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Estudo das correntes e fenômenos elétricos e suas

bases físicas
Professora Leide Daiane Nascimento Cabral
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• conhecer conceitos básicos em eletroterapia;


• compreender os efeitos da termo terapia sobre os tecidos corporais;
• reconhecer os efeitos fisiológicos da aplicação do calor superficial e calor
profundo;
• conhecer os recursos mecanoterapêuticos aplicados à Estética, suas
indicações e contraindicações.
ELETRICIDADE

• Segundo Robinson e Snyder-


Mackler (2010), a eletricidade
é definida como uma forma
básica de energia e pode
produzir efeitos significativos
sobre os tecidos biológicos.
ELETROTERAPIA

• Consiste na aplicação de energia eletromagnética do


organismo de diferentes formas com o fim de produzir
sobre ele reações biológicas fisiológicas para melhorar os
distintos tecidos quando se encontram submetido a
enfermidades ou alterações metabólicas das células.

(AGNES,2009)
CONCEITOS

• Sabemos que a matéria é constituída por átomos e estes


por sua vez são formados por elétrons, prótons e
nêutrons.
• Elétrons são carregados negativamente.
• Prótons são carregados positivamente.
• Nêutrons não possuem carga elétrica.
(AGNES,2009)
O QUE É ELETRICIDADE?

• Silva Júnior (2009) define eletricidade como um fenômeno natural, resultado


da existência de cargas elétricas nos átomos que constituem a matéria. No
núcleo dos átomos há cargas elétricas positivas fixas (prótons) e em torno do
núcleo há cargas elétricas negativas em movimento (elétrons).
CONCEITO DE TENSÃO
ELÉTRICA
Tensão elétrica é a diferença de potencial
elétrico entre dois pontos. Sua unidade de medida é o
volt, o nome é homenagem ao físico italiano
Alessandro Volta. Em outras palavras, a tensão elétrica
é a "força" responsável pela movimentação de elétrons.

No Brasil a palavra "voltagem" é usada coloquialmente,


o modo correto de se referir a quantidade de Volts, é "tensão".

Sempre devemos consultar a tensão


elétrica de um equipamento antes de
utilizá-lo.
Conceito de corrente elétrica
A corrente elétrica é o movimento ordenado de partículas
eletricamente carregadas. É o fluxo ordenado de carga (elétrons
livres, íons +, íons -) de um lugar a outro através da matéria.
Ao aplicar-se uma diferença de potencial entre dois pontos
do metal (ligando as pontas do fio a uma bateria, por exemplo),
estabelece-se um campo elétrico interno e os elétrons passam a se
movimentar numa certa ordem, constituindo assim a corrente
elétrica.
EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA
• Efeito térmico: o calor produzido é proporcional a resistência do
tecido.
• Efeito eletromagnético: a corrente elétrica gera um campo
magnético.
• Efeito Eletroquímico: a corrente elétrica ao passar por soluções
eletrolíticas produz um deslocamento de íons para os polos de
entrada e de saída da corrente.

(AGNES,2009)
CORRENTE ELÉTRICA

• Há 2 tipos de correntes elétricas:


1.Corrente direta: é aquela na qual o fluxo de elétrons que passa
por um circuito que flui sempre num mesmo sentido durante a
passagem do tempo.
2.Corrente alternada: é aquela que tem como característica
principal à alternância de polaridade durante a passagem do
tempo, ou seja, a corrente flui primeiro por um caminho e depois
por outro.
CORRENTE DIRETA
• Neste tipo de corrente, não há inversão de polaridade. É
também conhecida como Corrente Direta (CD).
• O padrão básico do fluxo da CD é o quadrado da onda.
• Os elétrons caminham do cátodo para o ânodo.
• A corrente direta é comum para iontoforese, para estimular a
contração de músculos denervados, e ocasionalmente para
cicatrização de feridas.
• Segundo Robinson e Snyder-Mackler (2010), no contexto de
aplicações clínicas, o fluxo deve continuar ininterrupto por, no
mínimo, um segundo para ser considerada corrente direta.
• Em Estética, esta corrente é chamada de
Corrente Galvânica.
CORRENTE DIRETA
CORRENTES ALTERNADAS
• O fluxo de partículas é ininterrupto e bidirecional.
• A direção, a magnitude e o fluxo se invertem.
• Não possuem pólo (+) ou pólo (–).
• Os elétrons se movem, para frente e para trás entre os
dois eletrodos, conforme os eletrodos se tornam polos
(+) e polos (-).
• Ideal para atividade exitomotora.
• Em Estética, esta corrente é conhecida como Corrente
Farádica.
UNIDADE DE CORRENTE ELÉTRICA
O Ampere é a unidade de medida utilizada para mediar a
intensidade da corrente elétrica, em eletroterapia utiliza-se
o símbolo mA (miliampere)
A intensidade (amplitude) da corrente elétrica também
tem papel importante na escolha da terapia , pois é ela
quem vai facilitar a entrada da corrente elétrica dentro do
corpo vencendo a resistência ôhmica (resistência da pele).
A Intensidade vai ser responsável pela excitação dos
diversos tipos de neurônios ou via Sensitiva, Motora ou
mesmo dolorosa.
• É a limitação da corrente que passa por um circuito para uma voltagem em particular. Oposição ao
movimento de elétrons, por exemplo, a pele, medida em ohm (Ω).

• Lei de Ohm: A corrente elétrica é o resultado da aplicação de uma voltagem sobre uma resistência.
POTÊNCIA

• Agne (2006) define potência como a conversão da energia elétrica em outras


formas de energia. No caso do Ultrassom (US), por exemplo, a corrente
elétrica é transformada em energia mecânica, que é medida em Watt/cm². A
potência é o parâmetro que provoca a sensação agradável ou desagradável no
paciente, sendo assim, pode-se reduzir a potência quando o paciente
demonstrar desconforto diante de algum agente físico elétrico. Também pode
ser medida em joule (J).
PULSO
• O pulso pode ser definido como uma forma de onda individual, é
expresso geralmente em segundos (seg), milissegundos (ms) ou
microssegundos (µs). Largura de pulso (LP) é o tempo de duração
de cada um dos pulsos, medido desde quando deixar o ponto zero
até voltar a encontrá-lo.
INTERVALO

• Intervalo é o tempo transcorrido entre dois pulsos, ou dois conjuntos de


pulsos. Também pode ser definido como tempo de repouso, no entanto,
recomenda-se que utilize tempo de repouso para definir o tempo em que não
ocorre eletroestimulação para favorecer o relaxamento muscular (AGNE,
2006).
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A FREQÜÊNCIA

• BAIXA FREQÜÊNCIA: São correntes que tem freqüências


inferior a 1.000 Hz (Galvânica, Farádica)
• MÉDIA FREQUÊNCIA: São correntes que tem freqüências
entre 1000 Hz e 100.000 Hz (Corrente Russa)
• ALTA FREQÜÊNCIA: Consiste na aplicação decorrentes
alternadas que variam entre 100.000 Hz à 250.00 MHz
(Microondas e U.S)
INTENSIDADE

• Medida em microampères (µA) ou miliampères (mA), aumentando-se a


intensidade em um aparelho, aumenta-se a unidade motora recrutada, a área
atingida, bem como sua magnitude. Pode-se aumentar a intensidade para
manter o estímulo sensorial, visto que na medida do tempo vai havendo
acomodação.
ELETRODOS

• Eletrodo é um material condutor que serve como interface entre um


estimulador e os tecidos humanos (ROBINSON; SNYDER-MACKLER,
2010). Os eletrodos de contato são aplicados diretamente sobre a pele,
enquanto que, os eletrodos percutâneos (agulhas de acupuntura) são
introduzidos nos tecidos (AGNE, 2006). Os eletrodos de contato mais
utilizados são os de borracha condutora flexíveis, autoadesivos e placas
metálicas revestidas por esponja umedecida.
ELETRODOS
• Para os eletrodos de borracha condutora flexíveis deve-se utilizar um meio de acoplamento que pode
ser gel, creme ou líquido eletrolítico. Para todos os tipos de eletrodos o ideal é reduzir a impedância da
pele, por meio de limpeza adequada com sabonete hipoalergênico ou suave abrasão da pele. O mesmo
vale para a fixação, que deve ser realizada de forma segura para garantir o contato uniforme com a pele
(ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2010).
ELETRODOS

• A colocação dos eletrodos é decisiva para atingir os objetivos em eletroterapia. Eles podem
ser dispostos de forma monopolar, bipolar ou quadripolar, o que varia de acordo com o
tecido ou área-alvo a ser tratada (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2010). Além disso,
eletrodos podem ser de diferentes tamanhos, sendo a sua escolha relacionada à área e
volume que se pretende estimular, bem como a técnica de aplicação. O tamanho do eletrodo
também está diretamente relacionado à resistência, onde, quanto maior o tamanho, menor a
resistência, e vice-versa (AGNE, 2006).
TERMINOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS EM
ELETROTERAPIA
• Ânion: átomo carregado negativamente.
• Cánion: pólo positivo de uma corrente elétrica.
• Átomo: sistema energeticamente estável, formando por um núcleo positivo
que contém nêutrons e prótons e cercados de elétrons, a menor quantidade de
uma substância elementar que tem as propriedades químicas de um elemento.
• Campo Elétrico: é o espaço que rodeia corpos eletricamente carregados.
Nesse espaço é possível sentir a influência dessas cargas, e esses campos de
forças diminuem à medida que se afastam do ponto de origem (ponto em que
estão os corpos carregados).
TERMINOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS EM
ELETROTERAPIA

• Capacitância: é a propriedade de um sistema formado por isolantes e


condutores de armazenar cargas. Os sistemas capacitivo tendem a bloquear
correntes diretas, mas tendem a deixar passar as correntes alternadas.
• Cátodo: pólo negativo de uma corrente elétrica.
• Circuito elétrico: representa as ligações, feitas por meio de condutores,
entre vários componentes elétrico, com a presença obrigatória de um gerador.
Nos circuitos elétricos há passagem de correntes elétrica.
TERMINOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS EM
ELETROTERAPIA
• Condutores: são os meios ou materiais através dos quais as cargas
elétricas têm facilidade para se movimentar. Um bom condutor
oferece pouca resistência à passagem da corrente elétrica. Os metais
em geral são bons condutores.
• Elemento: tudo que entra na composição de alguma coisa. É uma
substância que não pode ser decomposta, mediante processos
químicos ordinários, em outras substâncias mais simples; substâncias
constituídos por átomos com a mesma carga nuclear.
TERMINOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS EM
ELETROTERAPIA

• Eletrólise: é o conjunto de fenômenos químicos ocorrentes em


uma solução condutora de corrente elétrica.
• Eletrólito: composto que conduz a corrente elétrica, quando em
fusão.
• Elétron: é uma das partículas do átomo com carga elétrica
negativa.
TERMINOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS EM
ELETROTERAPIA

• Geradores elétricos: são os dispositivos capazes de receber, armazenar e depois


liberar carga elétricas através das vias condutivas apropriadas.
• Impedância: é a oposição que um material ou substância apresenta à passagem da
corrente alternada.
• Íon: átomo ou grupamentos de átomos com excesso ou falta de carga elétrica
negativa.
TERMINOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS EM
ELETROTERAPIA

• Iontoforese ou ionização: é a formação de íons.


• Isolantes: são materiais que oferecem muita resistência à passagem da
corrente elétrica. Os isolantes impedem que a corrente elétrica se disperse e,
em contrapartida, geram calor, devido ao atrito grave das partículas. Entre os
isolantes, podemos citar os mais conhecidos, que são as borrachas, a madeira,
plásticos e cerâmicas
TERMINOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS EM
ELETROTERAPIA

• Matéria: qualquer substância sólida, líquida ou gasosa que ocupe lugar no espaço.
• Molécula: menor porção de uma substância capaz de existência independente sem
perder suas propriedades químicas.
• Néutron: é uma partículas do átomo sem carga elétrica.
• Pólos: são as duas extremidades de um condutor, divididos em pólo positivo e pólo
negativo.
TERMINOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS EM
ELETROTERAPIA
• Potência elétrica: representa o ritmo de consumo de energia elétrica. Quanto mais
potente for o aparelho, mais eletricidade ele consumirá. A potência é medida em Watts
(w), homenagem ao físico James Watt.
• Próton: é uma das partículas do átomo, com carga elétrica positiva.
• Resistência: é a maior ou menor dificuldade que as carga elétrica encontram para se
movimentar através de um condutor. A resistência é medida em ohms. Os componentes
eletrônicos são chamados resistores.
• Substâncias: qualquer matéria caracterizada por suas propriedades específicas
ELETROTERMOFOTOTERAPIA

•É uma modalidade terapêutica, onde são utilizados agentes


térmicos com objetivos fisioterapêuticos de prevenção e cura, pela
diminuição ou aumento da temperatura tecidual.
CLASSIFICAÇÃO
TRANSFERÊNCIA TÉRMICA

• A temperatura corporal interna é relativamente constante, entre 36º e 37ºC,


no entanto, a temperatura cutânea, mais superficial, pode variar entre 29º e
34ºC dependendo da região corporal, levando-se em consideração a
temperatura ambiente.
• O corpo humano possui sistemas que garantem o controle de temperatura,
dentre as quais se destaca a função do hipotálamo, que atua de forma a
equilibrar a produção e o consumo calórico. Outra forma de produção de
calor é a atividade muscular, a qual é capaz de modificar significativamente a
temperatura corporal (AGNE, 2006).
Portanto, podemos definir atividades básicas em relação à produção ou perda
de calor pelo organismo:

• Termogênese: capacidade de o organismo regular a temperatura interna


corporal com a do meio ambiente através de funções metabólicas;
• Termólise: perda de energia térmica corporal para o meio ambiente.
• Condução: é o mecanismo de troca de energia entre regiões de temperatura
diferente, das regiões mais quentes para as mais frias, que é realizada através
da colisão molecular direta.
• Convecção: o mecanismo de transferência de calor que ocorre em um fluido
devido aos movimentos grosseiros das moléculas dentro da massa do fluido.
Se uma parte do fluido é aquecida, a energia cinética das moléculas naquela
parte é aumentada, as moléculas se separam e o fluido torna-se menos denso.
Em consequência, aquela parte do fluido sobe e desloca o fluido mais denso
para cima, que por sua vez desce e toma seu lugar
• Radiação: o calor pode ser levado pela radiação eletromagnética emitida de
uma superfície de um corpo que a temperatura da superfície esteja acima do
zero absoluto (KITCHEN, 2003). Agne (2003) afirma que por radiação o
corpo emite calor pela pele ao meio ambiente, sendo esta eliminação
responsável por em torno de 60% da perda calórica total.
• Evaporação: é uma variante da convecção, consiste na transferência de calor
corporal através da vaporização do suor e da água dos pulmões durante a
expiração (AGNE, 2006).
EFEITOS FISIOLÓGICOS DO CALOR
• Calor Superficial: O calor de superfície pode ser aplicado de diversos modos.
Todos os artifícios elevam as temperaturas dos tecidos superficiais, todavia,
alguns podem ser mais adequados em algumas circunstâncias devido ao material
aproveitado e à praticidade de aplicação. (MARCHEZIN, 2009).
• Segundo Low e Reed, (2001), a transferência de calor para a superfície do corpo
ocorre em sua maioria por condução, mas também pode ocorrer por radiação,
embora seus efeitos sejam muito similares.
• A taxa de aumento da temperatura nos tecidos devido ao aquecimento local
depende: Da temperatura aplicada, do tamanho da área envolvida, da
condutividade térmica dos tecidos.
• Os efeitos fisiológicos da aplicação de calor superficial incluem:
• Relaxamento muscular.
• Vasodilatação cutânea.

• Incremento do fluxo sanguíneo superficial.


• Aumento da permeabilidade capilar superficial.
• Aumento da sudorese.
O principal risco da aplicação de calor superficial está associado a
queimaduras. Segundo Low; Reed (2001), as queimaduras podem
ocorrer se os materiais e equipamentos forem medidos de modo
inadequado, se o paciente estiver com a circulação seriamente afetada
ou se os tecidos estiverem desvitalizados.
• Calor Profundo: Dentro da área da estética, o Ultrassom e a
Radiofrequência são os principais mecanismos de geração de calor profundo.
Suas especificidades serão estudadas na Unidade 2, portanto neste tópico nos
deteremos aos mecanismos de ação do calor profundo, o que facilitará
posteriormente a compreensão destes equipamentos.
• A resposta fisiológica ao calor está diretamente relacionada à temperatura dos
tecidos, entendendo-se por temperatura terapêutica em torno de 43 a 45º C. A
extensão dos efeitos relacionados ao calor profundo está diretamente
relacionada ao tamanho da área tratada, sendo que estes efeitos ocorrem entre
cinco a 30 minutos de aplicação, portanto, a velocidade de aumento da
temperatura é determinante na extensão das respostas biológicas do organismo,
ou seja, dependendo da velocidade de aquecimento, os níveis efetivos de
aquecimento podem ocorrer em maior ou menor tempo de aplicação.
REFERÊNCIAS

• AGNE, J. E. Eletrotermoterapia: teoria e prática. Santa Maria: Palotti, 2006.

• KITCHEN, S. Eletroterapia prática baseada em evidências. 11. ed. São Paulo: Manole, 2003.

• ROBINSON, A. J; SNYDER-MACKLER, L. Eletrofisiologia Clínica. 3. ed. Porto Alegre: Editora


Artmed, 2010.

• BORGES, F.D.S. Dermato-Funcional: Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São


Paulo: Editora Phorte, 2006.

• CISNEROS, L.; SALGADO, A. Guia de Eletroterapia. Coopmed, 2006.

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