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Outros Temas em Educação - 05 p.

255- 274

O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO:


a atualidade da educação politécnica
Marco Antônio de Oliveira Gomes104
Antônio Carlos Maciel105
Rosângela de Fátima Cavalcante França106
Gedeli Ferrazzo107

RESUMO
Este artigo discute o trabalho como princípio educativo e a atualidade da educação poli-
técnica perante o projeto hegemônico neoliberal e pós-moderno. Neste cenário, a ofensiva
do capital na busca frenética pela redução de custos e o aumento da competitividade em-
presarial têm significado, para os trabalhadores, precarização do trabalho e das relações de
emprego. No âmbito da educação, as propostas vinculadas ao discurso pós-moderno, irmão
siamês das proposições neoliberais, deve ser entendido no quadro de luta intensa do capital
por sua perpetuação, esvaziando a função social da educação e reforçando a mercantiliza-
ção do processo escolar. Dessa forma, a classe dominante providencia para que os traba-
lhadores tenham acesso apenas ao conhecimento necessário que o possibilitem produzir,
mas não desvendar o mundo em que vive. Diante desta constatação, o presente artigo tem
como objetivo apontar as principais características da educação politécnica e discutir sua
atualidade diante do projeto hegemônico neoliberal e pós-moderno. Por fim, reiteramos a
necessidade urgente de novas estratégias de luta, na qual persistem os desafios de mudan-
ças estruturais na sociedade, tendo como intento superar a lacuna histórica produzida entre
trabalho manual e trabalho intelectual, com vistas à criação de uma sociedade emancipada,
onde será possível a existência de uma educação integral, segundo a concepção marxiana.
104
Dr. em Educação. Professor do PPGE da Universidade Federal de Rondônia. E-mail: marcooliveiragomes@yahoo.com.br
105
Dr. em Educação. Professor do PPGE da Universidade Federal de Rondônia. E-mail: maciel_ac@hotmail.com
106
Drª. em Educação. Professora do PPGE da Universidade Federal de Rondônia. E-mail: 6rosangela@gmail.com.br
107
PPGE/ Universidade Federal de Rondônia. E-mail: geferrazo@hotmail.com.

revista EXITUS | Volume 04 | Número 01 | Jan/Jun. 2014


256 Marco Antônio de Oliveira Gomes,Antônio Carlos Maciel, Rosângela de Fátima Cavalcante França, Gedeli Ferrazzo

Palavras-chave: Trabalho como princípio educativo. Educação politécnica. Projeto hege-


mônico neoliberal e pós-moderno.

THE WORK AS AN EDUCATIONAL PRINCIPLE: the


present education polytechnic

ABSTRACT
This article discusses the work as an educational principle and actuality of polytechnic edu-
cation to the neoliberal hegemonic project and post-modern. In this scenario, the offensive
of capital in the frantic search for reducing costs and increasing business competitiveness,
meaning workers have precarious work and employment relations. In education proposals
linked to the postmodern discourse, Siamese twin of neoliberal propositions must be un-
derstood in the context of intense struggle of capital for its perpetuation, emptying the so-
cial function of education and reinforcing the commodification of school process. Thus, the
ruling class provides for workers to have access to only the necessary knowledge to enable
the produce, but not solve the world lives. Given this finding, the present article aims to
point out the main characteristics of polytechnic education and discuss its relevance in the
face of neoliberal hegemonic project and post-modern. Finally, we reiterate the urgent need
for new strategies of struggle, where there are still challenges to structural changes in socie-
ty, with the intent to overcome the historical gap produced between manual and intellectual
labor, with a view to creating an emancipated society, which will possible existence of an
integral education, according to the Marxist conception.

Keywords: Work as an educational principle. Polytechnic education. Project hegemonic


neoliberal and postmodern.

INTRODUÇÃO tanto nas condições de contratação e de re-


Decorridos os primeiros anos do novo muneração dos assalariados como também
milênio, não é difícil perceber que nos en- nas condições de subordinação à hierarquia
contramos diante da hegemonia das políti- nas fábricas e no funcionalismo.
cas neoliberais no âmbito das políticas pú- Neste início de milênio, a ideologia
blicas. Nas relações entre capital e trabalho, de progresso, da “modernização” das rela-
fundamentalmente a partir de 1990, o cená- ções de trabalho e da expansão (do mer-
rio foi marcado por mudanças significativas cado e da produção) convêm, mais do que

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nunca, para legitimar o sistema de domi- crescente processo de precarização das con-
nação do capital sobre o trabalho, da acu- dições laborais. Em outras palavras, a lógica
mulação interminável de lucros que atende do processo capitalista dirige-se com o claro
aos interesses da burguesia. Trata-se de um objetivo de garantir a conversão da força de
processo de reestruturação produtiva e da trabalho em trabalho real sob condições que
flexibilização do trabalhado decorrentes da maximizassem sua acumulação.
intensificação do processo de internaciona-
São as melhores máquinas e os melhores
lização econômica e das mudanças marca-
procedimentos técnicos que garantem aos
das pela microeletrônica e seus desdobra- capitalistas a ‘conversão, sempre renovada,
de uma parte da classe operária em parce-
mentos em termos de informatização, auto-
la elevada de braços parcialmente ocupados
matização, robotização do sistema produti- ou totalmente desocupados’. O exército in-
dustrial de reserva obtém-se, com a ajuda
vo; mudanças no campo da microbiologia,
de um processo bem simples, da aplicação
e suas aplicações no campo da engenharia de métodos que, deixando o trabalho mais
produtivo, diminuem sua demanda. O que
genética, biotecnologia etc.
chamamos hoje de novas tecnologias repre-
As transformações ocorridas no âm- sentam, a partir desse ponto de vista, um
progresso muito importante para o capital.
bito da produção reduzem o número de
As tecnologias da informação e da comunica-
trabalhadores necessários à produção ma- ção (o computador, o satélite, etc.) permitem
às empresas reduzir a demanda por trabalho
terial, gerando uma massa de excluídos e
(o montante da força de trabalho que elas
condições objetivas de exploração maiores devem comprar no ‘mercado de trabalho’)
e também transferi-la para países em que o
do que as que estão nos postos de trabalho custo da força de trabalho é com produtivi-
sob real ameaça de desemprego. dade mais ou menos igual, objetivamente
mais barata. (CHENAIS, 2008, p.31).

Em outras palavras, ao mesmo tempo em


que o processo produtivo exige a elevação
Importante ressaltar que as relações
do nível intelectual dos trabalhadores para
que estes possam acompanhar as mudanças produzidas pelo capital não são eternas,
tecnológicas, essa elevação do nível intelec-
mas foram construídas historicamente. Do
tual precisa, sob a ótica das classes dominan-
tes, ser limitada aos aspectos mais imediata- mesmo modo, as formas de resistência dos
mente atrelados ao processo de reprodução
trabalhadores aos avanços predatórios do
da força de trabalho, evitando-se a todo cus-
to que o domínio do conhecimento venha a capital produziram uma série de experi-
tornar-se um instrumento de luta por uma
ências que podem servir-nos como lição,
radical transformação das relações sociais de
produção. (DUARTE, 2001, p.8). de modo a contribuir para a definição de
estratégias de luta diante da ofensiva dos
Nesse sentido, as relações entre o ca- interesses burgueses.
pital e o trabalho foram modificadas em fa- Do ponto de vista do materialismo
vor do primeiro, o que tem caracterizado um dialético, as contradições que atravessam

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a sociedade afirmam e negam simultane- Diante da brutal exploração a que


amente a dominação de classe. Em outras milhares de trabalhadores são submetidos
palavras, justamente por não haver domi- diariamente, como pode haver positivida-
nação absoluta, abre-se o caminho para a de no ato produtivo que lhe suga todas as
gestação de um projeto vinculado organi- energias, oferecendo migalhas em troca?
camente aos interesses dos trabalhadores. A respeito dessa questão, as palavras de
Diante desta constatação, o presente artigo Marx, nos Manuscritos econômico-filo-
tem como objetivo apontar as principais sóficos, continuam válidas, pois a essência
características da educação politécnica e predatória do capital continua intacta:
discutir sua atualidade diante do projeto
[...] O trabalhador transformou-se numa
hegemônico neoliberal e pós-moderno.
mercadoria e terá muita sorte se puder en-
Trata-se de uma tarefa árdua, porém contrar um comprador. E a procura, à qual
está sujeita a vida do trabalhador, é deter-
necessária. Não é fácil para aqueles que
minada pelo capricho dos ricos e dos capi-
“vivem do trabalho”, que precisam garan- talistas. [...] O trabalhador não tem apenas
de lutar pelos meios físicos de subsistência;
tir sua sobrevivência, sejam empregados,
deve ainda lutar por alcançar trabalho, isto é,
subempregados ou desempregados, com- pela possibilidade e pelos meios de realizar a
sua atividade. (MARX, 2006, p.66-67).
preender a ideia do princípio educativo
do trabalho. Sendo pelo trabalho que a
Seria anacrônico entender que o pro-
produção da própria condição humana se
dá, na sociedade capitalista este processo letariado encontrado por Marx no Século
XIX é o mesmo de hoje. No entanto, a es-
passa a ser uma atividade que esvazia o
ser do homem, imprimindo- lhe formas e sência predatória do capitalismo, em que
conteúdos distorcidos; nesse processo, o pesem as suas mutações ao longo do século
trabalho se reduz unicamente à atividade XX, continua a mesma. O atual estágio de
de produzir a mais valia. Assim, os con- desenvolvimento das relações capitalistas
dicionantes sociais, produzidos pelo capi- não eliminou ou reduziu as contradições
tal, impõem o trabalho como estranho ao ou tensões que perpassam seu interior, mas
tornou-as mais complexas e profundas.
sujeito, em uma atividade humana aliena-
da que permeia todas as esferas da vida Marx percebia muito bem a natureza
em sociedade. Neste processo da divisão contraditória do progresso capitalista e não
social do trabalho, se enfatiza um sujeito ignorava de forma alguma seu lado sinis-
singular que não compreende sua totali- tro que sacrificava homens e mulheres em
dade social, desconhecendo sua condição nome do lucro. Não é preciso ir muito lon-
humana como produto social construído ge para verificarmos que, nos últimos anos,
histórica e socialmente. milhões de trabalhadores foram demitidos

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em função das transformações ocorridas no Poder-se-ia argumentar que se trata de


âmbito da produção, bem como das refor- um caso isolado, mas os fatos demonstram
mas neoliberais. o contrário. Com efeito, no atual estágio
No contexto brasileiro, essa situação de desenvolvimento das relações entre ca-
dramática adquire algumas especificidades pital e trabalho, muitos trabalhadores, para
que reforçam a condição de exploração do livrarem-se da miséria e da fome, aceitam
capital sobre o trabalho. Em primeiro lu- trabalhar em condições subumanas, por sa-
gar, destacamos que o Brasil, com exceção lários baixos ou recebendo apenas a comida
de Cuba, até então uma colônia espanho- e “moradia”. Muitos são humilhados, traba-
la, foi o último país livre das Américas a lham com uma carga que excede em muito
abolir a escravidão. Os trezentos anos de às oito horas diárias, o salário mínimo não é
trabalho escravo deixaram cicatrizes em respeitado e sequer possuem carteira assina-
nossa constituição histórica. E, pior, parece da. Dito de outra forma, quando o capitalista
que cada vez mais se tenta retomá-la, mas compra a força de trabalho, objetiva atender
sob novas roupagens. Sobre esse aspecto, sua necessidade fundamental, qual seja: ex-
não faltam notícias veiculadas na grande trair mais-valia e aumentar incansavelmente
imprensa denunciando a existência do tra- o acúmulo de capital.
balho escravo, ou mesmo de trabalhadores Dessa forma, os trabalhadores, ao
vivendo em condições de penúria. se depararem com o temor de serem ex-
A busca frenética pela redução de cluídos de forma definitiva pelo mercado,
custos e o aumento da competitividade em- pensam em alcançar o mais rápido possí-
presarial, no geral, têm significado para os vel um emprego, para não serem incluídos
trabalhadores precarização do trabalho e nas estatísticas do desemprego. O desem-
das relações de emprego. vejamos a repor- prego provoca o abatimento da capacidade
tagem de Carvalho publicada na Folha de de luta daqueles que “vivem do trabalho”.
São Paulo1: A luta deixa de ser por formas de supera-
ção do atual modelo para contentar-se em
A Justiça Federal em Pernambuco conde-
manter-se trabalhando. Diante da primei-
nou a sete anos e onze meses de prisão dois
empresários que submetiam os em- ra oportunidade de trabalho, os segmen-
pregados de seus engenhos em Moreno
tos mais afetados da “classe que vive do
(28,4 km de Recife) a condições análogas às
de escravidão. [...] Eles foram denun- ciados trabalho” agarram com “unhas e dentes”
pelo Ministério Público Federal em 2010. O
a primeira oportunidade de manterem-se
Ministério do Trabalho identificou que 101
trabalhadores dos engenhos Con- tra- vivos, como se essa fosse a única chance,
Açude, Furnas, Una e Capim Canela eram
sem questionar seus direitos anulados pe-
expostos a condições degradantes de
trabalho. las condições ofertadas.

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Escapa aos limites desse artigo a enu- nários dormindo ao relento’, disse Regina.
O alojamento foi fechado e os bolivianos,
meração dos casos de exploração presen- com ajuda da prefeitura de Pradópolis, en-
tes na sociedade contemporânea, mas não caminhados a um hotel na vizinha Jaboti-
cabal (SP).
deixa de ser irônico o fato de a notícia de
trabalho escravo ser publicada no Caderno
Essa breve citação é evocada aqui
de Negócios do jornal Estado de São Pau-
tão somente para ressaltar um caso que
lo, em 06 de março de 20122.
ilustra bem como o capital dispõe de
Representantes do Ministério Público do Tra- meios para comprar a força de trabalho
balho (MPT) e auditores fiscais do Ministério em condições favoráveis em diferentes
do Trabalho encontraram hoje um grupo de
oito bolivianos em condições degradantes circunstâncias. O propósito do capital é
na fábrica Biodiesel Brasil, em Pradópolis, criar ou recriar condições efetivas nas
interior de São Paulo. Eles trabalhavam no
processo de decantação do óleo de cozinha quais toda “oferta de emprego” seja acei-
que a fábrica utiliza na produção do combus- ta, e que a submissão volte a ser total.
tível e apontaram, como o responsável pela
empresa, Miguel Joaquim Dabdoub, um dos O capitalismo não produz somente a mi-
pioneiros da produção de biodiesel em esca- séria física do trabalhador, mas também
la industrial no Brasil e professor da Universi-
dade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, sua escravidão que, em alguns casos, não
interior paulista. se trata de retórica. A degradação provo-
Dabdoub admitiu ter iniciado o projeto da
unidade e ter trazido os bolivianos para cada pelas relações capitalistas materia-
trabalhar na construção e no começo da liza-se no roubo do tempo necessário à
operação da fábrica. Mas, segundo ele,
a unidade foi vendida para uma empresa educação e desenvolvimento intelectual,
chamada Energea, há seis meses. ‘Eu te- bem como na própria miséria de milhões
nho documentos que comprovam o negó-
cio e não posso mais responder por eles de seres humanos.
(bolivianos)’, disse. A Agência Estado não Nesse sentido, paradoxalmente, a
conseguiu localizar os representantes da
Energea. mesma sociedade – que tanto prega a in-
Os bolivianos relataram que não recebem dividualidade e a liberdade –, padroniza e
salário há dois meses, que não receberam
décimo-terceiro salário de 2011 e ainda que esvazia os indivíduos de forma brutal. Da
a companhia não depositaria o FGTS e não mesma forma que instrumentos extrema-
concederia férias aos funcionários. Além dis-
so, dois bolivianos teriam relatado a reten- mente eficientes, do ponto de vista técnico,
ção de documentos, o que impossibilitaria o para a produção e a difusão do conheci-
retorno deles ao País de origem.
Segundo a procuradora do MPT de Ribei- mento, produzem um brutal empobreci-
rão Preto Regina Duarte, os bolivianos dis- mento da cultura. E como se tudo isso não
seram ainda que trabalham das 7h às 22h,
de segunda-feira a sábado, e das 7h às 12h bastasse, transforma-os em seres descartá-
aos domingos. ‘O pior foi o alojamento dos veis prontos para se venderem a qualquer
funcionários, um galpão improvisado, com
ratos, sem comida e com um dos funcio- preço no mercado.

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Por isso, verifica-se com constância, acumulação, que eclodiu na década de


nas relações de trabalho, a contratação de 1970, conduziu à reestruturação dos pro-
trabalhadores autônomos ou em tempo par- cessos produtivos organizados a partir do
cial, cooperativado ou mesmo estagiários, modelo toyotista. Segundo Saviani:
que na prática significa única e exclusiva-
O modelo fordista/taylorista amparava-se na
mente uma forma de redução de custos.
instalação de grandes fábricas operando com
Nesse aspecto, cabe enfatizar que muitas tecnologia pesada de base fixa, incorporando
os métodos tayloristas de racionalização do
empresas, ao contratarem estagiários, o fa-
trabalho; supunha a estabilidade no empre-
zem em nome da formação do trabalhador, go e visava à produção em série de objetos
estandardizados, em larga escala, acumulan-
reduzindo a dimensão educativa do traba-
do grandes estoques dirigidos ao consumo
lho ao aprender fazendo. de massa. Diversamente, o modelo toyotista
apoia-se em tecnologia leve, de base micro-
Porém, o trabalho na formação social
eletrônica, flexível, e opera com trabalhado-
do capitalismo, ao se instituir como traba- res polivalentes visando à produção de obje-
tos diversificados, em pequena escala, para
lho alienado, reforça o sentido da adapta-
atender à demanda de nichos específicos do
ção e impõe limites à discussão emancipa- mercado, incorporando métodos como just
in time que dispensam a formação de esto-
tória da educação. Dito de outra forma, o
ques; requer trabalhadores que, em lugar da
produto do trabalho não pertence ao traba- estabilidade no emprego, disputem diaria-
mente cada posição conquistada, vestindo
lhador, existe a ausência de controle sobre a camisa da empresa e elevando constante-
a produção e sobre o próprio trabalho que, mente sua produtividade. (2008, p. 429).
controlado pela burguesia, expropria o sa-
ber dos trabalhadores. Como o capital necessita manter
Por fim, para alcançarmos os obje- sua hegemonia, utiliza-se de estratégias
tivos acima elencados, faz-se necessário para obtenção da adesão daqueles que vi-
realizarmos uma incursão sobre as princi- vem da venda de sua força de trabalho.
pais contribuições de autores como Marx Como a história já demonstrou, não basta
(2007, 2006, 1998), além de autores iden- simplesmente lançar mão do aparato re-
tificados com as proposições marxianas, pressivo como forma de dominação. Não
tais como Gramsci (1982),Saviani (2003; por acaso, a burguesia, por meio de seus
2007), Nosella (2008), entre outros. intelectuais orgânicos, busca por meio da
“direção moral e intelectual” difundir a
MUDANÇAS NOS PROCESSOS DE TRA- ideologia de que não existe outro caminho
BALHO E SEUS DESDOBRAMENTOS NO para a humanidade a não ser a adaptação às
CAMPO EDUCACIONAL regras do mercado mundial. É óbvio que os
A crise da sociedade capitalista ali- resultados das proposições burguesas para
cerçada no modelo fordista/taylorista de superação da crise não passam de paliati-

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vos que não eliminam as tensões de uma te que reitera o fim das lutas sociais conti-
sociedade dividida em classes antagônicas, nua vivo, da mesma forma que a defesa de
que os intelectuais da ordem negam a todo estratégias que contribuem para o esvazia-
o momento. mento daquilo que é a função essencial da
Evidentemente, numa sociedade or- escola: a transmissão-assimilação do saber
ganizada pelos ditames das relações capi- sistematizado.
talistas de produção, em que tudo se trans- O acesso ao conhecimento em nossa
forma em mercadoria, a educação escolar sociedade ocorre de maneira desigual e se-
envereda por formações utilitárias, curtas, letiva, com a aparência, entretanto, sedutora
diretamente utilizáveis e rentáveis ao capi- de respeito às diferenças culturais, pelo feti-
tal. Nesse sentido, os ideólogos da burgue- chismo da democratização do acesso ao co-
sia defendem sempre a redução das despe- nhecimento pelos diferentes tipos de cursos
sas com a educação, apontando o mercado oferecidos pelo mercado da educação e pela
como agente regulador e “democrático”. subordinação dos objetivos da educação es-
Em outras palavras, tanto a quantidade colar a uma lógica de constante esforço in-
como a qualidade da mão de obra forma- dividual, para se adaptar às transformações
da é determinada pelos interesses de curto das condições de vida e de trabalho.
prazo do capital. Isso posto, a nova promessa da escola
Nesse cenário, o discurso da emprega- integradora modificou-se de tal forma que
bilidade e flexibilidade das relações de tra- se tornou, desta vez, muito mais excludente.
balho ganhou espaço. Dentro da lógica ne-
[...] Passou-se de uma lógica da integração
oliberal, tais conceitos expressam o caráter
em função de necessidades e demandas
limitado da promessa integradora. Afinal, já de caráter coletivo (a economia nacional,
a competitividade das empresas, a riqueza
que não há espaço para todos no mercado,
social etc.) para uma lógica econômica es-
cabe a cada indivíduo adquirir no próprio tritamente privada e guiada pela ênfase nas
capacidades e competências que cada pes-
mercado a sua formação. Dito de outra for-
soa deve adquirir no mercado educacional
ma, a posse do conhecimento para colocar- para atingir uma melhor posição no mer-
cado de trabalho. Morta definitivamente
se à disposição do mercado cabe a cada um
a promessa do pleno emprego, restará ao
obter. No plano econômico, a integração de indivíduo (e não ao Estado, às instâncias de
planejamento ou às empresas) definir suas
indivíduos será facilitada, ainda segundo a
próprias ações, suas próprias escolhas que
lógica dominante, se o Estado flexibilizar as permitam (ou não) conquistar uma posição
mais competitiva no mercado de trabalho.
relações de trabalho, reduzindo os encargos
A desintegração da promessa integradora
sociais e permitindo a “livre negociação”. deixará lugar à difusão de uma nova pro-
messa, agora sim, de caráter estritamente
Colocando em foco o quadro educa- privado: a promessa da empregabilidade.
cional, percebe-se que o discurso dominan- (GENTILI, 2004, p. 49).

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Na linha das considerações acima in- Não vamos, nesse momento, apro-
dicadas, cabe observar que o discurso pós- fundar essa reflexão. Apenas registramos
moderno, irmão siamês das proposições ne- que a questão do conhecimento objetivo é
oliberais, deve ser entendido no quadro de uma questão ideológica, isto é, diz respei-
luta intensa do capital por sua perpetuação. to ao caráter do conhecimento. vejamos os
Nesse cenário, foi proclamado o “fim da apontamentos de Saviani:
história” ou o triunfo final do capitalismo,
[...] Com efeito, se existem interesses
bem como o fim de todas as “verdades”.
que se opõem à objetividade do conheci-
Isso posto, cabe-nos apresentar al- mento, há interesses que não só opõem
como exigem essa objetividade. É neste
guns elementos que estão presentes no dis-
sentido que podemos afirmar que, na
curso pós- moderno: atual etapa da história, os interesses
da burguesia tendem cada vez mais a se
opor à objetividade do conhecimento,
4. Rejeição categórica do conheci- encontrando cada vez mais dificuldades
de justificar racionalmente, ao passo
mento “totalizante” e de valores que os interesses proletários exigem a
“universais” – incluindo as con- objetividade e tendem cada vez mais a
se expressar objetiva e racionalmente.
cepções ocidentais de “racionali- É fácil compreender isso uma vez que a
dade”, ideias gerais de igualdade burguesia, beneficiária das condições de
exploração, não tem interesse algum em
e a concepção marxista de eman- desvendá-las, ao passo que o proletaria-
cipação humana geral. do que sofre com a exploração tem todo
o interesse em desvendar os mecanismos
5. Exaltação das “diferenças”: iden- dessa situação, que é objetiva. (2003, p.
tidades particulares, tais como 57) (o grifo é nosso).

sexo, raça, etnia, sexualidade etc.;


6. Eliminação da categoria trabalho Dessa forma, a classe dominante
como fundamento ontológico da providencia para que os trabalhadores
esfera do ser social; tenham acesso apenas ao conhecimento
7. Substituição da possibilidade do necessário que lhe possibilitem produ-
conhecimento real pela cultura da zir, mas não desvendar o mundo em que
incerteza e indeterminação; vive. Se a escola, em função das condi-
8. Afirmação de que os homens ções materiais em que está organizada,
são constituídos de linguagem, não permite o acesso ao conhecimento,
e nada mais, ou no mínimo, que os trabalhadores ficam bloqueados e im-
a linguagem é tudo o que pode- pedidos de ascenderem ao plano da ela-
mos conhecer do mundo e que boração do saber. Em outras palavras, o
não temos acesso a qualquer ou- conhecimento continua a ser propriedade
tra realidade. a serviço do capital.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRABALHO natureza os meios necessários à sua subsis-


COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO tência de maneira intencional por meio do
O primeiro pressuposto de toda a trabalho, o homem transforma-a, criando o
história humana é, naturalmente, a exis- mundo humano.
tência de indivíduos vivos. O primeiro fato
A produção de ideias, de representações, da
a constatar é, pois, a organização corporal
consciência, está, em princípio, imediata-
desses indivíduos e, por meio dela, a sua mente entrelaçada com a atividade material
e com o intercâmbio material dos homens,
relação dada com o restante da natureza.
com a linguagem da vida real. [...] Os homens
Naturalmente não podemos abordar, aqui, são os produtores de suas representações,
de suas ideias e assim por diante, mas os ho-
nem a constituição física dos homens nem
mens reais, ativos, tal como são condiciona-
as condições naturais, geológicas, oro-hi- dos por um determinado desenvolvimento
de suas forças produtivas e pelo intercâmbio
drográficas, climáticas e outras condições
que a ele corresponde, até chegar às suas
já encontradas pelos homens. Toda histo- formações mais desenvolvidas. (MARX; EN-
GELS, 2007, p.87).
riografia deve partir desses fundamentos
naturais e de sua modificação, pela ação
Trata-se de compreender que, dife-
dos homens no tempo, no decorrer da his-
tória. rente do animal que permanece mergulhado
na natureza, não projetando a sua existên-
Pode-se distinguir o homem dos animais cia, a capacidade de trabalho do homem o
pela consciência, pela religião ou pelo que
transforma em um ser histórico. Isso porque
se queira. Mas eles mesmos começam a se
distinguir dos animais tão logo começam cada geração recebe condições de vida e as
a produzir seus meios de vida, passo que é
transmitem a gerações futuras, sempre mo-
condicionado por sua organização corporal.
Ao produzir seus meios de vida, os homens dificadas – para pior ou para melhor. O tra-
produzem indiretamente sua própria vida
balho é a atividade humana por excelência,
material (MARX; ENGELS, 2007, p. 87).
pela qual o homem intervém na natureza e
em si mesmo. Portanto, não existe uma “na-
Como bem sabemos, não é possível
tureza humana” fixa e imutável. O mundo
separar a educação da existência humana.
resultante da ação humana é um mundo que
Para Marx, o trabalho possui uma dimen-
não podemos chamar de natural, pois se en-
são ontológica, de criação do próprio ho-
contra transformado pela ação consciente
mem, considerando que o trabalho é um
do trabalho, pela cultura e pela linguagem,
processo histórico, por meio do qual trans-
pela sua própria existência.
forma a natureza e a si mesmo na relação
que estabelece com seus semelhantes, por Dessa forma, a educação se confun-
meio de uma atividade que tem uma fina- de com as origens do próprio homem, pois
a sua existência pressupõe a produção dos
lidade definida e intencional. Ao retirar da

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meios necessários para sua sobrevivência. que tenha como finalidade não somente a
Segundo Saviani, ao contrário dos animais, emancipação política, mas a emancipação
que se adaptam à realidade natural tendo do homem.
a sua existência garantida naturalmente, o Aqui aparece de maneira muito cla-
homem precisa adaptar a natureza às suas ra a função que a sociedade civil ocupa na
necessidades e, com isso, produzir conti- construção da hegemonia: é o espaço, para
nuamente sua própria existência. Por isso além do Estado, onde se confrontam os di-
podemos afirmar que o trabalho define a ferentes projetos de sociedade, incluindo a
essência humana. (2003, p.12). educação, até prevalecer um que estabeleça
Isso posto, fica claro que o próprio a direção geral da economia, na política e
processo de produção do conhecimento na cultura. Dito de outra forma, enquanto o
deriva da atividade humana fundante do Estado (sociedade política), que representa
ser social. vale enfatizar que, para Marx, em última instância a burguesia, exerce o
o trabalho não possuía centralidade apenas domínio do capital, ou mais precisamente,
no aspecto ontológico. Na sua forma con- uma democracia nos moldes do liberalis-
creta, na sociedade capitalista, ele também mo burguês, é no âmbito da sociedade civil
possui uma centralidade política no sentido que as classes fundamentais buscam exer-
que cabe ao proletariado, a classe destituí- cer sua hegemonia, ganhar aliados para
da da posse dos meios de produção, a tare- suas posições mediante direção política e
fa de liderar a revolução que emancipará o consenso.
trabalho do julgo do capital. Nesse sentido, Gramsci não
considera a sociedade civil apenas como
Dentre todas as classes que hoje se opõem
espaço das iniciativas do mercado, mas
à burguesia, somente o proletariado é uma
classe realmente revolucionária. As outras também a manifestação das forças
classes se vão arruinando e perecem com o
ideológicas. Historicamente, não faltam
desenvolvimento da grande indústria; o pro-
letariado, ao contrário, é o seu produto mais exemplos que demonstram com clareza que
autêntico. (MARX; ENGELS, 1998, p.17).
em todos os momentos em que a
hegemonia burguesa esteve ameaçada,
Desse modo, a tarefa histórica da presenciamos o rompimento das regras do
classe operária implica tarefas políticas, jogo da democracia liberal.
isto é, a organização dos trabalhadores
No entanto, é evidente que o proces-
como classe com vistas ao enfrentamento
so de formação de uma nova cultura não
contra o poder do Estado burguês, com o
se fará do nada, mas sim a partir da ação
objetivo de destruí-lo. Em outras pala-
consciente e planejada de apropriação ne-
vras, trata-se de um projeto revolucionário
cessária do patrimônio cultural da humani-
dade. Dessa forma, é importante ressaltar

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que não se trata de um processo apenas no sentam indicativos concretos por onde o
plano da consciência, mas de fundamentar sistema pode começar a construir-se. Nessa
em ações concretas com vistas à transfor- perspectiva, um dos pontos fundamentais
mação da realidade. é, justamente, a negativa de reconhecer a
educação como um fato restrito ao mundo
Qualquer movimento político, de fato, que
escolar e compreender a atividade escolar
pretenda construir uma hegemonia na socie-
dade, precisa não apenas criticar e se separar como um fenômeno autossuficiente e inde-
do projeto global vigente, mas deve principal-
pendente das relações materiais.
mente apresentar propostas superiores e mais
abrangentes de sociedade. Sua ação política Nesse sentido, evocamos uma pas-
concreta, juntamente com o trabalho de des-
sagem do Manifesto, que apresenta uma
construção das bases hegemônicas do grupo
no poder, deve vir acompanhada pela apresen- proposta no âmbito da educação articula-
tação duma reinterpretação mais convincente
da com a perspectiva de classe: “Educação
da realidade. (SEMERARO, 1999, p.82).
pública gratuita para todas as crianças.
Abolição do trabalho infantil nas fábricas
Nasce aqui a função educativa de
na sua forma atual. Combinação da educa-
elevação moral e intelectual dos trabalha-
ção com a produção material etc.” (1998,
dores. Portanto, é no interior da sociedade
p.31). Como se vê, a inserção de Marx e
civil, como aponta Semeraro, no sentido
Engels na luta dos trabalhadores não foi
gramsciano, que aqueles que vivem da ven-
alheia à questão da educação. Com efeito,
da de sua força de trabalho são chamados
a proposição presente no texto aponta para
a desenvolver suas convicções e a lutar por
o estabelecimento de bases de um sistema
um novo projeto hegemônico enraizado na
novo que permita unificar o trabalho ma-
gestão democrática e popular do poder.
nual ao intelectual.
Diante dessas circunstâncias, encon-
Trata-se um movimento em direção a
tra-se a necessidade de procurarmos apro-
uma educação escolar que efetive a sociali-
fundar a discussão do trabalho como princí-
zação do conhecimento. Vejamos o enten-
pio educativo, que busca na transformação
dimento de Marx sobre a educação (2004,
radical da sociedade sua última finalidade.
p.68):
Mas, qual o significado da educação para
Marx e Engels? Ora, sabemos que Marx e Por educação entendemos três coi-
Engels em nenhum momento escreveram sas:
especificamente sobre o tema da educação.
Suas referências sobre o tema aparecem ao 2. Educação intelectual.
longo de sua produção. No entanto, se não 3. Educação corporal, tal como a
constituem um sistema educacional, apre- que se consegue com os exercí-
cios de ginástica e militares.

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O Trabalho Como Princípio Educativo: A Atualidade da Educação Politécnica 267

4. Educação tecnológica, que reco- Isso implica que um processo educa-


lhe os princípios gerais e de cará- tivo emancipatório será aquele que possi-
ter científico de todo o processo bilite aos alunos compreenderem, partindo
de produção e, ao mesmo tempo, da leitura crítica das relações materiais de
inicia as crianças e os adoles- produção de sua existência, a dimensão on-
centes no manejo de ferramentas tocriativa do trabalho.
elementares dos diversos ramos
industriais. PROPOSIÇÕES: O TRABALHO COMO
PRINCÍPIO EDUCATIVO NA INTEGRAÇÃO
Depreende-se, a partir das proposi- DA EDUCAÇÃO BÁSICA E PROFISSIONAL
ções de Marx, a combinação da educação Parece-nos consenso entre os estu-
(incluindo-se aí a educação intelectual, cor- diosos de Gramsci que o pensador
poral e tecnológica) com a produção ma- sardenho aponta com destaque para o papel
terial, com o objetivo de superar a lacuna da cultura. No entanto, para refletirmos
histórica produzida entre trabalho manual e sobre educação e cultura, torna-se
trabalho intelectual e, dessa forma, possibi- necessário compreender a vinculação entre
litar a todos uma compreensão integral do Sociedade Civil e escola. Como afirmamos
processo produtivo. Assim sendo, o papel anteriormente, Sociedade Civil é o espaço
da educação escolar na luta pela superação de luta pela hegemonia, de condução de
da sociedade capitalista define-se pela ne- uma determinada classe. É certo que muitos
cessidade do conhecimento na luta contra marxistas enxergavam o Estado como um
o capital e na busca da formação plena do comitê de negócios da burguesia. No
ser humano, tal qual aponta Duarte (2012, entanto, o momento vivenciado por gramsci
p.155): não permitia esse tipo de avaliação. Ainda
que o Estado continuasse como uma
[...] A transmissão do conhecimento cien-
instância institucional dos interesses do
tífico, artístico e filosófico pela escola é
de grande importância quando se tem a capital, já não era mais possível continuar o
perspectiva da formação dos indivíduos
processo de dominação utilizando-se apenas
na direção caracterizada por Marx, ou
seja, na constituição da individualidade de mecanismos de repressão.
livre e universal. [...] Ora, a escola pre-
Recordemos brevemente que muitos
cisa ir além do cotidiano das pessoas e
a forma de ela fazer isso é por meio da marxistas enxergavam o Estado unicamen-
transmissão das formas mais desenvolvi-
das e ricas do conhecimento até aqui pro-
te como Estado-coerção, ou seja, como Es-
duzido pela humanidade. Não interessa, tado em sentido estrito, fadado a atender
porém, à classe dominante que esse co-
exclusivamente aos interesses da burgue-
nhecimento seja adquirido pelos filhos da
classe trabalhadora. sia. Gramsci amplia essa perspectiva para
a noção de Estado ampliado, que deve ser

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compreendido como arena de lutas pela lores dominantes, Gramsci percebe-a


conquista da hegemonia. Esse contexto se como um espaço atravessado pelas
expressa, ao mesmo tempo, nas esferas do contradições de uma sociedade de classes,
Estado (nos poderes executivo, legislativo além de constituir-se em uma trincheira a
e judiciário), como também orienta e po- ser conquista- da pelos segmentos
tencializa as lutas sociais concretamente comprometidos com a causa dos
existentes fora da esfera estatal (movimen- trabalhadores.
tos sociais, partidos, sindicatos etc). Aqui, Se é verdade que a escola reproduz
vale a pena reforçar os apontamentos de os interesses dominantes, também é ver-
Coutinho, segundo o qual o Estado “res- dadeiro que pode vir a ser uma instituição
trito”, característico da primeira metade do útil de acesso à cultura letrada, de modo
século XIX, tornou-se “ampliado”, “com- a tornar cada trabalhador um “dirigente”.
plexo”, no qual se verifica a crescente par- Dito de outra forma, trata-se de um dos ins-
ticipação das massas, o que se traduz em trumentos de luta para alterar a correlação
uma rede de “aparelhos privados de hege- de forças no interior da sociedade civil e
monia”, o que implica uma nova orienta- solidificar um projeto hegemônico, mesmo
ção política para as lideranças operárias. que os trabalhadores ainda não se tenham
(COUTINHO, 1999, p.210). constituindo em uma força hegemônica.
Isso posto, cabe enfatizar que não
Se se quer destruir esta trama, portanto,
existe sistema social em que o consentimen-
deve-se evitar a multiplicação e graduação
to seja a base exclusiva da hegemonia, nem dos tipos de escola profissional, criando-
se, ao contrário, um tipo único de escola
Estado que utilize única e exclusivamente
preparatória (elementar-média) que con-
a coerção como instrumento de dominação duza o jovem até os umbrais da escolha
profissional, formando-o entrementes
de uma determinada classe. A dominação
como pessoa capaz de pensar, de estu-
alicerçada exclusivamente na força só pode dar, de dirigir ou de controlar quem dirige.
(GRAMSCI, 1982, p.136).
ser provisória e expressar a crise do bloco
histórico em que a classe dominante, já não
possuindo mais a direção ideológica da so- Por isso, é fundamental enfatizar
ciedade, permanece por meio da força. que o chão da escola não se mostra me-
ramente como o espaço por excelência de
Diante dessas considerações, qual o
papel da educação? A escola como insti- reprodução do discurso dominante, mas,
ao contrário, como um campo de disputa
tuição da superestrutura é uma trincheira
viável aos interesses dos trabalhadores? entre diferentes proposições educacionais.
Entendemos que a luta por uma educação
Ao contrário de Althusser, que enxerga na
escola uma instituição reprodutora dos va- politécnica nunca pode estar separada das
lutas sociais no seu conjunto, da luta das

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O Trabalho Como Princípio Educativo: A Atualidade da Educação Politécnica 269

classes na sociedade, da luta pela supera- quistas reais – reinterpretando-as, transfigu-


ção da sociedade dividida em classes. rando-as em consonância com os interesses
Diante de tais argumentos, defende- de classes daqueles que vivem da venda de
mos, tal qual Saviani, uma educação esco- sua força de trabalho.
lar que, centrada na ideia de politécnica,
permita a superação da contradição entre o SEM UMA TEORIA PEDAGÓGICA REVO-
homem e o trabalho, por meio da tomada LUCIONÁRIA NÃO HÁ PRÁTICA PEDAGÓ-
de consciência teórica como constituinte GICA REVOLUCIONÁRIA
da essência humana, para todos e cada um O ponto fundamental para a compre-
dos homens. (1997, p.194) ensão da concepção do princípio educati-
É óbvio que uma educação politécni- vo do trabalho fundamenta-se na assertiva
ca, que tenha por finalidade a união cons- marxiana de que o trabalho humaniza o ho-
ciente e elaborada da prática com a teoria, só mem. Porém, diante das relações marcadas
poderá ser estabelecida em uma sociedade pela hegemonia da burguesia, em que se
socialista, porém pode e deve ser, a partir de encontra subordinado ao capital, o trabalho
hoje, um incitamento para a transformação é fonte de alienação, que educa e disciplina
de nossa educação escolar. É mais do que aqueles que vivem da venda de sua força
urgente conquistar espaços no aparato esco- de trabalho no sentido de uma sociabilida-
lar e arrancar a hegemonia burguesa da edu- de de relações sociais estranhadas.
cação, desvelando o processo de produção Tal estranhamento torna-se ainda
material e as origens das relações sociais. mais nefasto diante das novas formas de
Entendemos que a educação politéc- acumulação do capital na sociedade con-
nica tomará por base a compreensão e o fun- temporânea, marcada pela agudização da
cionamento da produção da vida material. O crise capitalista e degradação das condi-
esforço educativo deverá identificar os prin- ções de trabalho da imensa maioria daque-
cípios gerais e científicos do trabalho articu- les que precisam vender-se aos caprichos
lado com um projeto de sociedade não ex- do capital. Nesse caso, revertida em formas
cludente. Trata-se, enfim, de lutar por uma de “inclusão excludente”, inviabiliza mate-
educação que tenha o homem como centro e rialmente o acesso ao conhecimento.
não o mercado de trabalho. No entanto, isto Nesse cenário, marcado pela he-
não implica que tudo o que foi construído gemonia neoliberal, a educação escolar é
ou conquistado até o momento no âmbito da apresentada como instrumentos de inser-
educação escolar deva ser eliminado, pois a ção das nações e dos indivíduos nas eco-
escola politécnica, se é a antítese da escola nomias globalizadas e mercados competiti-
burguesa, defende, integra, prolonga as con- vos. vê-se o que está em jogo: as condições

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270 Marco Antônio de Oliveira Gomes,Antônio Carlos Maciel, Rosângela de Fátima Cavalcante França, Gedeli Ferrazzo

materiais de existência dos trabalhadores e o conhecimento, estabelecendo não só o


favorecem ao incremento da exploração trato com conteúdos, mas especialmente
da mão de obra, principalmente diante da com formas metodológicas que permitam
hegemonia das proposições neoliberais. o emprego do conhecimento sócio-históri-
Nesse cenário, em que as relações merca- co e científico-tecnológico para intervir na
dológicas ganham o status de intocáveis, realidade, criando novos conhecimentos.
o ensino envereda por formações cada vez De forma mais concreta, é importante que
mais utilitárias. os alunos possam compreender a natureza
As transformações ocorridas no âm- contraditória do modo de produção capi-
bito da produção material da sociedade, talista; o papel ocupado pelos trabalhado-
que foram acentuadas a partir das três úl- res na produção material da sociedade; o
timas décadas do século XX e no primeiro espaço que poderá vir a ser ocupado pelos
decênio do século XXI, colocam-nos o de- filhos da classe trabalhadora.
safio de promover uma proposta pedagógi-
Desta maneira, os conteúdos não seriam
ca em que os conteúdos sejam apropriados
mais apropriados como um produto frag-
teoricamente como instrumentos da com- mentado, neutro, aistórico, mas como uma
expressão complexa da vida material, inte-
preensão e transformação da sociedade.
lectual, espiritual dos homens de um deter-
Esse fazer pedagógico, que já foi ex- minado período da história. Os conhecimen-
tos científicos necessitam, hoje, ser recons-
plicitado pela Pedagogia Histórico-Critica, truídos em suas plurideterminações, dentro
mostra que a experiência concreta dos ho- das novas condições de produção da vida
humana, respondendo, quer de forma teóri-
mens é o critério da verdade do conheci- ca, quer de forma prática, aos novos desafios
mento expresso nas representações sociais. propostos. (GASPARIN, 2003, p. 3).

gasparin aponta para a necessidade de os


conteúdos nãos serem entendidos de forma A partir desta proposta, entende-
linear, mas por meio de seus vínculos com mos que o ponto de partida da Pedago-
outros conteúdos da mesma disciplina ou de gia Histórico Crítica deve ser a realidade
outras disciplinas. Dessa forma, cada parte, social mais ampla. Esse enfoque aponta
cada fragmento do conhecimento só adquire para a necessidade do planejamento de
seu sentido pleno à medida que se insere no atividades intencionais que promovam
todo maior de forma adequada (2003, p.3). situações para que os educandos superem
Evidentemente, a Pedagogia Histó- o senso comum e transitem para o conhe-
rico-Critica exige a organização de uma cimento científico.
proposta didática que desenvolva situações Em nosso entendimento, essa pro-
de aprendizagem que permitam a intera- posta será a partir do marco referencial
ção expressiva e constante entre o aluno epistemológico dialético do conhecimen-

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O Trabalho Como Princípio Educativo: A Atualidade da Educação Politécnica 271

to, tanto para fundamentar a concepção mos delinear uma concepção metodológica
metodológica e o planejamento de ensino dialética do processo educativo.
-aprendizagem como a ação docente-dis- Psistrak demonstra isso ao explicitar
cente. Essa perspectiva parte do princípio que:
O objetivo fundamental da escola é, por-
do conhecimento como fruto do trabalho
tanto, estudar a realidade atual, penetrá-la,
humano no processo histórico de transfor- viver nela. Isso não quer dizer, certamente,
que a escola não deva estudar as ruínas do
mação do mundo e da sociedade, ou seja,
passado: não, deve estudá-las, e assim será
o desenvolvimento científico subordina-se feito, mas com a compreensão de que são
apenas ruínas do passado e de que seu es-
ao regime social e às relações materiais so-
tudo deve ser iluminado à luz da realidade
cialmente hegemônicas. atual, no sentido já indicado, à luz da luta tra-
vada contra o passado e da transformação da
vida que deve levar à sua liquidação. (2011,
Os pressupostos de que partimos não são
p.26).
pressupostos arbitrários, dogmas, mas
pressupostos reais, de que só se pode abs-
trair na imaginação. São os indivíduos re-
Eis um exemplo importante que nos
ais, sua ação e suas condições materiais de
vida, tanto aquelas por eles já encontradas é dado de uma proposição que procura pro-
como as produzidas por sua própria ação.
porcionar material para a luta dos trabalha-
Esses pressupostos são, portanto, cons-
tatáveis por via puramente empírica. [...] dores. Dessa forma, em lugar de aguardar
Pode-se distinguir os homens dos animais
que as contradições do capitalismo o tornem
pela consciência, pela religião ou pelo que
se queira. Mas eles mesmos começam a se insuportável, é fundamental que os educa-
distinguir dos animais tão logo começam a
dores, identificados com uma perspectiva
produzir seus meios de vida, passo que é
condicionado por sua organização corporal. revolucionária, se inclinem sobre as con-
Ao produzir seus meios de vida, os homens
tradições inerentes à sociedade dividida em
produzem, indiretamente, sua própria vida
material. (MARX; ENGELS, 2007, p.86-87). classes e que as explorem uma a uma.
Defendemos a proposição de que a
A partir da perspectiva do materialis- união “trabalho-ensino” representa uma
mo histórico e dialético, a prática do funda- trincheira a ser conquistada por aqueles
mento do conhecimento, o homem só conhe- que se colocam no campo de combate ao
ce o que é objeto ou fruto de sua atividade e capitalismo.
só o conhece porque atua praticamente. No
A escola não é o feudo da classe dominante;
entanto, não qualquer prática, mas essen-
ela é terreno de luta entre a classe dominan-
cialmente o trabalho. Em outras palavras, o te e a classe explorada; ela é o terreno em
que se defrontem as forças do progresso e as
que desejamos explicitar é que o processo
forças conservadoras. O que lá se passa refle-
de produção do conhecimento é o desdobra- te a exploração e a luta contra a exploração.
A escola é, simultaneamente, reprodução
mento da atividade humana fundante do ser
das estruturas existentes, correia de trans-
social. A partir dessa epistemologia, pode- missão da ideologia oficial, domesticação –

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272 Marco Antônio de Oliveira Gomes,Antônio Carlos Maciel, Rosângela de Fátima Cavalcante França, Gedeli Ferrazzo

mas também ameaça à ordem estabelecida de uma concreta socialização dos meios de
e possibilidade de libertação. O seu aspecto
reprodutivo não a reduz a zero: pelo contrá- produção. No campo da educação escolar,
rio, marca o tipo de combate a ser travado, trata-se de confrontar todas as astúcias da
a possibilidade desse combate que já foi de-
sencadeado e que é preciso continuar, que ideologia hegemônica que contribuem para
institui a possibilidade objetiva de luta. (SNY- lançar os trabalhadores na miséria material
DERS, 2005, p. 102-103).
e miséria intelectual. O capitalismo gene-
raliza a impossibilidade de uma civilização
Em outras palavras, é plenamente
que emancipe todos os homens.
possível explorar as contradições presentes
Para que o conhecimento socialmen-
no modo de produção capitalista buscan-
te produzido pela humanidade possa ser di-
do ampliar a estratégia de sua superação.
fundido, é necessário que a grande parcela
É por este motivo central que a proposição
da população mundial saia da condição de
de uma Pedagogia Histórico Crítica se faz
absoluto analfabetismo e torne-se capaz de
necessária como instrumento de luta no
assimilar informações imediatamente apli-
campo da educação escolar. Pelo que foi
cáveis, sem a necessidade de grandes alte-
dito até aqui, parece-nos notório que essa
rações no cotidiano dos indivíduos.
concepção toma por princípio a constitui-
Dessa forma, temos que organizar
ção de um projeto que auxilie na tarefa his-
estratégias de luta a partir das condições
tórica de superação do capital.
objetivas e disponíveis da produção ma-
terial da escola, forjando instrumentos de
CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS
superação dos limites da educação escolar
Entendemos que a materialidade so-
existente. Trata-se de ampliar as trinchei-
cial das relações capitalistas é “totalizan-
ras dentro da sociedade civil com vistas à
te” em formas e graus sem precedentes.
redefinição da política educacional e reor-
Sua lógica transforma tudo em mercadoria,
ganização do sistema de ensino no Brasil.
incluindo os trabalhadores. Entender esse
O desafio está em identificar os proble-
sistema requer exatamente o tipo de conhe-
mas autênticos, aos quais os modismos in-
cimento “totalizante” que a produção de
telectuais correntes oferecem soluções (?)
Marx e Engels oferece e os pós-modernis-
fáceis – ou simplesmente não oferecem
tas rejeitam.
nada de concreto – , e, ao fazer isso, con-
A estratégia de luta de todos os in-
testar os limites que elas impõem à ação e
telectuais e educadores que estejam com-
à resistência.
prometidos com a superação da ordem
capitalista deve ser a de potencializar as
Recebido em: Agosto de 2013
contradições dessa sociedade, na direção
Aceito em: Novembro de 2013

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