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CECON REDE DE ENSINO

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

UNIDADE I – INTRODUÇÃO A ELETROTÉCNICA

1 Fundamentos de Eletrotécnica
2 Princípios de Transformadores
3 Circuitos Monofásicos
Ideias Chaves
Recapitulando

UNIDADE II – FUNDAMENTOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

1 Matriz Energética Brasileira: energias renováveis e não renováveis


2 Fundamentos das principais Usinas Elétricas
Ideias Chaves
Recapitulando

UNIDADE III – FUNDAMENTOS DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS

1 Introdução as instalações elétricas prediais.


2 Simbologia das instalações elétricas prediais
3 Diagramas elétricos
Ideias Chaves
Recapitulando

UNIDADE IV – DIMENSIONAMENTO ELÉTRICO PREDIAL 1

1 Principais normas da ABNT


2 Dimensionamento elétrico predial
Ideias Chaves
Recapitulando

UNIDADE V – DIMENSIONAMENTO ELÉTRICO PREDIAL 2

1 Dimensionamento de Condutores
2 Dimensionamento de Disjuntores
Ideias Chaves
Recapitulando

UNIDADE VI – COMPONENTES ELÉTRICOS INDUSTRIAIS

1 Principais Componentes Elétricos Industriais


2 Principais dispositivos de Proteção
Ideias Chaves
Recapitulando

UNIDADE VII – SISTEMAS ELÉTRICOS TRIFÁSICOS

1 Fundamentos de Circuitos Trifásicos


2 Potência em Circuitos Trifásicos
3 Acionamento de Motores CA
Ideias Chaves
Recapitulando

ELETROTÉCNICA - 2
UNIDADE VIII – ENERGIAS RENOVÁVEIS E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

1 Fundamentos de Energias Renováveis


2 Princípios de Eficiência Energética
3 Gerador Solar Fotovoltaico
Ideias Chaves
Recapitulando

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ELETROTÉCNICA - 3
INTRODUÇÃO – ELETRICIDADE E SISTEMAS DE UNIDADES DE MEDIDAS

Para compreendermos os princípios de eletrotécnica, precisamos entender os conceitos chaves da


eletricidade e suas unidades de medidas.

Átomo
Tudo que ocupa lugar no espaço é matéria. A matéria é constituída por partículas muito pequenas
chamada de átomos. Os átomos por sua vez são constituídos por partículas subatômicas: elétron,
próton e nêutron, sendo que o elétron corresponde a carga negativa (-) da eletricidade. Os elétrons
estão girando ao redor do núcleo do átomo em trajetórias concêntricas denominadas de órbitas.

Figura 1 – Estrutura Átomo – Internet adaptado autor

O próton corresponde a carga positiva (+) da eletricidade. Os prótons se concentram no núcleo do


átomo. E o número de prótons no núcleo que determina o número atômico do átomo. Também no
núcleo é encontrado o nêutron, carga neutra fundamental da eletricidade.
No seu estado natural um átomo está sempre em equilíbrio, ou seja, contém o mesmo número de
prótons e elétrons. Como cargas contrárias se anulam, e o elétron e próton possuem o mesmo
valor absoluto de carga elétrica, isto torna o átomo natural num átomo neutro.

ELETROTÉCNICA - 4
Cargas Elétricas (Coulomb)
Alguns átomos são capazes de ceder elétrons e outros são capazes de receber elétrons. Quando
isto ocorre, a distribuição de cargas positivas e negativas que era igual deixa de existir.

Um corpo passa a ter excesso e outro falta de elétrons. O corpo com excesso de elétrons passa a
ter uma carga com polaridade negativa, e o corpo com falta de elétrons terá uma carga com
polaridade positiva.

Figura 2 – Cargas Elétricas – Instituto Federal Santa Catarina 2009

A quantidade de carga elétrica que um corpo possui é dada pela diferença entre número de prótons
e o número de elétrons que o corpo tem. A quantidade de carga elétrica é representada pela letra
Q, e é expresso na unidade COULOMB.

A carga de 𝟏 𝑪𝒐𝒖𝒍𝒐𝒎𝒃 = 𝟔, 𝟐𝟓 × 𝟏𝟎𝟏𝟖 elétrons, ou 6.250.000.000.000.000.000 (6 quintilhões, 250


quatriliões de elétrons. Dizer que um corpo possui 1 Coulomb negativo significa que um corpo
possui 𝟔, 𝟐𝟓 × 𝟏𝟎𝟏𝟖 mais elétrons que prótons.

Portanto, ao surgir uma carga elétrica, temos uma diferença de potencial entre prótons e elétrons,
dando origem ao conceito de potencial elétrico.

Potencial Elétrico (V – volts)


Em virtude da força do seu campo eletrostático, uma carga é capaz de realizar trabalho ao deslocar
outra carga por atração ou repulsão. Essa capacidade é chamada de potencial elétrico. Cargas
elétricas diferentes produzem uma d.d.p. (diferença de potencial).

A Forca Eletromotriz (F.E.M.) pode ser definida como a energia não elétrica transformada em
energia elétrica, ou vice-versa, por unidade de tempo.

A sua unidade fundamental é o Volt. A diferença de potencial é chamada também de Tensão


Elétrica. A tensão elétrica e representada pela letra E ou U.

Corrente Elétrica (A – ampère)


Determinados materiais, quando são submetidos a uma diferença de potencial, permitem uma
movimentação de elétrons de um átomo a outro fazendo os átomos se deslocar de um dos polos
da ddp para o outro polo, e é este fenômeno que e denominado de corrente elétrica.

ELETROTÉCNICA - 5
Pode-se dizer, então que cargas elétricas em movimento ordenado formam a corrente elétrica, ou
seja, corrente elétrica e o fluxo de elétrons em um meio condutor. A corrente elétrica e representada
pela letra I e sua unidade fundamental e o Ampère.

Define-se 1 A (Ampère) como sendo deslocamento de 1 C (𝟔, 𝟐𝟓 × 𝟏𝟎𝟏𝟖 elétrons) através de um


condutor durante um intervalo de 1 s.

Figura 3 – Corrente Elétrica – Instituto Federal Santa Catarina 2009

Resistência Elétrica (ohm )


Define-se resistência como sendo a capacidade que um material possui de se opor a passagem de
corrente elétrica através de sua estrutura.

Corpos bons condutores são aqueles em que os elétrons mais externos, mediante estimulo
apropriado (atrito, contato ou campo magnético), podem ser retirados dos átomos. Exemplos de
corpos bons condutores: alumínio, platina, prata, cobre, ouro. A resistividade do cobre e
aproximadamente de 𝟏𝟎−𝟔 𝛀/𝒄𝒎

Corpos maus condutores são aqueles em que os elétrons estão tão rigidamente solidários aos
núcleos que somente com grandes dificuldades podem ser retirados por um estimulo exterior.
Exemplos de corpos maus condutores: porcelana, vidro, madeira, borracha, etc. A resistividade da
mica e aproximadamente de 𝟏𝟎𝟏𝟐𝛀/𝒄𝒎

Resistor Elétrico
A energia elétrica pode ser convertida em outras formas de energia. Quando os elétrons caminham
no interior de um condutor, eles se chocam contra os átomos do material de que é feito o fio. Nestes
choques, parte da energia cinética de cada elétron se transfere aos átomos que começam a vibrar
mais intensamente. No entanto, um aumento de vibração significa um aumento de temperatura.

O aquecimento provocado pela maior vibração dos átomos é um fenômeno físico a que damos o
nome de efeito joule. É devido a este efeito joule que a lâmpada de filamento emite luz. Inúmeras

ELETROTÉCNICA - 6
são as aplicações práticas destes fenômenos. Exemplos: chuveiro, ferro de engomar, ferro elétrico,
fusível, etc.

O efeito joule e o fenômeno responsável pelo consumo de energia elétrica do circuito, quando essa
energia se transforma em calor. O componente que realiza essa transformação e o resistor, que
possui a capacidade de se opor ao fluxo de elétrons (corrente elétrica).

Circuito Elétrico
Circuito elétrico é um conjunto de dispositivos, composto por uma fonte de tensão e outros
dispositivos que permitem a circulação de uma corrente elétrica. O circuito elétrico, geralmente é
composto por:

• Fonte de tensão: responsável em fornecer energia para o sistema;

• Condutores: responsável em fornecer um caminho com baixa resistência para a circulação


de corrente elétrica;

• Carga: Elemento que vai utilizar (transformar) a corrente elétrica, limitando este valor (note
que um sistema sem carga corresponde a um curto-circuito);

• Seccionadores: responsáveis em controlar/ bloquear o fluxo da corrente (Ex. Interruptor);

• Proteção: sistema responsável em garantir a segurança da instalação e/ou usuários. Quando


ocorrer um evento não permitido no sistema ele desliga automaticamente o circuito (Ex.
Disjuntor, fusíveis, etc.)

Figura 4 – Exemplo de Circuito – Internet adaptado autor

Lei de Ohm ()


Considere o resistor abaixo, mantido a uma temperatura constante. Quando o mesmo for submetido
a uma tensão elétrica (d.d.p.) V circulará pelo mesmo uma corrente elétrica I. Mudando o valor da
d.d.p. para V1, V2, ... Vn , o resistor passa a ser percorrido por uma corrente I1, I2, … In.

O Físico alemão George Simon Ohm, verificou que o quociente da tensão aplicada pela respectiva
corrente circulante era uma constante do resistor.

V = tensão elétrica (V) volts


𝑽
𝑹= R = resistência elétrica () ohms
𝑰
I = corrente elétrica (A) ampères ELETROTÉCNICA - 7
Figura 5 – Aplicação da Lei de Ohm – IFSC 2009

A resistência elétrica não depende nem da tensão, nem da corrente elétrica, mas sim da
temperatura e do material condutor.

Potência Elétrica (Watts)


Se um trabalho está sendo executado em um sistema elétrico, uma quantidade de energia está
sendo consumida. A razão em que o trabalho está sendo executado, isto é, a razão em que a
energia está sendo consumida é chamada Potência.

𝑻𝒓𝒂𝒃𝒂𝒍𝒉𝒐
𝑷𝒐𝒕ê𝒏𝒄𝒊𝒂 =
𝑻𝒆𝒎𝒑𝒐

Em eletricidade, a tensão realiza trabalho de deslocar uma carga elétrica, e a corrente representa
o número de cargas deslocadas na unidade de tempo. Assim em eletricidade:

𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑑𝑎


𝑷𝒐𝒕ê𝒏𝒄𝒊𝒂 = × =𝑽×𝑰
𝑢𝑛𝑖𝑑. 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑢𝑛𝑖𝑑. 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜

Portanto, a Potência é dada em Watt sendo expressa pela fórmula

P = Potência (W) watts

𝑷=𝑽×𝑰 V = tensão elétrica (V) volts


I = corrente elétrica (A) ampères

Fórmulas:

𝑽 𝑽 𝑽𝟐
𝑽= 𝑹×𝑰 𝑰= 𝑹= 𝑷= 𝑽×𝑰 𝑷= 𝑷 = 𝑹 × 𝑰𝟐
𝑹 𝑰 𝑹

ELETROTÉCNICA - 8
O sistema métrico internacional e unidades e medidas, normalmente denominadas SI (Système
Internationale), é o sistema mais usado em eletricidade. Este sistema internacional é padrão e de
suam importância para nosso estudo.

"O Sistema Internacional de Unidades é completamente escrito sobre sete unidades de medida
básicas, baseadas nas grandezas físicas fundamentais: comprimento, tempo, massa, corrente
elétrica, temperatura termodinâmica, quantidade de matéria, e intensidade luminosa.

As unidades do SI referidas a tais grandezas e seus símbolos são, respectivamente: metro (m),
segundo (s), quilograma (kg), ampére (A), kelvin (K), mol (mol) e candela (cd). Na tabela você
confere todas as unidades básicas do SI, bem como seus símbolos e definições:"

Figura 6 – Grandezas básicas do SI – Internet

As unidades suplementares do SI são o Ângulo pleno e o ângulo sólido.

ELETROTÉCNICA - 9
Figura 7 – Grandezas suplementares do SI – Internet

Além dessas unidades básicas, existem outras 22 unidades derivadas, como o newton (N =
kg.m/s²), o joule (kg.m²/s2) e o coulomb (A.s). Para cada unidade do SI, básica ou derivada, pode-
se aplicar prefixos de unidade.

Na figura 8 temos os múltiplos e submúltiplos das unidades de medida.

Figura 8 – Múltiplos das unidades do SI – Internet

Abaixo temos alguns exemplos de grandezas e unidades derivadas do SI.

ELETROTÉCNICA - 10
Figura 9 – Unidades derivadas do SI – Internet

Prefixos Métricos
No estudo da eletricidade básica, algumas grandezas são pequenas demais e outras grandes
demais, o que sugere uma representação para facilitar os cálculos e sua compreensão. Nestes
casos que entram em ação os múltiplos e submúltiplos das unidades de medidas. Por exemplo, no
caso a resistência elétrica, frequentemente utilizamos valores em milhões ou milhares de ohms (Ω).
O prefixo kilo, designado pela letra K mostrou-se conveniente para representar mil. Assim, em vez
de dizermos que um resistor tenha 10.000Ω, dizemos que ele tem 10KΩ.
No caso da corrente elétrica normalmente utilizamos, em eletrônica, valores muito pequenos, como
milésimos ou milionésimos de ampere. Neste caso em vez de dizermos que a corrente elétrica vale
0,000 071A (amperes) dizemos que ela vale 71µA onde o prefixo µ vale 0,000 001 ou 10-6.
A seguir apresentamos uma tabela onde os valores de múltiplos e submúltiplos (prefixos) são muito
utilizados em Eletrônica.

ELETROTÉCNICA - 11
Figura 10 – Múltiplos e submúltiplos do SI – Internet

Notação Científica e Potência de 10


Notação científica, é também denominada por padrão ou notação em forma exponencial, é uma
forma de escrever números que acomoda valores demasiadamente grandes (ex :100.000.000.000)
ou demasiadamente pequenos (ex: 0,000.000.000.01) para serem convenientemente escritos em
forma convencional. Um número escrito em notação científica segue o seguinte modelo:

Número muito grandes


Conta-se quantas casas decimais a virgula deverá “andar” até que a mantissa seja um número
entre 1 e 10. Ex: 800.000 na verdade é: 800.000,0 movendo a virgula 5 casas para esquerda:

𝟖 × 𝟏𝟎𝟓
Número muito pequenos. Conta-se quantas casas decimais a virgula deverá “andar” até que a
mantissa seja um número entre 1 e 10. Ex: 0,000.000.07 movendo a virgula 8 casas para direita:

𝟕 × 𝟏𝟎−𝟖

ELETROTÉCNICA - 12
UNIDADE I – INTRODUÇÃO A ELETROTÉCNICA

1. Fundamentos de Eletrotécnica

A Eletrotécnica é o ramo da ciência que estuda uso de circuitos formados por componentes
elétricos e eletrônicos, com o objetivo principal de transformar, transmitir, processar e
armazenar energia.

Frequentemente usamos a palavra energia. Às vezes, ouvimos dizer que determinado alimento é
rico em energia, que recebemos energia do sol ou então, que o custo da energia elétrica aumentou.
Fala-se também em energia térmica, química, nuclear... A energia está presente em quase todas
as atividades do homem moderno.

Por isso, para o profissional da área eletrotécnica, é primordial conhecer os segredos da energia
elétrica.

Energia e Trabalho
A energia está sempre associada a um trabalho. Por isso, dizemos que energia é a capacidade que
um corpo possui de realizar um trabalho. Como exemplo de energia, pode-se citar uma mola
comprimida ou estendida, e a água, represada ou corrente.

Assim como há vários modos de realizar um trabalho, também há várias formas de energia. Em
nosso curso, falaremos mais sobre a energia elétrica e seus efeitos, porém devemos ter
conhecimentos sobre outras formas de energia.

Dentre as muitas formas de energia que existem, podemos citar:


• energia potencial;
• energia cinética;
• energia mecânica;
• energia térmica;
• energia química;
• energia elétrica.

A energia é potencial quando se encontra em repouso, ou seja, armazenada em um determinado


corpo. Como exemplo de energia potencial, pode-se citar um veículo no topo de uma ladeira e a
água de uma represa.

ELETROTÉCNICA - 13
A energia cinética é a consequência do movimento de um corpo. Como exemplos de energia
cinética pode-se citar um esqueitista em velocidade que aproveita a energia cinética para subir uma
rampa ou a abertura das comportas de uma represa que faz girarem as turbinas dos geradores das
hidroelétricas.

A energia mecânica é a soma da energia potencial com a energia cinética presentes em um


determinado corpo. Ela se manifesta pela produção de um trabalho mecânico, ou seja, o
deslocamento de um corpo. Como exemplo de energia mecânica podemos citar um operário
empurrando um carrinho ou um torno em movimento.

A energia térmica se manifesta através da variação da temperatura nos corpos. A máquina a


vapor, que usa o calor para aquecer a água transformando-a em vapor que acionará os pistões,
pode ser citada como exemplo de energia térmica.

A energia química manifesta-se quando certos corpos são postos em contato, proporcionando
reações químicas. O exemplo mais comum de energia química é a pilha elétrica.

A energia elétrica manifesta-se por seus efeitos magnéticos, térmicos, luminosos, químicos e
fisiológicos. Como exemplo desses efeitos, podemos citar:
• a rotação de um motor (efeito magnético),
• o aquecimento de uma resistência para esquentar a água do chuveiro (efeito térmico),
• a luz de uma lâmpada (efeito luminoso),
• a eletrólise da água (efeito químico),
• a contração muscular de um organismo vivo ao levar um choque elétrico (efeito fisiológico).

Sob esta definição, a geração de energia elétrica através das usinas hidrelétricas, termoelétricas,
eólicas, nucleares, etc..., as linhas de transmissão (que transmitem energia), os transformadores,
retificadores e inversores (que processam energia) e as baterias (que armazenam energia) estão,
todos, dentro da área de interesse da Eletrotécnica.

Um sistema elétrico de potencia (SEP) e constituído por inúmeros equipamentos para transportar
a energia elétrica desde a sua geração até a sua utilização (área urbana, rural ou industrial).

Basicamente, o SEP e constituído por quatro etapas: geração, transmissão, distribuição e utilização
de energia elétrica. Observe a ilustração a seguir.

ELETROTÉCNICA - 14
Figura 11 – Sistema elétrico de potência – Internet

A geração é estabelecida por uma usina geradora de energia elétrica, a qual pode ser uma
hidroelétrica, nuclear, termoelétrica, solar, eólica, etc.

A transmissão significa o transporte de energia elétrica até as subestações. A distribuição é a parte


do sistema que distribui a energia nos centros consumidores (área urbana, rural ou industrial).

As subestações são responsáveis pela distribuição da energia elétrica. Funciona como um ponto
de convergência entre as linhas de transmissão e de distribuição de energia.

Subestação Elétrica:
Pode ser definida como um conjunto de equipamentos interligados com o objetivo de controlar o
fluxo de energia, alterar os níveis de tensão e corrente elétrica, bem como fornecer proteção e
comando ao SEP.

Antes de chegar as casas, a eletricidade percorre um sistema de transmissão que começa nas
usinas e passa por essas estações, onde equipamentos chamados transformadores realizam o
aumento ou a diminuição da tensão.

Quando elevam a tensão elétrica, os transformadores evitam a perda excessiva de energia ao longo
do percurso. Quando rebaixam a tensão, já nos centros urbanos, permitem a distribuição da energia
pela cidade.

ELETROTÉCNICA - 15
Figura 12 – Subestação de energia – Internet

O fornecimento de energia e feito por meio de um grande e complexo sistema de subestações, com
linhas de transmissão e usinas, que constituem o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Figura 13 – Sistema Interligado Nacional – Internet

ELETROTÉCNICA - 16
2. Princípios de Transformadores

A energia elétrica, produzida em grande quantidade nas usinas, precisa ser transmitida até os
centros consumidores e, por sua vez, distribuída a cada consumidor. Portanto, em um sistema de
geração, transmissão e distribuição costumam coexistir grandes e pequenos fluxos de energia.

No transporte de energia elétrica, quanto MAIOR a tensão, MAIOR a potência transmitida. Isso
então permite controlar a quantidade de potência transmitida simplesmente variando o nível de
tensão ao longo do sistema, o que e facilmente realizado, em circuitos de corrente alternada,
através de TRANSFORMADORES.

Transformadores são dispositivos usados principalmente para aumentar ou reduzir a tensão elétrica
de entrada e saída em circuitos elétricos. Funcionam com base na indução eletromagnética.

Um transformador é composto de, no mínimo, uma bobina primária e outra bobina secundária.
Quando alimentamos a bobina primária com uma tensão elétrica, esta gera um campo magnético
que irá interferir na bobina secundária, induzindo uma corrente elétrica nesta, ocasionado o
surgimento de uma tensão elétrica na bobina do secundário.

A passagem de uma corrente elétrica alternada em qualquer uma das duas bobinas de um
transformador gera um fluxo magnético variável em seu núcleo metálico, causando o surgimento
de uma força eletromotriz induzida na outra bobina.

Figura 14 – Transformador Básico monofásico – CEFET-MG

As três aplicações básicas dos transformadores e que os fazem indispensáveis em diversas


aplicações como, sistemas de distribuição de energia elétrica, circuitos eletrônicos e instrumentos
de medida, são:
• Aumentar ou diminuir o valor de tensões e correntes;
• Casamento de Impedâncias (a potência fornecida a uma carga é máxima quando a
impedância da fonte é igual à da carga);
• Isolar circuitos.

ELETROTÉCNICA - 17
A relação entre o número de espiras de cada enrolamento indica se há aumento ou redução na
intensidade da corrente e da tensão elétrica.

Figura 15 – Equações Transformador ideal – Cecon 2021

A eficiência de um transformador é igual a razão entre a potência de saída (enrolamento


secundário) e a potência de entrada (enrolamento primário).

𝑷𝑺 Ps = Potência na bobina do secundário


𝑬𝒇 = Pp = Potência na bobina do primário
𝑷𝑷 Ef = Eficiência do Transformador

3. Circuitos Monofásicos

A tensão e a corrente produzidas por fontes geradoras podem ser contínuas ou alternadas. A
corrente é contínua quando circula no circuito num único sentido. Corrente continua é a energia
elétrica que apresenta dois polos definidos e fixos no tempo, ou seja, as cargas elétricas geradas
ficam sempre no mesmo polo. Os gráficos abaixo mostram o comportamento da corrente continua
no eixo tempo.

Figura 16 – Formas de onda da tensão contínua – IFSC 2009

Entretanto, se a corrente sai ora por um, ora por outro borne, na fonte geradora, circula ora num,
ora noutro sentido, no circuito, é corrente alternada. Corrente alternada corresponde a fonte de
energia onde os polos ficam se alternando constantemente no tempo.

ELETROTÉCNICA - 18
Se representássemos num gráfico os valores da corrente no eixo vertical e o tempo horizontal,
obteríamos uma curva, como a da figura abaixo, para representação da variação da corrente
alternada.

Figura 17 – Exemplo de Circuito – Internet adaptado autor

Vemos aí que, no instante inicial, a corrente tem valor nulo, crescendo até um valor máximo, caindo
novamente a zero; neste instante, a corrente muda de sentido, porém, seus valores
são os mesmos da primeira parte. O mesmo acontece com a tensão.

A essa variação completa, em ambos os sentidos, sofrida pela corrente alternada, dá-se o nome
de ciclo. O número de ciclos descritos pela corrente alternada, na unidade de tempo (em 1
segundo), chama- se frequência. Sua unidade é o ciclo/segundo ou Hertz.

O período T da função periódica é o tempo de um ciclo completo ou o número de segundos por


ciclo. O inverso desse valor é o número de ciclos por segundo, conhecido como frequência cíclica
f da senoide. Consequentemente, o período é dado pela fórmula:

𝟏 T = período (s) segundos


𝑻=
𝒇 f = frequência (Hz) Hertz

Figura 18 – Frequência e período – Internet adaptado autor

ELETROTÉCNICA - 19
A equação da tensão alternada senoidal é:

Vinst. = tensão instantânea (V) volts


𝑽𝒊𝒏𝒔𝒕. = 𝑽𝒑 × 𝐬𝐢𝐧(𝝎𝒕 + 𝝓)
Vp = tensão máxima ou de pico (V) volts

Sin(t+) = seno do ângulo naquele momento (graus º)

Os valores de tensão CA dependem do tempo em que são medidas, porém como a velocidade de
variação é alta (no caso do Brasil, 60 ciclos por segundo – 60 Hz), utiliza-se outros valores de
referência, como valor médio e valor eficaz conforme figura abaixo:

Figura 19– Valores de amplitude para uma tensão CA – Internet adaptado autor

Entretanto, na prática, não é o valor máximo o empregado e sim o valor eficaz. Por exemplo, um
motor absorve uma corrente de 5 A que é o valor eficaz.

Define-se como valor eficaz de uma corrente alternada ao valor de uma


corrente contínua que produzisse a mesma quantidade de calor numa
mesma resistência (Lei de Joule).

Valor eficaz (Vef): também chamado de RMS (root mean square), é o valor que produz o mesmo
efeito que um valor em corrente continua faria. É igual a 0,707 vezes o valor de pico (Vp). A maioria
dos instrumentos de medida e calibrada em unidades eficazes ou medio-quadraticas, o que permite
a comparação direta dos valores CC e CA.

𝑽𝒑
𝑽𝒆𝒇 = 𝑽𝒆𝒇 = 𝑽𝒑 × 𝟎, 𝟕𝟎𝟕
√𝟐

Valor médio (Vm): é a tensão média da onda senoidal durante um meio ciclo. Geometricamente,
corresponde à altura de um retângulo que tem a mesma área da senoide.

𝟐𝑽𝒑
𝑽𝒎 = 𝑽𝒎 = 𝑽𝒑 × 𝟎, 𝟔𝟑𝟕
𝝅 ELETROTÉCNICA - 20
A menos que seja feita alguma ressalva, todas as medidas de ondas senoidais CA são dadas em
rms, onde as letras V e I são usadas para indicar os valores rms de tensão e corrente,
respectivamente. Por exemplo, entende-se que V = 220V represente uma tensão rms.

Os sistemas que fornecem energia elétrica da rede (concessionária) através de dois fios,
geralmente um é fase e o outro é neutro. Neste caso dizemos ter um sistema monofásico, cuja
tensão elétrica entre fase e neutro é de 127 Vca (rms) ou 220 Vca (rms) dependendo da região (em
Minas Gerais, o sistema monofásico entrega 127 Vca rms).

Corrente Alternada: Defasagem entre Corrente e Tensão


A corrente alternada e a tensão variam em ambos os sentidos durante um determinado intervalo
de tempo, descrevendo um ciclo. Representando graficamente esta variação, obtemos uma onda
para a corrente e outra para a tensão.

Os alternadores, fontes geradoras de C.A, são máquinas rotativas; por analogia a elas, o ciclo é
dividido em 360º, representando uma circunferência retificadora. Os valores instantâneos da
corrente, ou da tensão, durante um ciclo, podem ser representados pelas projeções do raio de um
círculo, em suas diversas posições.

Figura 20 – Fasores de Tensão e Corrente – Internet adaptado autor

Os valores máximos da corrente e da tensão durante um ciclo podem ou não coincidir. Quando
coincidem diz-se que ambas estão em fase.

Se não coincidem, estão defasadas. a diferença em graus, entre os instantes em que ocorrem os
valores máximos da corrente e da tensão chama-se ângulo de fase ( ϕ ). Quando a corrente e a
tensão estão defasadas pode ocorrer que a corrente esteja adiantada ou atrasada em relação à
tensão.

A corrente alternada, passando através de um resistor estará em fase com a tensão, isto é, o ângulo
da fase é nulo (ϕ = 0º). A este fato dá-se o nome de efeito resistivo ou ôhmico puro.

ELETROTÉCNICA - 21
Se passa por um indutor, devido ao fenômeno de autoindução da bobina, a corrente estará atrasada
em relação à tensão de um ângulo de 90º (ϕ = 90º); temos, então, um efeito indutivo.

Num capacitor, a corrente se adianta da tensão de 90º. O efeito é capacitivo.

Tanto o Indutor quanto o Capacitor apresentam reatâncias (“resistências não puras”) nos circuitos
CA, cujas fórmulas são respectivamente:

𝟏
𝑿𝑳 = 𝟐𝝅 × 𝒇 × 𝑳 𝑿𝑪 =
𝟐𝝅 × 𝒇 × 𝑪

Onde: f = frequência, L = Indutância C = Capacitância

O efeito das reatâncias, tanto capacitivas quanto indutivas causam uma potência reativa que não
é transformada em trabalho.

A potência reativa neste caso causa custo financeiro e operacional para os sistemas elétricos,
uma vez que não gera trabalho. Sua unidade é o VAR (Volt Amper Reativo).

A potência reativa é a porção da potência aparente (potência total disponível) que não é convertida
em trabalho). É calcula por:

A potência que produz trabalho nos circuitos de CA é chamada potência ativa (ou potência real), e
é dada, em watts (W), pelo produto:

O produto da tensão elétrica pela corrente representa a potência aparente do circuito, isto é, a
potência que o circuito aparenta ter uma vez que há uma defasagem entre tensão e corrente. Sua
unidade é volt-ampere (VA):

ELETROTÉCNICA - 22
IDEIAS-CHAVE

Eletrotécnica, fontes de energia, tensão alternada, transformadores, potência aparente, potência


real e potência reativa.

RECAPITULANDO...

• A Eletrotécnica é o ramo da ciência que estuda uso de circuitos formados por componentes
elétricos e eletrônicos, com o objetivo principal de transformar, transmitir, processar e
armazenar energia.
• A energia elétrica manifesta-se por seus efeitos magnéticos, térmicos, luminosos, químicos
e fisiológicos.
• Um sistema elétrico de potência (SEP) e constituído por inúmeros equipamentos para
transportar a energia elétrica desde a sua geração até a sua utilização (área urbana, rural
ou industrial).
• o Sistema Elétrico de Potência é constituído por quatro etapas: geração, transmissão,
distribuição e utilização de energia elétrica.
• Uma subestação de energia elétrica pode ser definida como um conjunto de equipamentos
interligados com o objetivo de controlar o fluxo de energia, alterar os níveis de tensão e
corrente elétrica, bem como fornecer proteção e comando ao SEP.
• Transformadores são dispositivos usados principalmente para aumentar ou reduzir a tensão
elétrica de entrada e saída em circuitos elétricos. Funcionam com base na indução
eletromagnética.
• A potência reativa neste caso causa custo financeiro e operacional para os sistemas
elétricos, uma vez que não gera trabalho. Sua unidade é o VAR (Volt Amper Reativo).
• A potência que produz trabalho nos circuitos de CA é chamada potência ativa (ou potência
real), e é dada, em watts (W).
• O produto da tensão elétrica pela corrente representa a potência aparente do circuito. Sua
unidade de medida é o volt ampere (VA).

UNIDADE II – FUNDAMENTOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

ELETROTÉCNICA - 23
1 Matriz Energética Brasileira: energias renováveis e não renováveis

A matriz energética é o panorama de distribuição real de aproveitamento dos recursos energéticos


dentro de um país, de uma região ou do mundo. Sua determinação está diretamente vinculada ao
balanço energético.

Os relatórios do panorama energético brasileiro têm por objetivo apresentar os principais


indicadores de desempenho do setor energético brasileiro de 2020, nas áreas de petróleo, gás,
bioenergia, energia elétrica, carvão mineral e setores intensivos em energia, além da análise de
dados agregados das cadeias energéticas e comparações internacionais.

A Empresa de Pesquisa Energética - EPE, em coordenação com o Ministério de Minas e Energia


– MME, e com a participação de agentes do setor energético e de outros ministérios (ANP, ANEEL,
ANM, ONS, CCEE, PETROBRAS, ELETROBRAS e MAPA), concluiu o levantamento dos dados
das cadeias energéticas brasileiras de 2020. Isso permitiu elaborar as análises mencionadas, em
complementação com informações de boletins mensais das secretarias do MME e de outras
instituições.

ELETROTÉCNICA - 24
Figura 21: Ministério de Minas e Energia – 2020

Figura 22: Dados de Geração de Energia – Ministério de Minas e Energia – 2020

Figura 23: Oferta de energia interna – Ministério de Minas e Energia – 2020

ELETROTÉCNICA - 25
2. Fundamentos das principais Usinas Elétricas

Existem vários tipos de usinas geradoras de energia elétrica no Brasil, sejam elas renováveis ou
não renováveis.

Hidrelétricas
Usina hidrelétrica ou central hidroelétrica é um complexo industrial que tem por finalidade produzir
energia elétrica através do aproveitamento do potencial hidráulico das águas de rios ou represas.

As usinas hidrelétricas (ou hidroelétricas) são sistemas que transformam a energia contida na
correnteza dos rios, em energia cinética que irá movimentar uma turbina e, esta um gerador que,
por fim, irá gerar energia elétrica. Portanto há uma transformação da energia cinética (movimento
das águas) em energia elétrica.

Vantagens:
• Renovável;
• Custo Operacional menor que termoelétricas e nuclear;
• Menos poluente.

Desvantagens:
• Espaço ocupado;
• Impacto Ambiental;
• Perda de solo agricultáveis;
• Remoção da população ribeirinha.

Figura 24 – Escopo de Usina Hidrelétrica - Internet

ELETROTÉCNICA - 26
Figura 25 – Principais partes de uma Usina Hidrelétrica - Internet

Termelétricas
Energia termoelétrica, que pode ser chamada também de termelétrica, é a eletricidade gerada por
meio da obtenção de calor de uma determinada fonte. Esse calor em geral é proveniente da queima
de combustíveis fósseis, como carvão mineral, gás natural ou derivados do petróleo.
O processo fundamental de funcionamento das centrais termelétricas está baseado na conversão
de energia térmica em energia mecânica e desta em energia elétrica. A conversão da energia em
energia mecânica se dá através do uso de um fluido que produzirá trabalho em seu processo de
expansão, em turbinas térmicas.

A conversão da energia mecânica em elétrica se dá através do acionamento mecânico de um


gerador elétrico acoplado ao eixo da turbina. A produção da energia térmica pode se dar pela
transformação da energia química dos combustíveis, através do processo da combustão.

A figura 16 apresenta um diagrama simplificado de uma central termoelétrica com combustão


externa (a vapor). A queima de combustível gera calor que transforma o líquido em vapor na
caldeira. O vapor se expande (pressão passa de alta à baixa) na turbina a vapor, gerando energia.
O vapor que sai da turbina vai ao condensador, onde calor é retirado e se obtém líquido. O líquido
é bombeado de volta a caldeira, fechando o ciclo.

ELETROTÉCNICA - 27
Figura 26 – Esquema básico de uma Termoelétrica - Internet

Figura 27 – Turbinas a vapor - Petrobrás


Os combustíveis mais usuais das centrais termoelétricas são: derivados do petróleo, carvão
mineral, gás natural, nucleares e biomassa.

A grande maioria destes combustíveis, os denominados combustíveis fósseis (derivados do


petróleo, carvão mineral, gás natural), assim como os nucleares (elementos radioativos: urânio,
tório, plutônio, etc.) são classificados como fonte primária não renovável, devido ao enorme tempo
necessário para sua reposição pela natureza. Outros podem ser utilizados como fontes renováveis,
como a biomassa advinda de plantações manejadas (florestas energéticas e o bagaço de cana de
açúcar, por exemplo).

Usinas Nucleares
O funcionamento de uma usina nuclear pode ser comparado ao de uma usina térmica convencional,
onde uma fonte de calor transforma a água em vapor que, em alta pressão, faz girar uma turbina
acoplada a um gerador elétrico. A principal diferença entre térmicas convencionais e nucleares é a
fonte de calor. Nas convencionais, o calor provém da queima de um combustível carvão, gás
natural, óleo diesel, biomassa, entre outros enquanto em uma usina nuclear o calor é obtido por
meio de uma reação de fissão.

ELETROTÉCNICA - 28
A fissão é o processo de quebra dos núcleos de átomos físseis (átomos instáveis que se rompem
com facilidade) após serem atingidos por nêutrons em alta velocidade. Libera grandes quantidades
de energia na forma de calor.

A fissão dos átomos de urânio dentro das varetas do elemento combustível aquece a água que
passa pelo reator a uma temperatura de 320 graus Celsius. Para que não entre em ebulição – o
que ocorreria normalmente aos 100 graus Celsius -, esta água é mantida sob uma pressão 157
vezes maior que a pressão atmosférica.

O gerador de vapor realiza uma troca de calor entre as águas deste primeiro circuito e a do circuito
secundário, que são independentes entre si. Com essa troca de calor, a água do circuito secundário
se transforma em vapor e movimenta a turbina - a uma velocidade de 1.800 rpm - que, por sua vez,
aciona o gerador elétrico. Esse vapor, depois de mover a turbina, passa por um condensador, onde
é refrigerado pela água do mar, trazida por um terceiro circuito independente. A existência desses
três circuitos impede o contato da água que passa pelo reator com as demais.

Figura 28 – Esquema básico de uma Usina Nuclear - Internet eletronuclear.gov


Usinas a Biomassa
Biomassa é o termo utilizado para definir a massa biológica, detritos de organismos vivos ou em
decomposição, utilizada na produção de energia elétrica. Essa massa biológica pode ser de origem
animal ou vegetal, como restos de alimentos, cascas de frutas, madeira, entre outros. A geração
elétrica a partir da biomassa se dá por meio da termeletricidade: a energia térmica, oriunda da
combustão da biomassa é convertida em energia mecânica, e depois, em energia elétrica.

A biomassa é aproveitada energeticamente através do uso do etanol, bagaço de cana, carvão


vegetal, óleo vegetal, lenha e outros. Historicamente, a biomassa vem sendo substituída pelos
combustíveis fósseis, desde o século XVI, com a crise da madeira combustível na Inglaterra.

A biomassa é uma fonte de energia renovável (quando manejada adequadamente) e apresenta


balanço zero de emissões, pois não emite óxidos de nitrogênio e enxofre, e o CO2 emitido na
queima é absorvido na fotossíntese, apresentando vantagens ambientais inexistentes em qualquer
combustível fóssil.

ELETROTÉCNICA - 29
Existem algumas tecnologias utilizadas para transformar a biomassa em energia elétrica. Todas
fazem a conversão da matéria-prima em um produto intermediário que será utilizado em uma
máquina motriz que produzirá a energia mecânica que acionará o gerador de energia elétrica. As
duas principais tecnologias são:

Combustão: a queima direta da biomassa em caldeiras é realizada a altas temperaturas na


presença abundante de oxigênio, produzindo vapor a alta pressão que é usado para mover turbinas
de geradores elétricos. É uma das formas mais comuns do uso energético da biomassa. Sua
eficiência energética situa-se na faixa de 20 a 25%. Uma representação esquemática do
funcionamento da usina térmica a biomassa pode ser vista na Figura 1:

Figura 29 – Esquema básico de uma Usina Nuclear - Internet eletronuclear.gov

Usinas Eólicas
Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento (vento).
Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética de translação em energia
cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas, também denominadas aerogeradores, para
a geração de eletricidade, ou cataventos (e moinhos), para trabalhos mecânicos como
bombeamento d’água.

Assim como a energia hidráulica, a energia eólica é utilizada há milhares de anos com as mesmas
finalidades, a saber: bombeamento de água, moagem de grãos e outras aplicações que envolvem
energia mecânica. Para a geração de eletricidade, as primeiras tentativas surgiram no final do
século XIX, mas somente um século depois, com a crise internacional do petróleo (década de
1970), é que houve interesse e investimentos suficientes para viabilizar o desenvolvimento e
aplicação de equipamentos em escala comercial.

ELETROTÉCNICA - 30
Figura 30 – Esquema de conversão de energia eólica em energia elétrica – IFMG Bambuí

Figura 31 – Principais partes de um gerador eólico – IFMG Bambuí

IDEIAS-CHAVE

Matriz energética, energias renováveis, biomassa, energia eólica, energia solar, hidrelétricas,
termelétricas, usina nuclear.
RECAPITULANDO...

ELETROTÉCNICA - 31
• A matriz energética é o panorama de distribuição real de aproveitamento dos recursos
energéticos dentro de um país, de uma região ou do mundo. Sua determinação está
diretamente vinculada ao balanço energético.
• Usina hidrelétrica ou central hidroelétrica é um complexo industrial que tem por finalidade
produzir energia elétrica através do aproveitamento do potencial hidráulico das águas de rios
ou represas.
• Energia termoelétrica, que pode ser chamada também de termelétrica, é a eletricidade
gerada por meio da obtenção de calor de uma determinada fonte. Esse calor em geral é
proveniente da queima de combustíveis fósseis, como carvão mineral, gás natural ou
derivados do petróleo.
• O funcionamento de uma usina nuclear pode ser comparado ao de uma usina térmica
convencional, onde uma fonte de calor transforma a água em vapor que, em alta pressão,
faz girar uma turbina acoplada a um gerador elétrico. A principal diferença entre térmicas
convencionais e nucleares é a fonte de calor. Nas convencionais, o calor provém da queima
de um combustível carvão, gás natural, óleo diesel, biomassa, entre outros enquanto em
uma usina nuclear o calor é obtido por meio de uma reação de fissão.
• A biomassa é aproveitada energeticamente através do uso do etanol, bagaço de cana,
carvão vegetal, óleo vegetal, lenha e outros. A geração elétrica a partir da biomassa se dá
por meio da termeletricidade: a energia térmica, oriunda da combustão da biomassa é
convertida em energia mecânica, e depois, em energia elétrica.
• Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento
(vento). Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética de translação
em energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas, também denominadas
aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou cataventos (e moinhos), para trabalhos
mecânicos como bombeamento d’água.

UNIDADE III – FUNDAMENTOS DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS

ELETROTÉCNICA - 32
1. Introdução as Instalações Elétricas Prediais

Define-se como instalações elétricas as instalações de componentes em circuitos elétricos, sendo


responsável pela transferência da energia da fonte geradora até a carga, passando pelos
condutores e dispositivos de controle e proteção.

A instalação elétrica envolve as etapas do projeto e da implementação física das ligações elétricas,
que garantirão o fornecimento de energia em determinado local.

A NBR 5410 regulamenta dispositivos de segurança que devem ser utilizados em uma instalação,
as cores de condutores, a bitola de condutores, o diâmetro de eletrodutos, e deve ser consultada
sempre que um profissional da área elétrica for projetar, adequar ou efetuar uma instalação elétrica
predial ou residencial de baixa tensão.

Esta norma aplica-se às instalações elétricas de:


• edificações residenciais, comerciais e pré-fabricadas;
• estabelecimentos industriais, de uso público, agropecuários e hortigranjeiros;
• reboques de acampamentos (trailers), locais de acampamentos (campings), marinas e
instalações análogas;
• canteiros de obra, feiras, exposições e outras instalações temporárias.
• Aplica-se, também, às instalações novas e a reformas em instalações existentes.

2. Simbologia das Instalações Elétricas

Para que os produtos brasileiros sejam aceitos nos mercados internacionais, as normas da ABNT
devem ser elaboradas, de preferência, seguindo diretrizes e instruções de associações
internacionais de normalização como a ISO (International Standard Organization, com sede em
Genebra, na Suíça, e que significa Organização Internacional de Normas) e a IEC (International
Eletrotechnical Commission, que quer dizer, Comissão Internacional de Eletrotécnica) utilizando a
forma e o conteúdo das normas internacionais, acrescentando-lhes, quando necessário, as
particularidades do mercado nacional.

ELETROTÉCNICA - 33
As normas que servem de base para as instalações elétricas são:

• ABNT – NBR 5410/2004 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão Esta Norma devidamente
revisada e em sua segunda edição de 30/09/2004, válida a partir de 31/03/2005 fixa as
condições que as instalações de baixa tensão devem atender, a fim de garantir seu
funcionamento adequado, a segurança das pessoas e animais domésticos e a conservação
de bens. É aplicada para instalações elétricas de baixa tensão, ou seja, inferior a 1000V em
corrente alternada, com frequência inferior a 400 Hz, ou a 1500V em corrente contínua.

• ABNT – NBR 5444/1988 – Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais. Esta norma
estabelece símbolos gráficos para instalações elétricas prediais.

• NR-10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade Norma Regulamentadora 10


que estabelece os requisitos e as condições mínimas, objetivando a implementação de
medidas de controle e sistema preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços
com eletricidade.

A tabela contendo a simbologia mais utilizada em instalações elétricas é mostrada na figura 32.

Figura 32 – Tabela usual de símbolos elétricos – Senai


A simbologia do sistema unifilar para instalações elétricas prediais de acordo com a NBR 5444
são mostradas abaixo:

ELETROTÉCNICA - 34
ELETROTÉCNICA - 35
Figura 33 – Simbologia de dutos e distribuição – NBR-5444 adaptado

ELETROTÉCNICA - 36
Figura 34 – Simbologia de quadros e distribuição – NBR-5444 adaptado

O Eletricista, o Técnico em Eletricidade, o Engenheiro Elétrico, ou seja, todos os profissionais da


área de Eletricidade devem conhecer e utilizar simbologias de acordo com normas vigentes, já que
seu uso padroniza e facilita a interpretação de um esquema ou circuito elétrico predial e residencial.
Isso garante a qualidade e a segurança do serviço prestado.

A norma NBR 5444, por sua vez, rege os símbolos gráficos para instalações elétricas prediais.
Nela, o profissional da área de Eletricidade encontra toda a simbologia necessária para seu projeto.
É imprescindível que ele conheça os símbolos contidos nessa norma para projetar uma instalação
elétrica, para efetuar adequações em instalações já existentes ou para realizar reparos.

A seguir apresentamos a simbologia dos principais interruptores:

ELETROTÉCNICA - 37
Figura 35 – Simbologia de quadros e distribuição – NBR-5444 adaptado

A seguir segue a simbologia das principais luminárias e refletores.

Figura 36 – Simbologia de luminárias e refletores – NBR-5444 adaptado

ELETROTÉCNICA - 38
A seguir segue a simbologia das principais tomadas de corrente.

Figura 37 – Simbologia das principais tomadas de corrente – NBR-5444 adaptado

3. Diagramas Elétricos

ELETROTÉCNICA - 39
Para a execução de uma instalação elétrica, o eletricista deve ter à sua disposição, uma série de
dados importantes tais como:
• a localização dos elementos na planta do imóvel,
• a quantidade e seção dos fios que passarão dentro de cada eletroduto,
• qual o trajeto da instalação,
• a distribuição dos dispositivos e circuitos e seu funcionamento.

A ferramenta para o eletricista ter todas essas informações reunidas de maneira prática e fácil de
ser interpretada é o diagrama elétrico.

Diagrama elétrico é a representação de uma instalação elétrica ou parte dela por meio de
símbolos gráficos, definidos nas normas NBR 5444, NBR 5259, NBR 5280, NBR 12519, NBR 12520
e NBR 12523. De todas, a que mais interessa e que será usada em todas as atividades deste curso
é a NBR 5444 que estabelece os símbolos gráficos para instalações elétricas prediais.

Dos diagramas existentes, serão estudados os seguintes:


• Diagrama multifilar;
• Diagrama funcional;
• Diagrama de ligação.
• Diagrama unifilar;

O diagrama multifilar é usado somente para os circuitos elementares, pois é de difícil interpretação
quando o circuito é complexo. É um diagrama que representa todo sistema
elétrico em seus detalhes e todos os condutores.

O grande diferencial deste tipo de diagrama é a facilidade de representar com clareza a distribuição
de cargas pelos circuitos, detalhe que só pode ser especificado em um diagrama multifilar.

Na Figura 38 abaixo temos o diagrama multifilar de uma lâmpada acionada por um interruptor
simples:

Figura 38 – Diagrama Elétrico Multifilar – Senai

Na figura estão identificados os condutores para melhor visualização do funcionamento do


circuito.

ELETROTÉCNICA - 40
O diagrama funcional é usado quando há a necessidade de demonstrar um circuito com clareza e
rapidez até para fins didáticos. O esquema funcional não se preocupa com a posição física dos
componentes da instalação.

Figura 39 – Diagrama Elétrico Funcional – Internet adaptado

O diagrama de ligação é utilizado para representar como a instalação é executada na prática.

Figura 40 – Diagrama Elétrico de Ligação – Internet adaptado

O diagrama unifilar apresenta as partes principais de um sistema elétrico e identifica o número de


condutores. O trajeto dos condutores é representado por um único traço. Esse tipo de diagrama

ELETROTÉCNICA - 41
geralmente representa a posição física dos componentes da instalação, porém não representa com
clareza o funcionamento e a sequência funcional dos circuitos.

É o tipo de diagrama mais usado em instalações elétricas prediais. A figura 41 abaixo apresenta
um diagrama unifilar do circuito elétrico composto por um interruptor simples, uma tomada e uma
lâmpada.

Figura 41 – Diagrama Elétrico Unifilar – Senai

O mesmo circuito elétrico, composto por um interruptor simples, uma tomada e uma lâmpada, é
representado pelos quatro tipos de diagramas para que você observe atentamente a diferença de
representação entre eles.

Figura 42 – Tipos de diagramas elétricos – Senai

A utilização do esquema unifilar atende a todas as necessidades do eletricista. Com esse tipo de
planta, o profissional tem a possibilidade de identificar todos os componentes, como devem estar

ELETROTÉCNICA - 42
ligados, os tipos de iluminação, a quantidade de condutores e respectivas bitolas etc. Quando há
necessidade de detalhes específicos, o esquema multifilar deverá ser usado.

Veja exemplos a seguir.

Figura 43 – Diagrama unifilar na planta baixa – Senai

Observe que são utilizadas como ponto de iluminação no teto, duas lâmpadas fluorescentes
de 40W cada, alimentadas pelo circuito 1 e comandadas pelo interruptor “a”. A tomada de
300VA é alimentada pelo circuito 2 composto por condutor fase, neutro e terra.

Na figura 44, além das lâmpadas fluorescentes no teto, há uma arandela de 25W comandada pelo
interruptor “c”. A caixa de telefones está ao lado do quadro geral de força e luz, interligado ao ponto
do telefone interno na parede pelo eletroduto embutido no piso.

É importante observar que no projeto existem duas lâmpadas de 40W no cômodo 1 e uma
lâmpada de 40W no cômodo 2.

Figura 44 – Exemplo diagrama elétrico unifilar – Senai

IDEIAS-CHAVE

ELETROTÉCNICA - 43
Instalações elétricas prediais, normas de regulamentação, simbologia, diagramas elétricos,
diagrama multifilar, diagrama unifilar, diagrama funcional e diagrama de ligação.

RECAPITULANDO...

• Define-se como instalações elétricas as instalações de componentes em circuitos elétricos,


sendo responsável pela transferência da energia da fonte geradora até a carga, passando
pelos condutores e dispositivos de controle e proteção.
• O Eletricista, o Técnico em Eletricidade, o Engenheiro Elétrico, ou seja, todos os
profissionais da área de Eletricidade devem conhecer e utilizar simbologias de acordo com
normas vigentes.
• A norma NBR 5444, por sua vez, rege os símbolos gráficos para instalações elétricas
prediais. Nela, o profissional da área de Eletricidade encontra toda a simbologia necessária
para seu projeto.
• Para a execução de uma instalação elétrica, o eletricista deve ter à sua disposição, uma
série de dados importantes tais como: a localização dos elementos na planta do imóvel, a
quantidade e seção dos fios que passarão dentro de cada eletroduto, qual o trajeto da
instalação, a distribuição dos dispositivos e circuitos e seu funcionamento.
• A ferramenta para o eletricista ter todas essas informações reunidas de maneira prática e
fácil de ser interpretada é o diagrama elétrico.
• Os principais diagramas utilizados pelos eletricistas são: diagrama multifilar, diagrama
funcional, diagrama de ligação e diagrama unifilar.
• O diagrama multifilar é usado somente para os circuitos elementares, pois é de difícil
interpretação quando o circuito é complexo. É um diagrama que representa todo sistema
elétrico em seus detalhes e todos os condutores.
• O diagrama funcional é usado quando há a necessidade de demonstrar um circuito com
clareza e rapidez até para fins didáticos. O esquema funcional não se preocupa com a
posição física dos componentes da instalação.
• O diagrama de ligação é utilizado para representar como a instalação é executada na prática.
• O diagrama unifilar apresenta as partes principais de um sistema elétrico e identifica o
número de condutores. O trajeto dos condutores é representado por um único traço. Esse
tipo de diagrama geralmente representa a posição física dos componentes da instalação,
porém não representa com clareza o funcionamento e a sequência funcional dos circuitos.

UNIDADE IV – DIMENSIONAMENTO ELÉTRICO PREDIAL 1

ELETROTÉCNICA - 44
1. Principais Normas da ABNT

Todos os serviços realizados e os projetos criados devem obrigatoriamente estar de acordo com
as normas que se referem aos assuntos correlatos, porque não basta que as instalações funcionem
bem. Elas precisam manter o perfeito funcionamento pelo maior tempo possível, para não correrem
risco de ser danificadas ou ainda pior, de prejudicar a saúde e a vida de clientes e usuários.

Como você já sabe, a entidade brasileira que controla e coordena as normas em nosso país é a
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e as principais normas que envolvem as
instalações elétricas são:

• NBR 5410/04 – Instalações elétricas de baixa tensão que abrange as instalações


elétricas de baixa tensão (até 1.000 V) e é voltada basicamente à segurança e à proteção
dos usuários e dos equipamentos instalados.
• NBR 5413 – Iluminância de interiores – procedimento que especifica como deve
ser o procedimento para definir a iluminância de interiores e as cargas de iluminação
necessárias.
• NBR 5419/01 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas – que
define as maneiras pelas quais estimamos as instalações adequadas para a proteção de
estruturas contra descargas atmosféricas.

Além da NBR 5410/2004 e a NBR5444, existem outras normas para a área de eletricidade. A
listagem a seguir, apresenta algumas dessas normas organizadas de acordo com sua respectiva
numeração por NBR e que são de interesse para o eletricista:

NBR 5112 - Porta-lâmpadas de rosca Edison.


NBR 5259 - Símbolos gráficos de instrumentos indicadores e medidores.

ELETROTÉCNICA - 45
NBR 5261 - Símbolos gráficos de eletricidade - princípios gerais para desenho de símbolos
gráficos.
NBR 5280 - Símbolos literais de identificação de elementos de circuitos.
NBR 5311 - Código de cores para resistores.
NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão.
NBR 5413 - Iluminância de interiores.
NBR 5444 - Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais.
NBR 5453 - Sinais e símbolos literais para eletricidade (será substituída em breve).
NBR 5456 - Eletrotécnica e eletrônica - eletricidade geral.
NBR 5471 - Condutores elétricos.
NBR 5597 - Eletroduto rígido de aço carbono e acessórios com revestimento protetor.
NBR 5598 - Eletroduto rígido de aço carbono com revestimento protetor
NBR 5624 - Eletroduto rígido de aço-carbono com costura.
NBR 6014 - Marcação impressa para resistores fixos.
NBR 6148 - Condutores isolados com isolação extrudada de PVC para tensões até 750 V sem
cobertura.
NBR 6150 - Eletrodutos de PVC rígido.
NBR 6513 - Eletrotécnica e eletrônica - resistores.
NBR 6880 - Condutores de cobre mole para cabos isolados.
NBR 8346 - Bases e receptáculos de lâmpadas.
NBR 12519 - Símbolos gráficos de elementos de símbolos, símbolos qualificativos e outros
símbolos de aplicação geral.
NBR 12520 - Símbolos gráficos de condutores e dispositivos de conexão.
NBR 12521 - Símbolos gráficos de componentes passivos.
NBR 12522 - Símbolos gráficos de produção e conversão de energia elétrica.
NBR 12523 - Símbolos gráficos de equipamentos de manobra e controle e de dispositivos de
proteção.
NBR 13057 - Eletroduto rígido de aço carbono, com costura, zincado.
NBR IEC 50 (826) - Vocabulário eletrotécnico internacional.

2. Dimensionamento Elétrico Predial

Para melhor compreender a necessidade e a função do ato de ‘dimensionar’ é conveniente


saber exatamente o que significa tal verbo.

Conforme indica o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa: dimensionar “é o ato de calcular as


dimensões ou proporções de um objeto em função do uso. Isso significa que a chave de tudo está
na frase ”...em função do uso”, pois é adequando a utilização de cada objeto que fazemos seu
correto dimensionamento.

Graças ao progresso trazido pelas normas que padronizam processos e procedimentos, todos os
itens a serem considerados em uma instalação são, de algum modo, calculados empiricamente ou
por meio de fórmulas. Devido à experiência de outras pessoas que estudaram, quantificaram,
pesquisaram e adotaram procedimentos para estimar as necessidades em instalações prediais, é
possível verificar alguns métodos de instalação, especificar adequadamente as emendas e
conexões, dimensionar o nível de iluminação num ambiente, calcular a potência elétrica necessária
para uma carga específica ou cargas genéricas e projetar o circuito adequado para cada aplicação
”em função do uso”.

ELETROTÉCNICA - 46
Cálculos de Dimensionamento
Todo dimensionamento envolve cálculos e fórmulas através dos quais é possível definir
precisamente quais são as cargas necessárias para cada aplicação. Por meio dos cálculos, são
definidos os parâmetros para que seja possível optar pelo método adequado de instalação
(aparente ou embutida), definir a seção e o material do eletroduto, a bitola e o tipo de isolação dos
condutores ou cabos e se os dispositivos de proteção dos circuitos (disjuntores) serão simples ou
com alguma proteção adicional.

A prática indica a sequência de dimensionamento, que é a seguinte:

1. Estabelecer a quantidade mínima de pontos de iluminação


2. Dimensionar da potência de iluminação.
3. Estabelecer a quantidade de tomadas, de uso geral e específico.
4. Dimensionar da potência das tomadas de uso geral e específico.
5. Dividir a instalação em circuitos terminais.
6. Calcular a corrente dos circuitos.
7. Dimensionar os condutores.
8. Dimensionar os eletrodutos.
9. Dimensionar os dispositivos de proteção dos circuitos.
10. Dimensionar o quadro de distribuição de acordo com a quantidade de circuitos da instalação.

Dimensionamento da potência de iluminação


Quando se faz um projeto de instalação predial, é preciso, inicialmente, estabelecer a quantidade
mínima de pontos de iluminação a serem considerados por ambiente. Para definir qual deve ser a
quantidade de pontos e a potência a ser instalada, é primordial seguir as recomendações das
normas NBR 5410 e NBR 5413.

Observação
De acordo com a norma NBR 5410/04 “pontos” são as localizações de aparelhos fixos de consumo
destinados à iluminação e tomadas de corrente que são os locais onde são alimentados os
aparelhos eletrodomésticos, eletroindustriais e as máquinas equipamentos de escritórios.

Conforme as recomendações das normas, deve-se considerar o seguinte:

• Cada ambiente deve possuir pelo menos um ponto de luz no teto, controlado por um
interruptor de parede.
• Nos banheiros, as arandelas devem ficar a 60 cm, no mínimo, do limite do boxe.

A potência mínima de iluminação deve ser considerada em função da área de cada ambiente, ou
seja:

• Para áreas externas em residências não há critérios definidos na NBR 5410, portanto, os
pontos de iluminação vão ser determinados de acordo com as necessidades do cliente que
as indica ao projetista.
• Em ambientes com área de até 6 m², o valor mínimo é de 100VA.
• Para ambientes acima de 6m², o valor mínimo de 100VA é válido para os primeiros 6m². A
partir daí, são acrescentados 60VA a cada 4m² inteiros considerados.

ELETROTÉCNICA - 47
Para compreender melhor essa determinação da norma, são apresentados alguns exemplos a
seguir.

Exemplo 1:
Consideremos um quarto com a largura (L) de 2,2m e o comprimento (C) de 3,5 m.

A área (A) desse cômodo é obtida multiplicando-se a largura (L) pelo comprimento (C) ou
seja:

A=LxC

Substituindo os valores na expressão, tem-se:


A = 2,2 x 3,5
A = 7,7m².

Portanto, a área a ser considerada é de 7,7m2. O problema é que esse valor ultrapassa os
6m2. Como resolver esse problema?

A NBR 5410 determina que, para os primeiros 6m², são considerados os 100VA. Mas, restam ainda,
1,7m². Como esse valor não chega a 4m², não são acrescentados os 60 VA, ficando previsto para
a sala apenas 100VA, o que corresponde ao valor mínimo estabelecido pela norma.

Exemplo 2
Consideremos, agora, uma sala com a largura (L) de 3,0m e o comprimento (C) de 3,8m. Sua área
será:
A = L x C + 3,0 x 3,8 = 11,4m².
A = 11,4m2

Já sabemos que para os primeiros 6m², a potência mínima de 100VA. Como 11,4m2 correspondem
a uma área maior do que 6m 2 (valor máximo de área permitido pela norma
para estabelecer um ponto de iluminação com potência de 100VA), é preciso descobrir a área que
sobra, que é:

11,4m2 – 6m2 = 5,4m2

Como 5,4m² correspondem a um valor superior a 4m², acrescenta-se mais 60VA de potência ao
circuito. O valor restante, ou seja, 1,4m² está abaixo de 4m² e não é considerado. Por isso,
considera-se como valor mínimo de potência de iluminação neste ambiente, apenas os dois
primeiros valores:

100 + 60 = 160VA

Observações
1 - As indicações da norma referem-se sempre a valores mínimos para cada ambiente. Isso não
impede que sejam acrescentados outros pontos ou maior potência em cada ambiente,
dependendo do uso e das preferências dos moradores da residência ou usuários do prédio
comercial ou industrial.

2 - Para o dimensionamento de iluminação em prédios não-residenciais, ou seja, áreas de

ELETROTÉCNICA - 48
trabalho comerciais ou industriais, usa-se o método de lumens, descrito em norma própria
(NBR 5413 – Iluminação de interiores – procedimentos).

Dimensionamento da potência de tomadas


Da mesma maneira que é preciso considerar a área de cada ambiente para prever sua iluminação
mínima, também é necessário tomar como referência as dimensões de cada ambiente a fim de
definir a potência de tomadas.

Devido ao grande número de aparelhos eletrodomésticos presentes até nas residências mais
simples, hoje mais que ontem, utiliza-se muito mais energia elétrica em todos os ambientes.

Assim, um bom projeto de distribuição das tomadas de força torna-se essencial. A NBR 5410
estabelece que as tomadas se dividem basicamente em dois tipos:

1. Tomada de Uso Geral ou TUG - na qual podem ser ligados os aparelhos móveis ou
portáteis que funcionam algum tempo e depois são removidos.

2. Tomada de Uso Específico ou TUE que alimenta os aparelhos estacionários que, embora
possam ser removidos, trabalham sempre em determinado local, como por exemplo, o chuveiro, a
máquina de lavar roupa, o aparelho de ar condicionado etc.

Dimensionamento de Tomadas de Uso Geral (TUGs)

Os aparelhos utilizados nas tomadas de uso geral são eletrodomésticos em geral, tais como:
aspirador de pó, secador de cabelos, furadeira etc.

O dimensionamento das tomadas de uso geral depende não só do tamanho de cada ambiente,
mas também do tipo de utilização de cada tomada. As orientações contidas na NBR 5410 indicam
sempre o procedimento que atendem às necessidades mínimas de cada ambiente.

Para elaborar o projeto de distribuição das tomadas, deve-se considerar o seguinte:


• Em subsolos, varandas, garagens ou sótãos, recomenda-se pelo menos uma tomada por
ambiente.
• Para ambientes com área até 6m² deve-se instalar, no mínimo, uma tomada.
• Para ambientes com área maior que 6m², calcula-se o perímetro, que é a soma do
comprimento de cada lado do ambiente, e divide-se o valor resultante por 5 (uma tomada a
cada 5m). O resultado corresponde à quantidade de tomadas do ambiente. Elas devem ser
espalhadas o mais uniformemente possível;
• Em copas, cozinhas ou combinação delas, deve-se ter uma tomada de uso geral a cada
3,5m de perímetro ou fração de perímetro. Acima da bancada da pia devem ser previstas,
no mínimo, duas tomadas de corrente, no mesmo ponto ou em pontos distintos.
• Nos banheiros deve haver, no mínimo, uma tomada junto ao lavatório a uma distância de
60cm do limite do boxe.

Observação

ELETROTÉCNICA - 49
Para ambientes tais como banheiros, cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço,
lavanderias e locais semelhantes, deve-se atribuir, no mínimo, 600VA por tomada, com limite
máximo de até 3 tomadas, adotando-se 100VA para as tomadas excedentes.

Para compreender melhor essas orientações, a seguir são apresentados dois exemplos de
dimensionamento de TUGs.

Exemplo 1
Consideremos, inicialmente, uma sala com a largura (L) de 2,2m e o comprimento (C) de
3,5m. Seu perímetro será a soma das medidas das quatro paredes do cômodo, ou seja:
P=L+L+C+C
Simplificando a expressão, tem-se:
P = (2 x L) + (2 x C)
P = (2 x 2,2) + ( 2 x 3,5)
P = 4,4 + 7
P = 11,4m
Em seguida, divide-se o valor obtido por 5:
n = 11,4 ÷ 5 = 2

Esse resultado indica que deverão ser instaladas 2 tomadas: uma a cada cinco metros. Porém,
como ainda sobram 1,4m, mais uma tomada deverá ser instalada, totalizando assim três TUGs.

Este valor estimado de 3 tomadas não é necessariamente o valor final, porém é, segundo a NBR
5410, o número mínimo admissível para esta área. Por conveniência, pode-se estabelecer que o
comum seria ter uma tomada por parede, no mínimo, pois é normal mudar a disposição dos móveis
em uma sala. Por esse motivo, fica bem dimensionado o valor de 4 tomadas de uso geral para esse
ambiente.

Exemplo 2
O segundo exemplo considera uma cozinha com a largura (L) de 3,0 m e o comprimento (C) de 3,8
m. Tem-se, então:
P = 2L + 2C
P = (2 x 3,0) + (2 x 3,8)
P = 6 + 7,6
P = 13,6m

Em relação a cozinhas, a NBR 5410 orienta que as tomadas sejam instaladas a cada 3,5m ou
fração de perímetro. Assim, o valor do perímetro (13,6m) será dividido por 3,5
n = 13,6 ÷ 3,5
n = 3,88

Esse resultado indica uma tomada para cada um dos três primeiros 3,5 m do perímetro, o que
resultará em três tomadas e mais uma para os 0,88m (fração) restantes, totalizando assim quatro
TUGs na cozinha.

Deve-se considerar 600VA para as três primeiras tomadas e 100VA para cada uma das tomadas
excedentes:

P = (3 x 600) + 100
P = 1.800 + 100

ELETROTÉCNICA - 50
P = 1900VA

Observação
Para cada tomada prevista, a potência deve ser de, no mínimo, 100VA em cada uma. Esta será a
carga mínima de potência nos demais cômodos ou dependências.

Seguindo as normas e a boa prática das instalações elétricas, não se deve esquecer que em todo
e qualquer projeto, o cliente deve ser consultado e, sempre que possível, deverá ser instalada uma
quantidade maior de pontos de tomada de uso geral que o valor mínima
calculado indica. Assim, evita-se a utilização de extensões e benjamins, reduzindo o desperdício
de energia e evitando comprometer a segurança da instalação.

Dimensionamento de tomadas de uso específico (TUEs)


A quantidade de aparelhos que utiliza tomadas de uso específico é determinada de acordo com o
número de aparelhos cuja utilização conhecemos, antecipadamente, e que estarão fixos numa
determinada posição no ambiente. Os aparelhos utilizados nestas tomadas são, em geral, chuveiro,
torneira elétrica, secadora e lavadora de roupas, micro ondas etc.

O dimensionamento da potência de cada tomada vai depender, então, diretamente da potência


nominal do equipamento a ser alimentado

A potência nominal é a potência indicada na identificação do aparelho, ou em sua especificação


contida no manual de instalação. Como em cada cômodo, estes aparelhos já possuem local pré-
determinado, deve-se prever suas tomadas instaladas a, no máximo, 1,5m de cada equipamento.

Deve-se lembrar, ainda, que para circuitos que contêm chuveiros, torneiras e aquecedores, é
conveniente considerar uma potência maior, pois estes podem ser facilmente trocados pelo usuário
da residência.

Divisão dos circuitos


Para fins de estudo desta unidade, consideraremos o circuito elétrico como sendo o conjunto de
componentes e condutores e cabos, ligados ao mesmo equipamento de proteção. Assim, cada
conjunto de condutores, eletrodutos, tomadas, luminárias e disjuntores constitui um circuito elétrico.

Em uma instalação predial, existem dois tipos básicos de circuito:

• Circuito de Distribuição – liga o quadro do medidor, na origem da instalação, ou da entrada


de energia ao quadro de distribuição.

• Circuito Terminal – é aquele que parte do quadro de distribuição e alimenta diretamente


lâmpadas, tomadas de uso geral e tomadas de uso específico.

Observação:
A instalação elétrica seja ela residencial, comercial ou industrial, deve ser subdividida em circuitos
terminais, pois isso facilita a manutenção e reduz a interferência entre eles. A norma NBR 5410
estabelece alguns critérios para a divisão da instalação elétrica em circuitos terminais. Segundo
esses critérios, deve-se:

ELETROTÉCNICA - 51
• Prever circuitos de iluminação separados dos circuitos de TUGs, procurando limitar a
corrente total do circuito a 10A.
• Prever circuitos independentes, exclusivos para cada equipamento que possua corrente
nominal superior a 10A.
• Limitar a potência total para 1.270VA em instalações 127V e 2.200 VA em 220V.

Em linhas gerais, pode-se dizer que deverá haver, no mínimo, três circuitos terminais em uma
instalação predial:
• Um para iluminação;
• Um para tomadas de uso geral
• Um para tomada de uso específico (chuveiro).

Uma boa recomendação é separar um pouco mais os circuitos terminais utilizando os


seguintes critérios:

Para os circuitos de iluminação, pode-se separá-los em área social e área de serviço:


• Social: sala, dormitórios, banheiro, corredor e hall.
• Serviço: copa, cozinha, área de serviço e área externa.

Para os circuitos de tomada de uso geral, tem-se:


• Social: sala, dormitórios, banheiro, corredor e hall.
• Serviço 1: Copa.
• Serviço 2: Cozinha.
• Serviço 3: Área de serviço.

Para os circuitos de tomada de uso específico, deve-se ter:


• Uma tomada para o chuveiro elétrico.
• Uma tomada para cada equipamento que possua corrente maior que 10A.

Para resumir, pode-se dizer que haverá um circuito independente para cada carga que possua
corrente nominal superior a 10A, havendo, portanto, apenas uma tomada e um dispositivo de
proteção para o referido circuito.

Nas instalações alimentadas com duas ou três fases, as cargas devem ser distribuídas entre as
fases de modo que se obtenha o melhor equilíbrio possível.

Para melhor compreender como fazer essa distribuição de circuitos, estude cuidadosamente o
exemplo a seguir.

Exemplo 1
Consideremos uma casa com dois dormitórios, uma sala, uma copa, uma cozinha, uma área de
serviço e um banheiro, cujo proprietário é muito preocupado com segurança e uso
responsável de energia. Por isso, solicitou que o projeto da instalação elétrica seja realizado
dentro dos parâmetros da norma, sem economias “desnecessárias”. Quais cargas de tomada
específica são possíveis prever nesta residência e quantos serão os circuitos correspondentes?

Antes do início do projeto, o dono da residência informou ao projetista a previsão dos seguintes
equipamentos que o profissional anotou em sua planilha:

ELETROTÉCNICA - 52
1 - Nos dormitórios haverá um aparelho de ar condicionado em cada um (220V, 5 A) e um
computador (127V, 4A) em um deles.

2 - Na sala e na copa e na copa não haverá nenhuma tomada de uso específico.

3 - Na cozinha haverá uma geladeira (127V, 4A), um forno de microondas (127V, 7A) e uma torneira
elétrica (220V, 20A).

4 - Na área de serviço serão instaladas uma lavadora (127V, 6A) e uma secadora (127V, 12A).

5 - No banheiro haverá um aquecedor para a torneira da pia (220V, 20A) e um chuveiro (220V,
32A).

Seguindo as exigências da NBR 5410, o projetista concluiu que haverá um circuito para cada
equipamento que possua corrente acima de 10A, ou seja:
Circuito 1 - Uma torneira elétrica da cozinha (20A);
Circuito 2 - Um chuveiro elétrico no banheiro (32A);
Circuito 3 - Um aquecedor para a torneira da pia do banheiro (20A);
Circuito 6 - uma secadora (12A);

Os circuitos restantes foram assim agrupados:

Circuito 4 – dois aparelhos de ar condicionado para os dormitórios (2 x 5A);


Circuito 5 – uma geladeira (4A) e um forno de microondas (7A) na cozinha.
Circuito 7 - uma lavadora (6A), na lavanderia.
Circuito 8 – Computador (4A) e demais TUGs dos dormitórios;
Circuito 9 – TUGs da sala e copa.

Observe que cada cliente terá gostos e necessidades específicas. Assim, o exemplo dado acima é
apenas uma sugestão. Em uma residência com a mesma quantidade de cômodos, é possível
eliminar alguns circuitos e cargas conforme seja conveniente ou, ainda, acrescentar mais alguns
circuitos, de acordo com as necessidades do cliente.

Cálculo da corrente elétrica dos circuitos


Considerando que cada circuito alimentará uma determinada carga, correspondente à soma dos
equipamentos ligados ao circuito, dizemos que cada circuito terá sua potência total a ser suprida.

Não se deve esquecer que a potência elétrica tem uma relação direta com a tensão e a
corrente utilizadas, sendo obtida pela fórmula:
P=VxI

Isto significa que basta multiplicarmos o valor da tensão pelo valor da corrente para que se obtenha
o valor da potência. Todavia, é preciso lembrar que, normalmente, nos equipamentos são indicados
apenas os valores de tensão e potência, isso significa que para se obter o valor da corrente deve-
se utilizar a uma outra expressão:
I=P÷V

Por exemplo, se o cliente tiver um forno de microondas que consome 900W, com tensão de 127V,
a sua corrente elétrica será:
I=P÷V

ELETROTÉCNICA - 53
I = 900 ÷ 127
I = 7A

A partir do valor da corrente de cada circuito é que se define a bitola do condutor e o dispositivo de
proteção – nesse caso, um disjuntor – mais adequado para a proteção desse
condutor.

Para calcular a corrente elétrica dos circuitos procede-se da seguinte maneira:


1. Determina-se a potência total do circuito.
2. Determina-se a tensão de utilização no circuito, aplicando-se a fórmula I = P ÷ V.
Como organizar o dimensionamento dos circuitos
Até agora, foram fornecidos exemplos de cálculos sem a colocação dos circuitos nos respectivos
diagramas e ambientes contidos em um planta. Nesta última parte do texto-base, será demonstrado
como organizar os dados para depois transpô-los para os diagramas inseridos na planta.

Figura 45 – Planta Baixa de uma casa – Senai

Os equipamentos que o cliente solicitou para a instalação são:


• Chuveiro (5600W/220V/25,5A)
• Secadora de roupas (2200W/220W/10A)
• Torneira elétrica (3000W/220W/13,6A)
• Bomba para o poço (2400VA/220V/10,9A)

Como se trata de uma planta com vários cômodos, é necessário utilizar uma tabela auxiliar
para organizar todos os valores dimensionados por cômodo. Veja a tabela, já contemplando as
tomadas de uso específico.

ELETROTÉCNICA - 54
Figura 46 – Dimensionamento de Iluminação, TUG’s e TUE’s – Senai

Agora, começaremos calculando a área e dimensionando a iluminação dos cômodos:


A sala possui largura (L) de 3,35 e o comprimento (C) de 4,0m. Sua área será:
A=LxC A = 4,0 x 3,35
A = 13,4m²

Como esse valor de área (13,4m²) é superior a 6m², considera-se 100VA e efetua-se o cálculo da
área restante:
13,4m² - 6m² = 7,4m²

Como 7,4m² correspondem a um valor maior que 4m², acrescenta-se mais 60VA de potência. O
valor restante, ou seja, 3,4m2 estão abaixo de 4m² e não é considerado. Por isso, considerasse
como valor mínimo de potência de iluminação na sala, apenas os dois primeiros valores:
100VA + 60VA = 160VA

Agora, veja o dimensionamento da potência de iluminação dos demais cômodos:


• Dormitório: A = 3,4 x 3 = 10,2m2. A potência de iluminação do dormitório é 160VA.
• Cozinha: A = 4,15 x 3 = 12,45m2. A potência de iluminação do dormitório é 160VA.
• Lavanderia: A = 3,50 x 3 = 10,5m2. A potência de iluminação da lavanderia é 160VA.
• Garagem: A = 1,75 x 2,90 = 5,075m2. Como a área é menor que 6m2, a potência de
iluminação a ser adotada é 100VA.
• Banheiro: A = 2,15 x 2,20 = 4,73m2. Como a área é menor que 6m2, a potência de
iluminação a ser adotada é 100VA.

ELETROTÉCNICA - 55
• Corredor: A = 2,15 x 1 = 2,15m2. Como a área é menor que 6m2, a potência de iluminação
a ser adotada é 100VA.

Figura 47 – Tabela semipreenchida: Iluminação, TUG’s e TUE’s – Senai

O próximo passo é dimensionar as tomadas de uso geral de acordo com a NBR 5410. Para
melhor entendimento, vamos analisar cada cômodo separadamente. Veja como ficou:

Cozinha: para a cozinha, a potência de tomadas deve ser dimensionada através do perímetro:
P = 2L + 2C
P = (2 x 4,15) + (2 x 3)
P = 8,3 + 6
P = 14,3m

Em seguida divide-se o número obtido por 3,5:


14,7 ÷ 3,5 = 4,085

Como a NBR 5410 determina que seja dimensionada uma tomada a cada 3,5m ou fração de
perímetro, a cozinha deverá possuir no mínimo cinco tomadas. As três primeiras de 600VA e as
duas restantes serão de 100VA.

Veja como ficou a tabela completa:

Figura 48 – Tabela completa: Iluminação, TUG’s e TUE’s – Senai

ELETROTÉCNICA - 56
O próximo passo é dividir todas as cargas em circuitos terminais. Para isso será utilizada uma
tabela para organizar as informações. Veja a tabela:

Figura 49 – Tabela de Divisão de Circuitos – Senai

Para estabelecer o(s) circuito(s) de iluminação é necessário calcular a potência total de


iluminação da casa:
P = 160 + 160 + 160 + 160 + 100 + 100 + 100
P = 940VA

Como a potência não ultrapassou 1270VA, apenas um circuito alimentará toda a iluminação da
casa: é o circuito 1.

Agora é a vez das tomadas de uso geral. Como as tomadas da cozinha e da lavanderia não
podem estar no mesmo circuito dos outros cômodos, vamos dividi-las em 3 circuitos:
• No circuito 2 ficarão duas tomadas de 600VA e uma tomada de 100VA da cozinha;
• No circuito 3 ficarão duas tomadas de 600VA e uma de 100VA da lavanderia;
• No circuito 4 ficarão uma tomada de 600VA da lavanderia, uma tomada de 600VA e uma de
100VA da cozinha.

Agora, basta destinar um circuito para cada tomada de uso específico de acordo com a previsão
dos equipamentos a serem instalados na casa.

ELETROTÉCNICA - 57
Figura 50 – Tabela de Divisão de Circuitos Completa – Senai

Neste ponto, vamos interromper o estudo do dimensionamento das instalações elétricas, porque
se trata de um assunto bastante complexo e que, por isso, foi dividido em duas partes.

Na próxima unidade, você estudará o dimensionamento dos condutores, eletrodutos e dispositivos


de proteção.

Veja como ficou a planta com a divisão de circuitos, mas ainda sem o dimensionamento dos
condutores pois esse assunto será estudado na próxima unidade.

ELETROTÉCNICA - 58
Figura 51 – Projeto Elétrico Residencial – Senai

IDEIAS-CHAVE

Tomadas uso geral – TUG, tomadas de uso específico – TUE, circuitos de iluminação

RECAPITULANDO...

• Todo dimensionamento envolve cálculos e fórmulas através dos quais é possível definir
precisamente quais são as cargas necessárias para cada aplicação.
• A prática indica a sequência de dimensionamento, que é a seguinte:
• 1. Estabelecer a quantidade mínima de pontos de iluminação
• 2. Dimensionar da potência de iluminação.
• 3. Estabelecer a quantidade de tomadas, de uso geral e específico.
• 4. Dimensionar da potência das tomadas de uso geral e específico.
• 5. Dividir a instalação em circuitos terminais.
• 6. Calcular a corrente dos circuitos.
• 7. Dimensionar os condutores.
• 8. Dimensionar os eletrodutos.
• 9. Dimensionar os dispositivos de proteção dos circuitos.
• 10. Dimensionar o quadro de distribuição de acordo com a quantidade de circuitos da
instalação.
• Os circuitos de iluminação devem ser separados dos circuitos de tomada de corrente.
• A potência dos circuitos de TUG’s não deve ultrapassar 1.270W ou 10A por circuito.
• Deve-se dimensionar um circuito de TUE para cada tomada específica de acordo com a
carga do aparelho equipamento que este alimentar.

ELETROTÉCNICA - 59
UNIDADE V – DIMENSIONAMENTO ELÉTRICO PREDIAL 2

Este capítulo é dedicado ao dimensionamento de condutores e dos disjuntores das instalações


elétricas residenciais – prediais.

1. Dimensionamento dos Condutores

O dimensionamento de condutores tem por objetivo a determinação do valor da sua seção nominal
(bitola), de modo a poder transportar a corrente necessária ao funcionamento do circuito, sem que
haja sobreaquecimento nos condutores.

A NBR 5410/04 especifica os condutores em mm2 e estabelece as seções mínimas dos condutores
de um circuito em função do uso. A seção mínima foi estabelecida, de forma a
atender as condições mínimas de utilização e de segurança contra esforços mecânicos.

Veja a tabela simplificada que estabelece a seção mínima do condutor-fase de um circuito em


função do uso:

Figura 52 – Tabela de Seção mínima dos condutores – Internet adaptado

ELETROTÉCNICA - 60
Observe que através da tabela, a NBR 5410/04 estabelece que, para um circuito de iluminação,
utilizando condutores isolados, a seção mínima do condutor de cobre e de 1,5mm2, ou seja, mesmo
se você for alimentar uma simples lâmpada de 100W/127V, deve
utilizar, no mínimo, o condutor com seção de 1,5mm2. Para um circuito de tomadas de uso
geral, a seção mínima do condutor de cobre e de 2,5mm2.

Dimensionamento pelo critério da máxima condução de corrente


Para realizar o dimensionamento dos condutores pelo critério da máxima condução de corrente, e
necessário seguir as seguintes etapas:
• Calcular a corrente elétrica de cada circuito (corrente de projeto);
• Determinar o fator de agrupamento de cada circuito;
• Calcular a corrente corrigida de cada circuito;
• Determinar o condutor em funcao da maxima capacidade de condução de corrente.

Cálculo da corrente de projeto IB


Pelo critério de dimensionamento por meio da máxima condução de corrente, será analisada, a
corrente elétrica de cada circuito. Para isto, deve-se determinar o valor da corrente para a qual será
dimensionado o condutor. Esse valor e determinado de corrente de projeto (IB), e para cada circuito
ela e determinada por meio da seguinte expressão:

IB = P ÷ V

Nela, P e a potência do circuito (em VA ou W) e V e a tensão do circuito (em V). Observe como se
calcula a corrente de projeto de um circuito de iluminação que foi projetado com 900VA de potência
alimentado por uma tensão de 127V:

IB = P ÷ V
IB = 900 ÷ 127
IB = 7,08A
A corrente de projeto (IB) deste circuito de iluminação e 7,08A.

Observe agora, como e calculada a corrente de projeto de um circuito de tomada de uso especifico,
que alimenta um chuveiro de 5600W com 220V.
IB = P ÷ V
IB = 5600 ÷ 220
IB = 25,45A
A corrente de projeto (IB) do circuito do chuveiro e 25,45A.

Fator de agrupamento
A corrente de projeto indica qual é, por exemplo, a corrente elétrica que será transportada pelo
condutor quando o chuveiro estiver ligado. Essa corrente elétrica que passa pelo condutor
localizado dentro do eletroduto provoca um aquecimento. Esse aquecimento e dissipado dentro do
eletroduto e quanto maior for a quantidade de circuitos dentro do eletroduto, menor será a
capacidade desse eletroduto de dissipar esse calor, o que causa o superaquecimento do circuito.

Como a dissipação do calor está prejudicada e há superaquecimento no circuito, os condutores


ficam com a sua capacidade de condução de corrente prejudicada em função desse aquecimento.
Para solucionar este problema, a NBR 5410/04 estabelece que seja feita a correção da corrente
elétrica em funcao do número de circuitos agrupados no interior

ELETROTÉCNICA - 61
do eletroduto.

O fator de agrupamento de condutores e a valor utilizado para efetuar a correção da corrente


elétrica. O fator de agrupamento e um valor numérico estabelecido em funcao do
agrupamento de circuitos no pior trecho do projeto. Observe a tabela a seguir:

Figura 53 – Tabela de Fator de Agrupamento – Internet adaptado

Para utilizar a tabela, você deverá identificar o circuito cujo fator de agrupamento deverá ser
calculado. Em seguida, deverá seguir todo o trajeto desse circuito e identificar em qual trecho do
percurso há um maior agrupamento de outros circuitos.

Cálculo da corrente corrigida


A corrente corrigida de um circuito e o valor da corrente de projeto corrigida em função do
agrupamento. Para calcular o valor da corrente corrigida (Ic) de um circuito, basta aplicar a seguinte
formula:
Ic = IB ÷ f

Nela, Ic e a corrente corrigida;


IB e a corrente de projeto e
f e o fator de agrupamento.

Exemplo 1
O circuito 1 de uma casa alimenta o circuito de iluminação com 1.000VA de potência elétrica.
Supondo que no trajeto deste circuito do projeto elétrico, na pior situação, ele seja instalado junto
com outros dois circuitos no eletroduto próximo ao quadro geral, qual é a corrente elétrica corrigida
(Ic) deste circuito?

Inicialmente, e necessário calcular a corrente de projeto (I B)


IB = P ÷ V
IB = 1000 ÷ 127
IB = 7,87A

ELETROTÉCNICA - 62
Agora, e necessário encontrar o fator de agrupamento deste circuito na tabela.
Como o circuito 1 está agrupado com mais dois circuitos no interior do eletroduto, o fator
de agrupamento para 3 circuitos agrupados no interior do eletroduto é 0,70.
Assim, f = 0,70.
Aplicando a formula tem-se:
Ic = IB ÷ f
Ic = 7,87 ÷ 0,70
Ic = 11,24A

Capacidade de condução de corrente dos condutores


Para dimensionar corretamente os condutores a serem empregados na instalação, além dos
cálculos que voce já aprendeu a fazer, é necessário conhecer, agora, qual e a corrente elétrica que
os condutores suportam, sem que haja sobreaquecimento suficiente para danificar a sua isolação.
A NBR 5410/04, estabelece os valores de corrente para os condutores em funcao do modo como
serão instalados.

A tabela a seguir, fornece os valores nominais de capacidade de condução de corrente, para


condutores isolados, instalados no interior de eletrodutos plásticos embutidos em alvenaria ou
eletrodutos metálicos aparentes.

Figura 54 – Tabela de Capacidade de condução de corrente dos condutores – Internet adaptado

Na tabela, observe que um condutor, com seção de 1,5 mm 2, suporta 15,5A e, um condutor,
com 4,0 mm2, suporta 28A. Agora que voce já sabe qual e a seção mínima do condutor de cada
circuito em funcao do uso, sabe como calcular a corrente corrigida de um circuito e também sabe
qual a máxima corrente que os condutores suportam de acordo com a NBR 5410/04.

Para escolher a correta seção do condutor a ser utilizado no projeto, basta seguir a seguinte
expressão:
Iz ≥ Ic

ELETROTÉCNICA - 63
A expressão significa que o condutor escolhido deve possuir uma capacidade de condução de
corrente maior ou igual a corrente corrigida. Nela, Ic e a corrente corrigida e Iz e a capacidade de
condução de corrente.

Veja os exemplos que mostram como definir a capacidade de condução de corrente dos
condutores.

Exemplo 1
Qual são as seções dos condutores dos circuitos 1, 2 e 3 da planta mostrada a seguir, para
uma tensão de 127 V (fase-neutro) e 220 V (fase-fase)?

Figura 55 – Planta baixa de um cômodo – adaptado pelo autor

Para auxiliar a organização dos dados, vamos utilizar a seguinte tabela:

Figura 56 – Tabela de dimensionamento dos condutores – adaptado pelo autor

Agora, é preciso calcular a corrente de projeto (I B). Para isso, basta dividir a potência pela
tensão de cada circuito.

ELETROTÉCNICA - 64
Agora, para determinar o fator de agrupamento, deve-se observar a planta, e verificar a pior
situação de cada circuito, ou seja, analisar o caminho que cada circuito percorre na planta para
indicar qual o seu maior agrupamento. Veja como ficou a tabela:

Figura 57 – Tabela semipreenchida – dimensionamento de condutores – adaptado pelo autor

Observe que a pior situação do circuito 1, esta no trecho entre o quadro geral e a lâmpada.
No trecho, existem dois circuitos agrupados, o circuito 1 e o circuito 3, como para o circuito
3 também e a pior situação, ou seja, dois circuitos agrupados no interior do eletroduto, o fator de
agrupamento para o circuito 1 e para o circuito 3 e 0,80.

Observe agora que, para o circuito 2, o fator de agrupamento e 1,00, pois em todo o seu
percurso na planta, ele não divide espaço com nenhum outro circuito.

O próximo passo, e calcular a corrente corrigida. Para isso, basta dividir a corrente de projeto (I B)
pelo fator de agrupamento (f). Veja como ficou a tabela:

Figura 58 – Tabela preenchida – dimensionamento de condutores – adaptado pelo autor

Note que a corrente do circuito 2 não sofreu alteração. Isso ocorre devido a sua característica de
estar sozinho no interior do eletroduto. Agora o passo final e definir qual e a seção dos condutores
a serem utilizados em cada circuito. Lembre-se de que para circuitos de iluminação, a seção mínima
estabelecida pela NBR 5410/04 e 1,5mm2 e para circuitos de tomadas, a seção mínima e de
2,5mm2.

Para o circuito 1, a corrente corrigida e 1,96A. Para este valor de corrente, um condutor de
seção igual a 0,50 mm2 seria suficiente, mas devido a exigência da NBR 5410/04 que também se
preocupa com esforços mecânicos, a seção do condutor a ser utilizada será de 1,5mm2.

Para o circuito 2, também ocorre a mesma situação, já que o circuito possui um valor pequeno de
corrente, mas em funcao do uso do circuito, a seção a ser utilizada será de 2,5mm 2.

Para o circuito 3, é preciso tomar cuidado para determinar a seção do condutor a ser utilizado, pois
a NBR 5410/04 estabelece a seção mínima de 2,5mm 2, mas este condutor suporta até 21A, inferior

ELETROTÉCNICA - 65
a corrente corrigida. Para solucionar este problema, basta utilizar o condutor com seção de 4mm 2,
que suporta até 28A.

Veja como ficou a tabela completa para o exemplo dado:

Figura 59 – Tabela completa – dimensionamento de condutores – adaptado pelo autor

2. Dimensionamento de Disjuntores

Depois de dimensionar os condutores dos circuitos e seus respectivos eletrodutos, é


necessário determinar a proteção dos circuitos devido a probabilidade de ocorrerem
sobrecorrentes e curto-circuito.

A NBR 5410/04 estabelece que “os condutores devem ser protegidos por um ou mais
dispositivos de seccionamento automático contra sobrecargas e curtos-circuitos”.

Os dispositivos de proteção de circuitos são os disjuntores. Para determinar a proteção dos


circuitos, serão utilizados os disjuntores termomagnéticos (DTM), devido a sua grande utilização
nas instalações prediais e residenciais.

Para dimensionar o correto disjuntor que irá proteger um circuito, basta seguir a seguinte
definição estabelecida pela NBR 5410/04:
Ic ≤ In ≤ Iz ,
Onde:
Ic e a corrente corrigida do circuito;
In e a corrente nominal do disjuntor e
Iz e a capacidade de condução de corrente do condutor.

Isso significa que a corrente do disjuntor tem que ser maior ou igual a corrente corrigida e
ao mesmo tempo, ser menor ou igual a capacidade de conducao de corrente do condutor.

Para facilitar a organização das informações, vamos utilizar a tabela de dimensionamento de


condutores, com uma coluna a mais para indicar o valor do disjuntor.
Observe como ficou a tabela:

ELETROTÉCNICA - 66
Figura 60 – Tabela de dimensionamento de disjuntores – adaptado pelo autor

Para dimensionar o valor da corrente do disjuntor do circuito 1, deve-se escolher um disjuntor com
corrente superior ou igual a 1,96A (IC) e menor ou igual a 15,5A (IZ). Veja a
definição:

1,69 ≤ In ≤ 15,5

Para a escolha do disjuntor existe a opção de 10A ou 15A, porem vamos indicar um disjuntor de
15A para dar uma “folga” ao circuito e proteger os condutores. O circuito poderá, também, alimentar
mais lâmpadas.

Resolvendo utilizando esta regra, obteremos o a tabela a seguir:

Figura 61 – Tabela preenchida de dimensionamento de disjuntores – adaptado pelo autor

IDEIAS-CHAVE

Dimensionamento de condutores, corrente de projeto, corrente corrigida, fator de agrupamento,


disjuntor de proteção termomagnético.

RECAPITULANDO...

• O dimensionamento de condutores tem por objetivo a determinação do valor da sua seção


nominal (bitola), de modo a poder transportar a corrente necessária ao funcionamento do
circuito, sem que haja sobreaquecimento nos condutores.

ELETROTÉCNICA - 67
• A NBR 5410/04 especifica os condutores em mm2 e estabelece as seções mínimas dos
condutores de um circuito em função do uso. A seção mínima foi estabelecida, de forma a
atender as condições mínimas de utilização e de segurança contra esforços mecânicos.
• Pelo critério de dimensionamento por meio da máxima condução de corrente, será
analisada, a corrente elétrica de cada circuito. Para isto, deve-se determinar o valor da
corrente para a qual será dimensionado o condutor.
• O fator de agrupamento de condutores é o valor utilizado para efetuar a correção da corrente
elétrica devido ao aquecimento dentro do eletroduto por coexistir mais de um circuito no
mesmo.
• Depois de dimensionar os condutores dos circuitos e seus respectivos eletrodutos, é
necessário determinar a proteção dos circuitos devido a probabilidade de ocorrerem
sobrecorrentes e curto-circuito.
• Os dispositivos de proteção de circuitos são os disjuntores. Para determinar a proteção dos
circuitos, serão utilizados os disjuntores termomagnéticos (DTM), devido a sua grande
utilização nas instalações prediais e residenciais.
• Para dimensionar o correto disjuntor que irá proteger um circuito, basta seguir a seguinte
definição estabelecida pela NBR 5410/04: Ic ≤ In ≤ Iz ,

UNIDADE VI – PRINCIPAIS COMPONENTES ELÉTRICOS INDUSTRIAIS

ELETROTÉCNICA - 68
Este capítulo trata dos componentes mais destacados para as atividades de um eletricista
industrial, observando características genéricas. Dados mais completos de um componente são
obtidos diretamente com o fabricante através de catálogos.

1. Principais Componentes Elétricos Industriais

Tomada Industrial
A tomada industrial é usada na alimentação de máquinas que requerem correntes de valores
maiores, normalmente acima de 16 A. Existem em diversas formas físicas e com variado número
de pólos (3F + N + T, 2F + N, 3F + N etc.).

Os tipos de tomadas mais usados são:


a) tomadas para ambientes normais (IP – 00)
b) tomadas para ambientes especiais (IP – 44, IP – 67 etc.):
• modelo à prova de explosão
• modelo à prova de umidade, gases, vapores e pós
• modelo à prova de explosão.

Na instalação destas tomadas é importante criar um padrão para a conexão dos fios evitando-se
problemas com sequência de fases e outros condutores.

Figura 62 – Tomadas Industriais– Internet

Chaves Manuais

ELETROTÉCNICA - 69
Para comandar um motor elétrico, é necessário um dispositivo de manobra que o ligue e/ou
desligue quando se desejar.

Existem vários tipos de componentes para esse fim, cada um com sua empregabilidade, vantagens
e desvantagens. As chaves manuais são exemplos de dispositivos de manobras para motores
elétricos, sendo talvez a maneira mais simples e econômica de se fazer.

Fisicamente variam conforme sua aplicação e fabricante. O funcionamento elétrico das chaves
manuais, ou seja, como são fechados seus contatos internos, dependerá da aplicação da chave.
Elas poderão ser específicas para determinada máquina ou aplicáveis em situações gerais.

Figura 63 – Chaves industriais manuais – Internet

Botoeiras, Pedaleiras e Fim de Cursos


Estes são os interruptores usados nos circuitos elétricos industriais. As botoeiras são instaladas em
portas de quadro de comando, em frente de máquinas etc. As pedaleiras são utilizadas em
máquinas onde o operador liga e/ou desliga o equipamento com o pé.

Já as chaves fins de curso tem a maior aplicação como limitadores de deslocamento e proteção de
máquinas. Cada cor de botão indica um tipo de atividade, conforme descrito por norma, sendo que
cada empresa pode criar seu próprio padrão. O mais comum é utilizar vermelho para as funções
Emergência e/ou desliga e verde e preto para ligar.

ELETROTÉCNICA - 70
Figura 64 – Chaves Fim de Curso e Botoeiras - Internet

Sinalizadores
Os sinalizadores são usados quando há necessidade de indicar um estado da máquina ou da
instalação.

Existem os sinalizadores sonoros e os luminosos. Como sinalizador sonoro usa-se geralmente


sirene ou campainha (buzzer). Na sinalização luminosa são variados os tipos de sinaleiros
existentes; são usados nas portas de quadros de comando, na frente de máquinas, na parte
superior das máquinas etc. A cor do sinalizador pode indicar alguma função específica.

Figura 65 – Sinalizadores - Internet

Sensores
Sensores são componentes que realizam uma comutação elétrica sem haver contato físico. Podem
atuar pela aproximação de algum material, ou, ainda, pela variação de alguma grandeza física,
como temperatura e pressão.

São diversos os tipos de sensores, cada um com sua característica de acionamento. Os sensores
indutivos atuam pela aproximação de materiais metálicos; já os sensores capacitivos atuam com a
aproximação de qualquer tipo de material.

Os sensores para automação industrial são dispositivos responsáveis por detectar as


movimentações em máquinas utilizadas no ambiente fabril. Capazes de captar tudo o que acontece

ELETROTÉCNICA - 71
na linha de produção sem a necessidade do contato físico de um operador, servem principalmente
para a verificação e contagem de material, assim como para controlar a direção, velocidade, nível,
temperatura, posição, ph, dentre outros aspectos, garantindo maior segurança aos funcionários e
aumentando a eficiência do processo produtivo. Se os sensores forem elétricos, também é possível
analisar a tensão ou corrente.

Utilizados nos mais diversos ambientes e condições, os sensores para automação industrial
existem em diversos tipos, podendo ser de pressão, de temperatura, de nível, de vazão, indutivo,
capacitivo, fotoelétrico, magnético e ultrassônico.

Os sensores de pressão medem a pressão de um fluído e são utilizados em ambientes de


fabricação de produtos robustos. Possui modelos com alta resolução, amplificador separado e
display. Assim como modelos tubulares com invólucros compactos e diversos tipos de saída e
faixas de pressão. Há ainda modelos para gases, ar comprimido e líquidos, incluindo os corrosivos.
Além dos modelos para pressão diferencial, com bargraph, display duplo e anti-corrosivo.

Os sensores de temperatura servem para identificar o nível de aquecimento de um equipamento e


realizar a medição do calor que envolve o processo industrial.

A função do sensor de nível é controlar líquidos ou sólidos granulados mantidos em reservatórios,


silos e tanques, que podem ser abertos ou pressurizados.

Os sensores de vazão são responsáveis por determinar a quantidade de gases, líquidos e sólidos
que passam por um local em um determinado intervalo de tempo.

Os sensores indutivos são úteis na detecção de componentes metálicos, desde o ferro, o alumínio,
o aço e o aço inox até o latão. Os modelos mais modernos contam com iluminação traseira,
garantindo mais visibilidade na comutação e facilitando a identificação de problemas.

Os sensores capacitivos podem ser utilizados para a detecção do nível de líquidos e sólidos, mas
principalmente para a detecção de materiais não metálicos como resinas,

Os sensores fotoelétricos servem para detectar sem contato físico partes e peças de máquinas
automáticas, além dos produtos confeccionados na linha de produção. Podem ser usados em
diversas máquinas industriais, como as de controle de produção e oferecem informações relevantes
como contraste, luminescência, retro reflexivo, cor, distância e a área que está sendo monitorada.

Os sensores ultrassônicos são microprocessados e podem contar com saída digital simples ou
dupla, além de saída analógica em tensão ou corrente. Oferecem transmissor de sinal ultrassônico
para a detecção de objetos e formas. Alguns modelos específicos conseguem realizar a detecção
de folha dupla.

Os sensores magnéticos conseguem detectar o campo magnético gerado por um ímã que pode ser
um acionador magnético. Servem para o monitoramento de cilindros pneumáticos ou de válvulas
lineares.

Os sensores laser são modelos não tubulares que possuem alta resolução e servem para diversas
aplicações. Comparados aos sensores fotoelétricos, são muito mais sensíveis e precisos.

ELETROTÉCNICA - 72
Os sensores de fibras ópticas podem ser utilizados para checar o padrão de produção e detectar
qualquer tipo de substância, material, contraste, cor, distância, marca, transparência, entre outros.
Possuem sistema de detecção de fibra por barreira ou fotosensora e lentes opcionais para diversas
aplicações.

Figura 66 – Sensores Industriais - Internet

2. Principais Dispositivos de Proteção

Disjuntor Termomagnético
Um disjuntor é um dispositivo eletromecânico, que funciona como um interruptor automático,
destinado a proteger uma determinada instalação elétrica contra possíveis danos causados por
curto-circuito e sobrecargas elétricas.

A sua função básica é a de detectar picos de corrente que ultrapassem o adequado para o circuito,
interrompendo-a imediatamente antes que os seus efeitos térmicos e mecânicos possam causar
danos à instalação elétrica protegida.

Uma das principais características dos disjuntores é a sua capacidade de poderem ser rearmados
manualmente, depois de interromperem a corrente em virtude da ocorrência de uma falha.

Diferem assim dos fusíveis, que têm a mesma função, mas que ficam inutilizados quando realizam
a interrupção. Por outro lado, além de dispositivos de proteção, os disjuntores servem também de
dispositivos de manobra, funcionando como interruptores normais que permitem interromper
manualmente a passagem de corrente elétrica.

O disjuntor termomagnético apresenta as seguintes características nominais:


a) número de polos;
b) tensão nominal;
c) frequência;
d) capacidade de ruptura (kA);
e) corrente nominal (A);
f) curva de disparo;
g) faixa de ajuste do disparador magnético (opcional);
h) faixa de ajuste do disparador térmico (opcional).

ELETROTÉCNICA - 73
Existem diversos tipos de disjuntores, que podem ser desde pequenos dispositivos que protegem
a instalação elétrica de uma única habitação até grandes dispositivos que protegem os circuitos de
alta tensão que alimentam uma cidade inteira.

Figura 67 – Disjuntor Termomagnético - Internet

Disjuntores dispositivo termomagnéticas são geralmente disponível com três características


disparo diferentes.

Figura 68 – Curva de Disparo do Disjuntor - Internet

Disjuntor Motor
O disjuntor motor é utilizado para conduzir ou interromper um circuito sob condições normais, assim
como interromper correntes sob condições anormais do circuito (curto-circuito; sobrecarga e queda
de tensão). Nesses disjuntores a corrente é ajustada no valor exato do motor. O acionamento
destes componentes é manual, através de botões ou alavanca.

O Disjuntor Motor é um dispositivo que serve para proteger contra curtos-circuitos e sobrecorrentes.
Possui ótimo desempenho com atuação rápida (casa dos milissegundos). É um componente capaz
de proporcionar grande poder de manobra a motores elétricos, pois possui uma chave para
manobra de motor elétrico.

ELETROTÉCNICA - 74
Alguns dispositivos auxiliares podem ser acoplados a esses disjuntores para atender a finalidades
específicas. Exemplos:
• bloco de contatos auxiliares usado para sinalização (elétrica ou sonora), intertravamento
etc.;
• bobina de impulso, usada para desligamento a distância etc.
• bobina de subtensão, usada para desligamento a distância, proteção de quedas de tensão
etc.

Figura 68 – Disjuntor Motor – Internet

Figura 69 – Esquema básico de um Disjuntor Motor – Senai

Relé Térmico
Os relés de sobrecarga protegem cargas contra o aquecimento indevido causado por sobrecargas
ou falta de fase. Quando temos uma sobrecarga ou uma falta de fase no circuito, ocorre um
aumento na corrente do motor.

Esta elevação de corrente causa o acionamento do mecanismo de disparo que atuará sobre os
contatos auxiliares (NF) e (NA). Os contatos auxiliares desligam a carga por meio de um contator.

O tempo para o desligamento está relacionado com a corrente de sobrecarga e a corrente ajustada
no relé, que se encontra devidamente representada na curva de disparo do relé.

ELETROTÉCNICA - 75
Após o desarme, deve-se aguardar o restabelecimento do sistema para que se faça o rearme, que
pode ser feito de forma manual ou automática.
Os relés de sobrecarga foram projetados para a proteção de motores trifásicos e monofásicos em
CA, e para motores em CC. Se os relés de sobrecarga forem utilizados na proteção de cargas
monofásicas em CA ou cargas em CC, os esquemas de ligação deverão ser respeitados.

Figura 70 – Relé Térmico - Internet

IDEIAS-CHAVE

Tomada industrial, sensores, chaves manuais, botoeiras, chaves fim de curso, sinalizadores,
pedaleiras, disjuntores termomagnéticos, disjuntor motor e relé térmico.

RECAPITULANDO...

• A tomada industrial é usada na alimentação de máquinas que requerem correntes de


valores maiores, normalmente acima de 16 A.
• Para comandar um motor elétrico, é necessário um dispositivo de manobra que o ligue e/ou
desligue quando se desejar. As chaves manuais são exemplos de dispositivos de manobras
para motores elétricos, sendo talvez a maneira mais simples e econômica de se fazer.
• Botoeiras são os interruptores usados nos circuitos elétricos industriais. As botoeiras são
instaladas em portas de quadro de comando, em frente de máquinas etc. As pedaleiras são
utilizadas em máquinas onde o operador liga e/ou desliga o equipamento com o pé.
• Os sinalizadores são usados quando há necessidade de indicar um estado da máquina ou
da instalação. Existem os sinalizadores sonoros e os luminosos.
• Sensores são componentes que realizam uma comutação elétrica sem haver contato físico.
Podem atuar pela aproximação de algum material, ou, ainda, pela variação de alguma
grandeza física, como temperatura e pressão.
• Um disjuntor é um dispositivo eletromecânico, que funciona como um interruptor automático,
destinado a proteger uma determinada instalação elétrica contra possíveis danos causados
por curto-circuito e sobrecargas elétricas.
• O disjuntor motor é utilizado para conduzir ou interromper um circuito sob condições normais,
assim como interromper correntes sob condições anormais do circuito (curto-circuito;
sobrecarga e queda de tensão).

ELETROTÉCNICA - 76
• Os relés de sobrecarga protegem cargas contra o aquecimento indevido causado por
sobrecargas ou falta de fase. Quando temos uma sobrecarga ou uma falta de fase no
circuito, ocorre um aumento na corrente do motor.

UNIDADE VII – SISTEMAS ELÉTRICOS TRIFÁSICOS

ELETROTÉCNICA - 77
1. Fundamentos de Circuitos Trifásicos

Circuitos ou sistemas nas quais as fontes em corrente alternada operam na mesma frequência,
mas com fases diferentes são denominados polifásicos. O circuito trifásico é um
caso particular dos circuitos polifásicos que, por razões técnicas e econômicas tornou-se
padrão em geração, transmissão e distribuição.

Um sistema trifásico é produzido em um gerador com três enrolamentos estáticos e têm o mesmo
número de espiras, enquanto o rotor do gerador se movimenta. Nesta configuração de
enrolamentos do gerador é como houvesse três fontes de tensão com mesma amplitude e
frequência, mas defasadas entre si de 120º elétricos.

Um dos terminais das bobinas do gerador são conectados entre si, de forma que a diferença de
potencial entre eles se neutraliza, formando o terminal neutro ou simplesmente neutro do circuito.
Desta forma, um sistema trifásico passa a ser constituído de quatro fios, sendo três condutores fase
e um neutro.

Figura 71 – Gerador Trifásico - Internet (eletricalelibrary.com)

Os sistemas trifásicos possuem a flexibilidade de poder atender cargas monofásicas,


bifásicas e trifásicas sem qualquer alteração em sua configuração. Na Figura 72 são
apresentadas formas de ligações das cargas.

ELETROTÉCNICA - 78
Figura 72 – Ligações sistema trifásico - USP

As três tensões possuem um ponto de neutro, o qual é definido como referência do sistema (0 V).
Este ponto é aterrado no gerador. Se uma carga monofásica for ligada entre o ponto de neutro e
uma das fases ela estará sujeita a uma “tensão de fase” dada pela expressão já conhecida:

𝑽𝑭 (𝒕) = 𝑽𝑷 × 𝐬𝐢𝐧(𝝎𝒕)

Uma carga conectada entre duas fases terá uma maior diferença de potencial e sua expressão
matemática será:

𝑽𝑳 (𝒕) = √𝟑 × 𝑽𝑷 × 𝐬𝐢𝐧(𝝎𝒕 − 𝟑𝟎º)

A diferença de potencial entre duas fases é denominada “tensão de linha”.

No Brasil os dois níveis de tensão mais usuais do sistema de distribuição secundário é 220 V e
380V, conforme:

ELETROTÉCNICA - 79
No Brasil, o sistema de alimentação pode ser monofásico ou trifásico. O sistema monofásico é mais
utilizado em serviços domésticos, comerciais e rurais, enquanto o sistema trifásico, em aplicações
industriais, ambos em 60 Hz.

As tensões trifásicas mais usadas nas redes industriais são:


• Baixa tensão: 220 V, 380 V e 440 V
• Média/alta tensão: 2.300 V, 4.160 V e 6.600 V
O sistema trifásico estrela de baixa tensão, consiste de três condutores de fase (L1, L2, L3) e o
condutor neutro (N), sendo este, conectado ao ponto estrela do gerador ou secundário dos
transformadores.

Sistema de ligação estrela e triângulo


Se os três terminais comuns de cada fase forem ligados juntos num terminal comum indicado por
N (neutro), e as outras três extremidades forem ligadas a uma linha trifásica (3 ), o sistema será
ligado em estrela ou Y.

Figura 73 – Ligação em Estrela - USP

Se as três fases forem ligadas em série para formar um percurso fechado, o sistema é ligado em
triângulo ou .

ELETROTÉCNICA - 80
Figura 74 – Ligação em Triângulo - USP

2. Potência em Circuitos Trifásicos

Nos sistemas trifásicos possuem cargas indutivas e cargas capacitivas que provocam as reatâncias, que
são resistências à passagem de corrente elétrica. Estas reatâncias provocam a defasagem da tensão com
a corrente elétrica (momentos diferentes).

Esta defasagem entre a tensão e a corrente elétrica provoca uma potência reativa, ou seja,
“potência negativa” que não gera trabalho efetivo.

A potência instantânea P é produto da corrente I pela tensão V para um dado instante t. P


=VxI

Quando V e I forem ambos positivos ou ambos negativos, o seu produto P é positivo. Portanto está
sendo gasta uma potência através do ciclo.

Figura 75 – Gráfico da potência positiva - Gussow

ELETROTÉCNICA - 81
Se a corrente I for positiva e a tensão V for negativa, ou vice-versa, em qualquer parte do ciclo, o
produto é negativo (Potência Negativa). Esta potência negativa não está disponível para trabalho,
volta pata a linha de alimentação da concessionária, sendo indesejada. É a potência reativa.

Figura 76 – Gráfico da potência negativa - Gussow

O produto da tensão elétrica pela corrente representa a potência aparente do circuito, isto é, a
potência que o circuito aparenta ter uma vez que há uma defasagem entre tensão e corrente. Sua
unidade é volt-ampere (VA):

A potência reativa é a porção da potência aparente (potência total disponível) que não é convertida
em trabalho). É calcula por:

Portanto, a potência real (transformada em trabalho) está na horizontal dada em W.

A potência total aparente (ST) em volt-amperes e a potência total reativa (QT) em volt-amperes-
reativo estão relacionadas com a potência total (PT) em watts através do triângulo retângulo
mostrados abaixo:

ELETROTÉCNICA - 82
Figura 77 – Triângulo das Potências – Gussow adaptado

Fator de Potência
O cos  (cosseno do angulo de base) é chamado fator de potência do circuito, pois é ele que
determina qual a percentagem de potência aparente que é empregada para produzir trabalho.

O fator de potência é uma relação entre potência ativa e potência reativa, consequentemente
energia ativa e reativa. Ele indica a eficiência com a qual a energia está
sendo usada.
Um alto fator de potência indica uma eficiência alta e inversamente um fator de potência baixo
indica baixa eficiência. Um baixo fator de potência indica que você não está aproveitando
plenamente a energia.

Diversas são as causas que resultam num baixo fator de potência em uma instalação industrial,
relacionamos algumas delas:

• Motores de indução trabalhando em vazio durante um longo período de operação;


• Motores superdimensionados para as máquinas a eles acopladas;
• Transformadores em operação em vazio ou em carga leve;
• Fornos a arco;
• Fornos de indução eletromagnética;
• Máquinas de solda a transformador;
• Grande número de motores de pequena potência em operação durante um longo período.

Um baixo FP significa que grande parte da capacidade de condução de corrente dos condutores
utilizados na instalação está sendo usada para transmitir uma corrente que não
produzirá trabalho na carga alimentada. Mantida a potência aparente (para a qual é dimensionada
a instalação), um aumento do FP significa uma maior disponibilidade de potência ativa.

ELETROTÉCNICA - 83
O valor do fator de potência desejado pelas concessionárias é de pelo menos 0,92.

3. Acionamento de Motores CA

Os comandos elétricos estão relacionados com o uso desta energia, e tem por finalidade a manobra
de motores elétricos que são os elementos finais de potência em um circuito automatizado.
Entende-se por manobra o estabelecimento e condução, ou a interrupção de corrente elétrica em
condições normais e de sobrecarga.

Os comandos elétricos podem se utilizar de vários equipamentos e circuitos, desde contatores até
PLC’s (Controlador Lógico Programável), passando por botoeiras, relés térmicos, disjuntores, etc.

A simbologia utilizada é padronizada através das normas NBR, DIN e IEC. Na tabela abaixo
apresenta-se alguns símbolos referentes aos elementos estudados nos parágrafos anteriores.

ELETROTÉCNICA - 84
Figura 78 – Simbologia de Comandos Elétricos – COTIP

Conhecer como se liga um motor trifásico não consiste simplesmente em conectá-lo a rede elétrica.
É também ter noções das características internas de cada tipo de motor, saber as normas que
auxiliam o bom funcionamento de todo conjunto e dão segurança, as determinações da
concessionária de energia elétrica local, enfim, uma série de coisas que farão o sucesso de todo o
sistema.

Os motores elétricos trifásicos são máquinas que produzem energia mecânica a partir de energia
elétrica. Esses motores são alimentados por redes trifásicas, daí seu nome, tendo vários tipos e
formas de ligações. Estes motores são os mais utilizados na indústria, por terem o melhor custo
benefício na comparação com os demais (evidentemente que nas aplicações compatíveis).

Para compreendermos as partidas de motores trifásicos devemos conhecer o funcionamento dos


contatores.

Os Contatores são constituídos por um conjunto de contatos fixos, e outro de contatos móveis,
cujo movimento de abrir/fechar é comandado pela parte móvel de um núcleo de ferro, que por sua
vez é envolvido por uma bobina que ao ser energizada cria um campo magnético que movimenta
essa parte móvel desse núcleo.

ELETROTÉCNICA - 85
Os contatores possuem um conjunto de contatos normalmente fechados (NF) que "abrem" quando
a bobina é energizada e um conjunto de contatos normalmente abertos (NA) que "fecham" quando
a bobina é energizada.

Figura 79 – Esquema básico de um contator - Internet

Ao ligar um motor elétrico em uma rede, deve-se obrigatoriamente seguir algumas recomendações
da concessionária local e de normas técnicas, a fim de conseguir que todo o conjunto funcione com
o máximo rendimento. As maneiras de ligar um motor são basicamente divididas em dois grupos:
partida direta e partida indireta. Já as formas de comandar os motores são variadas, e não existe
um esquema definido, somente padrões (normas) de instalação.

A partida direta consiste em energizar o motor com a tensão de funcionamento desde o instante
inicial. É o sistema mais simples, fácil e barato de instalar, sendo também aquele que oferece o
maior conjugado de partida do motor. Porém, neste sistema, a corrente de partida do motor é
grande, fato que impossibilita sua aplicação com motores de potência muito elevada.

Existem limites de potência para cada tensão de rede, conforme determinação da concessionária
local, sendo na maioria dos casos de 5 cv nas redes de 220/127 V e de 7,5 cv nas redes de 380/220
V.

A figura 80 mostra uma partida direta de motor trifásico. Neste sistema de partida temos dois
circuitos: o circuito de potência e o circuito de comando. O circuito de potência é o circuito
responsável por acionar o motor através da conexão do mesmo com a rede trifásica.

Circuito de Potência:
Uma forma de conexão do motor com a rede trifásica é realizada conectando-se o motor a fusíveis
de proteção e depois a um disjuntor termomagnético. Na sequência é conectado o contator que irá
acionar o motor mediante uma botoeira (pode ser via PLC). Antes de ligar ao motor, têm-se um relé
térmico para proteção contra sobrecarga ou falta de fase (aquecimento).

ELETROTÉCNICA - 86
Circuito de Comando:
Neste circuito temos, além dos fusíveis de proteção, o contato auxiliar do relé térmico que irá
desenergizar a bobina do contator em caso de sobrecarga no relé, interrompendo assim a energia
no motor (desligando).

Depois vem a botoeiras NF e NA as quais são responsáveis por acionar o motor ou abrir o circuito
desligando o motor. Repare no diagrama que as botoeiras alimentam a bobina do contator, o que
resulta no acionamento do motor.

Figura 80 – Partida direta do Motor – Internet adaptado autor

Na figura a seguir é mostrado além do circuito de comando e do circuito de potência, já explicados


acima, apresentamos o circuito de sinalização o qual tem a função de sinalizar a operação do
sistema de motor.

Neste caso, o circuito de potência é o mesmo. O circuito de comando é formado por duas botoeiras,
uma NA (normalmente aberto) e outra NF (normalmente fechado) que conectam ou desconectam
a energia à bobina K1 do contator. Quando esta bobina é energizada, o contato principal K1 do
contator é fechado acionando o motor. Neste momento os contatos auxiliares também são
alterados da seguinte forma: o contato NA fecha e o contato NF abre.

Assim o contato 23 e 23 que é normalmente aberto passa a fechar mantendo energia na bobina e
mantendo o contator acionado. Neste caso a botoeira NA pode ser aberta que o contator continuará
recebendo energia através destes contatos 23 e 24 (contato de selo).

ELETROTÉCNICA - 87
O circuito de sinalização funciona da seguinte forma: quando o contator não for acionado, sua
bobina não é energizada e assim o contato auxiliar 11 e 12 permanece fechado mantendo a
lâmpada verde acesa.

Quando o contator é energizado, o contato principal ligará o motor e o contato auxiliar 11 e 12 abrirá
apagando a lâmpada verde. Neste momento o contato auxiliar 33 e 34 (NA passa a fechar) se fecha
acendendo a lâmpada amarela.

Quando houver um problema de aquecimento no motor, provavelmente causado por uma


sobrecarga, o relé térmico desligará o motor e seu contato auxiliar 13 e 14 acenderá a lâmpada
vermelha. Repare que o contato auxiliar 11 e 12 de KA1 que é do relé térmico se abrirá, impedindo
assim que a lâmpada verde se acenda.

Figura 81 – Partida direta do Motor com sinalização – Internet adaptado autor


IDEIAS-CHAVE

ELETROTÉCNICA - 88
Circuito trifásico, defasagem de 120º, potência aparente, potência real e potência reativa, ligação
estrela e triângulo, contator, partida direta, contatos principais e contato auxiliares.

RECAPITULANDO...

• Um sistema trifásico é produzido em um gerador com três enrolamentos estáticos e têm o


mesmo número de espiras, enquanto o rotor do gerador se movimenta. Nesta configuração
de enrolamentos do gerador é como houvesse três fontes de tensão com mesma amplitude
e frequência, mas defasadas entre si de 120º elétricos.
• Os sistemas trifásicos possuem a flexibilidade de poder atender cargas monofásicas,
bifásicas e trifásicas sem qualquer alteração em sua configuração.
• As tensões trifásicas mais usadas em baixa tensão nas redes industriais são: 220 V, 380 V
e 440 V
• Os sistemas trifásicos possuem cargas indutivas que provocam as reatâncias, que por sua vez
provocam a defasagem da tensão com a corrente elétrica. Esta defasagem entre a tensão e a
corrente elétrica provoca uma potência reativa, ou seja, “potência negativa” que não gera
trabalho efetivo.
• O cos  (cosseno do angulo de base) é chamado fator de potência do circuito, pois é ele que
determina qual a percentagem de potência aparente que é empregada para produzir
trabalho.
• Os comandos elétricos podem se utilizar de vários equipamentos e circuitos, desde
contatores até PLC’s (Controlador Lógico Programável), passando por botoeiras, relés
térmicos, disjuntores, etc.
• Os Contatores são constituídos por um conjunto de contatos fixos, e outro de contatos
móveis, cujo movimento de abrir/fechar é acionado quando sua bobina é energizada, sendo
acionada por botoeiras ou PLC.
• Os contatores possuem um conjunto de contatos normalmente fechados (NF) que "abrem"
quando a bobina é energizada e um conjunto de contatos normalmente abertos (NA) que
"fecham" quando a bobina é energizada.

UNIDADE VIII – ENERGIAS RENOVÁVEIS E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

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1. Fundamentos de Energias Renováveis

Energia elétrica confiável e acessível é fundamental para garantir qualidade de vida, bem-estar à
população e crescimento econômico para o país. É ela que nos fornece iluminação, garante o
funcionamento de eletrodomésticos e de equipamentos de trabalho, aquece ou resfria nossas
casas, possibilita nossa conexão com o mundo, por meio de nossos computadores, smartphones
e outros eletrônicos, e torna nossa vida mais fácil, confortável e produtiva.

As principais fontes de energia usadas no mundo para produzir eletricidade são divididas em dois
grandes tipos: as renováveis e as não renováveis.

As que chamamos fontes renováveis são, como o nome diz, um recurso inesgotável, disponível
permanentemente, graças à possibilidade de renovação pela própria natureza. São exemplos de
recursos naturais: sol, vento, chuva, marés ou correntes de água e energia geotérmica. Outra
característica extremamente importante é que causam pouco ou nenhum impacto ambiental, nem
mesmo quando são transformados em eletricidade.

Energia renovável ou energia alternativa é aquela gerada através de fontes renováveis e que,
portanto, não gera impacto no meio ambiente, seja através do esgotamento de recursos ou pela
emissão de CO2 na atmosfera. As principais fontes alternativas de energia são a energia solar,
eólica, hidráulica, biomassa, maremotriz e geotérmica. Duas dessas fontes, no entanto, a biomassa
e a hidráulica, merecem uma observação

A biomassa, apesar de emitir CO2 na queima para gerar energia, recupera esse CO2 através da
fotossíntese enquanto se desenvolve e por isso não afeta o meio ambiente. A observação vem de
sua origem, que pode ser de sobras ou resíduos de matéria orgânica da atividade humana, ou
ainda biomassa exclusivamente produzida para geração de energia. No segundo caso, questiona-
se a concorrência por terra do plantio para geração de energia com o plantio para alimentação. O
plantio para geração de energia pode estar relacionado à escassez de alimentos e à alta de preços
dos mesmos, porém esta realidade não é válida para todas as regiões, o que torna o tema polêmico.

Já a energia hidráulica, de fonte indiscutivelmente renovável, é questionada nos grandes projetos.


Uma grande usina causa uma série de impactos devido à área alagada que gera e suas

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consequentes alterações no meio ambiente e entorno. Além do grande impacto social de algumas
dessas usinas, cientistas alegam que os impactos ambientais são irreversíveis e, muitas vezes,
podem ser mais prejudiciais que os benefícios de utilizar uma fonte renovável.

Existem, porém, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que são pequenas usinas hidrelétricas
que praticamente não geram áreas de alagamento. Estas se utilizam da fonte renovável e
preservam o meio ambiente sendo, portanto, uma excelente alternativa.

As fontes não renováveis são também chamadas fósseis e são provenientes de recursos naturais,
que foram armazenados em camadas do subsolo há milhares de anos – período ao longo do qual
concentraram grandes volumes de carbono.

É o que ocorre com o carvão e com os derivados de petróleo – o óleo diesel e o gás natural. Esses
recursos, embora tenham alta capacidade energética, não estão disponíveis de forma perene. São
recursos limitados e, como a quantidade que usamos desses recursos para gerar energia é muito
superior à capacidade de formação, eles se esgotarão.

A atual infraestrutura de geração de energia está envelhecendo no mundo todo e, em muitos casos,
se tornando obsoleta. O modelo centralizado, no qual a energia é transportada por longas
distâncias, gera muitas perdas e já não consegue acompanhar o crescimento da demanda.

A geração de energia elétrica de forma descentralizada e distribuída desponta hoje como tendência
mundial, e já é realidade em boa parte dos países desenvolvidos, como Alemanha, Estados Unidos
e Japão.

Figura 82 – Participação das Fontes Renováveis no Globo – ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída)

Observa-se no gráfico acima que as fontes de energia provenientes das hidrelétricas consistem na
maior contribuição das energias renováveis. Depois, mito longe ainda, vem as energias eólicas e
depois a biomassa. A energia solar é a menos utilizada, mas observa-se seu crescimento nos
últimos anos.

O gráfico abaixo mostra a participação das fontes de energias renováveis no cenário nacional.

ELETROTÉCNICA - 91
Figura 83 – Participação das Fontes Renováveis no Brasil – ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída)

2. Energia Solar Fotovoltaica

Além de trazerem luz e calor ao incidirem sobre a Terra, os raios solares podem ser aproveitados
para gerar energia elétrica ou térmica, constituindo-se em uma fonte limpa e renovável. Há
diferentes tecnologias desenvolvidas para aproveitar a radiação solar, apresentadas a seguir:

• Sistemas solares térmicos: usam coletores solares para absorver a radiação solar para
aquecer a água ou o ar.

• Usinas solares concentradas: usam coletores solares concentradores, semelhantes a


espelhos, para concentrar os raios solares e aquecer um fluido em alta temperatura. Esse
fluido gera vapor para alimentar uma turbina e um gerador.

• Sistemas fotovoltaicos (FV): usam células elétricas solares que convertem a radiação solar
diretamente em eletricidade. Elas são organizadas em módulos (painéis) com capacidades
variadas. Os sistemas fotovoltaicos variam de células fotovoltaicas únicas, que fazem
funcionar desde uma calculadora até grandes usinas, com centenas de módulos.

A forma mais difundida de geração de energia elétrica a partir do Sol é a fotovoltaica. As células
fotovoltaicas, dispositivo elétrico que converte a luz do sol em energia elétrica, são fabricadas com
materiais semicondutores, sendo o silício o mais comum.

ELETROTÉCNICA - 92
Sua estrutura é formada por camadas – uma positiva, na parte inferior, outra negativa, na parte
superior – unidas por uma grade finíssima. Como a luz solar é composta de partículas que carregam
energia, os fótons, o papel das células fotovoltaicas é absorver parte deles, provocando a liberação
dos elétrons do material semicondutor, gerando eletricidade. A eletricidade é gerada em corrente
contínua e precisa passar por um inversor, que converte a corrente contínua em alternada.

Uma grande vantagem da fonte solar é que ela permite que a energia gerada seja consumida no
próprio local, simultaneamente, ou em áreas próximas – a chamada geração distribuída. Isso
elimina as perdas que geralmente ocorrem nos sistemas de transmissão e de distribuição. Além
disto, o impacto ambiental da instalação desses sistemas é praticamente zero.

Os painéis são modulares e muito versáteis. Podem ser adquiridos por pessoas físicas ou por
empresas e instalados nos telhados de casas e de prédios, em áreas de estacionamento, em áreas
abertas ou terrenos. Quanto maior a intensidade da luz solar, maior o fluxo da eletricidade gerada.
A seguir, apresenta-se o que compõe um sistema fotovoltaico.

• Painel fotovoltaico, que é composto de um ou mais módulos fotovoltaicos e funciona como


gerador de energia elétrica.

• Controlador de carga (string box), que protege a instalação elétrica e as placas solares de
incidentes e descargas elétricas.

• Inversor, que é o dispositivo eletrônico que converte a energia elétrica em corrente contínua
(CC) para corrente alternada (CA), a fim de permitir a utilização de eletrodomésticos
convencionais.

O gráfico abaixo mostra a potência instalada em geração distribuída no Brasil de energia solar
fotovoltaica. Observa-se que o crescimento é grande.

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Figura 84 – Geração distribuída de Solar Fotovoltaico no Brasil – Aneel 2020

Figura 85 – Gerador Solar Fotovoltaico – IFMG Bambuí

Basicamente a geração de energia elétrica pelos sistemas fotovoltaicos ocorrem da seguinte


maneira:

• A energia solar é captada pelos módulos fotovoltaicos que convertem esta radiação solar
em energia elétrica contínua.

• Esta energia elétrica contínua é entregue ao Inversor, que a converte em energia elétrica
alternada, pronta para uso.

ELETROTÉCNICA - 94
• Esta energia é ligada ao quadro geral que irá disponibilizá-la para uso em toda sua
residência, empresa, pelos equipamentos, etc.

• O excesso de energia elétrica não consumido é entregue para a rede da concessionária


gerando créditos no final do mês.

3. Eficiência Energética

Essa eficiência energética é caracterizada pela utilização dos recursos disponíveis da melhor forma
possível. Assim, pode-se garantir um melhor desempenho com um menor gasto.

A utilização racional da energia pode apresentar diferentes modalidades:


• instalação de uma nova tecnologia,
• remodelação de utilização de máquinas e equipamentos,
• manutenção dos equipamentos;
• transcorrer das atividades operacionais,
• Outros…
Esta utilização eficiente também pode significar na utilização de fontes de energias mais
econômicas e sustentáveis.

O termo eficiência energético está relacionado com o uso consciente de energia, e visa obter um
menor desperdício de energia dentro de indústrias e empresas.

Eficiência energética é uma questão de abrangente e envolve todo tipo de energia utilizando,
buscando a otimização de sua eficiência e reduzindo o máximo possível de seu desperdício.

Abaixo apresentamos um exemplo de cálculo da eficiência energética.

ELETROTÉCNICA - 95
Exemplificando, temos a análise de um sistema de geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica. Podemos visualizar a eficiência do sistema e dimensionar o tamanho das perdas que
ocorrem em todo o sistema de geração de energia elétrica.

IDEIAS-CHAVE

Energias renováveis, sustentabilidade, energia limpa, eficiência energética, sistema solar


fotovoltaico, biomassa, pequenas usinas hidrelétricas – PCH.

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RECAPITULANDO...

• As principais fontes de energia usadas no mundo para produzir eletricidade são divididas em
dois grandes tipos: as renováveis e as não renováveis.
• As que chamamos fontes renováveis são, como o nome diz, um recurso inesgotável,
disponível permanentemente, graças à possibilidade de renovação pela própria natureza.
São exemplos de recursos naturais: sol, vento, chuva, marés ou correntes de água e energia
geotérmica. Outra característica extremamente importante é que causam pouco ou nenhum
impacto ambiental, nem mesmo quando são transformados em eletricidade.
• as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que são pequenas usinas hidrelétricas que
praticamente não geram áreas de alagamento.
• As fontes não renováveis são também chamadas fósseis e são provenientes de recursos
naturais, que foram armazenados em camadas do subsolo há milhares de anos – período
ao longo do qual concentraram grandes volumes de carbono.
• A atual infraestrutura de geração de energia está envelhecendo no mundo todo e, em muitos
casos, se tornando obsoleta. O modelo centralizado, no qual a energia é transportada por
longas distâncias, gera muitas perdas e já não consegue acompanhar o crescimento da
demanda.
• Sistemas fotovoltaicos (FV): usam células elétricas solares que convertem a radiação solar
diretamente em eletricidade. Elas são organizadas em módulos (painéis) com capacidades
variadas. Os sistemas fotovoltaicos variam de células fotovoltaicas únicas, que fazem
funcionar desde uma calculadora até grandes usinas, com centenas de módulos.
• Eficiência energética é caracterizada pela utilização dos recursos disponíveis da melhor
forma possível, garantido a sustentabilidade de nosso planeta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GUSSOW, Milton. Eletricidade básica. 2 ed. Dados eletrônicos. Porto Alegre, Bokkman, 2009.

DIAS, José Artur Alves; MACIEL, Álvaro de Medeiros. Eletricidade básica para cursos técnicos.
IFPB 2019.

SOUZA, Giovani Batista. Eletricidade. IFSC 2009

COIMBRA-ARAÚJO, Fontes renováveis de energia e tecnologias de geração. Programa de Pós


Graduação e Meio Ambiente – UFPR

E-Book – Energias Renováveis: o potencial das fontes para geração de energia distribuída –
Associação Brasileira de Geração Distribuída - ABGD

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