo e a exploração que impacta não apenas as relações de
produção, mas também as esferas da vida privada dos trabalhadores.

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Após a Grande Depressão, a classe dominante percebeu a necessidade de estratégias anticrises e anticíclicas,
as quais compreendem, inclusive, as políticas sociais, permitindo uma ampliação dos direitos sociais e o
Estado como elemento mediador (BEHRING, 2016). No ciclo econômico seguinte, a reestruturação da
economia pós-crise e pós-guerra exigiu a participação do Estado, trabalhando no restabelecimento das duas
classes. Entretanto, uma nova crise logo se iniciou, exigindo novas configurações na organização e na divisão
social do trabalho, como a flexibilização das relações de trabalho, além de uma tendência à redução e
restrição de direitos, em que as políticas sociais se assumem enquanto medidas pontuais e compensatórias
aos efeitos mais intensos da crise (BEHRING, 2016).

Os ciclos econômicos e as crises do capitalismo têm se manifestado de formas cada vez mais intensas,
entretanto, as formas de enfrentamento foram transformadas. Com o desenvolvimento de novas tecnologias
e, principalmente, as novas divisões técnicas do trabalho, a classe trabalhadora foi também fragmentada,
ressaltando ainda mais a desigualdade social. Como as relações de produção são produtos históricos (MARX,
2013), elas também se modificam e assumem novas características, provocando transformações na vida dos
trabalhadores. O objetivo do capitalista não se altera: a exploração da força de trabalho e a mais-valia
continuam sendo os pilares deste modo de produção. Com a flexibilização, o aumento do desemprego,
trabalhos precários e quebras de contratos e estabilidade, a classe trabalhadora é enfraquecida e,
consequentemente, se torna submissa às exigências da flexibilização, visto suas próprias necessidades de
sobrevivência.

VIDEO RESUMO

Nesta aula, você verá uma explicação mais detalhada sobre como acontecem as crises do modo de produção
capitalista, a partir de cada um dos períodos que a caracterizam. Você verá também como estes períodos de
crise influenciam transformações nas relações sociais de trabalho e as consequências destas transformações
para a classe trabalhadora. Vamos lá?

 Saiba mais
NETTO, J. P.; BRAZ, M. Economia política: introdução crítica. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2010. Disponível
em: Minha Biblioteca

O capítulo 7 do livro Economia política: introdução crítica, aborda exclusivamente o período de crises do
capitalismo, com base em Marx. Os autores apresentam a discussão de forma bastante introdutória, que
auxilia na compreensão da temática. Sugiro esta leitura para que você possa compreender melhor o
assunto da aula.

O artigo As relações de trabalho para Marx e a crítica da flexibilização: a luta de classes no capitalismo
contemporâneo, apresenta uma boa discussão sobre as relações de trabalho e as novas formas de
trabalho, como a flexibilização. É um texto suscinto, mas com informações e reflexões interessantes para

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que você possa entender melhor as transformações nas relações de trabalho consoante o
desenvolvimento do capitalismo.

Aula 4

O CAPITALISMO, SUAS ROUPAGENS E FORMAÇÃO DE


CONSENSOS
O desenvolvimento do capitalismo acontece mediante o desenvolvimento das relações sociais,
econômicas e políticas e, portanto, se modifica consoante a história, se adaptando às necessidades
emergentes na sociedade e nas relações de produção.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do capitalismo acontece mediante o desenvolvimento das relações sociais, econômicas e


políticas e, portanto, se modifica consoante a história, se adaptando às necessidades emergentes na
sociedade e nas relações de produção. O serviço social brasileiro adota o a teoria social crítica marxista, uma
teoria de análise do modo de produção capitalista, entretanto, uma outra doutrina com forte influência
teórica e com influência direta no surgimento e desenvolvimento do capitalismo é o liberalismo econômico,
modelo econômico e social que representava os ideais revolucionários da burguesia que surgia na transição
do feudalismo para o capitalismo (NETTO; BRAZ, 2010). A doutrina tem o filósofo e economista Adam Smith
como um dos percursores do liberalismo econômico e é a partir deste pensador que será estudada a
transição do capitalismo do liberalismo ao estado de bem-estar social e, finalmente, ao neoliberalismo,
analisando como as relações econômicas impactam a vida da classe trabalhadora.

DESENVOLVIMENTO DO LIBERALISMO AO NEOLIBERALISMO

O liberalismo econômico é uma corrente originada no contexto da Revolução Industrial e da Revolução


Francesa no auge das manifestações revolucionárias que findaram o feudalismo, defendendo o livre mercado
e a não intervenção estatal na economia. De acordo com Adam Smith, um dos grandes representantes
liberais, as relações econômicas são produto natural das relações entre os homens e devem acontecer de
forma “livre”, portanto, sem a interferência do Estado (OLIVEIRA; STRASSBURG; SILVA, 2012) e compreende o
capital como um “mecanismo natural de regulação das relações sociais” (BEHRING, 2016, p. 59).

Foi a partir deste pensamento que o capitalismo se consolidou no século XIX. O liberalismo tem uma relação
intrínseca com o capitalismo, sendo que os dois conceitos, por vezes, estão interligados e compartilham
princípios fundamentais. O liberalismo político, que se concentra na liberdade individual, nos direitos civis e
na limitação do poder do governo, encontra paralelos no liberalismo econômico, que promove a liberdade de

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mercado e a mínima intervenção estatal na economia. Essa convergência de ideias é o que frequentemente
associa o liberalismo ao capitalismo. A defesa da liberdade econômica objetivava um rompimento do capital
com a aristocracia e o clero – os quais formavam o Estado –, cabendo a este um papel mínimo na economia,
fornecendo apenas os fundamentos legais para o mercado (BEHRING, 2016). O liberalismo econômico
defende o mercado como condição natural do desenvolvimento da sociedade e as relações sociais se
constituem mediante o interesse individual em melhorar de vida, o que naturalmente guia os indivíduos por
meio do senso moral e de dever, ou seja, a sociedade civil orienta a coesão social e a melhoria de vida está
condicionada ao mérito individual em alcançar o seu potencial. Assim, o mercado deve ter liberdade no seu
processo de produção e na relação com os trabalhadores, sem interferência estatal.

No final do século XIX, o capitalismo entrou na sua fase monopolista/imperialista, em que o capital financeiro
ganha centralidade, exigindo novas dinâmicas nas relações entre Estado e capitalistas, explicam Netto e Braz
(2010). Os autores subdividem essa fase em três períodos: clássico (1890 a 1940), anos dourados (1945 a 1970)
e contemporâneo, após 1970. Por mais forte que se manifestasse o modelo liberal, ele não impedia a luta de
classes. As reinvindicações dos trabalhadores exigiam respostas sociais por parte do Estado, e estas se
desenvolveram em diferentes países, de formas distintas.

Neste cenário, surge o Estado do bem-estar social/Welfare State, que caracteriza um estado assistencial de
garantia dos direitos sociais. Esse modelo de Estado busca equilibrar a liberdade individual e as forças de
mercado com a responsabilidade do governo de garantir uma rede de segurança social que inclui serviços de
saúde, educação, previdência social, habitação e outras formas de assistência. O Welfare State durou cerca de
três décadas, conhecidas como anos dourados ou três décadas gloriosas e foi um período de recuperação
econômica, marcado pela:

Forte intervenção do Estado na regulação e financiamento da economia;

Amortização das contradições entre capitalistas e trabalhadores;

Incorporação e transferência dos investimentos pelo Estado aos direitos sociais.

Nestes anos ocorreu uma intensa acumulação do capital, relacionada ao núcleo composto por grandes
empresas e Estado, porém, os países subdesenvolvidos não sentiram estes investimentos, o que confirmava a
desigualdade social inerente ao capitalismo (BALANCO; PINTO, 2007). A boa relação construída com as
organizações trabalhistas disseminou uma transformação ideológica, em que os trabalhadores foram
integrados passivamente ao processo de produção como estratégia para amenizar os conflitos de classe.

O neoliberalismo concebe que a desigualdade é elemento necessário e natural nas relações humanas, que o
mercado deve ter liberdade de movimento e exige a diminuição das funções estatais, entretanto, diferente da
lógica liberal, não se trata de um Estado mínimo, mas um Estado articulado com o capital e mínimo para os
trabalhadores (NETTO; BRAZ, 2010). Assim, o neoliberalismo impõe reformas, como o processo de
privatização, retirando empresas e serviços de primeira necessidade do controle estatal e revertendo para a
exploração privada e o processo de flexibilização das relações de trabalho, com fortes impactos para os
trabalhadores.

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O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL/WELFARE STATE COMO ALTERNATIVA AO LIBERALISMO

Para o liberalismo, as relações sociais se desenvolvem naturalmente na sociedade civil de acordo com os
interesses e as aspirações de cada indivíduo, portanto, para esta doutrina, não há um conflito entre classes,
mas uma culpabilização do indivíduo pela situação que se encontra, ele defende que as mesmas
oportunidades existem para todos e alcançar o seu potencial é mérito de cada um (BEHRING, 2016). Esse
modelo perdurou durante o final do século XIX e início do século XX, mas enfrentava conflitos intensos com a
classe trabalhadora, que manifestava suas insatisfações com as condições de vida e de trabalho.

A industrialização intensificou as diferentes problemáticas sociais e o início do século XX revelou que o modelo
liberal não conseguia conter a luta de classes. Este modelo econômico em que o capitalismo era livre para
desenvolver seu processo de acumulação de capital e de exploração da força de trabalho provocava
profundas desigualdades sociais, as manifestações da questão social se tornavam cada vez mais evidentes e a
classe trabalhadora exigia respostas às suas necessidades. O Estado era chamado a intervir neste conflito e,
para isso, não podia mais atender totalmente às exigências liberais.

O cenário histórico, como a Primeira Guerra Mundial, em 1914, a grande crise de 1929 e a Segunda Guerra
Mundial, em 1939, provocou uma quebra nos campos sociais, políticos e econômicos. A grande crise exigiu
que os capitalistas aceitassem alternativas político-econômicas para combater a inflação e o desemprego. A
proposta foi um Estado regulador, em que o orçamento público assume papel central nos investimentos
econômicos (NETTO; BRAZ, 2010). Esta intervenção estatal não pretendia dar soluções para as contradições do
capitalismo e nem acabar com a exploração e a desigualdade social, porém, era exigida uma reestruturação
do Estado.

A intervenção estatal desonera o capital de boa parte dos ônus da preservação da força de
trabalho, financiados agora pelos tributos recolhidos da massa da população —
financiamento que assegura a prestação de uma série de serviços públicos (educação,
transporte, saúde, habitação etc.). Todas essas funções estatais estão a serviço dos
monopólios; porém, elas conferem ao Estado comandado pelo monopólio um alto grau de
legitimação. E isso porque, num marco democrático, para servir ao monopólio, o Estado
deve incorporar outros interesses sociais; ele não pode ser, simplesmente, um
instrumento de coerção — deve desenvolver mecanismos de coesão social. (NETTO; BRAZ,
2010, p. 204)

Assim, o Welfare State foi uma tentativa de Estado social e de concessão entre classes, caracterizado pelo
desenvolvimento da acumulação capitalista e o investimento nos serviços de proteção social, que configura as
políticas e os programas desenvolvidos como respostas sociais às situações de pobreza e de vulnerabilidade
social, com o objetivo de prevenir, gerir e superar situações que comprometam o bem-estar, por meio da
transferência de tributos públicos para as políticas públicas. Esse período entrou em crise em meados da
década de 1960 com o declínio da taxa de juros e teve dois elementos detonadores: o “colapso do

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ordenamento financeiro mundial” e o “choque do petróleo”, além do crescimento dos movimentos sindicais e
dos movimentos de categorias sociais (estudantes, feministas, pessoas negras), transformando a longa onda
expansiva em recessiva (NETTO; BRAZ, 2010).

O início de 1970 marca, assim, a transição para o capital contemporâneo, terceiro período do capital
monopolista, o qual tem como característica principal a destruição das regulamentações impostas pelos
movimentos da classe trabalhadora. Assim, neste período acontece a crise do Welfare State, que exige novas
estratégias para a reestruturação da produção e o capital prioriza a supressão dos direitos sociais
conquistados nos últimos anos (NETTO; BRAZ, 2010), assumindo a doutrina neoliberalista.

MODELOS ECONÔMICOS E IMPACTOS NA CLASSE TRABALHADORA

Alguns princípios do liberalismo são o foco no individualismo, prevalecendo a liberdade de mercado e a


competitividade com interferência mínima do Estado e afirmação de que a política social deve ser paliativa,
pois estimula a ociosidade (BEHRING, 2016). Estes princípios assumidos pelo capitalismo resultavam na forma
punitiva de enfrentamento à questão social, responsabilizando o indivíduo pelas problemáticas sociais. As
conquistas de direitos dos trabalhadores no Estado liberal resultaram da sua mobilização e organização
enquanto classe na transição do século XIX para o século XX. De acordo com Netto e Braz (2010), o Estado
mínimo atendia às exigências liberais de assegurar as condições para a acumulação capitalista, evidenciado
principalmente pelas restrições à participação social.

O cenário de guerras e da grande crise de 1929 exigiram a reestruturação das relações sociais: o mercado
precisava se reerguer e a classe trabalhadora precisava de condições de sobrevivência. O Welfare State
emerge dessa necessidade estatal intervencionista na economia e sociedade. Esta relação se fundamenta na
articulação do Estado com bancos e instituições financeiras que passam a financiar o capital. A função estatal
é empresariar os setores básicos, assumindo o controle de empresas, oferecendo subsídios e assegurando as
taxas de lucro. No setor social, a repressão e a coerção na relação com a questão social são substituídas pelo
controle e preservação da força de trabalho, por meio do uso de tributos públicos para assegurar os serviços
públicos, como estratégia de coesão social (NETTO; BRAZ, 2010).

Durante os anos dourados, o capitalismo se consolidava e aumentava a acumulação, enquanto os


trabalhadores eram manipulados pela criação de vínculos entre Estado com sindicatos e movimentos sociais.
O período de desenvolvimento social do Welfare State proclamava uma coesão social. Entretanto, quando
entrou em crise, a onda de recessão exigiu do capitalismo estratégias. Assumindo o modelo neoliberal, o
primeiro ataque é aos movimentos sindicais, que são responsabilizados pelos gastos públicos e a queda das
taxas de lucro, em seguida são implementadas transformações nas relações de trabalho, como a flexibilidade,
com implicações aos trabalhadores: atividades e funções mais amplas e complexas, trabalhadores mais
qualificados e polivalentes e a quebra da consciência de classe (NETTO; BRAZ, 2010).

O neoliberalismo reestruturou as relações com o Estado, que passa a compartilhar funções com o capital,
rompendo as restrições sócio-políticas que o limitavam e assumindo um “Estado mínimo para o trabalho e
máximo para o capital” (NETTO; BRAZ, 2010, p. 227), com o discurso de proteger a igualdade de oportunidades

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e a liberdade dos indivíduos, promovendo estrutura para o mercado e oferecendo serviços públicos que o
mercado não consegue (ou não quer) assegurar, reduzindo os gastos públicos com a população (PASTORINI,
2022).

Deste processo, resulta maior desestabilização do mundo do trabalho, aumento do desemprego, diminuição
dos direitos trabalhistas devido à fragmentação do trabalho (temporário, autônomo, terceirizado etc.) e a
privatização dos serviços de primeira necessidade. O meio intelectual afirma o surgimento de uma “nova
questão social”, porém Netto (2017) ressalta a inexistência de uma nova questão social, mas sim a emergência
de novas expressões da mesma questão social. Isto porque a questão social está vinculada à relação de
exploração entre capitalista e trabalhador, enquanto manifestação das desigualdades e antagonismos
próprios do capitalismo e seu enfrentamento está relacionado aos grupos que podem ameaçar as relações de
exploração, e enquanto expressão de relações sociais e de produção, transforma-se mediante as próprias
transformações ocorridas no capitalismo.

VIDEO RESUMO

Nesta aula, você verá, de forma mais detalhada, as principais características sobre a doutrina do liberalismo
econômico, dividido nos princípios que o fundamentam, vai aprender sobre a emergência do estado de bem-
estar social/Welfare State e suas diferenças em relação ao modelo anterior e, por fim, vai aprender sobre o
neoliberalismo, seu surgimento e suas principais características. Vamos lá?

 Saiba mais
No artigo Os anos dourados do capitalismo: uma tentativa de harmonização entre as classes, são
apresentadas descrições importantes sobre o período do Welfare State, contribuindo para o estudo da
temática. Os autores fazem conexões interessantes sobre os períodos históricos e como o estado de
bem-estar social foi importante no desenvolvimento da economia e da sociedade.

No artigo De Smith ao neoliberalismo: um ensaio sobre o papel do estado na economia capitalista, os


autores conseguem, de forma resumida, apresentar uma evolução histórica sobre o Estado e as
diferentes teorias econômicas a ele relacionadas, até a configuração do Estado neoliberal. Apresenta
importantes reflexões sobre a aplicação prática em diferentes países e como as teorias foram
vivenciadas nestes países.

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Aula 5

REVISÃO DA UNIDADE

O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO DE DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO

O Serviço Social brasileiro assume como objeto de intervenção profissional a “questão social”, a qual se
manifesta nas expressões da contradição existente no capitalismo. O capitalismo é um sistema econômico e
social, o qual regula as relações de produção e as relações sociais. Sua característica principal está no
processo de exploração: uma classe (capitalista) é dona do capital e compra a força de trabalho de outra
classe (trabalhadora), pagando um salário pela jornada de trabalho, que não engloba todo o trabalho
produzido, assim, há um trabalho excedente, não pago, que é apropriado pelo capitalista, chamado mais-valia
e que constitui o lucro, objetivo principal desta classe. O trabalhador não tem acesso ao produto do seu
trabalho, apenas ao salário. Este serve para atender às suas necessidades de sobrevivência. Esta é a
contradição intrínseca ao capitalismo.

O capitalismo põe fim ao sistema econômico feudalista e os futuros capitalistas (também chamados
burgueses) são os responsáveis pela transição. Eles identificam a possibilidade de lucro nas relações de
mercado e de exploração da força de trabalho, marcando a primeira fase do capitalismo: mercantil/comercial.
O surgimento da indústria consolidou o modo de produção capitalista, assumindo sua segunda fase:
industrial/concorrencial. Aqui, a classe operária/trabalhadora se estrutura como classe e as contradições
começam a ser evidenciadas nas manifestações pelo seu reconhecimento político e exigindo respostas do
Estado às necessidades sociais. Assim surge a “questão social”. Desde então, a classe trabalhadora se une em
manifestações pelo seu reconhecimento enquanto classe, exigindo os direitos civis, políticos e sociais.

O capitalismo industrial se estende com forte impacto do Estado liberal até o século XX, quando se instaura a
terceira fase: o capitalismo financeiro/monopolista, marcado pela reestruturação do capitalismo após a crise
de 1929 e as duas guerras mundiais, quando é evidenciada a falência do liberalismo em meio a crises cíclicas
que abalavam as estruturas econômicas e com implicações à vida dos trabalhadores e profunda desigualdade
social. A estratégia do capital é adotar um modelo de Estado intervencionista e assistencialista, com o objetivo
de promover a harmonia entre mercado e sociedade, conhecido como Estado de bem-estar social/Welfare
State.

O Estado se torna administrador da economia e dos ciclos de crise, reconhecendo a importância de


conservação dos trabalhadores para a reprodução do capital, em que sua legitimação política exige uma
função de coesão social (NETTO, 2017). As políticas sociais são aplicadas de forma universal, com investimento
do Estado para que os direitos sociais fossem garantidos à população, articulando necessidades primárias à

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classe trabalhadora e ao mercado, consumidores e trabalhadores com possibilidade de fazer o ciclo de


produção movimentar-se. Ao mesmo tempo, fragmenta os movimentos sociais. Com o fim do estado de bem-
estar social, em meados de 1970, e a transição para o Estado neoliberal, o grande ataque foi justamente às
políticas sociais. Os gastos públicos foram reduzidos, serviços estatais foram privatizados e a classe
trabalhadora sentiu a regressão nos seus direitos conquistados.

O Serviço Social se instaura neste espaço histórico-social, vinculado à ordem capitalista (NETTO, 2017)
enquanto instrumento de reforço do capital e do Estado para subordinar a classe trabalhadora às suas
dinâmicas (IAMAMOTO; CARVALHO, 2009), portanto, é uma profissão inserida no espaço de mediação na luta
de classes e, somente a partir da sua profissionalização, resultado da ação profissional de campo e científica,
assume uma prática interventiva. Reconhecer a questão social enquanto produto histórico do capitalismo e as
relações contraditórias assentes no processo de consolidação da profissão são elementos norteadores para a
prática profissional.

REVISÃO DA UNIDADE

Neste vídeo, faremos um resumo de tudo que vimos ao decorrer das nossas aulas sobre a gênese da questão
social. Vamos começar?

ESTUDO DE CASO

Imagine que você é assistente social no setor de recursos humanos de uma empresa de extração de minérios
de médio porte em um município na região norte brasileira. A empresa tem cerca 120 funcionários e hoje
cada vez mais os contratos de tempo inteiro estão sendo substituídos por contratos temporários e por
contratos de prestação de serviços, em acordo com uma empresa de contrato temporário.

Recentemente, a empresa tem enfrentado problemas com a justiça, pois a cidade tem sofrido com impactos
ambientais devido à produção. A justiça tentou interditar o funcionamento da empresas até que a situação
fosse esclarecida, mas sem sucesso. Entretanto, a empresa tem enfrentado dificuldades no seu processo de
produção, pois tem investido no setor jurídico, além do pagamento de multas, interferindo na acumulação de
lucro. Durante uma reunião, o diretor Henrique informou que a produção não será interrompida e que foram
realizados despedimentos para compensar o gasto jurídico e que os trabalhadores precisam ser controlados
para que não interfiram negativamente na situação judicial da empresa.

No mesmo dia, você recebe em sua sala a trabalhadora Márcia, de 42 anos, que solicita auxílio da empresa,
visto que está sendo prejudicada no trabalho e na vida pessoal. Márcia explica que levou advertência por
manusear uma máquina erroneamente. Durante 15 anos na empresa, sua função era coordenação de equipe,
mas foi promovida e assumiu o controle da nova máquina, em que antes trabalhava sua equipe de cinco
pessoas. A equipe foi demitida e Márcia ficou responsável pelo setor, porém a máquina travou e a produção
ficou paralisada por 45 minutos. Com a promoção, seu contrato de trabalho foi modificado e dividido em dois:
um contrato de meio período, recebendo salário-mínimo e mantendo o vínculo empregatício e o outro

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período como prestadora de serviços, recebendo por hora e um valor mais alto de salário ao fim do mês. Ela
se machucou no travamento da máquina e recebeu atestado médico, porém foi informada que o auxílio do
INSS é apenas sobre o salário-mínimo e teve que retornar para o trabalho antes do indicado pelo médico, pois
sua renda foi prejudicada.

A filha de Márcia, Renata, é trabalhadora temporária na área de produção, seu contrato inicial foi de seis
meses e prorrogado por mais três meses. É a terceira vez que ela é chamada pela empresa, com intervalo de 4
meses entre contratos. Nestes intervalos, é motorista de aplicativo. Informou que está grávida e seu contrato
será encerrado ao fim do mês.

Com base na situação de Márcia, elabore um registro documental, em texto corrido, que deve conter os
seguintes elementos:

a. As expressões da questão social identificadas.

b. As estratégias da empresa para não interromper o processo de acumulação do capital.

c. As ações possíveis do serviço social.

 Reflita
Um dos maiores desafios para o Serviço Social na atualidade é ser um profissional propositivo e não
apenas executivo, ou seja, sua prática precisa ir além da rotina institucional: decifrar a realidade e
identificar as possibilidades de atuação, de intervenção, de criação de caminhos (IAMAMOTO, 2022). Ao
reconhecer a questão social e o cenário sócio-histórico e econômico que a determina, o profissional de
serviço social consegue compreender que sua prática não é assistencialista, nem mesmo heroica: ela se
desdobra conforme a leitura da realidade social.

Portanto, a inserção do Serviço Social em espaços em que o jogo de correlação de forças se torna mais
evidente – como uma empresa – exige do profissional uma prática mediadora com a percepção de seu
posicionamento político. É seu papel profissional conduzir o usuário na orientação e viabilização dos seus
direitos, enquanto é sua função de trabalhador assalariado atuar consoante às exigências institucionais.

Diante de cenários conflituosos, é preciso refletir e decifrar o que a realidade lhe apresenta. Assim, quais
as estratégias que podem ser utilizadas para garantir ao usuário que tenha acesso às políticas públicas e
aos direitos sociais que lhe são cabíveis? O assistente social trabalha com a expressão social nas suas
diferentes expressões cotidianas, compreendendo que estas são produto da desigualdade, portanto, em
um terreno de interesses distintos entre capital e trabalho, em que seu papel é articular e orientar
caminhos e possibilidades de enfrentamento da desigualdade.

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RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO

Olá, estudante! Para elaborar o texto, você deve organizar as suas ideias, seus estudos e conhecimentos
adquiridos no processo de compreensão e análise do modo de produção capitalista e as suas características
de exploração e de luta de classes, utilizando os elementos identificados na situação da empresa e no relato
da trabalhadora.

Você acha que é possível identificar que na empresa são encontradas manifestações ou expressões da
questão social? Você pode falar sobre as situações trabalhistas, como a desregulamentação do trabalho, por
meio da flexibilização e das novas formas de trabalho, como o trabalho temporário e o acúmulo de relações
laborais, a precarização do trabalho.

Você pode também destacar como as demissões interferem na função dos trabalhadores que permanecem
na empresa, em virtude da não diminuição da produção. Como isso interfere no trabalho de quem manteve
seus empregos? Este é um aspecto positivo ou negativo?

Outro ponto que você pode abordar é como as estratégias do capital são benéficas para as empresas e
negativas para os trabalhadores, como a mudança em contratos de trabalho a tempo inteiro para contratos
parciais, por exemplo.

Você pode citar como o trabalhador se torna alienado da sua situação.

Em relação ao Serviço Social, você pode explicar como este profissional está inserido neste espaço de
correlação de forças e quais os tipos de intervenção que podem aplicadas, não esquecendo de relacioná-las
com as políticas públicas. O assistente social pode orientar, encaminhar, articular as necessidades do
trabalhador com os serviços públicos. Questione: quais as possibilidades de atuação deste profissional
mediador?

Lembre-se de indicar como essa mediação é também importante para as empresas. Ainda, é fundamental que
você identifique como a compreensão sobre o modo de produção capitalista e suas contradições nas relações
de produção são importantes para identificar estas manifestações da questão social.

Portanto, você deve usar sua capacidade de reflexão e os conhecimentos adquiridos para construir a ponte
entre capitalismo, trabalhador, questão social e serviço social. Quais são as estratégias do capital? Quais são
as estratégias do serviço social? Como a questão social pode ser objeto de intervenção neste espaço de
trabalho? Como a compreensão deste contexto social, histórico e econômico contribui na prática profissional
do Serviço Social?

RESUMO VISUAL

Neste mapa mental, você vai encontrar características da questão social nas diferentes fases do capitalismo.
Você vai relacionar as principais definições e os principais aspectos da questão social que a configuram como
um conceito específico deste modelo de produção.

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Figura 1 | Capitalismo e questão social

REFERÊNCIAS

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PASTORINI, A. A categoria “questão social” em debate. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2022. Disponível em: Minha
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Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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