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GEOMORFOLOGIA DO BRASIL

GEOMORFOLOGIA BÁSICA E ESTRUTURAL


2018
Participação: Willian Bortolini
UNIDADES DE RELEVO DO BRASIL
PAISGENS E FORMAS
DE RELEVO DO
BRASIL

Vieira et al. (2015)


ÁREAS COSTEIRAS
Nas classificações do relevo brasileiro, são
denominadas de planícies fluviomarinhas, planícies e
terras baixas costeiras, planícies costeiras ou planícies
e tabuleiros litorâneos.
Entretanto, o sistema costeiro brasileiro não é
formando somente por planícies.

Analisando em uma escala mais detalhada, é


possível perceber a presença de importantes
feições costeiras, como baías, ilhas, campos de
dunas e falésias.
Baía de Antonina e Ilha
do Superagui

Região litorânea do estado do


Paraná.

Marcado pela presença de


dois compartimentos:
- Serra do Mar;
- Planície costeira;
Serra do Mar = composto por maciços de granito, cercado
por uma complexa associação de rochas gnáissicas e
migmatíticas. Atinge altitudes entre 20 e 1877 metros.

Planície costeira: composto por sedimentos depositados,


provindo nas zonas mais altas (Serra do Mar). Atinge
altitude máximo de 55 metros, apresentando relevo plano.
Apresenta feições como as baías (estuários) de Antonina,
Guaratuba e Paranaguá, além de ilhas, como a do Mel,
Superagui, das Cobras.
ILHA DO SUPERAGUI

Localizada no município de
Guaraqueçaba, ocupando
uma área de 158 km2.

É uma ilha artificial,


resultado da abertura do
Canal do Varadouro
canal do Varadouro, em
1953.
A Ilha do Superagui é formada por planícies costeiras com
faixas de areia, tendo a ilha origem como consequência da
flutuação (transgressão e regressão do oceano Atlântico) do
nível relativo do mar durante o Quaternário.
Praia Deserta = se estende por 20 km na costa Atlântica da
ilha, no sentido NE-SW. Possui também a presença de
dunas.
Praia deserta – Ilha do Superagui
Processos de deslocamento da linha de costa
ocorrem nas porções norte (Barra do Ararapira)
e sul (entrada da baía de Paranaguá) da ilha.
Barra do Ararapira
Deslocamento de 1200 m
do canal na direção SW,
entre 1953 e 1980.

Entrada da baía de
Paranaguá
Avanço de 300 m entre
1953 e 1980.
Vila de Ararapira
Processos erosivos costeiros associados a abertura do canal
do Varadouro.
A ilha possui grande riqueza histórico, sendo
uma das primeiras regiões colonizadas pelos
portugueses no PR. Sua cultura também
apresenta similar riqueza.

Na década 1980, foi criado o Parque Nacional


do Superagui, visando a proteção da riqueza
natural da área.
BAÍA DE ANTONINA

Está inserida no Complexo


Estuarino de Paranaguá.
Baía de Antonina

Sua origem também está associada aos movimentos de


transgressão e regressão do oceano Atlântico.

A Baía de Antonina se caracteriza como a área mais baixa


(próximo aos antigos canais fluviais) da planície litorânea
paranaense, estando atualmente submersa.

Enquanto isso, a Ilha de Superagui se caracteriza como a


porção mais alta (antigo divisor de águas) da planície
litorânea paranaense.
Baía de Antonina

Os sedimentos de fundo da baía são influenciados pela


descarga fluvial, principalmente dos rios Nhundiaquara e
Cachoeira. Estes sedimentos são muito heterogêneos, com
presença de sedimentos com de variadas granulometrias,
tanto finos e quanto grossos.
Presença do Porto de Antonina na baía, associado a altas
taxas de assoreamento, impõe a necessidade de dragagem
na área. Entretanto, esta atividade causa impactos.
Baía de Antonina e Ilha
do Superagui

Na baía de Antonina, as taxas


de assoreamento estão
aumentando e o volume de
sedimentos recém-
depositados requer dragagem
para manter o funcionamento
do porto de Paranaguá. As
consequências
geomorfológicas desse
quadro incluem a criação de
ilhas com relevo plano na
baía.
Planícies
As planícies são áreas geralmente chamadas
pelas classificações do relevo do Brasil como
planícies.
Diferentemente das planícies ligadas a sistemas
costeiros, esta estão localizadas no interior do
continente, estando associadas a deposição de
sedimentos dos rios.

Ou seja, são planícies fluviais, sendo as duas


paisagens de destaque: pantanal e as ilhas
fluviais de Anavilhana.
Pantanal

Localizada na região centro-oeste do Brasil, nos estado de


Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é a maior planície
alagado do mundo (135000 km2).

Se caracteriza como uma planície fluvial, apresentando


estações hidrológicas, ocorrendo a estação das cheias no
mês de dezembro.
Pantanal

Apresenta morfologia plana e aluvial com altitudes baixas (80


e 190 m).

Está cercada por planaltos formados esculpidos em rochas


sedimentares e cristalinas.
Pantanal
O Pantanal é desenvolvido sobre
uma bacia sedimentar,
estruturalmente controlada por
falhas.

A origem e a evolução desta bacia


sedimentar está associada ao
soerguimento regional da chamada
superfície de aplanamento Sul-
Americana, ocorrida no Cenozóico.
Este processo, na região centro-oeste
do Brasil, causou um soerguimento
da base, separando as bacias do
Paraná e do Chaco.

Durante este processo, as principais


falhas causaram a subsidencia da
parte central, formando a bacia do
Pantanal. Em seguida, iniciou-se o
processo de sedimentação na área.
CASTRO et al. (2006)
Formas de relevo
fluviais

Leques aluviais, sistemas


de interleques e pela
planície do rio Paraguai.

O rio Paraguai é o
principal rio do sistema
deposicional do
Pantanal, que é
caracterizado pela
presença de megaleques
aluviais, como o do rio
Taquari.
Os rios do pantanal
não possuem uma
uniformidade de
padrões de
inundação e
sedimentação entre
si.

Além disso, os rios


apresentam
mudanças nos seus
cursos
constantemente.
Pantanal

Desde a o Pleistoceno Superior, a paisagem vem mudando


em resposta a uma mudança de um clima mais frio e seco
para condições mais úmidas e mais quentes.

Essas mudanças climáticas são registradas a paisagem do


Pantanal, sendo marcada por relevos deposicionais relicários
de diferentes idades formada em condições ambientais e
climáticas diferentes do presente.
Pantanal

Os milhares de Lagos na área de Nhecolândia são exemplos


de relíquias formas de relevo. A origem destes está ligado a
processos eólicos de erosão.

Presença de lagos, em sua maioria de água doce, sendo


conectados uns aos outros pelo escoamento de águas
pluviais, formando canais largos e rasos (de vazantes) que
drenam a planície fluvial durante e depois a estação chuvosa.
Pantanal

Em contraste, alguns lagos salinos (denominados “salinas”)


permanecem isolados da drenagem superficial e são formas
que evidenciam a existencia de uma paisagem degradacional
no passado.
Ambientes cársticos
Os ambientes cársticos não foram representados
nas classificações anteriormente devido a
escala.
Bacia do rio Peruaçu
Está localizada na margem esquerda do rio São Francisco (de quem
é afluente), no norte de MG. Pode ser compartimentada em duas
porções: a região alta, sendo caracterizada como um planalto
formado por arenitos da Formação Urucaia; e a porção mais baixa,
formada por rochas carbonáticas do Grupo Bambuí..
Acredita-se que o rio Peruaçu formou uma enorme caverna
nas rochas calcárias da região, que se estende por
kilômetros.

O colapso das paredes e galerias destas cavernas, no


Pleistoceno Médio e Superior contribuiu para construção
deste relevo cárstico, sendo a feição de destaque o cânion.
Bacia do rio Peruaçu

Nesta porção baixa, o rio


Peruaçu corta os calcários do
Grupo Bambuí, esculpindo um
estreito canyon de 17 km de
comprimento, atingindo cerca
de 200 m de profundidade.

Ao longo da bacia, o fluxo do


rio desaparece no subsolo seis
vezes. Essas seções
subterrâneas são
remanescentes de uma
extensa e complexa rede
cárstica primitiva.
Bacia do rio Peruaçu
Alguns destes segmentos subterrâneos são pequenos.
Outros, entretanto, oferecem quilômetros de galerias
subterrâneas que podem atingir dimensões excepcionais.
Um exemplo é a caverna do Janelão, que atinge uma altura
de 106 metros e largura de 60 metros.
O cânion pode ser divido em 5 setores:
a) Entrada do cânion; b
b) Cânion alto;
c) Polje Terra Brava;
d) Caverna do Janelão;
e) Cânion estreito;
d e
c

e
A evolução geomorfológica da área pode ser dada em três
estágios:
1) Janelão I: início do sistema de rede de drenagem cárstica;
2) Terra Brava: inundação e preenchimento da rede de
drenagem juntamente com rebaixamento das depressões
cársticas ou poljes;
3) Janelão II: consiste no rebaixamento repentino do nível de
base da área;
Chapadas
Áreas chamadas pelas classificações do relevo
do Brasil como chapadas.
Estão localizadas nas porções centrais e nordeste do
país, em áreas de bacias sedimentares ou compostas
por rochas metassedimentares.

São áreas com forma tabular, se apresentando como


resíduo de antigas superfícies de aplanamento.
Chapada do Araripe

Localizada no nordeste do
Brasil, nos estados do Ceará,
Paraíba e Pernambuco.

É um planalto tabular plano,


com elevações acima de 1000
m.

Porção norte localizada na


bacia do rio Parnaíba e sul na
bacia do Rio São Francisco.
A chapada de Araripe é a expressão das unidades estratigráficas
superiores da bacia sedimentar do Araripe, de idade Cretácea.
A Chapado do Araripe é um relevo que representa um relícto da antiga
superfície de aplanamento Sul-Americana.
Quando um processo de soerguimento afetou grande parte da porção
interior do nordeste brasileiro, os processos denudacionais
aumentaram intensamente e a superfície foi intensamente dissecada,
resultando em relevos residuais, como a Chapada do Araripe.
A morfologia da área se
compõe:

Planalto:
Escarpas:
Depósitos de Piemonte:
Mesas e Buttes:
Planalto:
Áreas altas e planas, com forma tabular, apresentando um
sistema de drenagem pobre.
Escarpas:

Circundam o planalto, apresentando alta declividade, com


cornijas sub-verticais de dezenas de metros, sendo resultado da
erosão do recuo progressivo do limite do planalto.
Depósitos de piemonte:
Depósitos dos sedimentos resultantes da recuo erosivo da
escarpa, dado por processos fluviais e gravitacionais (queda de
blocos).
Mesas e buttes:
Relevos residuais sustentados pelas rochas da Formação Exú,
que são mais resistentes (Serra da Mãozinha e Serra do Santo
Inácio).
Controle estrutural:
Falhas podem ser observados
no limite do Vale do Cariri, onde
unidades mesozóicas emergem
abaixo das unidades formadoras
do planalto. Fazendo fronteira
com o vale, as rochas pré-
cambrianas surgem em contatos
de falhas com rochas
mesozóicas, como no Morro do
Horto, na cidade de Juazeiro do
Norte (CE).
As falhas também controlam a
linha da cornija e as drenagens
sobrepostas ao planalto do
Araripe.
Serras
Áreas geralmente chamadas pelas classificações
do relevo do Brasil como serras.
Serra é uma nomenclatura usada em geomorfologia um
tanto quanto ampla e imprecisa, para designar superfícies
acidentadas com fortes desníveis, como escarpas de
planaltos com altimetria de 50 a 100 m, escarpas de blocos
falhados, escarpas de erosão, inselbergues, entre outros
(SUERTAGARAY, 2008).
Serra do Mar

Se destaca pela diferenciação


orográfica, sendo um
sistema de escarpamento e
montanhas se extende por
1500 km, desde o norte de SC
até o RJ, estando disposta na
orientação NE-SW.
A litologia da área é extremamente complexa, pois inclui
associações migmatíticas e metamórficas e complexos
ígneos, devido principalmente a eventos ocorridos nas eras
pré-cambriana e eopaleozóica.
A Serra do Mar apresenta
porções onde o relevo é
extremamente declivoso e
continuo, e em outras
porções é mais irregular e
heterogênea.
Em algumas porções, a Serra do Mar se apresenta mais
próxima a costa, entretanto em outras se apresenta mais
distante.

Isto pode ser resultado de diferenças litológicas.


Inclui a maior área Mata
Atlântica do Brasil.

Próximo a ela se situam


alguns dos principais centros
urbanos do país e seus os
principais portos.
Fonte: MINEROPAR
Fonte: MINEROPAR
Devido a sua longa extensão, a Serra do Mar
pode ser dividida em dois setores: Santa
Catarina/Paraná e São Paulo/Rio de Janeiro.
Movimentos de massa: processos recentes

Processos como deslizamantos, escorregamentos, corrida


de detritos, ruptura de talude, queda de barreiras, entre
outros, referindo-se aos movimentos de descida de solos e
rochas sob o efeito da gravidade, geralmente potencializado
pela ação da água (CEMANDE, 2018).

Causam grandes perdas ambientais, humanas e materiais.


Movimentos de massa: processos recentes

Aspectos geológicos e geotectônicos, associados com


grandes volumes de precipitação, determinam os
mecanismos dos movimentos de massa.

Os principais fatores de controle são as amplitudes das


encostas, a forma das bacias, as altas inclinações das
encostas, os declives dos canais de drenagem, a variedade
de perfis do solo, os depósitos de tálus e as grandes
quantidades de material nos leitos de drenagem.
Planaltos
Áreas geralmente chamadas pelas classificações
do relevo do Brasil como planaltos, depressões
e patamares.
Planalto: são constituídos por superfícies
topográficas irregulares. Sua origem associa-se à
processos erosivos que, prolongando-se por longo
tempo, ressaltam relevos residuais. Estes podem
apresentar configuração variada, ou seja,
formarem-se por um conjunto de morros, colinas,
serras e chapadas (SUERTAGARAY, 2008).
Campos Gerais do Paraná

Região centro-sul do estado do PR.

É classificado como planalto (AZEVEDO, 1949; AB’SABER,


1964), depressão (ROSS, 1985) e como patamares (IBGE,
2006).
Campos Gerais do Paraná

É caracterizado geomorfologicamente por feições


ruineformes esculpidos em arenitos (Vila Velha), cânions
escavados em falhas e fraturas, bem como feições cársticas
não-carbonáticas, relacionadas ao intemperismo dos
arenitos.
Vegetação caracterizada por
campos, florestas de
araucária e matas de galeria.

O substrato regional é
caracterizado por rochas
sedimentares da Bacia do
Paraná.
Presença de intrusões de
diques de diabásio, de
orientação NW-SE, ligados
ao Arco de Ponta Grossa.

Estas estruturas estão ligadas


ao separação do Godwana
(entre o Jurássico e o
Cretáceo), que causou o
soerguimento da porção
leste do planalto regional e
formando áreas elevadas,
localizadas onde atualmente
é chamado de Segundo
Planalto Paranaense.
Uma das feições de destaque deste relevo são a rede de
cânions formados pela quebra do front da escarpa
devoniana na forma de “perceé” (vales escavados). Um
exemplo é Cânion do Guartelá, formado pelo rio Iapó.
Outros cânions são formados por rios que exploram zonas
de fratura.
No front da escarpa, são formados monadnocks e colinas
altas e planas, que são resultado do recuo do front do
planalto.
Vila Velha
Feições ruineformes, esculpidas sobre rochas sedimentares. Elas
podem ser resultado do intemperismo de compostos cimentados
(óxido de ferro) combinados com a estrutura quebradiça do
próprio arenito, de tal forma que a água percolada erodiu a
rocha por dentro.
Furnas
Feições cársticas não-carbonáticas desenvolvidas sobre arenitos
da Formação Furnas. São exemplos destas feições os abismos,
localmente denominados de “Furnas”. Elas são resultados da
infiltração da água nos arenitos, associado a propriedades
petrográficas e químicas dos arenitos da Formação Furnas.

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