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RESENHA AS METAMORFOSES NO MUNDO DO TRABALHO

No capítulo II, denominado “As Metamorfoses no Mundo do Trabalho”,


mostram-se os novos contornos que o mundo do trabalho tem adquirido na
medida em que há uma desproletarização do trabalho industrial fabril,
principalmente nos países de capitalismo avançado.

Nesse sentido, cita-se Helena Hirata, segundo a qual 20% das mulheres
no Japão, cm 1980, trabalhavam com tempo parcial, em condições precárias.
Segundo ela, “Se as estatísticas oficiais contavam 2,560 milhões de
assalariadas em tempo parcial em 1980, três anos depois a Revista
Economista de Tóquio estimava em 5 milhões o conjunto das assalariadas
trabalhando em tempo parcial”.

Acompanhando essa desproletarização, visualiza-se, como um dos


novos contornos do mundo trabalho, a ampliação do assalariamento mediante
inserção de parcela considerável da população no setor de serviços. Nesse
sentido, nota-se, nessa transformação, a promoção de um desemprego
estrutural, formando uma mão de obra majoritariamente assalariada.

Atribui-se à revolução tecnológica parte da responsabilidade por essa


nova estrutura no mundo do trabalho. Essa nova estrutura é, portanto, em
parte contraditória, posto que a desproletarização, em tese, deveria ser fator de
“libertação” à classe operária, contudo, fato que se visualiza é o
aprofundamento da precariedade das condições de trabalho.

Outro traço marcante nessa nova estrutura do mundo do trabalho, é a


inserção das mulheres em setores nos quais, anteriormente, elas não se
faziam presentes. Nesse sentido, passa-se a observar um grande contingente
de mulheres na indústria microeletrônica por exemplo. Em virtude disso,
observa-se maior heterogeneidade e maior complexificação da classe
trabalhadora na medida em que esta passa, por sua vez, a ser composta por
indivíduos cujas características não são uníssonas.

Ademais, as composições e perfis sociais nas instituições fabris são


alteradas porque, a partir da automação industrial, não há mais espaço para o
trabalhador manual, que é substituído por uma mão de obra mais qualificada,
tecnicista. Por consequência disso, há a segmentação da classe trabalhadora
em níveis nunca antes vistos.

A periferia da classe trabalhadora pode, portanto, ser compreendida a


partir da sua divisão em dois grupos. O primeiro abarca os empregados em
tempo integral com habilidades facilmente disponíveis no mercado de trabalho,
como pessoal do setor financeiro, secretárias, pessoal das áreas de trabalho
rotineiro e de trabalho manual menos especializado. Esse subgrupo tende a se
caracterizar por uma alta rotatividade no trabalho.

O segundo grupo oferece uma flexibilidade numérica ainda maior e inclui


empregados em tempo parcial, empregados casuais, pessoal com contrato por
tempo determinado, temporários, subcontratação e treinados com subsídio
público, tendo ainda menos segurança de emprego do que o primeiro grupo
periférico

Nesse sentido, há o aumento da qualificação para um dos grupos e o da


desqualificação para o outro grupo. Embora, diante do avanço tecnológico, o
mais lógico seria o aumento da qualificação de modo que a população se
“adequasse” a essa nova conjectura fática, há o aprofundamento da
desqualificação, que impulsiona a ida da população ao setor de serviços.

É o que se põe em análise.

Percebe-se que, como um dos pontos centrais do texto, tem-se a


exposição do fato de que o setor de serviços tem apresentado diversas
estratégias diferenciadas de relações de trabalho, tais como a flexibilização do
trabalho, a criação de cooperativas, a intermediação de emprego, a
informalização.

Dessa forma, tem-se a criação de cargos e ocupações que permitem a


obtenção de renda de modo cada vez mais sem regulamentação, precarizando,
assim, essas relações. Ademais, apontou-se a necessidade de maior
qualificação para assumir determinados postos no setor produtivo industrial tem
impulsionado a ida de indivíduos para o setor de serviços.
As tecnologias permitiram a criação de novas ocupações ligadas às
atividades industriais, passando a exigir dos trabalhadores maior nível de
educação, conhecimento e treinamento. Contudo, a reestruturação do próprio
setor, somada à introdução da informática e da microeletrônica, vem permitindo
aumentos de produtividade e de eficiência operacional.

Por consequência disso, há eliminação de postos de trabalho e


ampliação da lucratividade dos prestadores de serviços. Observa-se nos
países em desenvolvimento, como o Brasil, um descaso governamental com a
educação, posto que há a má remuneração dos professores, sucateamento
das instalações e etc.

Observa-se, pois, a partir da análise do texto, que fica prejudicada a


inserção da maior parte da população no novo paradigma produtivo, dadas as
restrições em quantidade e qualidade dos postos de trabalho, ampliando a
parcela de excluídos da sociedade, que se veem obrigados a recorrer ao setor
de serviços e a ocupar os postos hiper flexíveis dos aplicativos de viagem e
entrega.

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