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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


CAMPUS PROFESSOR ANTÔNIO GARCIA FILHO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE
PRÁTICA DE ENSINO NA COMUNIDADE

RAYANE RODRIGUES DOS SANTOS

RELATÓRIO DE CAMPO DA VISITA À COMUNIDADE

LAGARTO, SE
2022
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RAYANE RODRIGUES DOS SANTOS

RELATÓRIO FINAL DA ATIVIDADES REALIZADAS EM CAMPO

Relatório de campo realizado por Rayane Rodrigues


do primeiro ciclo apresentado ao Departamento de
Educação em Saúde da Universidade Federal de
Sergipe – Campus Lagarto, como pré-requisito ao
módulo de Prática de Ensino na Comunidade para
apreciação pela docente Carla Francisca dos Santos
Cruz.

LAGARTO, SE
2022
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1 INTRODUÇÃO

A as vistas foram realizadas no conjunto Júlia Nogueira, localizado no bairro


Estação, e na Avenida Senador Lourival Batista, em Lagarto, SE. Essas visitas
tiveram como objetivo aprofundar os conhecimentos dos alunos vistos em sala de
aula. Para isso, foi realizada a locomoção da Universidade Federal de Sergipe,
Campus Lagarto, para a comunidade por meio de um ônibus, cedido pela própria
instituição, e também por meio de Uber, que foi custeado pelos próprios alunos. O
alvo de estudo envolveu a população residente de duas microáreas da Unidade
Básica de Saúde Josefa Barbosa dos Reis Romão pela coleta de dados por meio da
realização de entrevistas com os moradores da região.
A primeira visita aconteceu no dia 15 de junho de 2022, entre as 13:00 às 17:00
horas no Conjunto Júlia Nogueira, onde foram visitadas as ruas 15 e 16. A segunda
visita ocorreu na Avenida Senador Lourival Batista, no dia 13 de julho de 2002, das
13h30 às 15h30. As visitas ocorreram com o propósito de realizar a territorialização
das áreas, para a identificação de possíveis problemas de saúde população,
possíveis queixas relacionadas a UBS responsável pela área e outros problemas
referentes as próprias comunidades.
Os alunos contaram com a colaboração dos agentes de saúde, Ana Paula e
Everton, que são da UBS da região, e a organização das visitas realizada pela tutora
Carla Francisca, responsável pela disciplina Pratica de Ensino na Comunidade
(PEC), foi fundamental para o êxito do trabalho de campo. As visitas foram
realizadas com os alunos da turma 24 do primeiro ciclo de PEC da UFS, que é
composto por vários cursos da área da saúde.

2 OBJETIVOS

Este relatório tem como objetivo descrever como foram realizadas todas as
atividades realizadas em campo, as quais possibilitaram a realização da
territorialização das áreas visitadas, identificando prováveis problemas de saúde da
população e possíveis queixas relacionadas ao atendimento realizado na UBS
responsável pelas regiões. Dentre as características que foram observadas durante
as visitas, foi realizada a identificação das condições socioeconômicas dos
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moradores das comunidades, seus costumes, expectativas de melhorias, problemas


e diversidades nas localidades. Com a realização da territorialização dessas áreas,
foi possível realizar uma ação em saúde que ocorreu na UBS Josefa Barbosa Reis
Romão, que teve como objetivo acrescentar algum conhecimento na vida de
algumas gravidas residentes da comunidade.

3 METODOLOGIA

Para a construção deste relatório, foi feita a organização e planejamento para a adi
dos alunos da turma 24 do módulo Prática de Ensino na Comunidade da UFS, para
a Unidade Básica de Saúde Josefa Barbosa Reis Romão, para o Conjunto Júlia
Nogueira e para a Avenida Senador Lourival Batista, em Lagarto Sergipe. A visita
realizada na UBS teve como propósito conhecer a sua estrutura e o perfil da
população assistida, e as visitas feitas nas comunidades tiveram o propósito de
identificar seus pontos fortes e fracos, para relembrar os conteúdos debatidos em
sala de aula. Foram utilizados como matérias aparelhos celulares para fotografar as
áreas e fazer anotações dos dados obtidos por meio de entrevista.

4 DESENVOLVIMENTO

A visita à UBS Josefa Barbosa Reis Romão, em Lagarto-SE, ocorreu com o


propósito de conhecer a estrutura e a dinâmica da unidade de atenção primária
responsável pelo território estudado. Nesta visita foi possível realizar uma entrevista
com alguns dos profissionais presentes no momento na Unidade Básica de Saúde, e
os discentes foram fazendo perguntas ao decorrer da entrevista. A UBS possui 6
microáreas, com uma população vulnerável muito dependente do SUS. Em seguida,
a assistente social mostrou cada sala da UBS, como por exemplo a sala de curativo
e as salas do médico e da enfermeira.
A segunda visita ocorreu nas ruas 15 e 16 do conjunto Júlia Nogueira, localizado
no bairro estação, onde residem cerca de 475 pessoas e 211 famílias. As principais
características epidemiológicas constatadas na região foram a hipertensão arterial, a
diabetes, e o índice de adolescentes grávidas no bairro, que é muito alto, e parece
ser uma questão que os moradores consideram como normal. A população que
reside nessa região é muito dependente do SUS, e a maioria das famílias possui
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como renda o auxílio do bolsa família. O comércio local atende as necessidades dos
moradores, a localidade possui um mercadinho, uma distribuidora, uma farmácia,
essas caraterísticas podem ser observadas no mapa 1.

Mapa 1 – mapa da rua 15 e 16 do Conjunto Júlia Nogueira.

Fonte: imagem autoral (2022)

Os residentes da rua 16 se sentem muito prejudicados por conta do esgoto a céu


aberto, e em épocas de chuva sofrem com alagamentos os moradores que possuem
casa em níveis mais baixos, e os moradores ainda relatam a dificuldade em marcar
uma consulta na UBS. Com a visita foi possível observar que a estrutura das casas
da rua 15 era bem diferente das casas da rua 16, já que nessa rua as casas eram
mais pequenas e mais deterioradas e além disso na rua tinha muitas casas
abandonadas. Mas apesar desses desafios, os moradores afirmam que o local é
tranquilo e bom de se morar.
Em relação à visita realizada na avenida Senador Lourival Batista, as
características epidemiológicas foram semelhantes aos locais visitados
anteriormente, e o perfil da população também é semelhante. Na avenida residem
aproximadamente cerca de 505 pessoas e 187 famílias. A área possui uma creche e
uma escola, e também alguns comércios como um bar e uma mercearia, possui
asfalto e uma iluminação de qualidade, isso pode ser observado no mapa 2.

Mapa 2 – mapa da Avenida Senador Lourival Batista


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Fonte: imagem autoral (2022)

Alguns moradores reclamam da falta de um lugar de lazer na região, e a queixa que


foi mais abordada foi em relação a segurança na avenida, pois moradores relatam
que frequentemente escutam som semelhantes a tiros, já que existem pontos de
tráfico na área. De modo geral, todas as áreas visitadas possuem seus pontos
positivos e negativos, que podem ser melhorados cada vez mais.
Depois desse processo de territorialização, uma ação em saúde na UBS da área
foi realizada. A sala de espera foi realizada dia 20 de julho de 2022, das 13:30 às
15:00 horas, no auditório da UBS Josefa Barbosa Reis Romã, para as grávidas que
iriam fazer pré-natal. Os objetivos da sala de espera pautaram-se em dispor um
espaço de acolhimento e troca de vivências sobre orientações em saúde a serem
discutidas com as gestantes. O tema escolhido foi cuidados durante a gestação e
puerpério, foram discutidos assuntos como tipos de alimentação, exercícios para
alívio de dores, mitos e verdades, amamentação, cuidados gerais e vacinação. Um
convite para a comunidade também foi elaborado, como pode ser visualizado na
figura 1.

Figura 1 – Convite distribuído para a população


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Fonte: imagem autoral (2022)

Destaca-se que, após as respostas dadas pelas participantes, os discentes


tentavam compreender o que era trazido a partir do meio em que aquela pessoa
vivia, seus costumes, suas crenças e seus saberes acerca da saúde. A partir dessa
compreensão, os alunos intervinham quanto a levantar possíveis formas de cuidado
em saúde condizentes com a história e o contexto de vida de cada mulher gravida.
Embora os discentes apresentassem contribuições teóricas oportunas, todos tinham
como princípio regulador da prática nesse contexto a integração entre os saberes
científico e popular, o que refletia na valorização de cada vivência e no
conhecimento de todas as mulheres.

Outra questão muito importante visada por meio dessa dinâmica consistia no fato
de tornar essas participantes multiplicadoras do conhecimento. Constatou-se ainda
que as participantes estavam tímidas no início, mas ao decorrer da discussão foi
possível observar que se sentiram mais confortáveis em falar com o grupo e
compartilharam suas histórias de vida, crenças, dúvidas e sentimentos em relação
aos temas discutidos. É importante ressaltar que a realização de atividades desse
tipo viabiliza o desenvolvimento da autonomia, da cidadania, da troca de saberes,
dos afetos e da vinculação entre os usuários e os discentes.
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5 CONCLUSÃO

As visitas realizadas no Conjunto Júlia Nogueira e na Avenida Senador Lourival


Batista foram muito proveitosas, pois possibilitaram que eu tivesse uma visão
diferenciada acerca das pessoas que vivem em diferentes graus de vulnerabilidade
socioeconômica. Isso inicialmente foi um choque de realidade já que eu não estava
acostumada com esse tipo realidade, e escutar as histórias de vida dos moradores
da comunidade foi uma experiência bem interessante.
Durante as visitas, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Everton e Ana
Paula, se mostraram proativos e capazes de iniciar o contato entre a população
daquelas áreas e os alunos, eles repassaram aos moradores entrevistados que
queríamos saber sobre o seu estado de saúde, mas nem todas as pessoas
relataram realmente qual era a sua situação de saúde atual. Desse modo, foi
possível observar vários casos semelhantes, em relação à vulnerabilidade e o perfil
demográfico dos moradores, que devido às suas condições de vida alguns
residentes apresentavam uma feição que não condiz com a idade daquelas
pessoas.
Os diálogos com os moradores das comunidades possibilitaram que toda a
abordagem feita em sala de aula fosse comparada com a realidade, e isso de certo
modo me trouxesse um senso crítico. Isso é fundamental, já que, como futura
profissional da saúde, sempre terei que olhar para o paciente além do ambiente
clínico e compreender sua vivência, desde sua situação socioeconômica e o meio
em que vive para adequar a devida atenção à saúde.
Em relação à atividade da sala de espera, a realização desse tipo de atividade
viabiliza o desenvolvimento da autonomia, da cidadania e da troca de saberes entre
os discentes e a comunidade. Diante disso, a sala de espera resgata a importância
da participação nos contextos em que se desenvolve a vida, ela cria um espaço de
reflexão fundamentada tanto nos saberes tecnocientíficos quanto nos saberes
populares, a fim de constituir sujeitos cientes e responsáveis pela sua qualidade de
vida. Desse modo, é através de espaços como este, que os usuários podem se
expressar, opinar, informar-se e refletir sobre os temas propostos, assim como
ocupam um tempo ocioso durante a espera pelo atendimento que, muitas vezes,
quando mal ocupado, pode trazer prejuízos aos usuários e ao próprio serviço de
saúde.
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Em síntese, as visitas às comunidades e a realização da sala de espera foram


bastante produtivas e tive a oportunidade de aproveitar bastante a oportunidade de
praticar os conteúdos debatidos em aula, em uma próxima oportunidade, buscarei
melhorar a minha comunicação com a população para que eu possa começar a
exercitá-la com o propósito de acrescentar a cada um envolvido, tanto como ser
humano e futura profissional da saúde.

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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6024:


informação e documentação: numeração progressiva das seções de um documento:
apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.

PIGATTO BISSACOTTI, Anelise; MARIA GULES, Ana; CERVI BLÜMKE, Adriane.


TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE: CONCEITOS, ETAPAS E ESTRATÉGIAS DE
IDENTIFICAÇÃO. Hygeia: Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, v.
15, n. 31, p.41-53, jun. 2019.

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