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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL
Curso de Graduação em Geologia

ANDRÉIA KARINNE ALVES DE ARAÚJO


EDSON CIRO GONÇALVES DE SOUZA
LUANA DA SILVA DE SOUZA

RELATÓRIO DE CAMPO: GEOLOGIA DA REGIÃO DE XIQUE-


XIQUE-BA

BARREIRAS-BA

2014
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata do estudo geológico realizado em alguns pontos no


município de Xique-Xique-BA. Durante o processo de aprendizagem da disciplina de
Geologia de Campo I, faz-se necessário o reconhecimento de estruturas das unidades
litoestratigráficas tal como a descrição e interpretação das fácies geológicas na prática
das observações dos afloramentos rochosos.

O município de Xique-xique-BA localiza-se a margem direita do rio São


Francisco, mais especificamente no Baixo-médio São Francisco, com uma altitude de
403 m, distante 577 km da capital Salvador por via rodoviária, tendo o município uma
área de 5.020 km², existem afloramentos de formações importantes algumas inclusive
expostas por corte de estrada. Durante a realização do campo foi possível a observação
de fácies e estruturas das formações Tombador, Caboclo, Salitre (Unidades Jussara e
Irecê) e Caatinga. A vegetação predominante é a caatinga stricto sensu que pode
compreender arbustos ou pequenas árvores que perdem suas folhas na estação seca,
cactos como o xique-xique e o mandacaru, árvores isoladas como o umbuzeiro ou ainda
palmeiras. O clima é do tipo semiárido, com chuvas escassas e temperaturas elevadas.
Em relação a geologia, possui cobertura sedimentar terciária, quaternária que se
distribui por todo médio São Francisco nas regiões de Xique-xique, Sento Sé, Casa
Nova, Remanso, Barra e Ibotirama.

Figura 1: Localização de Xique-xique na Bahia.


Fonte: Wikipédia, 2014.
A viagem de campo foi composta de 18 pontos, sendo que a localização dos
pontos encontra-se na Figura 1:

Figura 2: Localização de pontos realizados durante o campo na região de Xique-xique-BA.


Fonte: Google Earth, adaptado por CIRO, Edson, 2014.

O presente relatório justifica-se como avaliação da disciplina de Geologia de


Campo I e visa colaborar de maneira informativa sobre a geologia do município de
Xique-xique-BA, especialmente no que diz respeito a interpretação de estruturas e
ambientes de formação.

2. OBJETIVOS GERAIS

Objetiva-se contribuir para a caracterização dos afloramentos rochosos da cidade


de Xique-xique-BA e regiões proximais, contribuindo para a redução das deficiências
de informações geológicas sobre a região. Ainda reconhecer regionalmente o contexto
geológico das Formações Tombador, Caboclo, Morro do Chapéu, Salitre (Unidades
Jussara e Irecê) e Caatinga e identificar os sistemas deposicionais, transicionais,
erosivos e descrever fácies presentes nos afloramentos estudados, sempre se atentando
na concordância ou discordância entre a literatura e o que se observa em campo.
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1. Cráton do São Francisco

O Cráton do São Francisco abrange principalmente os estados da Bahia e de


Minas Gerais, aflorando em cerca de 50% do estado da Bahia (Almeida, 1967;1977).
São identificados quatro importantes segmentos: Bloco Gavião, constituído por rochas
gnáissicas datadas de 2,8-2,9 Ga (Marinho, 1991) e por núcleos TTG (trondhjemito-
tonalito-granodiorito) datados d 3,4-3,2 Ga (Cunha et. al., 1996); Bloco Serrinha
composto por gnaisses e migmatitos, todos arqueanos (Mascarenhas, 1976; Silva,
1985,1972; Oliveira et. al., 2004); o Bloco Jequié é constituído por ortognaisses,
migmatitos e rochas de composição charnockitos-enderbitos, datados de 2,7-2,6 Ga
(Barbosa & Sabaté, 2000); e por fim o Bloco Uauá, composto por rochas
metamorfizadas em fácies granulito e retromorfizadas para fácies anfibolito, são
generalizadas idades mesoarqueanas (Oliveira et. al., 2011).

Os limites do Cráton, segundo dados geológicos e geofísicos (Ussami,1993) são


delimitados pelas faixas de dobramento da orogênese Brasiliana: Brasília, a sul e oeste;
Rio Preto, a noroeste; Riacho do Pontal e Sergipana, a norte; e Araçuaí, a sudeste
(Almeida, 1977;1981).

O Cráton é truncado por um rift abortado na direção N-S, onde se depositaram


os protólitos das rochas siliciclásticas do Supergrupo Espinhaço (Barbosa, Sabaté &
Marinho, 2003).

4.2. Supergrupo Espinhaço

Corresponde às coberturas pré-cambrianas do Cráton do São Francisco. Está


dividido em dois grandes domínios: Supergrupo Espinhaço e Supergrupo São Francisco.
Desenvolveu-se através de um processo de rifting, onde se depositou o Supergrupo
Espinhaço. É composto por rochas metassedimentares (pelitos e psamitos) e
metavulcânicas, enquanto o Supergrupo São Francisco é dominantemente carbonático.

Subdivide-se na região da Chapada Diamantina em Formação Serra da


Gameleira, Grupos Rio dos Remédios (Formações Novo Horizonte, Lagoa de Dentro,
Ouricuri do Ouro), Paraguaçu (Formações Mangabeira, Açuruá), Chapada Diamantina
(Formações Tombador, Caboclo) e a Formação Morro do Chapéu. E no Espinhaço
Setentrional em Formação Algodão e nos Grupos Oliveira dos Brejinhos (Formações
São Simão, Pajeú, Riacho do Bento, Mosquito) e Santo Onofre (Formações Fazendinha,
Serra da Vereda, Serra da Garapa, Boqueirão).

4.2.1. Grupo Chapada Diamantina

Subdivide-se, da base para o topo, nas Formações Tombador e Caboclo, e


Formação Morro do Chapéu. Situa-se na região central do Estado da Bahia, onde
afloram rochas mesoproterozóicas (Delgado et. al., 1994), terrígenas, com baixo grau de
metamorfismo e deformação.

A definição dos ambientes de sedimentação foi proposta inicialmente por


Monteiro et. al. (1984) e seguida pelos de Souza & Guerra (1986) e Vilas Boas et. al.
(1998), sendo culminada pelo Projeto Utinga-Mucugê da CPRM – Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais, publicado em 1990 por Guimarães & Pedreira (1990),
Bomfim & Pedreira (1990) e Pedreira & Margalho (1990), neste definiram que houve
uma transição nos ambientes, de marinho (contexto de nível de mar baixo e plataforma
marinha rasa dominada por tempestades) para continental (leques aluviais, fluvial
entrelaçado e eólico).

4.2.1.1. Formação Tombador

Aflora em quase toda a região, com espessuras variáveis de leste para oeste e de
norte para sul. Consiste de conglomerados e arenitos e suas fácies são de características
de ambientes continentais e transicionais.

Apresenta três associações de litofácies siliciclásticas:

(I) Associação inferior: metaconglomerados, polimítico e


oligomítico, metarenito impuro mal selecionado e metaquartzoarenito,
apresentam estratificações cruzadas, acanalada e tangencial à base e gradação
normal;
(II) Associação intermediária: metarenito feldspático mal selecionado
e metaconglomerado oligomítico com estratificações cruzadas, acanalada e
tangencial à base e gradação normal;
(III) Associação superior: metaquartzoarenito bimodal bem
selecionado, com estratificação cruzada acanalada e tangencial à base de médio
a muito grande porte e de níveis de metarenito feldspático e metaconglomerado.
Segundo Guimarães et. al. (2005) e Loureiro et. al. (2008) há vários ciclos de
sedimentação com gradação normal em ambiente continental costeiro, sob clima
semiárido, através de sistemas de leques aluviais, fluvial entrelaçado multicanalizado e
eólico, em um contexto de mar baixo.

4.2.1.2. Formação Caboclo

Unidade intermediária do Grupo Chapada Diamantina, com espessura máxima


de 480 metros, limita-se através de contatos gradacionais com as unidades inferiores da
Formação Tombador. É composta, basicamente, por sedimentos finos e carbonatos,
essencialmente de ambiente marinho plataformal dominada por tempestades (Branner,
1910; Silveira et. al., 1989).

Compreende quatro associações de litofácies siliciclásticas e carbonáticas:

(I) Associação de litofácies representada por metaquartzoarenito


silicificado com estratificação plano-paralela e cruzada de baixo ângulo, cruzada
tangencial à base e acanalada, associado a metarenito argiloso e metassiltito com
estratificações ondulada, lenticular e do tipo hummocky;
(II) Associação de litofácies constituída de metargilito e metassiltito,
às vezes rítmicos, e de metarenito argiloso com estratificações plano-paralela,
ondulada, lenticular, do tipo hummocky, além de cruzadas de baixo ângulo,
tangencial à base, acanalada e estruturas de sobrecarga;
(III) Associação de litofácies composta de metarenito impuro com
estratificações ondulada, lenticular, hummocky e estruturas de sobrecarga,
metacalcilutito, metamarga e níveis de metarenito/metassiltito calcífero;
(IV) Associação de litofácies formada de metaquartzoarenito fino com
estratificações plano-paralela, ondulada, lenticular e cruzadas de baixo ângulo,
tangencial à base e acanalada.

4.2.1.3. Formação Morro do Chapéu

A Formação Morro do Chapéu foi retirada do Grupo Chapa Diamantina através


de uma proposta de Schobbenhaus (1993; 1996), e posteriormente por Guimarães et. al.
(2005) e Loureiro et. al. (2008). Essa retirada é justificada pela ausência de diques
básicos, presente nas outras unidades, e pela existência de uma superfície de erosão na
base da formação (Dominguez & Rocha, 1991; Dominguez, 1993).
Representa o fechamento da sedimentação do Supergrupo Espinhaço (Brito
Neves, 1967). É constituído por cinco associações de litofácies:

(I) Associação composta de metaconglomerado polimítico,


metarenito feldspático conglomerático, metarenito feldspático mal selecionado,
metaquartzoarenito bimodal bem selecionado, níveis de metassiltito e
metargilito laminados. Apresentam estratificações externas acanalada e
lenticular, e interna plano-paralela, cruzadas, acanalada e tangencial à base de
médio a grande porte, e gradação normal;
(II) Associação constituída de metassiltito e metargilito laminado,
com marcas onduladas e estrutura de contração, metaquartzoarenito com
estratificação cruzada acanalada, gradação normal e marca ondulada assimétrica;
(III) Associação formada de metaquartzoarenito com geometria
sigmoidal, estratificações plano-paralela e cruzadas, tabular e acanalada, além de
marcas onduladas, simétrica, assimétrica e linguoide. Filmes e lentes de
metargilito interpõem-se, muitas vezes, às camadas de metaquartzoarenito;
(IV) Associação representada por metarenito e metargilito com
estratificação lenticular, estruturas de contração e marcas onduladas;
(V) Associação constituída de metarenito mal selecionado, fluidizado,
com geometria externa sigmoidal, estratificações cruzada acanalada, cavalgante
e dobras convolutas.

4.3. Supergrupo São Francisco

As rochas do Supergrupo São Francisco ocorrem na metade oriental da Chapada


Diamantina e apresentam espessura máxima da ordem de 1.000 metros, compreende
rochas sedimentares carbonáticas e siliciclásticas datadas de 850 a 630 Ma.

É subdividido, da base para o topo, nas Formações Bebedouro (tilitos, siltito e


pelitos de ambiente glacial e planície aluvial) e Salitre (calcilutito, calcissiltito,
calcarenitos e sílex de ambiente marinho plataformal) (Silva-Born, 2012).

4.3.1. Formação Salitre

Inicialmente descrita por Branner (1911) com a designação de “Calcário


Salitre”, foi posteriormente subdividida por Bomfim et. al. (1985) em quatro unidades
de litofácies carbonáticas e siliciclásticas, da base para o topo, conhecidas como Nova
América, Gabriel, Jussara e Irecê.
Segundo Bomfim et. al. (1985) as litofácies da Unidade Nova América foram
acumuladas e ambiente de inter a supramaré com ciclo regressivo; a Unidade Gabriel
como de inter a submaré; a Unidade Jussara como de submaré com ciclo transgressivo e
a Unidade Irecê como marinho profundo, associado a talude distal e proximal.

Para Leão & Dominguez (1992), Guimarães (2000) e Loureiro et. al. (2008) as
rochas da Formação Salitre se depositaram em uma bacia intracratônica gerada e
preenchida no final do Criogeniano (650 a 850Ma), em um ambiente marinho raso a
plataforma do tipo rampa caracterizada por declives suaves e ausência de um talude
pronunciado. Nesse modelo, os calcarenitos e dolomitos ocorrem predominantemente
em zona litorânea afetada por ondas de tempestades, onde cresciam estromatólitos
colunares, e os calcilutitos nas lagunas, protegidas do por aberto por ilhas barreiras.
Costa afora, em ambiente plataformal, se acumularam as litofácies de calcarenitos,
marga e arenitos interestratificados.

(I) Unidade Nova América: composta por laminito algal, calcilutito,


calcissiltito e níveis, muitas vezes silicificados, de calcarenitos, dolarenito e
estromatólitos colunares. As estruturas primárias na unidade são a estratificação
ondulada, lenticular, estratificação cruzada do tipo hummocky, além de
estruturas do tipo tepee.
(II) Unidade Gabriel: formada por calcilutito peloidal, calcissiltito
laminado, calcarenitos maciço oolítico, com níveis de calcirrudito, argilito,
conglomerado intraclástico. Laminação plano-paralela e estratificação cruzada
do tipo hummocky.
(III) Unidade Jussara: constituída de calcarenitos intraclásticos
peloidais oncolíticos, calcarenitos quartzosos, calcirrudito, calcissiltito,
calcilutito peloidal micrítico, com níveis de arenitos, além de zonas silicificadas.
Apresentam estratificação e laminação plano-paralela, estratificações cruzadas
tangenciais à base, sigmoidal e do tipo espinha-de-peixe, além de marcas de
ondas. Subdivide-se em três subunidades litologicamente e ambientalmente
distintas, denominadas da base para o topo como Jussara Inferior (calcarenitos,
calcilutitos e calcissiltitos, além de termos terrígenos representados por arenitos
arcosianos e metassiltito), Jussara Médio (calcarenito finos odorosos,
calcissiltitos e calcilutitos) e Jussara Inferior (calcarenito oncolítico intraclástico,
interacamadado e interlaminado com calcilutitos e calcissiltitos).
(IV) Unidade Irecê: composta de calcilutito laminado, localmente
plaqueado, interestratificado com marga, arenito, siltito e argilito.

4.4. Formação Caatinga

De idade quaternária, é resultante de processos de dissolução química de rochas


carbonáticas mais antigas (Grupo Bambuí) provocadas pelas águas superficiais e
enxurradas e reprecipitação in-situ (Branner, 1911). Corresponde à rochas calcárias, ora
maciços, ora pulverulento, que não ultrapassam os 20 m de espessura. Suguio et. al.
(1980) confirmaram que foi gerado em ambiente de água doce e Penha (1994) descreve
uma série de feições como gretas circungranulares, rizóides, tubos e moldes de raízes.

4.5. Dunas móveis

De acordo com a Lei 1.197 de 2003 do Dr. João Alfredo, dunas móveis são:
aquelas que, em face da ação dos ventos sofrem deslocamento ao longo do tempo.
Ainda de acordo com essa lei são áreas de APP, para recarga de aquíferos. As dunas
móveis caracterizam-se pela ausência de vegetação ou qualquer revestimento que
detenha ou atenue os efeitos da dinâmica eólica, responsáveis por sua migração
(Pinheiro, 2009; Moura-Fé, 2008).

Dependendo de vários fatores, como a eficácia do vento, tipo e suprimento de


areia e natureza e intensidade da cobertura vegetal, as dunas podem assumir diferentes
formas, que de acordo com McKee (1966) são denominadas de barcanas, barcanóides,
transversais, parabólicas, longitudinais ou “seif”, estreladas.

(I) Dunas barcanas: São formadas em regiões secas com baixa


disponibilidade de sedimentos, a vegetação é ausente e a “cauda” se alonga a
favor do vento.
(II) Dunas barcanóides: Forma-se com ventos unidirecionais, difere-
se da barcana pela alta disponibilidade de sedimentos.
(III) Dunas transversais: As dunas transversais se formam quando o
vento sopra em uma única direção, as suas cristas são transversais à direção do
vendo e o suprimento sedimentar é abundante.
(IV) Dunas parabólicas: Formam-se em ambientes úmidos e com
vegetação, onde a vegetação se fixa na “cauda” retardando o avanço, enquanto
que a crista continua avançando.
(V) Dunas longitudinais ou “seif”: Dunas formadas por ventos
bimodais.
(VI) Dunas estreladas: Formada por ventos multidirecionais e com
abundante suprimento de areia.

5. ANÁLISES E RESULTADOS

5.1. Formação Tombador

Segundo Sampaio et al., 1994, a Formação Tombador pode ser dividida em duas
sequências distintas: uma arenosa, que ocorre tanto na base quanto no topo, sendo mais
espessa na base e mais delgada no topo da formação, e outra conglomerática que ocorre
na porção intermediária.
A sequência arenosa inferior é caracterizada por arenitos com coloração
alaranjado-amarelada, com espessura variando de média a grossa. Já no topo da
sequência, ocorre uma maior quantidade de areia que varia de média a fina. Na porção
intermediária, encontra-se arenito conglomerático que apresenta clastos
subarredondados a subangulosos, sendo esses polimíticos, como mostra a fotografia
abaixo:
Foto 01: Sequência deposicional, Formação Tombador. Fonte: KARINNE, Andréia Araújo,
2014.

Os sedimentos dessa sequência de deposição apresentam estratificação paralela e


cruzada (foto 02), sendo interpretada como de sistema fluvial, onde o rio apresentava
um padrão entrelaçado, devido à presença dessas estruturas.
Foto 02: Estratificações paralelas e cruzadas, Formação Tombador. Fonte: CIRO, Edson, 2014.

Também se percebe disjunção esferoidal, por alívio de pressão que evidencia


grande amplitude térmica local.

5.2. Formação Caboclo

A Formação Caboclo (Branner, 1910), é composta por sedimentos finos (argilito,


siltito, folhelho) e carbonatos, tendo sido depositada essencialmente em ambiente
marinho plataformal. Em seu interior, duas discordâncias caracterizando rebaixamentos
relativos bruscos do nível do mar, dão lugar à deposição de arenitos continentais. As
subidas subsequentes do nível do mar recobriram esses arenitos com argilitos, siltitos e
carbonatos.
Coberturas detrito-lateríticas ocorrem no sopé do morro, sendo constituídos por níveis
de ferro e argila, apresentando seixos de variados tamanhos como mostra a foto 03:
Foto 03: Cobertura detrito-laterítica, Formação Caboclo. Fonte: CIRO, Edson, 2014.

5.3. Formação Salitre/Unidade Jussara

Segundo DOMINGUEZ (1996), a Formação Salitre/Unidade Jussara:


compreende calcarenitos finos a grossos, calcissiltitos e calcilutitos de coloração cinza-
escuro a preta. Esta unidade foi depositada sob a ação de ondas e correntes, sujeito à
ação de tempestades.

5.4. Formação Salitre/Unidade Irecê

Segundo Bomfim et.al (1985), entre os litotipos da Unidade Irecê, que


constituem turbiditos distais e/ou proximais, predominam calcilutitos laminados com
variação para calcarenitos de textura fina a média, coloração cinza escura a negra, com
intercalações de margas, siltitos, arenitos imaturos e sílex. Os calcilutitos pretos
mostram laminação plano paralela, planos manchados por material avermelhado e
passam gradativamente a calcarenitos de granulação fina a muito fina, com mesma
coloração.

O afloramento apresenta dobramento, como mostra a imagem xxx, a rocha


sofreu dobramento por pressão. Entre as camadas há precipitação de sílica, que
preenche as fraturas abertas. O calcilutito com seixos de calcário evidencia um ambiente
de formação marinho.

Foto: Dobras, Formação Salitre/Unidade Irecê. Fonte: KARINNE, Andréia Araújo, 2014.

5.5. Formação Caatinga

Segundo Branner (1910a) os calcretes da Formação Caatinga foram formados às


custas da dissolução e reprecipitação das rochas carbonáticas do Grupo Bambuí.

Os calcretes da região próxima a Xique-xique-BA apresentam grau notável de


dissolução, causada pela água da chuva, como é mostrado na foto XXX, os calcretes são
materiais superficiais, tais como os cascalhos ou areias, cimentados por carbonato de
cálcio (CaCO3), como resultado de concentração por evaporação em clima seco, a partir
das águas intersticiais próximas à superfície. Frequentemente caracterizado por crostas e
encontrado tanto em ambientes continentais como costeiros.
Foto: Calcrete, Formação Caatinga. Fonte: KARINNE, Andréia Araújo, 2014.

5.6. Dunas Móveis

As dunas móveis do médio São Francisco são alimentadas pelos sedimentos carregados
pelo rio e posteriormente retrabalhados pelo vento. Essa duna, especificamente, é do tipo
transversal, não apresentando vegetação em sua crista. A direção do vento
N 276º

Foto 03: Dunas Móveis, Barra-BA. Fonte: CIRO, Edson, 2014.

6. CONCLUSÃO

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida, 1967-1977

Almeida, 1977;1981

Barbosa & Sabaté, 2000

Barbosa, Sabaté & Marinho, 2003

BRANNER, J. C. The Tombador scarpment in the state of Bahia, Brazil. American


Journal of Science, v. 30, n. 179, p. 335-543, 1910a.

Cunha et. al., 1996

Delgado et. al., 1994

Marinho, 1991

Mascarenhas, 1976; Silva, 1985,1972; Oliveira et. al., 2004

Oliveira et. al., 2011

Ussami,1993

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