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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


CAMPUS REITOR EDGAR SANTOS - BARREIRAS

BRUNO EDUARDO CARDOSO SILVA

CHARLES MOREIRA DA SILVA

TAÍSE GOMES DA SILVA

WANDERSON RICARDO FONSECA ROCHA

ESTUDOS LITOESTRATIGRÁFICOS NA CARTA ESTRELA DO SUL-MG.

Barreiras-BA
2014
1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho traz novos estudos para a comunidade científica, o que pode
gerar meios de potencialização: econômica, atraindo empresas do setor mineral, e
turística, para a sociedade através de geoparques.
Localizado a oeste de minas gerais a região de estudo fica próximo à cidade de
Estrela do Sul-MG. Seu acesso é feito partindo de Uberlândia-MG através da BR-
365, entroncamento ao norte pela MG-223 (Figura 1).

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo. Fonte: Acervo Pessoal.


A região encontra-se sobre rochas cristalinas e sedimentares pertencentes à
Faixa Brasília e Bacia do Paraná, formadas em momentos distintos da história
geológica, a Faixa Brasília na região estudada é representada pelas: Suíte
Jurubatuba (meta tonalitos e metagranitos), Formação Serra Geral (basaltos) e
Grupo Araxá (xistos), enquanto que a Bacia do Paraná apresenta na região a
Formação Marília (rochas areníticas e argilíticas arenosas), incluindo também a
Formação Serra Geral.
A região faz parte do circuito turístico do triângulo mineiro, é caracterizada pelos
seguintes relevos: chapadão, escarpas e relevo dissecado. O clima é dividido em
duas estações bem definidas, com períodos de chuvas entre os meses de Outubro a
Março e períodos de seca entre os meses de Abril a Setembro, as temperaturas
variam entre 10°C e 29°C, a vegetação predominante na região é do tipo cerrado
caracterizado por extensas savanas e florestas atravessadas por galerias fluxo
vales.
Na região serão feitas descrições litológicas buscando interpretar a evolução
estratigráfica da área, objetiva-se também realizar interpretação do relevo visando
auxiliar dados de geologia e geomorfologia para analisar os possíveis retornos
econômicos.

1 JUSTIFICATIVA

No que diz respeito à pesquisa, podemos listar três vieses de vantagens, sendo
elas: o ganho acadêmico, econômico e social. A primeira destas atribui à instituição
de ensino (UFOB), maior visibilidade no âmbito da produção de pesquisa, atraindo
investidores e parceiros, e não menos importante este estudo poderá servir de base
para novas produções literárias a serem realizadas; o levantamento litológico
atrelado às descrições mineralógicas traz consigo o potencial de exploração mineral
inerente à área. Deve ser considerado como ganho econômico também o
levantamento de feições geomorfológicas e geológicas de potencial turístico,
agregando capital para o explorador; e por fim, a própria exploração turística agrega
a sociedade geração de emprego e renda, principalmente para os cidadãos nativos.
2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAIS

Objetiva-se neste trabalho localizar e descrever as unidades geológicas que se


encontram dentro da carta temática, SE.23-Y-A-4-4-NE, realizando dessa forma um
mapeamento de detalhe. Também visa estabelecer os possíveis usos da geologia
local para obtenção de recursos financeiros e para ampliar os conhecimentos
científicos relacionados à Bacia do Paraná e à faixa Brasiliana.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Estudar a relação entre topografia e unidades geológicas;


- Mapear o conjunto litoestratigráfico/litodêmico;
- Verificar o potencial mineralógico e geoturístico;
- Remontar a evolução estratigráfica da área.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para a elaboração deste item foram consultadas bibliografias, que serão


citadas no decorrer do texto, referentes à evolução estratigráfica da Bacia do
Paraná, contribuição da Faixa Brasília e sobre a gênese da Suíte Jurubatuba.
De acordo com Fischel et al. (2001), a suíte supracitada, datada em 2089 ± 14
Ma, está localizada entre as rochas metamorfizadas do Grupo Araxá e do Complexo
Anápolis-Itaúçu, num contexto de zona de subducção relacionada ao Cráton do São
Francisco, o Arco Magmático Silvânia e o Maciço Goiano (Formado por rochas
arqueanas e paleoproterozóicas).
Valeriano & Simões (1997), atribuem ao intervalo desde a acreção dos blocos
até a formação da Faixa Brasília um intervalo de 930 Ma até 640 Ma, tendo em vista
que nesse intervalo foram depositados os Grupos Canastra, Ibiá, Paranoá, Vazante,
Bambuí, Araxá e Andrelândia; bem como, foram submetidos ao metamorfismo,
inclusive a Suíte Jurubatuba.
Fischel et al. (2001), destaca que o granito Jurubatuba possui xenólitos
metassedimentares os quais evidenciam a existência de um paleocontinente
(possivelmente o mesmo ao qual o Arco Magmático Silvânia está relacionado) que
foi submetido intrusão deste corpo magmáticos ácido (granito Jurubatuba). Este
autor caracteriza essa rocha como um granito branco à levemente rosado, com
biotitas hipidiomórficas, k-feldspato, plagioclásio, quartzo, e biotita avermelhada em
seção delgada, xenólitos de máficos e rochas metassedimentares, comumente
quartzo granada biotita xisto.
Seer et al. (2001), considera o Grupo Araxá como um fragmento de crosta
oceânica composto de sedimentos, em sua maioria pelíticos, que foram submetidos
a metamorfismo regional gerando quartzo-mica xistos, mica xistos, quartzitos,
quartzitos micáceos, granada-quartzo-mica xistos, granada-cloritóide-quartzo-mica
xistos. Os xistos granadíferos chegam a possuir 20% de granadas que contém até 8
milímetros. Essas rochas muitas vezes apresentam foliação milonítica composta por
bandas que são definidas por diferença no tamanho dos grãos e desenvolvimento de
estruturas do tipo S-Cs. O metamorfismo das rochas desse grupo teve sua maior
expressão datada de 630 Ma em um evento de subducção durante o
desenvolvimento da Faixa Brasília com intrusões graníticas restritas.
Após o Ciclo Brasiliano ocorrera uma sinéclise impulsionada por eventos de
contração térmica que teriam reativado as zonas de fraqueza da orogênese
brasiliana (Zalán, 1990). Então foram depositadas as primeiras sequências da Bacia
do Paraná, dotadas de discordâncias, a exemplo das discordâncias neossiluriana e
neodevoniana.
De acordo com Ghilardi & Rosa (2010), a Bacia do Paraná abrange os
territórios dos estados de Mato Grosso, Paraná, São Paulo e partes dos territórios
dos estados de Minas Gerais e Goiás, estendendo-se pelo Brasil, Uruguai, Paraguai
e Argentina. É uma bacia sedimentar intracratônica (sinéclise), que evoluiu sobre a
Plataforma Sul-Americana, e sua formação teve início há cerca de 400 milhões de
anos, no Período Devoniano, terminando no Cretáceo.
Após a migração do grande continente Gondwana rumo a norte, pós-
carbonífero, houve uma grande sequência de transgressões e regressões marinhas
propiciando mais pacote de sedimentos à Bacia do Paraná (Milani, 1997).
Segundo Milani (1997), passados alguns milhões de anos um fendilhamento,
ao qual se desenvolvera o atual Oceano Atlântico, impulsionou uma sequência de
derrames basálticos do magmatismo Serra Geral (pacote com até dois mil metros de
espessura), que dá nome a unidade litodêmica Formação Serra Geral pertencente
ao Grupo São Bento.
O espesso pacote da Formação Serra Geral gerou um desequilíbrio isostático,
que por meio de subsidência termomecânica culminou numa depressão a qual
seriam depositados os sedimentos do Grupo Bauru (Fernandes, 1998). De acordo
com Barcelos (1993), é representado, da base para o topo, pelas Formações
Adamantina, Uberaba e Marília, sendo esta última dividida nos membros Ponte Alta
e Serra da Galga.
A unidade litoestratigrafica mais jovem, datada segundo Soares et al. (1980)
possui idades máximas referentes ao Cenomaniano, a Formação Marília é definida
como uma unidade composta por arenitos grossos a conglomeráticos, com teor de
matriz variável e raras camadas descontínuas de lamitos vermelhos e calcários
Paula e Silva et al.( 2006).
O Membro Ponte Alta, conforme Alves et. al. (1994), é descrita como
sublitarenitos, litoarenitos feldspáticos e litoarenitos com pobre seleção, variando de
subangulosos a subarredondados. Ainda Alves et. al. (1994), inclui a presença de
calcretes nesta unidade, devido à formação de lagos efêmeros relacionados aos rios
entrelaçados dos sistemas leques aluviais.
De acordo Ribeiro (2001), o Membro Serra da Galga, é composto por
litoarenitos, sublitarenitos, litoarenitos feldspáticos de mal a pobremente
selecionados, aparecendo em alguns casos moderadamente selecionados; contatos
pontuais ou flutuantes, devido a presença de argilominerais; estruturas sedimentares
tipo pelotas de argila, estrutura de escavação preenchimento, estratificações
cruzadas acanaladas e tabulares, arenitos maciços, sendo os ciclos de
granodecrescência ascendente, representados pelos conglomerados e arenitos
conglomeráticos intercalados aos arenitos.
No entanto, Ghilardi & Rosa (2010), esta mesma formação reflete o ambiente
fluvial meandrante, progressivamente sendo alterado para um sistema fluvial
anastomosado, devido ao aumento da aridez e desertificação.
4 MÉTODOS E MATERIAIS

A princípio toda a metodologia empregada no artigo pode ser subdividida em


três estágios. O primeiro deles trata-se da fase pré-campo, a qual foi utilizada
referências bibliográficas para a escrita da fundamentação teórica, com o auxílio do
software Microsoft Word, que foi utilizado para digitalizar o trabalho; para elaboração
do mapa de localização foi utilizado o banco de dados da CPRM, e software ArcGis.
O software supracitado também foi utilizado na confecção do MDE na escala de
1:250.000, da carta SE.23-Y-A, mapa litoestratigráfico, mapa dos pontos coletados
feitos com base na ortofoto da carta (Figura 2).

Figura 2: Ortofoto com localização dos pontos de possíveis afloramentos. Fonte: Embrapa.

Foram previstos 9 pontos de coleta, entretanto em alguns desses pontos 2 ou 3


afloramentos surgem como possibilidade de coleta, ou seja, no total são exibidos no
mapa 16 afloramentos, com possibilidade de exclusão ou acréscimo de afloramentos
a depender das condições observadas em campo.
Os pontos foram selecionados por meio de critérios como: exposição de rocha
(visualizada na ortofoto); proximidade a vias de acesso que facilitam a coleta;
declividade percentual, que aumenta as chances de encontrar afloramentos; e por
fim possíveis contatos litológicos, inferidos com base na mudança abrupta da
geomorfologia e diferença de padrões de declividade, bem como referenciais de
mapa litológico que foram disponibilizados pela CPRM.
Entre os dias 14 e 20/06/2014 será realizada a fase campo, nesta etapa serão
utilizados equipamentos como aparelhos receptores de GPS, necessário para a
marcação das coordenadas do campo; bússola geológica, a fim de medir atitude de
camadas e orientação de lineações ou até mesmo altura de afloramentos; martelo
geológico, para coletar as amostras; lupa de bolso, para facilitar a descrição;
caderneta de campo, onde serão anotados os dados; sacos de amostra; pincel
permanente; HCl, a fim de identificar os carbonatos; escala; câmera fotográfica;
trena e EPIs.
A última etapa a ser abordada no artigo é a fase pós-campo, onde serão
analisados os dados coletados. Nesta fase, uma pequena parcela será feita em
laboratório, com auxílio de microscópio eletrônico, pinças e conjunto de minerais
com escala de dureza. Deste modo, as descrições de campo serão aprimoradas
para a produção dos dados que serão incorporados ao artigo.

5 RESULTADOS PARCIAIS

A partir da elaboração do mapa litológico, do modelo digital de elevação e do


mapa de pontos (locados sobre a ortofoto da região), foi possível por meio de
análises fazer algumas relações a cerca do relevo e litologia, a fim de verificar a
harmonia entre essas duas informações e selecionar as melhores possibilidades
para encontrar afloramentos.
A princípio, através do MDE observam-se três regiões que podem ser
diferenciadas por meio da diferença de declividade. As regiões mais altas onde
predominam os chapadões possuem declividade de 0 até 1,39 %, estão associadas
aos arenitos da Formação Marília; As regiões mais baixas de fundo de vale,
delimitadas por vertentes mais íngremes podem ser distinguidas pela declividade
percentual mais expressiva que atinge até 7.74 %, as quais estão associados os
xistos do Grupo Araxá; E as regiões caracterizadas por declividades moderadas
correspondendo a fundos de vales com vertentes menos íngremes onde se
encontram os dacitos da Formação Serra Geral (Figura 3).

Figura 3: Mapa de Elevação. Fonte: Acervo Pessoal.

No modelo digital de elevação fica evidente que as regiões de menos cota


topográfica corresponde as drenagens, que por sua vez exibem um padrão sub
dendrítico que possivelmente pode significar controle estrutural fraco com pacotes
sub-horizontais.
Utilizando o recurso da ortofoto é notória a presença de lineamentos inferiores
a 5 km de extensão que podem estar relacionados a juntas ou diaclases de trend
preferencial NW-SE, concordante com a orientação preferencial da drenagem que
possivelmente pode sofrer fraca influência destes lineamentos.
O conhecimento prévio do modo como estão dispostas as rochas do Grupo
Araxá, e das formações Serra Geral e Marília facilitou todas as demais análises
realizadas até o presente momento. Tal disposição pode ser melhor observada no
mapa litológico da figura 4.
Figura 2: Mapa litoestratigráfico da área de estudo. Fonte: Acervo Pessoal.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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