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https://p2.trrsf.com/image/fget/cf/774/0/images.terra.com/2013/09/18/nyhistoryworkersalternaterep-
time.jpg
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/image/contentid/policy:7.4687104:1662142787/
torra.jpg?f=default&$p$f=e41e1f1
https://guiadoestudante.abril.com.br/wp-content/uploads/sites/4/2021/07/Uberiza%C3%A7%C3%A3o-
do-trabalho.jpg?quality=100&strip=info&w=1280&h=720&crop=1
Trabalhadores da construção Civil (1932) no horário de almoço em arranha-céu em Manhattan, Nova York
Trabalhador remoto em café público em Fortaleza, Ceará.
Cena do filme O filme “GIG – A Uberização do Trabalho” (2019), dirigido por Carlos Juliano Barros, Caue Angeli e Maurício
Monteiro Filho.
Leia mais em: https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/o-que-e-a-uberizacao-do-
trabalho/
Nesta Unidade 2, intitulada "Trabalho e Renda", abordaremos temas como a distinção entre
trabalho e emprego, a função social do trabalho, o debate entre valorização do trabalho
intelectual versus manual e as disparidades socioeconômicas decorrentes da diversidade
ocupacional. Trabalho e emprego, embora frequentemente usados de forma intercambiável,
possuem significados distintos, sendo o emprego uma ocupação remunerada específica,
enquanto o trabalho abrange todas as atividades humanas que agregam valor à sociedade,
remuneradas ou não.
A unidade também examinará o papel do trabalho feminino e a invisibilidade do trabalho,
explorando as implicações dessas distinções e seu impacto na percepção de trabalho, renda e
nas valorações sociais das ocupações.
Mergulharemos na função social do trabalho, entendendo como nossas ações profissionais
contribuem para o bem-estar coletivo e o desenvolvimento da sociedade. Analisaremos a
valorização do trabalho intelectual em contraste com o trabalho manual, explorando os
desafios, preconceitos e oportunidades associados a ambos.
A diversidade do trabalho é um tema central desta unidade. Vamos examinar como essas
diferenças socioeconômicas se manifestam e quais estratégias podem ser adotadas para
promover uma sociedade mais equitativa. Este é um espaço de aprendizagem e reflexão, onde
pretendemos ampliar nossa compreensão sobre trabalho e renda.
2. O que você sabe sobre a história dos direitos trabalhistas em nosso país?
Nesta etapa da escolarização, é provável que o estudante já tenha sido exposto à alguns conceitos históricos sobre
direitos trabalhistas e até mesmo conheça razoavelmente a história da legislação trabalhista brasileira. De toda forma,
o panorama histórico das transformações nas condições de trabalho deve ser o centro da sua resposta nessa questão,
apontando como as formas e as relações de trabalho são elementos historicizáveis e em constante transformação.
<Abre boxe>
Glossário: Refere-se a algo ou alguma coisa que pode ser trocado, substituído por algo similar
ou equivalente.
<Fecha boxe>
<Abre boxe>
EM13CHS401 Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com
culturas distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de
trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
EM13CHS402 Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços,
escalas e tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
EM13CHS403 Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e
de trabalho próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades
sociais, da opressão e da violação dos Direitos Humanos.
<Fecha boxe>
Você já parou para pensar que nossas ocupações e atividades diárias são profundamente influenciadas
pela época em que vivemos? Nos últimos anos, testemunhamos uma transformação impressionante no
mundo do trabalho devido aos avanços tecnológicos. A forma como as pessoas trabalham, os empregos
disponíveis e as habilidades necessárias para o sucesso no mercado de trabalho evoluíram de maneira
significativa.
A revolução tecnológica tem sido uma força motriz por trás dessas mudanças. Antes, muitos empregos
envolviam tarefas manuais e rotineiras, mas hoje a automação e a inteligência artificial desempenham
um papel central em muitos setores. Isso significa que determinados trabalhos que antes eram
realizados por pessoas estão sendo realizados por máquinas, isso nos traz alguns questionamentos: as
novas tecnologias e formas de trabalho estão liberando as pessoas para se concentrarem em tarefas
mais criativas e estratégicas ou são instrumentos para gerar ainda mais desemprego e desigualdade
social? Essa é uma questão fundamental que exploraremos ao longo deste capítulo.
A natureza do local de trabalho também está mudando. O trabalho remoto se tornou uma realidade
para muitos, permitindo que as pessoas desempenhem suas funções de qualquer lugar do mundo desde
que conectadas a internet. A flexibilidade no local de trabalho é uma tendência crescente em grandes
centros urbanos, no entanto, isso também levanta questões sobre a necessidade de desenvolver
habilidades fundamentais de autogestão e disciplina. Outra mudança fundamental é a importância cada
vez maior da educação e da formação continuada, processo essencial que envolve a busca constante por
aprendizado e aprimoramento profissional ao longo da carreira. A formação continuada não se limita à
educação formal, abrangendo também cursos, workshops, seminários e outras iniciativas que visam
atualizar conhecimentos, desenvolver novas habilidades e adaptar-se às demandas dinâmicas do
mercado de trabalho. A necessidade de aprendizado contínuo é hoje mais importante do que nunca,
pois as habilidades exigidas pelos empregadores podem mudar rapidamente. Os trabalhadores são cada
vez mais compelidos a se adaptar a essas mudanças, desenvolvendo habilidades como resolução de
problemas, pensamento crítico e comunicação eficaz.
<abre boxe>
Glossário Trabalho remoto é a forma de emprego em que os profissionais realizam suas tarefas fora do
escritório tradicional, utilizando meios de comunicação digital para se conectar com os colegas e realizar
suas atividades.
<fecha box>
Recente pesquisa do IBGE revelou um panorama significativo sobre o teletrabalho no Brasil. O gráfico a
seguir detalha as nuances dessa prática, destacando variações por sexo, grupos etários e nível de
instrução.
A tecnologia está se tornando uma aliada essencial em diversos setores, incluindo o meio rural, medicina
e bancos. No campo, por exemplo, a agricultura de precisão, com o uso de sensores e drones, está
revolucionando a forma como as grandes propriedades agricultoras monitoram e otimizam o uso de
recursos, aumentando a sua produtividade. Na medicina, a telemedicina permite consultas a distância,
aproximando os serviços de saúde aos pacientes. Além disso, recursos integrados de Inteligência
Artificial ajudam os médicos na interpretação de exames de imagem e no diagnóstico de doenças. Na
área financeira, a tecnologia tem transformado a maneira como as instituições financeiras operam e
como os clientes interagem com elas. A proliferação de bancos exclusivamente digitais e a digitalização
dos serviços bancários tornaram as transações mais rápidas, seguras e convenientes. No caso brasileiro,
por exemplo, segundo o Banco Central, no ano de 2022, cerca de 29% de todas as transações bancárias
realizadas foram feitas através do sistema de pagamento Pix.
Em suma, todas estas mudanças também têm implicações para a economia global. As indústrias estão se
transformando, e novos setores estão emergindo, criando oportunidades econômicas, mas também
gerando desafios relacionados à desigualdade e à distribuição de renda.
<Abre boxe>
Glossário Desenvolvido pelo Banco Central Brasileiro e 2020, o PIX é um meio de pagamentos
instantâneos que permite a transferência de dinheiro entre contas bancárias em tempo real,
independentemente do dia ou horário. O sistema é acessado por meio de aplicativos de instituições
financeiras participantes, possibilitando transações simples e rápidas por meio de chaves, como número
de telefone, e-mail ou CPF, ou mesmo QR codes.
<fecha boxe>
<Entra imagem (exemplo de cirurgia feita à distância): https://www.holidayhealth.com/long-distance-
robotic-surgery-doctor-robot-operating-from-400km-away/
<entra imagem: (Pulverização de químicos com drone no campo) https://agroinsight.com.br/wp-
content/uploads/2022/02/drone-spraying-pesticide-wheat-field-2-1024x682.jpg>
Dentre as profissões que desapareceram em grande parte devido à tecnologia estão aquelas que
envolvem principalmente tarefas manuais e repetitivas, que tendem a ser automatizadas através de
algoritmos e inteligência artificial. Profissões como as de ascensorista, operadores de telemarketing,
atendentes de caixa em bancos, arquivistas, entre outras, encontram-se e profundo declínio devido à
automação e a digitalização de acervos e transações bancárias.
Um exemplo notório da rápida extinção de uma profissão devido aos avanços tecnológicos e o
“revelador de fotos”, esse profissional, se dedicava a confecção das copias físicas de fotografias tiradas
pelas câmeras analógicas através de filmes fotográficos chamados de “negativos”.
<abre box>
Glossário
Um negativo fotográfico é uma película fotossensível usada na fotografia. Ele contém uma imagem
invertida em relação à fotografada, onde as áreas claras aparecem escuras e vice-versa. O negativo é
usado como base para a criação de cópias impressas em papel fotográfico, onde as cores e tons são
corrigidos durante o processo de revelação
<fecha box>
Ao mesmo tempo em que os avanços tecnológicos extinguem profissões, eles também geram
oportunidades de desenvolvimento profissional. Estes novos ofícios refletem as demandas do mundo
moderno, gerando oportunidades em áreas que adquirem papel importante em nossa sociedade. Por
exemplo, com o advento das redes sociais e a importância do marketing online, os "especialistas em
mídias sociais" tornaram-se fundamentais para ajudar empresas a se conectarem com seu público e
promover suas marcas. Outra área que têm observado grande crescimento é a da tecnologia da
informação. Seja através do desenvolvimento de aplicativos, ou mesmo da análise de dados, uma vez
que a quantidade de informações disponíveis e a necessidade de geri-las cresceu exponencialmente.
<Abre boxe>
Extra:
Para compreender mais como os avanços tecnológicos influenciam a área da medicina, recomendamos
assistir o documentário “Sinais Vitais”, da CNN, que mergulha nas complexidades da saúde e da medicina
modernas. Desde avanços na telemedicina até as últimas pesquisas em tratamentos de doenças, "CNN
Sinais Vitais" explora as mais recentes inovações adotadas pela medicina brasileira e oferece uma visão
promissora do que o futuro pode trazer. Imagine, por exemplo, uma máquina capaz de imprimir partes
de órgãos vitais, como rins e corações, potencialmente reduzindo as angustiantes listas de espera por
transplantes. Este é apenas um vislumbre das tecnologias médicas que já estão sendo exploradas e das
perspectivas emocionantes que aguardam a área da saúde nos próximos anos.
<entra QR CODE para o documentário disponível gratuitamente no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=q6Gy8DBeJ1Y>
<fecha boxe>
O principal marco de transformação na lógica do trabalho em nosso país foi a chamada consolidação das
leis trabalhistas (CLT), promulgada em 1943. Essa legislação representou um marco importante ao
estabelecer direitos fundamentais, como jornada de trabalho, férias remuneradas, décimo terceiro
salário e normas de segurança. A CLT contribuiu para a melhoria das condições laborais e a proteção dos
direitos dos trabalhadores, estabelecendo um equilíbrio entre empregadores e empregados. Não é
exagerado dizer que esse decreto foi um dos principais instrumentos de inclusão social em um país onde
há desigualdade social. É bastante curioso imaginar que este decreto, promulgado sem consulta ao
legislativo, uma vez que o Brasil estava sob Júdice da ditadura do Estado Novo (1937-1945), ainda hoje
seja o principal e mais avançado instrumento de proteção dos direitos dos trabalhadores em nosso país.
Ainda hoje, a CLT desempenha um papel crucial na garantia dos direitos dos trabalhadores no Brasil. Ao
longo dos anos, a legislação tem sido fundamental na evolução das condições laborais no país,
proporcionando um arcabouço legal que visa não apenas a estabilidade econômica, mas também o
respeito à dignidade e aos direitos básicos dos trabalhadores brasileiros.
Ainda hoje, a busca por um equilíbrio que garanta tanto a competitividade das empresas quanto a
preservação dos direitos fundamentais dos trabalhadores continua a representar um desafio,
destacando a importância de ajustes contínuos da legislação trabalhista. A própria evolução tecnológica
e as diversas formas de trabalho criadas pela contemporaneidade são um desafio a qualquer legislação,
enquanto a CLT regia a relação entre empregados e contratados de maneira fixa e registrada, hoje é
muito mais comum encontrarmos vínculos empregatícios muito mais difusos e desafiadores, como são
os casos dos trabalhadores informais, dos empregados temporários, dos prestadores de serviços
freelance etc.
<abre boxe>
Glossário Chamamos de Freelance o profissional autônomo que oferece seus serviços de forma
independente, sem estar vinculado a um empregador fixo.
<fecha boxe>
<abre boxe>
Extra
Filme: GiG. A “uberização do trabalho”, 2019. Direção de Carlos Juliano Barros, Caue Angeli & Maurício
Monteiro Filho. 60 mim.
O filme mergulha nas complexidades desse fenômeno contemporâneo, explorando como as plataformas
digitais de trabalho, têm impactado as relações laborais. A narrativa revela as nuances e desafios
enfrentados por trabalhadores inseridos nesse modelo, destacando questões como precarização,
flexibilização, e a influência da tecnologia na configuração do mercado de trabalho. "GiG" oferece uma
visão crítica sobre as transformações na natureza do emprego na era digital, instigando reflexões sobre
os efeitos sociais e econômicos da chamada "economia de gig".
<fecha boxe>
A crescente uberização da economia destaca um cenário em que trabalhadores informais, muitas vezes
engajados em plataformas digitais, desfrutam de flexibilidade, mas enfrentam uma falta significativa de
segurança no emprego e benefícios sociais. A natureza dinâmica e descentralizada desse modelo pode
levar à precarização do trabalho, com a ausência de regulamentações laborais tradicionais. O desafio
reside em encontrar um equilíbrio entre a inovação econômica e a proteção adequada dos direitos dos
trabalhadores, promovendo uma abordagem mais justa e sustentável na relação entre as plataformas
digitais e seus empregados.
<abre box>
Glossário
Trabalhadores informais são indivíduos que desempenham atividades econômicas sem vínculo formal
ou regulamentação, muitas vezes atuando de forma autônoma e sem contratos tradicionais. Esses
profissionais enfrentam desafios como a falta de benefícios sociais e proteções trabalhistas associadas a
empregos formais. A informalidade pode surgir devido a barreiras de entrada no mercado formal,
escolhas pessoais ou limitações econômicas.
<fecha box>
<abre box>
Glossário
O Tratado de Versalhes foi um documento internacional assinado em 1919 com o objetivo de encerrar
formalmente a Primeira Guerra Mundial. O tratado tinha o propósito de impor penalidades à Alemanha,
restringindo suas capacidades militares, remarcando suas fronteiras e estabelecendo responsabilidades
econômicas e territoriais. Além disso, visava construir um novo sistema internacional, promovendo a
segurança coletiva por meio da criação da Liga das Nações, uma organização destinada a prevenir
conflitos futuros
<fecha box>
Entretanto, a eficácia da OIT e de outras instituições internacionais enfrenta desafios diante das
transformações rápidas na economia global e das novas dinâmicas do mercado de trabalho. A crescente
informalização da economia, a automação e as mudanças nas relações de trabalho apresentam novos
desafios que demandam uma constante adaptação das estratégias e regulamentações. Além disso, a
necessidade de lidar com disparidades regionais e assegurar a implementação efetiva dos padrões
estabelecidos permanecem como desafios persistentes. Em um mundo cada vez mais interconectado, a
colaboração entre os países, empresas e organizações internacionais é crucial para enfrentar esses
desafios e promover um ambiente de trabalho justo e sustentável em escala global. Não só isso, ainda
hoje, temas que são levantados desde o início do século passado, como a promoção da igualdade de
gênero e a erradicação do trabalho infantil continuam sendo metas cruciais que exigem esforços
coordenados e aprimoramento contínuo das estratégias da organização. Para manter sua eficácia e
relevância institucional, a OIT precisa ser ágil e proativa na adaptação às mudanças emergentes, além de
reforçar uma defesa intransigente dos valores e da importância do trabalho em um mundo cada vez mais
desigual e conectado, garantindo que suas iniciativas estejam alinhadas com as necessidades dos
trabalhadores. O compromisso contínuo com a justiça social e o desenvolvimento sustentável é essencial
para cumprir sua missão em meio aos desafios da era moderna.
O cenário atual do trabalho, atingido duramente por dois anos de recessão gerada pelas instabilidades
geopolíticas e pela pandemia de COVID-19 – que produziu impactos grandes nas taxas de desemprego -,
parece estar em tímida melhora. Em seus dados para a América Latina e o Caribe, a OIT aponta que a
região iniciou a trajetória de recuperação econômica a partir de meados de 2021 (variando de acordo
com o país). Impulsionada por uma maior taxa de vacinação e um controle mais efetivo da situação
sanitária, os dados relativos ao emprego novamente apresentaram variações ligeiramente positivas a
partir de 2021.
<arte: elaborar gráfico sobre a evolução das taxas de desemprego no brasil com base nesses dados da
OIT: >
Fonte: OIT. Panorama Laboral 2021. América Latina e Caribbe. p. 186. Disponível em:
https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/documents/publication/
wcms_836196.pdf
A recuperação dos postos de trabalho perdidos durante a crise sanitária não parece vir acompanhada de
uma ampliação na qualidade desses postos. A pandemia de COVID-19 intensificou as tendências em
direção a uma maior digitalização, gerando novas oportunidades e desafios nos mercados de trabalho. O
mundo ainda experimenta altas taxas de desemprego e um perigoso aumento na informalidade laboral
em um contexto de desaceleração da recuperação econômica e aceleração da inflação. O desafio posto
para a OIT e os governos atualmente é o de identificar quais conjuntos de políticas podem proteger os
trabalhadores e retomar a criação de empregos formais.
Rapidamente se espalhou pelo país. Atrás do aplicativo (app) de transporte da norte-americana Uber,
vieram os de comida, de entregas e de compras. Hoje existem cerca de 1,27 milhão de pessoas
trabalhando como motoristas e outras 385 mil como entregadores para aplicativos no Brasil.
Uberização traz novo controle dos modos de vida e de luta dos trabalhadores, diz pesquisadora.
O dado é de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia. O estudo
mapeou o perfil desses trabalhadores, levando em conta questões como raça, renda e tempo de jornada,
com base em informações cedidas pelos próprios apps – 99, Uber, iFood, Zé Delivery e Amazon. Entre os
motoristas, 95% são homens, dos quais 62% declaram-se negros ou pardos, e têm em média 39 anos. Já
entre os entregadores, 97% são homens, dos quais 68% se declaram negros ou pardos, com idade média
de 33 anos.
Com a facilidade que supostamente viria pelo trabalho independente já que estavam sendo chamados de
microempresários, donos do seu próprio nariz e horário, aos poucos grande parte dos uberizados caiu na
realidade. Greves e manifestações ainda se espalham pelas cidades onde o serviço por aplicativos é
utilizado.
Quanto à jornada, a maioria dos motoristas trabalha em média entre 22 e 31 horas semanais, enquanto
entregadores acumulam entre 13 e 17 horas por semana – há variação porque muitos utilizam os apps
como complemento de renda. Alguns trabalham mais porque dependem disso para sobreviver e outros
nem tanto. Para os que trabalham 40 horas semanais, o estudo estimou a renda entre R$ 2,9 mil e R$ 4,7
mil para os motoristas e entre R$ 1,9 mil e R$ 3 mil para os entregadores. Este novo mercado de trabalho,
com todas as suas particularidades – raros direitos, muitos deveres, excesso de jornadas de trabalho –
entrou na agenda do governo Lula para buscar uma saída satisfatória para os trabalhadores.
O conceito de uberização do trabalho pode ser definido como um novo modelo de trabalho, que, na teoria,
se coloca como mais flexível, no qual o profissional presta serviços conforme a demanda. Ele próprio faz
o seu horário e pode trabalhar até 12 horas por dia, sem nenhuma regalia. Esse modelo é defendido por
algumas empresas, especialmente as de tecnologia.
O argumento é que ele oferece mais flexibilidade para ambas as partes. Nesse contexto, o profissional
seria “o seu próprio chefe” e responsável pelo gerenciamento do seu tempo (ou seja, ele é quem define
quantas horas irá trabalhar), diz Ludmila Abílio, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP
e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho.
Apesar de o termo ter sido “emprestado” de uma das plataformas mais famosas, a uberização do trabalho
não se restringe apenas aos motoristas de aplicativos. Os prestadores dos serviços intermediados pelas
plataformas são, majoritariamente, terceirizados. As plataformas permitem, facilmente, que qualquer
prestador de serviço, com requisitos mínimos, entre neste mercado.
Hoje, diversas plataformas de tecnologia seguem esse modelo, como Facebook, Instagram e Twitter.
Empresas que atuam no varejo, como Mercado Livre, Amazon e Alibaba também. Aplicativos de
entregas como Rappi e Ifood, igualmente. No Brasil, o introdutor do Uber, por exemplo, foi o empresário
Guilherme Telles. Ele conseguiu transformar a operação no país na maior do mundo, segundo os números
da empresa. Mas até hoje enfrenta problemas, protestos, greves, manifestações, em razão da forma
inflexível como trata os trabalhadores da startup.
[...] Microempresários?
As milhares de pessoas que buscaram alternativa de emprego e sobrevivência nos aplicativos foram
induzidas a se achar microempreendedores, trabalhadores que têm autonomia e sabem o que devem fazer
para ganhar dinheiro. A pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da
Faculdade de Economia da Unicamp Ludmila Costhek Abílio afirma que não foi bem isso que aconteceu.
Ela diz que o gerenciamento algorítmico se mostra uma forma de cisão entre o ser humano e a tarefa que
ele executa: a eficiência da força de trabalho é potencializada, enquanto o trabalhador tem que arcar,
sozinho, com o ônus de garantir a própria sobrevivência.
Ludmila também traz um alerta: é preciso prestar atenção no que é dito pelos trabalhadores submetidos à
uberização, sob pena de apagar experiências e trajetórias de vida – e de não ser capaz de propor caminhos
em um cenário de crescente precarização da vida de trabalhadores e trabalhadoras.
“Pela minha perspectiva, a uberização não é um processo que esteja exclusivamente atrelado às
plataformas digitais e aplicativos. Pelo contrário: a uberização é um processo que se desenha no mundo
do trabalho há décadas, e que acaba sendo catalisado pelas novas tecnologias digitais. Porque veja, eu
posso pensar em uma série de trabalhadores uberizados que não estão passando pela plataforma. Nesse
sentido, talvez nós sempre tenhamos enfrentado elementos que hoje são centrais à uberização. O que
acontece é que, por meio das plataformas digitais, você tem hoje novas formas de organizar e controlar
essa multidão de trabalhadores. O que a gente está vendo no mundo, quando a gente fala em gig
economy, em economia de plataformas, é que esses processos de flexibilização e essas formas de
exploração, com características que são tipicamente periféricas do trabalho, estão se expandindo para
outras relações onde elas não eram visíveis desta forma”, mostra ela.
[ENTRA PERGUNTA: Como a realidade vivenciada por esses trabalhadores contrasta com a ideia
inicial de independência e empreendedorismo associada à "uberização" do trabalho?]
[..] O Uber afirma, no entanto, que não é uma empresa de transporte, mas de tecnologia, que fornece um
aplicativo a motoristas que são empreendedores independentes. Segundo a empresa, não há vínculo
empregatício porque os motoristas podem recusar viagens ou determinar quantas e quais horas querem
trabalhar. A questão ainda não tem uma conclusão e prosseguem os protestos e a indefinição da Justiça.
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2023/07/24/como-a-terceirizacao-e-a-uberizacao-precarizam-as-
condicoes-de-vida-dos-trabalhadores
[Entra pergunta geral: Por que podemos dizer que a uberização do trabalho é um dos grandes
problemas sociais que enfrentamos hoje no Brasil? Quais os principais impactos dessa
transformação no âmbito do trabalho?]
Pesquisa e ação
Para que possamos conhecer mais sobre a situação atual do trabalho em nosso país e os desafios que
encontraremos pela frente, pesquisas são fundamentais. É através delas que obtemos dados concretos e
informações valiosas que permitem uma análise aprofundada da situação atual do mercado de trabalho
no nosso país. A compreensão desses dados é essencial para identificar tendências, desafios e
oportunidades, fornecendo assim uma base sólida para o desenvolvimento de estratégias e políticas
públicas eficazes.
Invisibilização do trabalho
Você sabe o que são trabalhos invisibilizados? Algum dia já chegou a pensar sobre esse tema?
A invisibilização do trabalho é a falta de reconhecimento ou valorização de certas atividades que,
embora desempenhem um papel fundamental no funcionamento da sociedade, são ignoradas.
Profissionais em setores como serviços domésticos, limpeza, manutenção e cuidados, embora
desempenhem funções essenciais para o bem-estar coletivo, frequentemente encontram-se à margem
do reconhecimento público, sendo negligenciados e subestimados. Essa invisibilidade pode manifestar-
se de diferentes maneiras, indo desde a falta de remuneração adequada até a ausência de
reconhecimento social e respeito pela importância dessas ocupações. Refletir sobre a invisibilização do
trabalho é essencial para fomentar uma sociedade mais justa e equitativa, valorizando a contribuição
significativa de todos os profissionais, independentemente da natureza de suas funções.
Vamos imaginar que você foi contratado para a realização de uma pesquisa sobre a invisibilização do
trabalho em sua escola. Sua missão é desvendar e compreender as diferentes ocupações que, embora
essenciais para o funcionamento da escola, frequentemente passam despercebidas e não recebem o
reconhecimento merecido. Este projeto de pesquisa visa lançar luz sobre a invisibilidade do trabalho
presente na instituição educacional, promovendo uma reflexão crítica entre os membros da comunidade
escolar.
Para executar essa pesquisa, você precisará mapear e identificar ocupações na escola que
frequentemente não recebem o reconhecimento devido – profissionais de apoio, inspetores, seguranças,
porteiros, faxineiros são bons exemplos de ocupações socialmente invisibilizadas - realizar entrevistas
com profissionais dessas ocupações para compreender suas experiências, desafios e percepções sobre a
invisibilidade do trabalho, levantar dados com relação à estes profissionais e, por fim, elaborar materiais
visuais e informativos que destaquem as contribuições desses profissionais, promovendo uma maior
visibilidade para suas funções. Mãos à obra!
Agora que você já mapeou sua escola e escolheu os profissionais que deseja entrevistar, que tal
elaborarmos um roteiro para as entrevistas? Lembre-se, essas são apenas sugestões de perguntas e
você pode sempre adicionar mais questões ou adaptá-las ao seu entrevistado.
Lembre-se sempre de agradecer a participação do seu entrevistado e garantir que suas respostas serão
sempre confidenciais.
<fecha boxe>
Uma vez colhidas as informações, chegou a hora de analisar os dados coletados para identificar padrões
comuns e diferenças nas experiências dos profissionais. Procure por problemas e desafios apontados por
mais de um profissional e soluções apontadas por eles. Lembre-se de apontar as profissões mais
invisibilizadas, quais os grandes desafios destes profissionais e de que forma nós, como sociedade,
podemos agir para superar este problema.
Terminada a análise do material, chegou a hora de compartilhar as descobertas de maneira educativa e
inclusiva. Para começar, elabore um relatório final de sua pesquisa, demonstrando os resultados
encontrados. Em seguida., elabore materiais visuais ou panfletos de conscientização e distribua-os para a
comunidade escolar. Lembre-se sempre de utilizar os dados coletados nas suas entrevistas para enfatizar
seus argumentos. Destaque os principais temas emergentes, desafios identificados e possíveis áreas de
melhoria. Se possível, procure propor à administração escolar maneiras de implementar políticas e ações
que visem reconhecimento, valorização e inclusão das diferentes ocupações no ambiente escolar.
Lembre-se, seu objetivo nesta pesquisa não é apenas revelar a invisibilidade do trabalho na escola, mas
também catalisar ações concretas para promover um ambiente mais equitativo e valorizador de todas as
contribuições.
<abre boxe>
Aqui você pode encontrar algumas dicas de ferramentas de pesquisa online que podem te ajudar na
condução do seu trabalho: <entra link: https://www.jotform.com/pt/blog/melhores-ferramentas-de-
pesquisa/>
<fecha boxe>
Conexão
1- Como a revolução tecnológica tem impactado o mercado de trabalho, especialmente no que diz
respeito à automação e inteligência artificial? Quais são os principais paradoxos levantados em relação a
essas mudanças?
b) A automação e inteligência artificial têm contribuído para a redução do desemprego, uma vez que
aumentam a eficiência e a produtividade em todas as áreas profissionais.
c) Com o avanço tecnológico, a demanda por habilidades criativas e estratégicas tem diminuído, já que
as máquinas assumem cada vez mais tarefas rotineiras.
d) As mudanças no mercado de trabalho devido à tecnologia não têm gerado questionamentos sobre a
necessidade de requalificação e aprendizado contínuo por parte dos trabalhadores.
A charge de Toni D'Agostinho retrata um aspecto muito criticado em relação às condições de trabalho na
chamada uberização do trabalho, qual é ele?
3- Qual a importância dos organismos internacionais como a OIT para a condução de políticas públicas
diante dos desafios gerados pelas novas tecnologias no âmbito do trabalho?
4- Segundo os dados de desemprego apontados pelo relatório da OIT para a América Latina, quais os
principais desafios para a recuperação dos postos de trabalho perdidos durante a crise sanitária da
COVID-19?
5- Assinale a alternativa que representa uma das principais críticas frequentemente levantadas em
relação à Reforma Trabalhista de 2017.
Toni D'Agostinho
Considerando a temática da invisibilização do trabalho feminino de cuidado, qual das seguintes
afirmações reflete corretamente a mensagem transmitida?
e) A imagem retrata a exclusividade das mulheres em assumir tarefas de cuidado, sem impacto na sua
visibilidade social.
8- Com base nos temas que abordamos nesta unidade, analise e discuta os impactos das novas
tecnologias no mercado de trabalho. Considere como essas mudanças podem afetar a natureza dos
empregos, as habilidades demandadas e as implicações sociais e econômicas para os trabalhadores.
Aqui espera-se que os estudantes apontem que as novas tecnologias têm provocado transformações significativas no mercado
de trabalho. Isso tem levado a uma demanda crescente por habilidades mais especializadas, como programação e análise de
dados, enquanto empregos mais repetitivos parecem estar em declínio. Além disso, a introdução de tecnologias disruptivas,
como a robótica e a automação, pode levar a uma reconfiguração dos setores econômicos, criando novas oportunidades, mas
também desafios para os trabalhadores. Nesse contexto, a formação contínua e o desenvolvimento de habilidades tornam-se
essenciais para acompanhar essas mudanças e garantir a empregabilidade.
Assim sendo, é crucial considerar as implicações sociais. A automação pode resultar em deslocamento de trabalhadores,
contribuindo para o desemprego em certos setores. Também é relevante que os estudantes apontem a importância de políticas
públicas que promovam uma transição justa, garantindo apoio aos trabalhadores afetados e incentivando a adaptação às novas
demandas do mercado.
<fecha dupla de páginas>
ENEM e Vestibulares
(Enem Digital 2020) Ao mesmo tempo que as novas tecnologias inseridas no universo do trabalho estão
provocando profundas transformações nos modos de produção, tornam cada vez mais plausível a
possibilidade de liberação do homem do trabalho mecânico e repetitivo.
JORGE, M. T. S. Será o ensino escolar supérfluo no mundo das novas tecnologias?
Educação e Sociedade, v. 19, n. 65, dez. 1998 (adaptado).
O paradoxo da relação entre as novas tecnologias e o mundo do trabalho, demonstrado no texto, pode ser
exemplificado pelo(a)
(Enem PPL 2017) A tecelagem é numa sala com quatro janelas e 150 operários. O salário é por obra. No
começo da fábrica, os tecelões ganhavam em média 170$000 réis mensais. Mais tarde, não conseguiam
ganhar mais do que 90$000; e pelo último rebaixamento, a média era de 75$000! E se a vida fosse barata!
Mas as casas que a fábrica aluga, com dois quartos e cozinha, são a 20$000 réis por mês; as outras são de
25$ a 30$000 réis. Quanto aos gêneros de primeira necessidade, em regra custam mais do que em São
Paulo.
CARONE, E. Movimento operário no Brasil. São Paulo: Difel, 1979.
Essas condições de trabalho, próprias de uma sociedade em processo de industrialização como a brasileira
do início do século XX, indicam a
a) exploração burguesa.
b) organização dos sindicatos.
c) ausência de especialização.
d) industrialização acelerada.
e) alta de preços.
(UFU) Nos últimos anos, tem-se observado o crescimento de um tipo de ocupação: o trabalho por
aplicativo. Conhecido também como “uberização do trabalho”, as alterações nas relações de trabalho
provocadas por esse fenômeno são sintetizados pela pesquisadora Ludmila Abílio:
(ENEM 2010) De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram decretadas mais de 150 leis novas de
proteção social e regulamentação do trabalho em todos os seus setores. Todas elas têm sido
simplesmente uma dádiva do governo. Desde aí, o trabalhador brasileiro encontra nos quadros gerais do
regime o seu verdadeiro lugar.
DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942. Apud BERCITO, S. R. Nos
Tempos de Getúlio: da revolução de 30 ao fim do Estado Novo. São Paulo: Atual, 1990.
(ENEM 2016)
A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para a mão de obra
nela inserida:
(UERJ 2022)
A charge expressa uma crítica às novas relações de trabalho no mundo contemporâneo.