Você está na página 1de 9

gestão empresarial

Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica

Emprego e empregabilidade:
Novas divisões do trabalho
8
Sociedade, Tecnologia e
Inovação Tecnológica
Emprego e
empregabilidade: Novas
divisões do trabalho

Objetivos da Unidade de aprendizagem


Apresentar as profundas mudanças no processo de tra-
balho, mostrando a migração de “estar empregado” para
o “estar apto a estar empregado”.

Competências
Ter capacidade de articular a relação entre a evolução tec-
nológica e os seus efeitos sobre o mercado de trabalho.

Habilidades
Articular os contextos profissionais e tecnológicos de
forma a entender as mudanças de paradigma no mundo
do trabalho.
Apresentação
Na unidade anterior estudamos a evolução do trabalho
e como o uso intensivo de tecnologias mudou o signi-
ficado do trabalho e as funções do trabalhador. Nesta
unidade vamos compreender as profundas mudanças
ocorridas no processo de trabalho na atualidade. Iremos
identificar o processo ocorrido com a migração da no-
ção de “estar empregado” para a de “estar apto a estar
empregado”.
Essas importantes questões relacionam-se com os
atuais os contextos profissionais e tecnológicos. O avan-
ço das tecnologias gerou transformações na sociedade e
na cultura e, portanto, ocasionou mudanças de paradig-
mas no mundo do trabalho.
Como você verá com maior profundidade, duran-
te muito tempo, a preocupação da maioria dos traba-
lhadores era estar empregado, preferencialmente em
um mesmo local para o resto da vida. No mercado de
trabalho atual essa visão muda bastante: a preocupa-
ção deixa a de ser “estar empregado” e torna-se “estar
preparado para ser empregado”, aumentando a sua
empregabilidade.
Mas o que significa tudo isso? É o que iremos refletir e
aprender juntos a partir deste momento.
Bons estudos!

Para começar
Você já prestou atenção nas notícias sobre emprego?
Já notou o número de desempregados no mundo e
no Brasil?
O que estará acontecendo com o mundo do trabalho,
será que não existe emprego para todos?
Será que as pessoas estão preparadas para o
trabalho?
Fundamentos
Como vimos na unidade anterior, mudou muito a forma de se ver o traba-
lho, principalmente a partir da primeira revolução industrial. Na sociedade
atual, a mudança prossegue cada vez mais rápido para um uso crescente
do conhecimento no processo produtivo, mediante o processamento
da informação.
As atividades econômicas mundiais mudam rapidamente da produção
de bens para a prestação de serviços, aumentando a importância das pro-
fissões com grande conteúdo de informação e conhecimentos envolvidos
em suas atividades.
O uso da informação e do conhecimento tem sido, principalmente a
partir de 1990, uma das principais fontes de produtividade e crescimento
das sociedades avançadas.

atenção
No G7, grupo dos sete países mais ricos do mundo, no perí-
odo de 1920-70, houve uma forte queda do trabalho (quan-
tidade de empregos) na área rural. Já no período de 1970-
90, ocorreu o declínio dos empregos industriais: os países
tornaram-se pós-industriais.

Essa mudança – dos empregos que deixam de ser rurais para tornar-se
industriais e depois pós-industriais – não ocorre de forma uniforme em
todo o mundo. Muitas vezes não ocorre de forma uniforme sequer den-
tro de um mesmo país. Portanto, é comum encontramos populações em
diferentes estágios de evolução do trabalho. O mesmo se deu em todas
as fases anteriormente citadas.
Bom, e o que isso tem a ver conosco?
Com a evolução da forma de trabalho, há uma profunda mudança na
relação entre as fontes empregadoras e os empregados.
Durante muito tempo, a preocupação da maioria dos trabalhadores
era estar empregado, preferencialmente no mesmo emprego para o resto
da vida. No mercado de trabalho atual a visão muda bastante. A preocu-
pação deixa a de ser “estar empregado” e torna-se a de “estar preparado
para ser empregado”, aumentando a sua empregabilidade.
Mas... o que vem a ser empregabilidade?
De maneira geral, significa estar adequado profissionalmente às mu-
danças do mercado empregador. Essas mudanças que ocorrem por

Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica  /  UA 08  Emprego e Empregabilidade: Novas Divisões do Trabalho 4
diversos fatores, tais como o uso intensivo de novas tecnologias, a aber-
tura da economia do país, as mudanças do mercado consumidor e outros
tantos.
A empregabilidade diz respeito a estar pronto para assumir novos pa-
péis de acordo com o que a economia do mundo atual exige.

atenção
Reportagem no site uol.com.br de 21/05/2007, mostra que
65% das empresas brasileiras dizem que um dos maiores em-
pecilhos para o seu crescimento é a falta de mão de obra
capacitada adequadamente.

Essa conjuntura de mercado traz dados bastante contraditórios, como os


altos índices de desemprego, por exemplo. Segundo o Dieese, em sua
Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), em janeiro de 2010 o índice de
desemprego no Brasil ficou em 12,6% . Enquanto isso, muitas empresas
possuem vagas em aberto que não conseguem preencher.

Desemprego
O que faz com que isso aconteça?
São muitos os fatores. Entre eles podemos citar a entrada no mercado
de atores que antes estavam afastados do mercado de trabalho.
As mulheres cada vez mais buscam colocação no mercado de trabalho,
por exemplo. Apesar das disparidades salariais existentes em alguns se-
tores entre o valor dado ao trabalho de homens e de mulheres, a cada dia
que passa aumenta o número de mulheres trabalhando.

dica
No Brasil, a cada dez cargos executivos, apenas um é ocupa-
do por mulheres. No nível de gerência, a cada dez, dois são
ocupados por mulheres. No nível de chefia, a cada dez, três
são ocupados por mulheres. Por fim, nos cargos de chão de
fábrica, funcionais e administrativos, a cada dez, três e meio
são ocupados por mulheres. Fonte: IBOPE/junho/setembro
de 2003.

Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica  /  UA 08  Emprego e Empregabilidade: Novas Divisões do Trabalho 5
Outro fator importante é que, com a melhoria da qualidade de vida e o
consequente aumento da longevidade, as pessoas postergam cada vez
mais a sua hora de aposentadoria.
Mais um aspecto a ser observado: pessoas com os mais variados níveis
de deficiência passam a ter condições de assumir postos de trabalho, algo
que, antes do uso da tecnologia, não era possível.
Estes são alguns aspectos que contribuem para o aumento dos índices
de desemprego, mas com certeza não são os únicos. No caso específico
do Brasil, outro fator que pesa bastante no desemprego é o chamado
“custo Brasil”, que inclui desde a forte carga tributária até os altos níveis
de corrupção no país. Por conta disso, muitas empresas procuram outros
países para se estabelecerem.

Vagas em aberto
Com tantos fatores que contribuem para o aumento dos índices de de-
semprego, por outro lado existem vagas que demoram anos para serem
preenchidas.
Isto se deve às mudanças das formas de trabalho. Como já dito, cada
vez mais o uso de informações e do conhecimento faz parte do dia a dia
das organizações, exigindo que o trabalhador seja cada vez mais qualifi-
cado. As funções dos trabalhadores são cada vez mais sofisticadas e isto
atinge a todos os níveis de emprego.
Como exemplo desta mudança podemos citar as mudanças nas ofici-
nas mecânicas. Até o início da década de 1990, nessas empresas, em ge-
ral, as novas tecnologias não estavam presentes. Com a sofisticação dos
motores e o uso crescente de tecnologias de última geração, as oficinas
precisaram se reinventar. Hoje, em grande parte, apresentam-se em am-
bientes amplos, limpos e com o uso constante de tecnologias avançadas.
Esta situação mudou o perfil do profissional buscado para atuar na
área: hoje o mecânico precisa ser qualificado e estar sempre “antenado”
com as mais recentes tecnologias automotivas – e saber usar um compu-
tador tornou-se essencial às suas atividades.
O mercado atual exige um profissional autônomo em suas ações, que
saiba trabalhar em grupo e que se atualize sempre, com um grau de ins-
trução cada vez mais elevado. Saber lidar com as tecnologias de infor-
mação e comunicação (chamadas TIC) é exigência em todas as áreas de
atuação das organizações, sejam pequenas, médias ou grandes.
No caso específico do Brasil, ficamos muito tempo parados em relação
à educação e a preparação tecnológica de nossos profissionais. Surgiu as-
sim um grande fosso entre as necessidades de profissionais qualificados
e a preparação desses profissionais nas últimas décadas.

Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica  /  UA 08  Emprego e Empregabilidade: Novas Divisões do Trabalho 6
Isto tem mudado. Um grande exemplo é o Centro Paula Souza, que
teve um crescimento bastante acentuado nestes últimos anos: criou no-
vos cursos, melhorou os existentes e abriu novas unidades, buscando
atender as demandas das organizações por profissionais qualificados e
qualificar gestores que as administrem melhor.
O alto nível de empregabilidade conquistados pelos egressos do Cen-
tro Paula Souza demonstra a carência do mercado por profissionais
qualificados.

Para onde vamos?


Bem, não é fácil saber. Com certeza, como já dito diversas vezes no decor-
rer do texto, o profissional, seja ele de qual nível hierárquico for, precisa
e continuará precisando ser uma pessoa bastante atualizada e com um
bom nível de formação.
Precisa ter uma ótima visão de futuro, a fim de conseguir direcionar
sua carreira ou sua empresa para os novos caminhos que se apresentam.
Para isto não é necessário uma bola de cristal. É preciso buscar se manter
atualizado, tanto em relação à profissão propriamente dita como em re-
lação à vida e às mudanças na sociedade. Acompanhar as notícias e fazer
boas leituras na sua área de atuação é essencial para este profissional.
Esperamos que este texto tenha ajudado você a entender melhor o
mundo do trabalho.

Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica  /  UA 08  Emprego e Empregabilidade: Novas Divisões do Trabalho 7
antena
parabólica
Compreender o mundo atual é essencial para o sucesso,
seja profissional ou pessoal. Para que isto aconteça, é
necessário que as pessoas envolvidas no processo pro-
dutivo sejam qualificadas e atualizadas; a falta disto leva
ao desemprego. Não adianta sabermos unicamente so-
bre a área em que atuaremos diretamente, devemos ter
noção de todo o processo produtivo e de suas relações
com outras áreas da economia. Dê atenção a todas as
disciplinas, mesmo àquelas que não parecem estar dire-
tamente ligadas à sua área de atuação. Todas lhe ofere-
cerão subsídios para que compreenda melhor o mundo
do trabalho contemporâneo e realize conexões válidas
entre os diversos assuntos que apresentam.

E agora, José?
Vimos nesta unidade que se, por um lado, há desem-
prego, por outro há falta de profissionais qualificados
para as vagas existentes. A busca constante de aperfei-
çoamento profissional é uma característica básica do tra-
balhador atual e do futuro. Procurar formas de manter
os profissionais qualificados é uma questão de sobrevi-
vência para as organizações. Compreender isso ajudará
tanto o empregador quanto ao empregado, para que te-
nham uma relação mais saudável e menos estressante,
mais harmoniosa e produtiva para ambos os lados.
Na próxima unidade teremos nosso tão esperado en-
contro presencial, para a avaliação de conteúdos. Tra-
ta-se de uma atividade com o objetivo de verificarmos
quanto o seu aprendizado foi eficaz. Serve para que você
também avalie o seu nível de entendimento. Nada de es-
tresse, vá com calma e você se sairá bem.
Glossário
Centro Paula Souza: autarquia ligada à Se- instituição conquistou credibilidade nacional
cretaria do Desenvolvimento do Estado de e internacional. Reconhecido como institui-
São Paulo, responsável pelas Faculdades de ção de produção científica, o Dieese atua nas
Tecnologia – FATECs e pelas Escolas Técnicas áreas de assessoria, pesquisa e educação.
– ETECs. Ibope: multinacional de capital aberto, uma das
Dieese: Departamento Intersindical de Estatísti- maiores empresas de pesquisa de mercado
ca e Estudos Socioeconômicos, uma criação da América Latina. Há 67 anos fornece in-
do movimento sindical brasileiro. Foi funda- formações e estudos sobre mídia, opinião
do em 1955 para desenvolver pesquisas que pública, intenção de voto, consumo, marca,
fundamentassem as reivindicações dos traba- comportamento e mercado. 
lhadores. Ao longo de 50 anos de história, a

Referências
CASTELLS, M. S
 ociedade em Rede. São Paulo/ MATTOS, F. A. M. de; SOULÉ JÚNIOR, O. A influ-
SP: Ed. Paz e Terra, 2012. ência das crises econômicas das déca-
IBOPE. O Perfil social, racial e de gênero das das de 80 e 90, no Brasil, no mercado
500 maiores empresas do Brasil. Realiza- de trabalho dos profissionais ligados às
da pelo Instituto Ethos em parceria com a tecnologias da informação. Informação &
Organização Internacional do Trabalho (OIT), Sociedade, João Pessoa, v. 18, n. 2, p.13-24,
o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada maio 2008.
(IPEA), o Fundo de Desenvolvimento das Na- TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro:
ções Unidas para a Mulher (Unifem) e a Fun- Record, 2010.
dação Getúlio Vargas (FGV-SP). IBOPE, julho
e setembro de 2003.

Sociedade, Tecnologia e Inovação Tecnológica  /  UA 08  Emprego e Empregabilidade: Novas Divisões do Trabalho 9

Você também pode gostar