Você está na página 1de 8

Fisioterapia - Recursos Terapêuticos

Princípios gerais em eletroterapia

Definição

A corrente elétrica é o movimento ordenado de partículas eletricamente carregadas


(positivamente ou negativamente). Para que esse movimentos ocorram é necessário
haver tais partículas − íons ou elétrons − livres no interior dos corpos. A força elétrica é
capaz de impulsionar essas partículas (íons) de níveis de energia mais altos para mais
baixos estabelecendo potenciais elétricos.

Corpos que possuem partículas eletrizadas livres em quantidades razoáveis são


denominados condutores, pois essa característica permite estabelecer corrente elétrica
em seu interior.

Obs: A estimulação elétrica tem uma ampla gama de aplicações clínicas em


reabilitações,que incluem:

· fotalecimento e reeducação muscular

· controle e alívio da dor

· facilitação da cicatrização de feridas

· reabsorção de edemas e reações inflamatórias pós-lesão ou cirurgias

· intensificação da distribuição transdérmica de drogas

Modalidade elétrica: é a capacidade que o aparelho possui de receber corrente elétrica


de uma tomada de parede e transformá-la, para que esta penetre nos tecidos produzindo
um efeito fisiológico.

Fatores importantes para passagem de corrente elétrica para os tecidos biológicos:

* Força eletromotriz É a força ou pressão de eletricidade ;a diferença de energia


entre dois pontos que produz a força elétrica capaz de movimentar as partícula
carregadas através de um condutor entre essses dois pontos.

*Os transportadores de carga são:

Elétrons: nos metais existe grande quantidade de elétrons livres, em movimento


desordenado

Íons nas soluções eletrolíticas existe grande quantidade de cátions e ânions


livres, em movimento desordenado.

Tipos de correntes eletroterapêuticas:

A) Corrente polarizada (direta /contínua)

È aquela na qual o fluxo é contínuo seguindo apenas uma direção(unidirecional) de


partículas carregadas, sendo capaz de promover mudanças eletroquímicas sobre os
eletrodos. A corrente polarizada é usada para Iontoforese e para estimular a contração
de músculos denervados, e também ocasionalmente para cicatrização de feridas .
Os elétrons irão se deslocar de acordo com a polaridade ,embaixo do eletrodo negativo
irá ocorrer uma reação básica forte e embaixo o eletrodo positivo irá ocorrer uma reação
ácida fraca.Tal mecanismo faz com que ocorra uma mudança no metabolismo celular
favorecendo a cicatrização.

B) Corrente despolarizada (alternada)

E aquela na qual a corrente flui primeiro em uma direção e depois em outra(fluxo


contínuo bidirecional) é uma inversão da polaridade em intervalos regulares de tempo.
Portanto tem um fluxo de íons igual em cada direção e por isso nenhuma mudança de
pulso permanece nos tecidos. Mais comumente a corrente alternada é distribuída como
uma onda senoidal. É ideal para atividade excitomotora. A chance de formação de
compostos químicos é minima portanto o tempo de tterapia é indeterminado.

OBS: Quando a frequência aumenta a duração do


ciclo diminui e vice-versa.

C) Corrente de sequências de pulso ou Burst ou Trens de pulso

É um fluxo interrompido de partículas carregadas, onde a corrente flui em uma série e


pulsos, separados por períodos em que não há fluxo de corrente( períodos ON e
OFF).Usada em corrente russa;onda com parâmetros específicos destinados ao
fortalecimento de músculos,utilizam uma corrente alternada de média frequência com
uma frequência de 2000hz distribuídas em 50 trens por segundo. A corrente pulsada é
utilizada para muitas aplicações clínicas da estimulação elétrica.

Formas de onda

As seguintes formas de ondas compreendem os três tipos de correntes: corrente


continua, alternada e de pulso (Burst).

1) Senoidal

2) Triangular

3) Quadrática ou retangular
Parâmetros ajustáveis para o controle em eletroterapia

· Amplitude Quanto maior a amplitude maior será a velocidade do fluxo de


elétrons.Representa a intensidade da corrente(velocidade de fornecimento de elétons).

· Duração ou largura do pulso É o tempo desde o início da primeira fase de um pulso


até o final da última fase do mesmo.A duração do pulso em geral é expressa em
microssegundos. Quanto maior a largura do pulso, maior o tempo de passagem.

· Carga de pulso Produto da amplitude pela largura do pulso. Quantidade total de


eletricidade que está sendo administrada ao paciente durante cada pulso.

· Frequência Número de pulsos por segundo. A frequência é medida em Hertz para


ciclos ou pulsos. As respostas do sistema nervoso e muscular dependem da extensão
de tempo entre os pulsos e de como os pulsos ou as formas de onda são moduladas.

Ø Corrente de baixa freqüência: <1000HZ ;Uso terapêutico: <100Hz.

Ø Corrente de média freqüência: 1000 a 4000Hz (modulado em baixa freqüência:


aproximadamente 50Hz).

Efeitos da eletricidade no corpo humano

A sensibilidade do organismo a passagem de corrente elétrica inicia em um ponto


conhecido como Limiar de Sensação e que ocorre com uma intensidade de corrente de
1mA para corrente alternada e 5mA para corrente contínua.

O corpo humano é mais sensível a corrente alternada do que á corrente continua, os


efeitos destes no organismo humano em geral são os mesmos, passando por
contrações simples para valores de baixa intensidade e até resultar em queimaduras
graves e a morte para valores maiores.

O aumento da amplitude e intensidade primeiro atinge o limiar sensitivo, em segundo o


limiar motor e por último o limiar de dor.

Existe apenas uma diferença na sensação provocada por correntes de baixa intensidade;
a corrente continua de valores imediatamente superiores a 5 mA que é o Limiar de
Sensação, cria no organismo a sensação de aquecimento ao passo que a corrente
alternada causa a sensação de formigamento, para valores imediatamente acima de 1
mA.
O Limiar de Sensação da corrente cresce com o aumento da freqüência, ou seja,
correntes com freqüências maiores são menos sentidas pelo organismo.

Modulação da corrente

Modulação é qualquer padrão de variação em um ou mais parâmetros de estimulação. A


modulação é usada para limitar a adaptação neural a uma corrente elétrica.

Tipos de modulação

· Variações de intensidade

· Variação de freqüência de pulso

· Variação de largura

· Trens de pulso

Obs:Os tipos de modulação estão diretamente relacionados ao tipo de tratamento.

Modulação VIF= variação de intensidade e freqüência

· Acomodação: aumento transitório no limiar de excitação do nervo.

· Durante o tratamento é importante ajustar os parâmetros para que não ocorra


acomodação.

· Essa modulação (VIF) serve para retardar a acomodação.

· Utilizadas nas correntes empregadas em longos períodos de estimulação.

Modulação de amplitude: Variação do pico de ampiltude da corrente sobre o tempo. A


variação na amplitude associada a trens de pulso possibilita uma contração muscular
mais “fisiológica”, uma vez que o número de unidades motoras recrutadas é
proporcional ao incremento da amplitude corrente.

Modulação de trens de pulso: Os trens de pulso promovem a contração e o relaxamento


musculares, que minimizam o aparecimento de fadiga muscular, possibilitando uma
contração mais agradável quando associados à modulação de amplitude. Comum em
tratamentos excitomotores.

Fatores que influenciam a resistência à passagem de corrente aos tecidos biológicos

· Tamanho dos eletrodos: Quanto a maior a área do eletrodo mais facil é a passagem de
corrente para os tecidos e menor resistência a passagem

· Pilosidade: A presença de pêlos dificulta a passagem

· Vascularização: quanto maior a vascularização melhor a passagem de corrente elétrica,


pois implica uma menor resistência.

· Quantidade de glândulas sudoríparas: A presença e suor facilita passagem de corrente

OBS: Antes de iniciar o tratamento é importante fazer as seguintes considerações


( anamnese do paciente e verificar a presença de suor excessivo na superfície a ser
tratada)
· Umidade da superfície cutânea: o gel é um bom condutor.

· Quantidade de tecido adiposo; A presença de tecido adiposo em excesso dificulta a


passagem de corrente elétrica.

OBS: Para vencer essa resistência precisa-se de uma maior amplitude.

Tipos de eletrodos

1) Metálicos, de chumbo ou alumínio

Uso em corrente polarizadas, como meio de condução sempre usar a esponja


umedecida evitando usar o gel. O eltetrodo de alumínio é menos corrosivo.

2) Silicone-carbono

Usado em correntes despolarizadas, o meio condutor utilizado é o gel. O uso causa


alterações nos íons de carbono. Portanto deve-se fazer assepsia do mesmo com água e
sabão evitando assim o acúmulo de resíduos.

3) Auto-adesivos

Usado em correntes despolarizadas, possui custo elevado uma vez que pode ser usado
no máximo de 10x por paciente, perdendo a condutividade com o tempo.

Tipos de posicionamento dos eletrodos

a) Longitudinal = coplanar

OBS: A distância que deve-se manter entre um eletrodo e outro é a area de um eletrodo.

Quanto menor a distância entre os eletrodos menor a penetração do fluxo de corrente .

b) Transversal = contraplanar

OBS: O posicionamento do eletrodo depende do local do tratamento. Sobre ou ao redor


da área dolorosa; sobre os dermátomos que correspondem à área dolorosa; próximo à
medula que inerva a área dolorosa; sobre os nervos periféricos que inervam a área
dolorosa; sobre estruturas vasculares superficiais; sobre pontos motores.

Densidade da corrente: A quantidade de corrente distribuída por área(quantidade de


fluxo de corrente por volume).Quanto maior a área do eletrodo menor é a densidade de
corrente

o Tamanho dos eletrodos

-Técnica monopolar: A quantidade de energia que vai passar no menor eletrodo será
maior ao ponto de causar queimaduras se houver qualquer displiscência do terapeuta.

OBS; O eletrodo de maior tamanho difunde a corrente sobre uma grande área e o menor
concentra a corrente em uma pequena área.
-Técnica bipolar: a quantidade de energia que passa entre os eletrodos de mesma área é
de igual densidade o que evita a posssibilidade de queimaduras.Há distribuição
uniforme da corrente pela superfície da segmento a ser tratado.

Ponto motor

Área onde o nervo penetra no músculo

Local de menor resistência à passagem da corrente

Maior percepção do estímulo motor (> excitabilidade muscular)

Menor percepção do estímulo sensitivo

Contra-indicações gerais para estimulação elétrica

1. Usuários de marcapasso cardíaco

2. Cardiopatas

3. Utilização sobre vasos sanguíneos trombóticos ou embolíticos

4. Vasos vulneráveis à hemorragia

5. Área abdominal de gestantes

6. Sobre seios carotídeos

7. Alterações de sensibilidade sem estratégias seguras

8. Indivíduos com dermatite e sobre pele danificada

9. Tecidos neoplásicos
10. Estado febril

11. Infecções em geral

12. Dor não-diagnosticada (a menos que seja recomendada por profissional)

Bibliografia:

Cameron, M.H. Agentes físicos na reabilitação – da pesquisa à prática. Rio de Janeiro:


Elsevier, 3º edição, 2009.cap 7,8.

Kitchen, S.; Bazin, S. Eletroterapia prática baseada em evidência. São Paulo: Manole,
2003. cap.15.

Você também pode gostar