Você está na página 1de 58

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Engenharia de Mobilidade

Geologia de Engenharia
Aula 11:
Geologia do Brasil e de Santa Catarina

Professor Marcelo Heidemann


Geologia do Brasil
A placa Sul-Americana no contexto global: porção continental (América do Sul),
porção oceânica (Atlântico Sul). Ao norte, a placa do Caribe; a oeste, as placas de
Cocos, Nazca e Antártica; ao sul, a placa de Scotia; na extremidade oriental, a
cadeia mesoceânica
Mapa geomorfológico do Oceano Atlântico, ilustrando principais feições tectônicas.
A porção continental da placa Sul-
Americana (o continente Sul-Americano),
destacando a área estável fanerozóica, a
Plataforma Sul- Americana e as áreas
instáveis dos Andes (Caribenhos,
Setentrionais, Centrais e Meridionais) e do
bloco da Patagônia
As eras geológicas no Brasil
O Cenozóico e principais unidades
litoestratigráficas representando 32,4%
da área do Brasil
Províncias Estruturais Brasileiras
Províncias estruturais do Escudo Atlântico
As províncias do Cráton Amazonas
Província Mantiqueira

• A Província Mantiqueira é uma entidade geotectônica instalada a leste


dos crátons São Francisco e Rio de La Plata/Paraná, ao final do
Neoproterozóico e início do Paleozóico.

• Estende-se por cerca de 3.000 km com orientação NNE–SSW ao longo


da costa atlântica, de Montevidéu (Uruguai) ao sul da Bahia.

• A província guarda o registro de uma longa e complexa evolução do


Neoproterozóico na América do Sul (900–520 Ma) preservando também
remanescentes de unidades paleotectônicas arqueanas,
paleoproterozóicas e mesoproterozóicas.
Província Mantiqueira

• Fase Precursora

• O estágio precursor dos sistemas de orógenos brasilianos é reflexo dos processos


de rifteamento das margens continentais rodinianas.

• Foi caracterizado pela abertura de extensas bacias de margem continental passiva,


hoje expostas do Uruguai ao sul da Bahia onde recebem designações locais:
• Porongos, Brusque, Açungui, São Roque e Embu (Domíno sul), Paraíba do Sul, Jequitinhonha, Rio
Doce, Rio Pardo, Capelinha, Macaúbas.
Província Mantiqueira

• Sistema de Orógenos Brasiliano I (Clímax 880–700 Ma)

• É o sistema orogênico que abrange os eventos acrescionários mais precoces,


representando menos de 5% da área da Província Mantiqueira.

• Abrange o Orógeno São Gabriel no Rio Grande do Sul, além de diminutos


remanescentes de arcos magmáticos retrabalhados pelos orógenos do sistema
Brasiliano II.

• O Orógeno São Gabriel ocupa uma área restrita de cerca de 5.000 km2. Seu limite
leste está parcialmente recoberto pelas bacias vulcanossedimentares pós-tectônicas
do Orógeno Pelotas, enquanto seu limite oeste é também recoberto pela Bacia do
Paraná

• Não existe outro registro tão expressivo de orógenos do sistema Brasiliano I em


outros segmentos da província, embora o arco possa estender-se para N,
alcançando o estado do Paraná sob a cobertura da Bacia do Paraná.
Província Mantiqueira

• Sistema de Orógenos Brasiliano II (Clímax 640–610 Ma)

• Trata-se do sistema de mais curta duração temporal (640–610 Ma), embora o


registro litológico de seu magmatismo esteja exposto por mais de 1.000 km.

• É constituído pelos orógenos Pelotas, Paranapiacaba/Pien e Rio Negro e pelo


Terreno Embu.

• A fase magmática sincolisional (640–610 Ma) foi bastante expressiva nos três
orógenos com geração de extensos batólitos dominantemente calcialcalinos de alto
K: Pelotas, Florianópolis e Paranaguá (Orógeno Pelotas), Três Córregos e correlatos
(Paranapiacaba) e Rio Negro.

• O escudo formado por corpos graníticos gerados no Orógeno Pelotas é denominado


Cinturão Dom Feliciano ou Orógeno Dom Feliciano
Província Mantiqueira

• Sistema de Orógenos Brasiliano III (Clímax 590– 520 Ma)

• Este sistema de orógenos compreende basicamente o Orógeno Araçuaí–Rio Doce


(clímax 590–560 Ma), porém guarda também o registro de componentes de outros
eventos, o Orógeno Búzios (clímax ca. de 520 Ma) e o Evento Caçapava do Sul (ca.
560 Ma).
Feições da Província Mantiqueira no Sul
do Brasil
Serra do Mar
Serra do Tabuleiro
Garopaba - SC
Vale do Braço do Norte
Porto Alegre
Bacia do Paraná

• Esta província, com cerca de 1.050.000 km2 apenas em território


brasileiro – uma vez que ela se estende para os territórios da Argentina,
Paraguai e Uruguai, – compreende três áreas de sedimentação
independentes, separadas por profundas discordâncias:

• Bacia do Paraná propriamente dita, uma área de sedimentação que primitivamente


se abria para o oceano Panthalassa a oeste (Milani e Ramos, 1998);
• Bacia Serra Geral, compreendendo os arenitos eólicos da Formação Botucatu e os
derrames basálticos da Formação Serra Geral;
• Bacia Bauru, uma bacia intracratônica

• O substrato da província compreende blocos cratônicos e maciços


alongados na direção NE–SW (Rio Apa, Rio Aporé, Triângulo Mineiro, Rio
Paranapanema, Guaxupé, Joinville e Pelotas), separados por faixas
móveis brasilianas: de norte para sul, Paraguai–Araguaia, Rio Paraná,
Apiaí e Tijucas.
Bacia do Paraná
Bacia do Paraná

• Esta província, com cerca de 1.050.000 km2 apenas em território


brasileiro – uma vez que ela se estende para os territórios da Argentina,
Paraguai e Uruguai, compreende três áreas de sedimentação
independentes, separadas por profundas discordâncias:

• Bacia do Paraná propriamente dita, uma área de sedimentação que primitivamente


se abria para o oceano Panthalassa a oeste (Milani e Ramos, 1998);
• Bacia Serra Geral, compreendendo os arenitos eólicos da Formação Botucatu e os
derrames basálticos da Formação Serra Geral;
• Bacia Bauru, uma bacia intracratônica

• O substrato da província compreende blocos cratônicos e


maciços alongados na direção NE–SW (Rio Apa, Rio Aporé,
Triângulo Mineiro, Rio Paranapanema, Guaxupé, Joinville e
Pelotas), separados por faixas móveis brasilianas: de norte
para sul, Paraguai–Araguaia, Rio Paraná, Apiaí e Tijucas.
Bacia do Paraná (propriamente dita)

• Na Bacia do Paraná propriamente dita são determinados quatro ciclos de


subsidência, correspondentes às supersequências: Rio Ivaí, Paraná, Gondwana I e
Gondwana II;

• A Supersequência Rio Ivaí (Ordoviciana–Siluriana) é de ciclo transgressivo,


compreendendo as formações: Alto Garças, constituída por arenitos
depositados em ambiente fluvial, transicional e costeiro;
• Iapó, composta por diamictitos de origem glacial
• Vila Maria, constituída por folhelhos, hospedando a superfície de inundação máxima

• A supersequência Paraná (Devoniana) constitui ciclo transgressivo-regressivo


e é composta por:
• Formação Furnas, de deposição em ambiente fluvial e transicional (arenitos e
conglomerados)
• Formação Ponta Grossa, constituída principalmente por folhelhos
Bacia do Paraná (propriamente dita)

• A supersequência Gondwana I, Carbonífera, compreende as diversas


formações componentes dos Grupos Itararé, Guatá (transgressiva) e Passa
Dois.
• Grupo Itararé: composto pelas formações Lagoa Azul, Campo Mourão, Taciba e
Aquidauana, é constituído por depósitos sedimentares de origem glácio-marinha.
• Grupo Guatá: formado por rochas de ambiente deltaico, marinho e litorâneo da
Formação Rio Bonito e marinhos da Formação Palermo, com a superfície de
inundação máxima na sua parte intermediária.
• Grupo Passa Dois: parte superior, regressiva, está registrada nas rochas marinhas e
transicionais do (Formações Irati, Serra Alta, Teresina, Corumbataí e Rio do Rasto),
registrando, ao seu final, o início da instalação de clima desértico na bacia.

• A Supersequência Gondwana II (Triássico Médio a Superior), que encerra a


sedimentação na Bacia do Paraná, ocorre apenas no estado do Rio Grande do
Sul e no norte do Uruguai.
• Composta pelas rochas sedimentares do Grupo Rosário do Sul, inclui as formações
Sanga do Cabral, Santa Maria, Caturrita e Guará.
• Caracteriza-se por arenitos e pelitos avermelhados, oriundos de depósitos fluviais e
lacustres e possui abundante fauna de répteis e mamíferos.
Bacia Serra Geral

• Esta bacia designada em referência à Serra Geral do Planalto Meridional Brasileiro


(estado de Santa Catarina), corresponde à Supersequência Gondwana III, que
compreende as formações Botucatu e Serra Geral, reunidas no Grupo São Bento.

• Com o rebaixamento do fundo da bacia, houve a formação de ampla depressão


topográfica, onde se depositaram arenitos de granulação fina a média, os quais
podem ser separados em duas unidades genéticas:

• Inferior: espessura máxima de 100 m, correspondente à Formação Botucatu e discordante


sobre a Bacia do Paraná, que inicia por depósitos de rios efêmeros e lençóis de areia,
seguidos por arenitos eólicos;
• Superior: consistindo de lentes de arenitos eólicos, intercaladas nas rochas vulcânicas da
Formação Serra Geral.

• A Formação Serra Geral consiste-se de derrames basálticos continentais que


formam uma das grandes províncias ígneas do mundo.

• Compreende sucessão de derrames com cerca de 1.500 m de espessura junto ao


depocentro da bacia e recobre área de 1.200.000 km2.
• O produto deste magmatismo está constituído por seqüência toleiítica bimodal onde
predominam basaltos a basalto andesitos (> 90% em volume), superpostos por riolitos e
riodacitos (4% em volume).
Bacia do Paraná

• A província do Paraná cobre o território ou parte do território dos


seguintes estados:
• Paraná
• São Paulo
• Minas Gerais
• Mato Grosso do Sul
• Goiás
• Santa Catarina
• Rio Grande do Sul
Bacia do Paraná
Feições da Bacia do Paraná no Sul do
Brasil
Serra do Corvo Branco
Serra do Rio do Rastro
Itaimbezinho
Maquiné
Lages
Chapecó
Serra Gaucha
Cataratas do Iguaçú
Urubicí
Campos de Cima da Serra
Geologia de Santa Catarina
Geologia de Santa Catarina

• O território catarinense pode ser particionado em quatro


ambientes geológicos:

• Embasamento Cristalino
• Sedimentos Gondwânicos
• Derrames Basálticos
• Sedimentos do Quaternário
Geologia de Santa Catarina

• Embasamento Cristalino
Geologia de Santa Catarina
• Embasamento Cristalino

• É formado pelas rochas mais antigas do estado (complexo granulítico)

• Pode-se dividir em partes menores: complexos granitóides pouco deformados,


médio e muito deformados, ultra deformados (ortognaisses) e complexos
gnaise-migmatíticos.

• Disposição generalizada: Granulitos no nordeste do estado (Joinville), gnaisse


e migmatitos no sudeste, xistos e filitos no no centro-oeste, e granitos por todo
leste do estado (Joinville à Tubarão).
Geologia de Santa Catarina

• Sedimentos Gondwânicos
Geologia de Santa Catarina

• Sedimentos Gondwânicos

• Sua formação ocorreu com a deposição e compactação de


sedimentos oriundos de diversos ambientes.

• Pode ser chamada de região vulcano-sedimentar, uma vez que a


parte superior é de rochas ígneas e os sedimentos estão dispostos
nas camadas inferiores.

• Sedimentos de origem marinha: arenitos finos, silitos e folhelhos.


• Sedimentos de origem fluvial: arenitos e argilitos.
• Sedimentos de origem desértica: arenitos.
Geologia de Santa Catarina
Geologia de Santa Catarina

• Derrames Basálticos
Geologia de Santa Catarina

• Derrames Basálticos
• As rochas efusivas são rochas ígneas extrusivas
• Ocupam quase 50% do território catarinense (crosta)
• Resultado de uma sucessão de derramamentos de lava do período
Mesozóico
• Observa-se nessa região uma grande quantidade de basaltos picríticos,
intrusivas básicas, derrames intermediários e ácidos, além de rochas
vulcanoclásticas
Geologia de Santa Catarina

• Derrames Basálticos
Geologia de Santa Catarina

• Sedimentos do Quaternário
Geologia de Santa Catarina

• Sedimentos do Quaternário

• Formação mais recente do estado;

• Composta por sedimentos pouco consolidados ou inconsolidados, a


maioria ocorrida durante o Quaternário (Cenozóico);

• Encontram-se ali depósitos areno-silitico-argilosos, areias quartzosas,


seixos ,depósitos de tálus e conglomerados.
Geologia de Santa Catarina

• Sedimentos do Quaternário
Geologia de Santa Catarina

• Sedimentos do Quaternário
Referências

• Geologia, tectônica e recursos minerais do Brasil : texto,


mapas & SIG / organizadores, Luiz Augusto Bizzi, Carlos
Schobbenhaus, Roberta Mary Vidotti, João Henrique
Gonçalves – Brasília : CPRM – Serviço Geológico do Brasi,
2003. 692 p.
• ISBN 85-230-0790-3
Questão para próxima aula

• Em que contexto geológico encontra-se sua cidade natal?

• Resumo em uma página.

Você também pode gostar