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Explicar a história e os princípios da eletroterapia (posicionamento dos eletrodos, classificação das

correntes elétricas e atributos do pulso).

Referência: Eletroterapia prática Baseada em evidência de Sheila Kitchen

História

Há evidências de que os egípcios antigos usavam peixes eletrogênicos para tratar


doenças em 2500 a.C, embora o médico romano Scribonius Largus tenha recebido os
créditos pelo primeiro relato documentado do uso do peixe eletrogênico na medicina em 46
d.C.
O desenvolvimento de geradores eletrostáticos no século 18 aumentou o uso da
eletricidade na medicina, embora sua popularidade tenha declinado no século 19 e início do
século 20 devido a resultados clínicos variáveis e ao desenvolvimento de tratamentos
alternativos. O interesse no uso da eletricidade para aliviar a dor foi despertado novamente
em 1965 por Melzack e Wall, que forneceram uma base fisiológica para os efeitos
eletroanalgésicos. Eles propuseram que a transmissão de informações nocivas poderia
ser inibida pela atividade de aferentes periféricos de diâmetro largo ou pela atividade
de vias descendentes do cérebro relacionadas à inibição da dor. Wall e Sweet usaram
estimulação elétrica percutânea de alta-frequência para ativar artificialmente aferentes
periféricos de diâmetro largo e encontraram que isso aliviava a dor crônica nos pacientes.
O alívio da dor foi também demonstrado quando foram usadas correntes elétricas para
estimular a região da substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo, que é parte da via
descendente de inibição da dor.
Entende-se por corrente elétrica o fluxo de partículas carregadas (as quais podem ser
denominadas elétrons ou íons). A eletricidade é então uma força criada pelo desequilíbrio
no número desses elétrons entre dois pontos. Essa força – chamada de eletromagnética –
cria um ambiente em que os elétrons se movimentam (tentando equilibrar as cargas) e com
isso produzem a corrente elétrica.
De maneira mais simplificada, essa corrente elétrica flui de um polo negativo (cátodo), onde
é elevada a concentração de elétrons, a um polo positivo (ânodo), onde é baixa a
concentração de elétrons. Além da presença de voltagem, devemos estabelecer um circuito
completo para que ocorra fluxo.

Eletrodos posicionamento:

O local em que os eletrodos tocam a pele serve como um ponto de conversão entre o fluxo
de elétrons usado pelo gerador e o fluxo de fons dentro dos tecidos do corpo. Para formar
um circuito fechado entre o gerador e os tecidos do corpo, pelo menos um eletrodo
proveniente de cada condutor de saída do gerador deve estar em contato com a pele.
Os eletrodos, adequadamente preparados e colocados, aumentam a eficiência da corrente
elétrica, ao mesmo tempo que permitem maior conforto para o paciente.

Os eletrodos podem ser de metal, borracha de silicone impregnada com carbono ou de


tecido de malha metálica. Em muitos casos, é necessário um meio para reduzir a
resistência entre a pele e o eletrodo e até para produzir a distribuição da corrente. Com
eletrodos de metal, geralmente, utilizam-se esponjas umedecidas para este fim.
Com eletrodos de borracha e carbono pode-se também empregar esponjas umedecidas,
gases ou um gel condutor.
Para conduzir a corrente, as esponjas e a gases devem estar totalmente saturadas (mas
não encharcadas) de água.

Os géis condutores são agentes de ligação sem sal, projetados para minimizar a
resistência da pele ao eletrodo, sendo usados com eletrodos de borracha e carbono ou de
metal. Suas propriedades químicas permitem o uso por muito tempo, apresentando pouca
decomposição associada com o fluxo de corrente ou evaporação, além de diminuir a
irritação e reações alérgicas da pele, em virtude do elevado conteúdo de água e do baixo
conteúdo mineral do gel.

Antes de colocar o eletrodo na pele do paciente, deve-se espalhar uma generosa


quantidade de gel em toda a área da superfície condutora. Uma vez posicionado na
pele, o eletrodo deve ser levemente girado para assegurar melhor distribuição do meio.
Os eletrodos não-adesivos, utilizados em tratamentos de curta duração, são geralmente
fixados no lugar com faixas elásticas.
No caso de tratamentos de longa duração, os eletrodos são auto-adesivos ou devem ser
presos pelo uso de fitas adesivas. Deve-se usar gel, e não água, para esse tipo de
tratamento. Em geral, estes tipos de eletrodos e seus adesivos são muito duráveis e
resistentes à água. O tipo de eletrodo e o meio condutor utilizados podem afetar a eficiência
e o conforto da estimulação elétrica.

A colocação dos eletrodos pode seguir estes critérios:


1) Cercando o ponto de dor: bilateral, cruzado, proximal e distal;
2) Seguindo o trajeto nervoso;
3) Colocando sobre o tronco nervoso;
4) Colocando sobre os dermátomos;
5) Colocando sobre os pontos motores;
6) Colocando sobre os pontos de acupuntura.

Posicionamento do Eletrodo
O local de tratamento, a intensidade da corrente e o tipo de tecido excitável que está sendo
estimulado são determinados pela combinação do tamanho do eletrodo e de sua
localização relativa no corpo. Certas áreas da pele conduzem melhor a estimulação
elétrica do que outras. Esses locais, chamados coletivamente de pontos de estimulação,
representam os pontos motores, pontos-gatilho e pontos de acupuntura .
A proximidade entre os eletrodos determina quais tecidos são estimulados, a profundidade
da estimulação e o número de circuitos paralelos que são formados. Quando os eletrodos
são colocados próximos uns aos outros, a corrente flui superficialmente, com
relativamente poucas vias paralelas desenvolvidas.
Quando se aumenta a distância entre os eletrodos, a corrente pode atingir maior
profundidade nos tecidos. Se a distância entre dois eletrodos for muito grande, é formado
um número tão grande de circuitos paralelos que a especificidade da estimulação diminui.
A orientação dos eletrodos em relação à parte do corpo também deve ser
considerada. As fibras musculares são quatro vezes mais condutoras quando a corrente
flui na direção da fibra do que quando flui transversalmente a ela.Apesar de cada circuito
elétrico precisar de dois condutores provenientes do gerador, pode-se conectar mais
de um eletrodo em um único condutor. Por meio de uma bifurcação, dois ou mais
eletrodos podem sair de um único condutor. Não é raro dois condutores possuírem dois
eletrodos cada, ou um condutor ter dois eletrodos e outro, apenas um. A relação entre a
densidade total da corrente de um eletrodo (ou conjunto de eletrodos) e o outro eletrodo
determina a configuração deste último, que pode ser classificada como bipolar ou
monopolar.

* Colocação Direta: Os eletrodos são colocados diretamente sobre a pele, no local


dolorido, ou em volta dele, sendo dispostos de forma que cada canal passe paralelamente
à linha média da parte do corpo. Em seguida, os eletrodos são conectados de forma que os
canais fluem paralelamente uns aos outros e à linha média do corpo.

Colocação Contígua: Em condições como incisões pós-operatórias, lacerações e


outras circunstâncias em que há contra-indicação da colocação direta dos eletrodos no
local da dor, pode- se utilizar a colocação contígua, na qual os eletrodos são aplicados
na vizinhança imediata ao local dolorido. As correntes de cada canal podem correr em
paralelo umas às outras ou perpendicular ao centro do local da dor.

Colocação em Pontos de Estimulação: Áreas como pontos motores, gatilho e de


acupuntura podem ser alcançadas com tratamentos com TENS. Estes pontos são muito
sensíveis à estimulação e, em muitos casos, localizam-se perto uns dos outros. Como
ficam em áreas próximas, um único eletrodo de TENS pode estimular os três pontos
ao mesmo tempo.

Determinadas áreas da pele conduzem a eletricidade melhor que outras. Estas


localizações, chamadas, em conjunto, de pontos de estimulação, representam áreas que
exigem menos corrente para produzir contrações musculares, sensação ou dor Muitas
técnicas terapêuticas são planejadas para estimular especificamente um ou mais pontos de
estimulação. A proximidade entre essas áreas resulta em um único eletrodo estimulando os
três pontos.

Pontos Motores: Cada músculo possui uma ou mais áreas na superfície da pele que são
hipersensíveis ao fluxo de corrente elétrica. Estes pontos, conhecidos como pontos
motores, são áreas pequenas abaixo do local, onde os nervos motores e os vasos
sanguíneos penetram na massa muscular. Em virtude de sua baixa resistência elétrica, a
estimulação desses pontos provoca uma contração mais forte, com intensidades
mais baixas, do que nos tecidos vizinhos. Os pontos motores associados com uma área
lesada mostra uma sensibilidade aumentada ao fluxo de corrente e à palpação. Embora
haja um grau de consistência na localização dos pontos motores, existem variações entre
os indivíduos e dependendo da patologia envolvida, esses pontos podem variar na mesma
pessoa, ao longo do tempo.

Pontos-Gatilho: Os pontos-gatilho são áreas localizadas de dor patológica, hipersensíveis


à estimulação. A estimulação dessas áreas "dispara" a dor irradiada ou referida. Ao
contrário dos pontos motores, os pontos-gatilho podem ser encontrados não apenas
nos músculos, mas em outros tecidos moles, como ligamentos, tendões e fáscias.

Pontos de Acupuntura: Os pontos de acupuntura são locais específicos da pele que


apresentam resistência elétrica reduzida e condutividade elevada. Esses pontos são
conectados por meridianos por onde passam o sangue e a energia." Os pontos
superficiais principais, consistindo de 12 canais principais, 8 canais secundários e uma
rede de sub-canais, conectam áreas da pele a canais mais profundos e permitem a
regulação sistêmica de muitas funções do organismo. Esses pontos principais são
especialmente eficazes no alívio da dor ao longo de todo o meridiano.
Colocação em Dermátomos
Em casos nos quais a dor é distribuída sobre um ou mais dermátomos a colocação dos
eletrodos ao longo do dermátomo afetado e do dermátomo contralateral pode provocar a
redução da dor. Uma técnica consiste na colocação do eletrodo na raiz do nervo
correspondente da medula espinhal e o outro eletrodo na terminação distal do dermátomo.

Colocação no Nível da Medula Espinhal: Este método estimula a raiz do nervo da medula
espinhal associado com a dor. O eletrodo deve ser colocado paralelamente à coluna
espinhal, entre os processos transversos. As colocações no dermátomo e no nível da
medula espinhal são métodos inexatos de tratamento com TENS. Estas formas de
aplicação só devem ser utilizadas quando a área de superfície da região afetada for
inacessível (por exemplo, no caso de aparelhos ou dispositivos não-removíveis de
imobilização).

Colocação contralateral
Esta técnica consiste na colocação dos eletrodos no lado oposto do corpo perto do local
onde a dor se origina no lado ferido. Este método se baseia na teoria da transferência
bilateral, segundo a qual os impulsos provenientes de um lado do corpo se confundiriam
com os impulsos nocivos vindos do outro lado, onde os tratos nervosos cruzam a medula
espinhal.

Referência: Eletroterapia prática Baseada em evidência de Sheila Kitchen

Classificação das correntes elétricas

CORRENTES DE ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA

As correntes elétricas são classificadas em correntes diretas (CD) ou correntes


alternadas (CA), dependendo do percurso do fluxo.

Livro de Nelson
A corrente elétrica que flui em uma única direção por aproximadamente um segundo ou
mais pode ser definida como corrente direta ou contínua (CC). (Historicamente, a corrente
direta é também chamada de corrente galvânica.) A corrente que flui unidirecionalmente por
menos de 1 segundo, especialmente por poucos milissegundos ou menos, não é mais uma
CC, mas sim uma corrente pulsada. O fluxo de uma CC pode ser modulado para propósitos
clínicos. As três modulações mais comuns são:
1. CC reversa
2. CC interrompida
3. CC com rampa
Na CC reversa, a direção do fluxo da corrente é
invertida. Dado que, por definição, a CC deve fluir
por aproximadamente um segundo ou mais, a
reversão também deve ocorrer
aproximadamente pelo mesmo intervalo de
tempo. A reversão da corrente pode ser
conseguida por meio do uso de um interruptor
manual ou de um interruptor automático colocado
entro da unidade.
A interrupção do fluxo da corrente ocorre
quando ela deixa de passar por
aproximadamente um segundo ou mais, e
então volta a passar por um segundo ou mais.
A interrupção é normalmente conseguida por
meio de um interruptor manual ou automático
dentro do estimulador. A indicação mais
comum da CC interrompida é causar
contrações isoladas de músculos
denervados durante o eletrodiagnóstico ou
o tratamento (TMS). Quando o circuito está
fechado, a corrente passa (ON); com a chave na posição OFF, a corrente cessa. A
mudança de ON para OFF ocorre abruptamente. Caso se deseje regular o ON e o OFF
para que a amplitude aumente e diminua gradualmente, uma modulação chamada rampa
pode ser adicionada.
Classicamente, elas são chamadas de rampa de subida e rampa de descida. As rampas
normalmente ocorrem em um período de tempo que varia de 0,5 a vários segundos.

• Correntes Alternadas (CA): São caracterizadas por uma corrente bidirecional; ou seja,
seus elétrons se deslocam ora em uma direção, ora em outra (isso acontece quando um
gerador de corrente alternada origina uma troca contínua de polaridade nos extremos
de um circuito); seu gráfico tem duas fases (positiva e negativa) e não possui efeitos
polares.
Livro: Referência: Livro Eletroterapia clínica
de Nelson Roger M. Terceira edição
Por definição, a corrente alternada (CA) é uma
corrente cuja direção de fluxo muda, em relação
à linha de base zero, pelo menos uma vez a cada segundo. A CA liberada de uma forma
contínua indica que não existem intervalos ou modulações entre os ciclos. A CA mais
comum é simétrica e pode ser aplicada em formatos variados, incluindo sinusóide,
retangular, trapezoidal e triangular. A CA também pode ser assimétrica e possuir vários
formatos.
As relações inversas entre a frequência e as durações de pulso e de fase são típicas da CA.
O que é inerente a essa relação é o fenômeno
de que, conforme a frequência da CA é
aumentada, as durações da fase e do pulso são
automaticamente diminuídas. O oposto ocorre
se a frequência de pulso diminui. As durações
da fase e do pulso podem então ser calculadas
em relação à frequência.
Um aumento no conhecimento sobre os efeitos
clínicos e fisiológicos da CA aplicada de forma
contínua, não-modulada, é evidente na
literatura médica. O uso mais comum, até o
momento, é de uma onda sinusoidal de 60.000
Hz com uma amplitude de 5 a 10 volts pico a pico, sendo utilizada para promover a
regeneração de ossos e tecidos moles.
Outra aplicação comum da CA é para a estimulação elétrica transcraniana e o objetivo
clínico inclui o auxílio na desintoxicação em casos de dependência de drogas e álcool
e como método de tratamento de lesões cerebrais traumáticas e de paralisia cerebral.

Correntes Pulsadas
Uma corrente pulsada (CP) é definida como uma corrente elétrica que é conduzida como
um sinal (ou sinais) de curta duração. Cada pulso dura apenas poucos ms ou µs, seguidos
então por um intervalo interpulsos. Pulsos diferentes podem exibir formas diferentes. Como
consequência. Na (correntes em pulso) significa que uma corrente foi modificada para
produzir efeitos biofísicos específicos. São caracterizadas por períodos sem fluxo de
corrente; nesse caso, o fluxo de elétrons é periodicamente interrompido.
Pulso

• Correntes diretas (CD): São caracterizadas por um fluxo contínuo de elétrons de forma
unidirecional; ou seja, seus elétrons se deslocam em uma única direção (isso ocorre quando
um gerador pode manter os extremos de um circuito carregados negativamente e o outro
positivamente); seu gráfico tem apenas uma fase (positiva ou negativa);
O padrão básico do fluxo da CD é o quadrado da
onda/sendo reconhecido pelo fluxo contínuo de
corrente em apenas um lado do valor de
referência, à medida que os elétrons caminham
do cátodo para o ânodo.
Apesar das flutuações de voltagem ou de
amperagem, o fluxo de corrente permanece em uma
direção e fica em um dos lados do valor de
referência.
Nas aplicações médicas, o termo "galvânico" é utilizado para descrever corrente direta
ininterrupta. Talvez o exemplo mais comum de corrente direta seja o de uma lanterna.
A bateria possui um pólo positivo, sem elétrons, e um pólo negativo que, em
consequência de reações químicas, têm um excesso de elétrons. Os elétrons saem do
pólo negativo da bateria e vão para a lâmpada, através de um arame.
Depois de deixarem a lâmpada, os elétrons voltam para o pólo positivo da pilha. Quando o
número de elétrons no pólo negativo fica igual ao número de elétrons do pólo positivo,
acaba o potencial para fluxo de corrente. A bateria chegou ao fim.

• Correntes Alternadas (CA): São caracterizadas por uma corrente bidirecional; ou seja,
seus elétrons se deslocam ora em uma direção, ora em outra (isso acontece quando um
gerador de corrente alternada origina uma troca contínua de polaridade nos extremos
de um circuito); seu gráfico tem duas fases (positiva e negativa) e não possui efeitos
polares.

Referência: Livro Eletroterapia clínica de Nelson Roger M. Terceira edição

Pulso
A unidade fundamental das correntes em pulso é a fase (o corte individual de um pulso, por
um período de tempo mensurável). Desse modo, o número e o tipo de fases classificam
o tipo de pulso, e assim a carga que cada uma das fases libera é a que afeta os tecidos do
corpo.
As correntes utilizadas na prática clínica podem apresentar várias formas de pulso (onda)
das quais são decorrentes as suas denominações. As formas de pulso mais comuns são:
triangular, quadrática, senoidal (sinusoidal) e contínua.

Referência: Eletroterapia prática Baseada em evidência de Sheila Kitchen

Ainda as correntes podem apresentar pulsos:

Monofásicos, quando apresentam apenas uma fase para um único pulso e o fluxo de
corrente é unidirecional; Por definição, monofásico indica que existe apenas uma fase para
cada pulso. Esse tipo de onda também tem sido chamado de CC pulsátil.
Independentemente do formato da onda ser quadrado, triangular, de picos gêmeos ou
de onda sinusóide retificada em semi-onda, apenas uma fase ocorre em cada caso. Em
um pulso monofásico, o fluxo de corrente é unidirecional, indicando que a polaridade de
um eletrodo é positiva e a do outro é negativa.

Bifásicos, que consistem de duas fases, cada uma delas ocorrendo nos lados opostos do
valor de referência.
Quando duas fases opostas estão contidas em um único pulso, a forma de onda é definida
como um pulso bifásico. Os formatos podem ser quadrado, triangular ou sinusóide,
porém todos são bifásicos. Além disso, pulsos bifásicos podem ser simétricos ou
assimétricos. Pulsos simétricos com um intervalo interfase parecem ter preferência clínica
em relação aos pulsos assimétricos, principalmente se o alvo da excitação forem os
nervos motores. No passado, pulsos assimétricos eram mais comuns (por exemplo,
corrente farádica e monofásica compensada). Uma das maiores vantagens de um pulso
simétrico bifásico sobre um pulso assimétrico é que nem as polaridades positivas nem as
negativas precisam ser significativamente consideradas, fisiológica ou clinicamente.

A duração do pulso é o tempo decorrido do começo da fase até a conclusão da fase final.
Essa duração é muito importante na determinação do tipo de tecido que será estimulado; se
ela for muito curta, a corrente não conseguirá produzir nenhum tipo de potencial de ação.
Com o aumento da duração da fase, diferentes tecidos poderão ser despolarizados.

A frequência de pulso é medida pelo número de pulsos por segundo (ou seja, é a
frequência com que os elétrons passam na corrente elétrica). Comumente, essa frequência
é medida em Hertz (Hz).

As correntes podem ser classificadas quanto à sua frequência:

• Correntes de baixa frequência: apresentam menos de 1000 ciclos ou pulsos por


segundo, com frequência na faixa de 1 a 1000 Hz. São empregadas por seus efeitos
biológicos;

• Correntes de frequência média: variam de 1000 a 100000 ciclos por segundo, com
frequência na faixa de 1000 a 100000 Hz;

• Correntes de alta frequência: apresenta ciclos por segundo maiores que 100000, com
frequência de 100000 Hz em diante. Tanto essas correntes quanto as de média frequência
são mais utilizadas em virtude de seus efeitos de aquecimento. Além disso, a frequência
também interfere no limiar sensitivo, sendo que as maiores desencadeiam percepções
menores, uma vez que altas frequências apresentam resistências menores da pele à
passagem de corrente elétrica.

A partir disso, os tecidos podem ser classificados em excitáveis e não excitáveis.


Os tecidos excitáveis são diretamente influenciados pelos parâmetros de intensidade,
duração de pulso e frequência do pulso da corrente.
Os tecidos não excitáveis não apresentam resposta direta ao fluxo de corrente, mas
podem ser influenciados pelos campos elétricos causados pela corrente.

Atributos do Pulso
A carga produzida por um gerador elétrico depende da duração e amplitude do pulso. A
relação entre a intensidade e a duração de um único pulso determina a carga total
descarregada no corpo. Quando se aumenta a amplitude e/ou a duração, aumenta-se a
carga total do pulso.

Duração do Pulso e da Fase

Tempo decorrido do começo da fase até a conclusão da fase final, incluindo o intervalo
interpulso A duração de um único pulso pode ser reduzida ao tempo necessário para que
cada componente da fase complete sua forma: a duração da fase.

Duração do Pulso e da Fase

O tempo decorrido do começo da fase até a conclusão da fase final, incluindo o


intervalo intrapulso. A duração de um único pulso pode ser reduzida ao tempo necessário
para que cada componente da fase complete sua forma: a duração da fase.
A duração da fase é o fator mais importante na determinação do tipo de tecido que
será estimulado. Se a duração da fase for muito curta, a corrente não será capaz de
superar a resistência da membrana do nervo e não conseguirá produzir nenhum potencial
de ação. Com o aumento da duração da fase, diferentes tecidos serão despolarizados
pela corrente elétrica.

Carga do Pulso

A carga de um pulso é a medida do número de elétrons contidos dentro de um pulso, sendo


expressa em microcoulombs. O coulomb é uma unidade inuito usada quando se descreve a
carga produzida por unidades de estimulação elétrica, Muitas modalidades
eletroterapêuticas produzem cargas medidas em microcoulombs (a carga produzida por 10
elétrons).

A carga do pulso é uma função do total de área contida na forma de onda. Por tanto,
quando se aumenta ou se diminui a amplitude ou duração, altera-se a carga do pulso. A
forma da onda também pode ser alterada, a lim de ser liberada, nos tecidos, para mais
ou para menos carga por pulso.

Freqüência do Pulso

Qualquer forma de onda repetida em intervalos regulares. Quando a corrente em pulso está
sendo empregada, a frequência é geralmente medida pelo número de pulsos por segundo
(pps). A frequência do ciclo de uma CA é medida pelo número de ciclos por segundo (cps)
ou Hertz (Hz).

Descrever tens: tipos, parâmetros, mecanismos de ação, efeitos fisiológicos, indicações e


contraindicações.

Referência : Recursos Terapêuticos em Fisioterapia de Chad starkey


Eletroestimulação transcutânea (TENS)

Características

A estimulação elétrica transcutânea do nervo (TENS; do inglês,


transcutaneous electrical nerve stimulation) ou
eletroestimulação transcutânea é uma estimulação do nervo
através da pele, implicando uma corrente com intensidade
suficiente para provocar a despolarização dos nervos
sensoriais que descreve uma abordagem eletroterapêutica
que específica para o controle da dor.
Essa modalidade corresponde ao processo de alterar a
percepção da dor por meio de uma corrente elétrica. A eficácia desse tratamento é tão
variável quanto suas técnicas de aplicação. O resultado dependerá da natureza da dor, do
limiar individual da dor, da colocação do eletrodo, da intensidade de estimulação e das
características elétricas do estímulo.
Mecanismo de alívio da dor
A TENS pode provocar contrações musculares, porém o seu principal uso é para
controlar a dor. Ela diminui a percepção da dor no paciente, reduzindo a condutividade e a
transmissão dos impulsos dolorosos das pequenas fibras de dor para o sistema nervoso
central (SNC). Pode também afetar as grandes fibras motoras e interferir no padrão normal
de proteção do músculo, reduzindo ainda mais os estímulos dolorosos.
A redução da dor pela aplicação de TENS ocorre principalmente por meio da modulação
do SNC no organismo. Sua aplicação pode ativar neurônios pré e pós-ganglionares e
provocar leves vasoconstrição. Aplicações mais prolongadas podem modular as atividades
dos neurônios do corno dorsal secundariamente à estimulação dos nervos periféricos e
promover a estimulação química dos órgãos viscerais. Além disso, os efeitos de alívio da
dor pela TENS podem ser obtidos também por fatores psicológicos derivados unicamente
de efeitos neurofisiológicos ou somados a eles.
É importante ressaltar que a TENS atua na percepção da dor do indivíduo e que o
tratamento exerce pouco efeito sobre a patologia principal. Portanto, essa modalidade deve
ser empregada associada a outras terapias que visem tratar a origem da dor.
Classificação e modo de uso
Os parâmetros a serem configurados no aparelho são frequência, duração do pulso e
intensidade, que sofrerão variação de acordo com os objetivos de tratamento.
Podemos ter algumas modulações denominadas:
• Convencional (em caso de dor aguda e dor crônica);
• Acupuntural;
• Burst ou trem de pulso;
• Breve e intensa.

TENS convencional: É a forma mais frequentemente aplicada com pulsos curtos de cerca
de 40 a 150 Hz. Trata-se de uma estimulação de alta frequência e baixa intensidade. Esses
pulsos curtos de baixa intensidade estimulam seletivamente as fibras para inibir a dor. Esse
método também é o mais usado para autotratamento. A meta da TENS convencional é
ativar seletivamente fibras (de diâmetro largo sem ativar concorrentemente fibras de
pequeno diâmetro (relacionadas com a dor) ou eferentes musculares. As evidências de
estudos em animais e humanos suportam a hipótese de que a TENS convencional produz
analgesia segmentar, com início e cessação rápidos, localizada no dermátomo.
Teoricamente, correntes pulsadas de alta frequência e baixa intensidade seriam mais
efetivas para ativar seletivamente fibras de diâmetro largo, embora na prática isso se
consegue sempre que o usuário de TENS relata estar experimentando uma parestesia
confortável embaixo dos eletrodos.
Durante a TENS convencional as correntes são geralmente emitidas com uma frequência
entre 10 e 200 p.p.s. com duração de 100-200 μs e amplitude de pulso dosada para
produzir uma parestesia forte, porém não dolorosa.

TENS acupuntural: É de alta intensidade e baixa frequência, com pulsos em torno com
cerca de 2 Hz, com intensidades que provocam contrações musculares visíveis. Esse tipo
de estimulação geralmente é aplicado aos pontos de acupuntura,mas também pode ser
aplicado a pontos motores do músculo em questão.

TENS burst ou de pulso: é uma série de pulsos repetidos 1 a 5 vezes por segundo,
geralmente em duas sequências. Cada trem ou série consiste em um número de pulsos
individuais nas frequências de TENS convencionais de 40 a 150 Hz, mas com intensidade
mais alta. O benefício alegado a esse método é que ele combina tanto a TENS
convencional quanto a de acupuntura e, portanto, propicia alívio de dor por duas rotas.

TENS breve e intensa: usa pulsos de duração maior, com frequências mais altas com de
cerca de 100 Hz e na intensidade mais alta que for tolerada. A aplicação é feita por não
mais de 15 minutos por vez.
Os eletrodos para aplicação da TENS são de borracha de silicone impregnada com
carbono, maleáveis e de fácil aplicação. É preciso utilizar um gel condutor, a fim de
diminuir a resistência oferecida pela pele, bem como limpar a área antes da colocação dos
eletrodos. A maioria dos aparelhos possui dois canais, cada um deles com dois eletrodos.

A meta da TENS breve-intensa é ativar aferentes cutâneos de pequeno diâmetro,


emitindo a TENS sobre os nervos periféricos que se originam no local da dor em uma
intensidade que seja apenas tolerável para o paciente. Assim, a TENS é emitida sobre o
local da dor ou feixe nervoso principal de onde se origina a dor usando correntes de alta
freqüência e alta intensidade que são apenas toleráveis para o paciente.
Como a TENS breve-intensa age em parte como um contra-irritante, essa pode ser emitida
apenas por um curto período de tempo, mas pode ser útil em pequenos procedimentos
cirúrgicos tais como troca de curativos e remoção de suturas.

Efeitos analgésicos da TENS


Alívio da dor aguda
• Dor pós-operatória
• Dor obstétrica
• Dismenorréia
• Dor musculoesquelética
• Fraturas ósseas
• Procedimentos dentários
Alívio da dor crônica
• Lombar
• Artrite
• Coto e dor fantasma
• Neuralgia pós-herpética
• Neuralgia trigeminal
• Causalgia
• Lesão de nervos periféricos
• Angina pectoris
• Dor facial
• Dor óssea metastática

Efeitos não-analgésicos da TENS


Efeitos antieméticos
• Náusea pós-operatória associada com medicamentos opióides
• Náusea associada com quimioterapia .
• Enjôo matinal
• Enjoo por movimento/viagem

Melhora do fluxo sangüíneo


• Redução da isquemia devido a cirurgia reconstrutiva
• Redução dos sintomas associados com doença de Raynaud e neuropatia diabética
• Melhora a regeneração de feridas e úlceras dentro do local da dor usando frequências
entre 1 e 250 pulsos por segundo (p.p.s.) e durações de pulso entre 50 e 1000μs.

Na medicina, a TENS é a eletroterapia mais frequentemente usada para produzir alívio da


dor. É popular por não ser invasiva, ser fácil de administrar e ter poucos efeitos colaterais
ou interações medicamentosas. Como não tem potencial para toxicidade ou overdose, os
pacientes podem administrar TENS sozinhos e ajustar a dosagem de tratamento conforme
o necessário. Os efeitos da TENS são de surgimento rápido para a maioria dos
pacientes de modo que os benefícios podem ser obtidos quase que imediatamente.
A TENS é barata quando comparada com as terapias medicamentosas a longo prazo.

Efeitos Biológicos
A TENS pode ser subdividida em efeitos analgésicos e não-analgésicos. Na prática
clínica, a TENS é predominantemente usada para alívio sintomático da dor, embora haja
um uso crescente da TENS como antiemético e para restauração do fluxo sangüíneo para
tecidos isquêmicos e feridas..

Mecanismos de ação

A analgesia induzida por estimulação pode ser classificada, de acordo com o local
anatômico de ação, como periférica, segmentar e extra-segmentar.
Em geral, a principal ação da TENS convencional é a analgesia segmentar mediada pela
atividade das fibras Ap.
A principal ação da TENS acupuntura é a analgesia extra-segmentar mediada pela
atividade de ergorreceptores.
A principal ação da TENS breve-intensa é a analgesia extra-segmentar através da
atividade em aferentes cutâneos de pequeno diâmetro.
A TENS convencional e a breve-intensa também produzem provavelmente bloqueio
periférico de informações aferentes no tipo de fibra que ativam.

Mecanismos periféricos
A emissão de correntes elétricas sobre
uma fibra nervosa provoca impulsos
nervosos correndo nos dois sentidos ao
longo do axônio nervoso, o que se
denomina ativação antidrômica.
Os impulsos nervosos induzidos pela
TENS que se distanciam do sistema
nervoso central colidirão com os
impulsos aferentes que vem do tecido
lesado, causando sua extinção. Usando
a TENS convencional é provável que a
ativação antidrômica ocorra nas fibras
de diâmetro largo; como o tecido
lesado pode produzir alguma atividade nas fibras de diâmetro largo, a TENS convencional
pode mediar parte de sua analgesia através do bloqueio periférico dessas fibras. Walsh
demonstraram o bloqueio da transmissão dos nervos periféricos induzido pela TENS em
indivíduos humanos saudáveis. Eles encontraram que a TENS emitida a 110 p.p.s.
aumentava significativamente a latência do pico negativo no potencial de ação
composto e isso sugere que ocorria uma diminuição na velocidade de transmissão
do nervo periférico. Nardone também relataram que a latência dos primeiros potenciais
evocados somatossensoriais ficava aumentada durante a TENS em indivíduos saudáveis e
concluíram que a TENS convencional poderia produzir um efeito de "linha ocupada" nas
fibras aferentes largas. A contribuição do bloqueio periférico na analgesia provavelmente é
maior durante a TENS breve-intensa. Os impulsos induzidos pela TENS breve-intensa que
correm nas fibras Aô colidirão com os impulsos nociceptivos que também correm nas fibras
A8.

Mecanismos segmentares
A TENS convencional produz analgesia predominantemente através de um mecanismo
segmentar por meio do qual a atividade gerada nas fibras AP inibe a atividade em
curso nos neurônios nociceptivos de segunda ordem (relacionados com a dor) do
corno dorsal da medula espinhal. Os pesquisadores têm mostrado que a atividade nos
aferentes de diâmetro largo inibe os reflexos nociceptivos em animais quando a
influência das vias descendentes inibidoras da dor é removida através de transecção
espinhal. Garrison e Foreman (1994) mostraram que a TENS poderia reduzir
significativamente a atividade em curso das células nociceptores nas células do
corno dorsal quando aplicada aos campos receptores somáticos. O acompanhamento
do trabalho após as medulas espinhais terem sido seccionadas em T12 demonstrou que as
atividades celulares evocadas espontaneamente e através de estímulos nocivos ainda se
achavam reduzidas durante a TENS. Isso demonstra que a circuitaria neural para a
analgesia pela TENS convencional está localizada na medula espinhal e é provável que
ocorra uma combinação de inibição pré- e pós-sináptica
A observação clínica de que a TENS convencional produz analgesia de curta duração e
surgimento rápido é consistente com uma inibição sináptica no nível segmentar. Vários
pesquisadores têm mostrado que a atividade induzida por TENS nas fibras Aô durante a
TENS breve-intensa pode causar depressão prolongada da atividade das células
nociceptivas centrais por até 2 horas. Tem- se mostrado que a estimulação de fibras Aô
com baixa freqüência produz uma depressão prolongada em animais que não é influenciada
por biculina, um antagonista dos receptores de GABA, porém é abolida pelo ácido
D-2-amino-5-fosfonovalérico, que é um antagonista de receptor N-metil-D-aspartato
(NMDA). Isso sugere que o glutamato, e não o GABA, pode estar envolvido na depressão
prolongada induzida pela TENS breve-intensa. O curso de tempo da latência e das
alterações na amplitude nos PESs após a estimulação elétrica de alta freqüência (200
p.p.s.) dos nervos dos dedos em indivíduos saudáveis suporta o conceito de que a TENS
pode produzir depressão prolongada das células nociceptivas centrais . Um resultado
prático desse trabalho pode ter sido a introdução da "TENS seqüencial" onde a TENS
convencional é administrada em um nível forte porém confortável em primeira instância e
seguida por um período breve de TENS intensa, levando a uma analgesia pós-estimulação
mais longa.

Mecanismos extra-segmentares
Tem sido mostrado também que a atividade
induzida pela TENS nos aferentes de
pequeno diâmetro produz analgesia
extra-segmentar através da ativação de
estruturas que formam as vias
descendentes de inibição da dor, como a
substância cinzenta periaquedutal (SCP),
núcleo magno da rafe e núcleo
gigantocelular da rafe. A antinocicepção em
animais, produzida pela estimulação de
fibras Aô cutâneas, é reduzida pela

Referência: livro recursos terapêuticos em fisioterapia de chad starkey

Controle da Dor

As correntes elétricas são utilizadas para reduzir a dor experimentada durante o auxílio do
processo de cura ou relacionada com a transmissão e percepção da dor. Quando se reduz
a pressão mecânica exercida sobre as terminações nervosas ou quando se diminui o
grau de espasmo ou edema muscular, eliminam-se os eventos mecânicos e químicos que
estimulam a transmissão da dor Em abordagens específicas para o controle de dor, a
estimulação elétrica pode simplesmente mascarar a dor ou encorajar o corpo a liberar
substâncias que controlam a dor, os opiáceos endógenos.
Correntes de curta duração e de alta frequência de pulso, liberadas no nível sensorial,
ativam o mecanismo de portão de modulação da dor. Nesse caso, a estimulação de
nervos sensoriais fecha o portão para a transmissão da dor. A estimulação de alta
intensidade, baixa frequência de pulso e de longa duração e a estimulação no nível
nocivo estimulam a liberação de opiáceos naturais do corpo-B-endorfinas produzidas pela
glândula hipófise e encefalinas produzidas pela medula espinhal.

Nas fases iniciais do controle da dor, os tratamentos eletroterapêuticos estimulam o


corno dorsal da medula espinhal. A ativação dos neurônios dos tipos I, II, III e IV pode fazer
com que o corno dorsal transmita menos informação nociva para os níveis supra-espinhais."
A redução da condução nervosa em pequenos nervos transmissores da dor diminui a
magnitude e frequência de impulsos nocivos enviados para a medula espinhal. Nos grandes
nervos motores, a diminuição da condução nervosa reduz a quantidade de espasmo
muscular produzido pela dor na área tratada." A estimulação periférica aliviaria a dor
crônica se fosse aplicada no local da dor ou sobre a área servida pelo nervo periférico
envolvido.

Cicatrização da Lesão

O uso de uma CD de baixa intensidade pode reduzir em 1,5 a 2,5 vezes o tempo necessário
para curar lesões superficiais, em comparação com o tempo necessário para curar lesões
que não recebem este tipo de tratamento." Dependendo da polaridade do cletrodo, certos
mediadores inflamatórios, inclusive neutrófilos, macrófagos, células epidérmicas e
fibroblastos, são atraídos ou repelidos da área." Esta forma de corrente elétrica estimula a
hidratação, eleva o número de receptores de fator de crescimento, aumenta a taxa de
formação de colágeno." Estimula o crescimento de fibroblastos e de tecidos de granulação
e reduz o número de mastócitos na área danificada." Finalmente, os leucócitos migram em
direção ao ânodo, resultando em aumento de coagulação do sangue na área.

Existe evidência que confirma a utilidade da estimulação elétrica na resolução de feridas


superficiais abertas. Dentre as explicações para a eficácia da reparação de tecido
podemos citar o aumento da circulação, aumento da formação de coágulo sanguíneo,
efeitos antibacterianos, influência sobre a migração das células e a presença de um
"potencial de lesão" nos tecidos lesados. Quando ocorre lesão nos tecidos, cria-se um
potencial elétrico entre os tecidos saudáveis e afetados. Grande parte da evidência que
apóia o uso de estimulação elétrica na cura de feridas em seres humanos envolve
condições crônicas, sendo que a maioria dos casos são úlceras dérmicas.

Em modelos animais, as CDS mostraram eficácia em promover cura do ligamento


colateral medial. Ligamentos lesados tratados com estimulação elétrica mostraram um
aumento da força de ruptura, aumento da quantidade de absorção de energia e
redução da rigidez e da frouxidão, em comparação com ligamentos não-estimulados."
Uma CD aplicada para curar tendões parece suprimir a proliferação de células que causam
adesão, em comparação com tendões tratados."

Controle e Redução do Edema

Após trauma ortopédico, cirurgia, determinadas doenças e queimaduras, a estimulação


elétrica, em geral, é empregada para controlar ou reduzir o volume do edema na área
afetada. A estimulação no nível sensorial procura interromper a formação do edema,
impedindo que fluidos, proteínas do plasma e outros sólidos entrem nos tecidos
circunvizinhos. Se o edema já estiver formado, a estimulação no nível motor tenta ajudar os
sistemas venoso e linfático a devolver as substâncias causadoras de edema para o torso,
onde elas podem ser filtradas e removidas do corpo.

Um mecanismo proposto para explicar esta resposta é que a redução da pressão e


permeabilidade capilar impede que as proteínas plasmáticas penetrem nos tecidos
extracelulares." Um outro mecanismo potencialmente utilizado para explicar essa
forma de controle de edema baseia-se na teoria que uma corrente em pulso
monofásica produz espasmo vascular e impede que os fluidos escapem dos vasos,"

Cicatrização de Fraturas

As correntes elétricas têm sido tradicionalmente utilizadas para auxiliar a cicatrização de


fraturas descontínuas, embora eficácia da técnica sobre fraturas agudas esteja sendo
novamente pesquisada. Em geral, as fraturas cicatrizam pelo processo de osteogênese.
O uso de estimulação elétrica para ajudar na cura de ossos baseia-se na teoria segundo
a qual o osso não é capaz de diferenciar entre cargas inalas do corpo necessárias
para o remodelação normal do osso e cargas provenientes de fontes externas, como as
de geradores elétricos. A fonte natural dessas tensões intrínsecas são cargas piezoelétricas
formadas pela deformação da matriz de colágeno ósseo." Estas cargas piezoelétricas
precisam que uma tensão intermitente seja aplicada ao osso.
Estas unidades, coletivamente conhecidas como geradores de crescimento ósseo,
tentam produzir campos eletromagnéticos que imitam os sinais elétricos normais
produzidos pelo osso ou ativar as propriedades piezoelétricas do osso. Cada
abordagem estimula a deposição de cálcio por meio do aumento da atividade osteoblástica,
independente da técnica empregada para introduzir a correntes. Geralmente, estes
geradores aplicados por via transcutânea utilizam CAS e os que possuem eletrodos
implantados no corpo usam correntes diretas. O cátodo é colocado perto do local da
fratura, caso o implante dos eletrodos seja no interior do tecido, pois o novo calo
ósseo é eletropositivo." Os eletrodos implantados são, então, cirurgicamente removidos
quando for obtida uma cicatrização completa

Livro: Eletroterapia prática Baseada em evidência de Sheila Kitchen

RISCOS E CONTRA-INDICAÇÕES
Contra-indicações: As contra-indicações para TENS são poucas e a maioria hipotéticas
com poucos casos relatados de eventos adversos associados com TENS na literatura.
Contudo, os terapeutas devem ser cuidadosos ao aplicar TENS em certos grupos de
pacientes.
• Aqueles que sofrem de epilepsia: se o paciente experimentar um problema enquanto
estiver usando TENS, de uma perspectiva legal será difícil excluir a TENS como causa
potencial do problema.
• Mulheres no primeiro trimestre da gravidez: os efeitos da TENS no desenvolvimento
fetal são ainda desconhecidos (embora não haja relatos de que seja prejudicial). Para
reduzir o risco de induzir o parto, a TENS não deve ser administrada sobre o útero durante
a gestação, embora seja rotineiramente administrada na coluna para aliviar a dor durante o
parto
• Pacientes com marcapassos cardíacos: isso é porque o campo elétrico gerado pela
TENS poderia interferir no dispositivo elétrico implantado. Chen et al.. (1990) relataram dois
casos de interferência da TENS no marcapasso cardíaco detectada por um monitor Holter e
em ambos os casos a sensibilidade do marcapasso foi reprogramada para resolver o
problema. Esses autores sugerem que deve ser feita uma avaliação cuidadosa e um
monitoramento cardíaco prolongado quando se usa TENS com marcapassos.

Contra-indicações
• Dor não-diagnosticada (a menos que seja recomendada por um profissional médico)
• Marcapassos (a menos que recomendada por um cardiologista)
• Doença cardíaca (a menos que recomendada por um cardiologista)
• Epilepsia (a menos que seja recomendada por um profissional médico)
• Gestação:
- primeiro trimestre (a menos que recomendada por um profissional médico)
- sobre o útero
• Região próxima aos olhos;
• Região da cabeça e da face.
Não aplique TENS:
• sobre o seio carotídeo
• sobre pele danificada
• sobre pele disestésica
• Região da boca;

Os terapeutas que desejem administrar TENS em um paciente com marcapasso


cardíaco ou qualquer problema cardíaco devem sempre discutir a situação com o
cardiologista.
• A TENS não deve ser aplicada internamente (boca) ou sobre áreas de pele frágil ou
lesada.
• Os terapeutas devem assegurar que o paciente tenha sensibilidade normal na pele
antes de usar a TENS, já que se essa é aplicada à pele com sensibilidade diminuída o
paciente pode não perceber correntes de intensidade elevada que sejam emitidas e pode
ocorrer uma pequena queimadura elétrica da pele.
• A TENS não deve ser aplicada sobre a parte anterior do pescoço, já que as correntes
podem estimular o seio carotídeo levando a uma resposta aguda de hipotensão através do
reflexo vasovagal. As correntes de TENS podem também estimular os nervos laríngeos
e causar espasmo da laringe..

Indicações:

• Processos dolorosos em geral: dor crônica e aguda, tratamento de dor pós-cirúrgica e


fraturas.
Efeitos analgésicos da TENS
Alívio da dor aguda
• Dor pós-operatória
• Dor obstétrica
• Dismenorréia
• Dor musculoesquelética
• Fraturas ósseas
• Procedimentos dentários
Alívio da dor crônica
• Lombar
• Artrite
• Coto e dor fantasma
• Neuralgia pós-herpética
• Neuralgia trigeminal
• Causalgia
• Lesão de nervos periféricos
• Angina pectoris
• Dor facial
• Dor óssea metastática

Relacionar a Escala Numérica de Dor com o uso do tens

Avaliação da Dor
De uma maneira abstrata, a dor tem sido definida em termos de um espaço
multidimensional compreendendo diversas dimensões sensoriais e afetivas. De uma
maneira mais simples, a dor tem sido descrita como um incômodo que sentimos. A dor
por menos de quatro a seis meses de duração é geralmente denominada aguda,
enquanto que uma dor por um período mais prolongado é chamada de crônica.

Um conjunto de indicadores comportamentais (que são comprovadamente um


comportamento de dor do paciente) pode ser documentado pelo clínico durante a entrevista
do paciente e o exame físico.Por exemplo, é possível qualificar a expressão facial (por
exemplo, uma careta). A queixa verbal de dor do paciente pode fornecer informações a
respeito da qualidade, distribuição e duração da dor e pode revelar fatores agravantes ou de
alívio. A qualidade e distribuição da dor pode ser apontada pelo paciente num mapa do
corpo humano. Outros indicadores verbais podem incluir o choro e as mudanças de humor.
Vários índices e escalas têm sido empregados para avaliar atividades funcionais em relação
à dor, mas uma falta de sensibilidade ou de correlação com as mudanças na dor foram
observadas em algumas medidas.
As escalas de dor foram desenvolvidas numa tentativa de quantificar mais
especificamente a dor que o paciente está sentindo ou sentiu no passado. A
estimativa da dor exige que o paciente enumere a intensidade de sua dor numa escala de 0
a 10. Zero indica “sem dor”, enquanto que 10 representa “uma dor tão severa que você
cometeria suicídio se tivesse que suportá-la por mais de um ou dois minutos”.Em termos
menos sugestivos, 10 deve ser encarado como “a pior dor que você poderia imaginar”.
Com a escala de classificação verbal (VRS), o paciente seleciona, entre cinco ou mais
palavras, aquela que melhor descreve a dor (por exemplo, nenhuma, leve, moderada,
severa, insuportável).
A escala visual analógica (VAS) utiliza uma linha de 100 mm, com expressões verbais como
“sem dor” à esquerda e “a pior dor que possa existir” à direita. A dor é medida pelo paciente
quando este coloca uma marca num local da linha.
A VAS também pode ser utilizada para avaliar o alívio da dor, aplicando expressões como
“alívio completo da dor” e “nenhum alívio da dor”.
A escala de mensuração gráfica (GRS) combina características da VRS e da VAS por
meio de palavras descritivas (por exemplo, leve, moderada, severa) colocadas ao longo da
linha analógica, além das expressões limítrofes como as descritas anteriormente.
Vários testes sensoriais comparativos foram introduzidos na tentativa de aumentar a
precisão da avaliação da dor. Sternbach e colaboradores defenderam o uso da técnica do
torniquete de esforço submáximo.
Essencialmente, o procedimento envolve o uso de um esfigmomanômetro no braço
não-dominante para induzir uma dor isquêmica após exercício isométrico submáximo. O
paciente primeiro avisa quando a intensidade da dor induzida se compara à da dor clínica.
Algum tempo depois, o paciente indica quando a dor isquêmica atinge o valor máximo
tolerado. O tempo necessário para que a dor experimental se compare à dor clínica é
dividido pelo tempo que se levou para atingir a dor máxima; esse valor é multiplicado por
100, e o resultado é denominado valor de dor de torniquete.
O Questionário McGill de Dor (MPQ) é provavelmente a técnica de avaliação de dor mais
frequentemente utilizada. O questionário busca informações relativas à localização da dor
por meio do uso de um diagrama de corpo codificado, caracteriza a qualidade da dor por
meio do Pain Rating Index [Índice de Dor em Escala] (PRI), determina como a dor muda em
função do tempo e avalia a intensidade da dor por meio da escala de Present Pain Intensity
[Intensidade da Dor Presente] (PPI). Mensurações derivadas desse questionário
mostraram-se sensíveis a um grande número de intervenções terapêuticas, incluindo a
TENS.
Apesar da forma original do questionário levar de cinco a dez minutos para ser aplicada,
uma forma resumida do MPQ, o SF-MPQ, leva apenas de dois a cinco minutos.

BASES TEÓRICAS PARA O ALÍVIO DA DOR COM A TENS


Uma compreensão das bases teóricas para o alívio da dor com a TENS ajudará o clínico a
tomar decisões (por exemplo, seleção dos modos TENS e dos sítios de colocação dos
eletrodos). O clínico também estará melhor preparado para responder a questões
feitas pelo paciente e pelos colegas, e para prever as respostas do paciente e os
possíveis resultados do tratamento. Além disso, a pesquisa deve ser encorajada de
modo que possa esclarecer ainda mais as bases para os efeitos da TENS.
Uma das ações da TENS pode ser a mudança de sensibilidade dos receptores periféricos
ou das terminações nervosas livres responsáveis pela transdução dos estímulos
nociceptivos.
Entretanto, as evidências para esses mecanismos permanecem limitadas.
O aumento do fluxo sangüíneo na pele e em tecidos mais profundos,em resposta às
estimulações que produzem contrações musculares intermitentes (tais como a baixa
freqüência/alta intensidade, burst ou TENS modulada), pode fornecer o oxigênio
necessário e tornar a área livre de mediadores químicos estimulantes ou
sensibilizadores. De forma similar, a fadiga decorrente do espasmo muscular produzido
pela contração muscular sustentada (tal como aquela obtida com a TENS breve-intensa)
pode levar a uma melhora subsequente no fluxo sanguíneo.
A estimulação elétrica nervosa transcutânea pode bloquear a transmissão de impulsos nos
nervos aferentes (por exemplo, A-delta e C) que levam informações nociceptivas. O
bloqueio do potássio tem sido considerado um dos possíveis mecanismos.
A estimulação elétrica nervosa transcutânea pode também exercer um efeito sobre o
sistema nervoso autônomo por meio de mecanismos periféricos ou centrais. Essas
características de estimulação também foram efetivas para aliviar dores crônicas.
Tem sido mostrado que tanto a TENS convencional quanto a tipo acupuntura (isto é, burst
de alta amplitude) estimulam fibras aferentes da faixa das fibras A-alfa-beta.

MELLO, Larissa FD; NÓBREGA, Luciana F.; LEMOS, Andrea. Estimulação elétrica transcutânea no
alívio da dor do trabalho de parto: revisão sistemática e meta-análise. Brazilian Journal of Physical
Therapy, v. 15, p. 175-184, 2011.

Para avaliar a dor foi utilizada a escala de categoria numérica, cuja extremidade esquerda,
ou grau 0 de dor, significa ausência de dor e aumenta gradativamente até extremidade
direita, ou grau 10 de dor, que representa nível de dor extremo.11 Foram dadas instruções
quanto ao uso e aplicação da escala à puérpera, conceituando a escala por meio de
descritores verbais (0 = sem dor; 1-3 = dor branda; 4-6 = dor moderada; 7-10 = dor severa).
Em seguida a puérpera foi questionada da seguinte maneira em relação à Escala Numérica:
"Qual número você dá para a dor que está sentindo agora?" Com a utilização de escalas de
dor, que facilitou o entendimento da doença, é possível tratar e diminuir os sintomas que
limitam muito os indivíduo.

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