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Pós-fechamento do Problema 03: Os “Miseráveis”

Objetivos:

1. compreender esquistossomose;
2. relacionar a doença com a tabela e o mapa;
3. compreender surto, endemia, epidemia e pandemia;
4. compreender estudos epidemiológicos;
5. Compreender vigilância epidemiológica e sanitária.

A esquistossomose é uma doença infecto-parasitária provocada pelo platelminto


schistosoma mansoni, que apresenta sexos separados sendo parasitas de vasos
sanguíneos de mamíferos e aves. Os caramujos de água doce do gênero biomphalaria são
hospedeiros intermediários e o homem é seu hospedeiro definitivo. Seu ciclo biológico
apresenta as fases: adulto macho e fêmea, ovo, miracídio, esporocisto e cercária. Ao atingir
a fase adulta do seu ciclo biológico no sistema vascular do homem ou em outros mamíferos,
alcança as veias mesentéricas, principalmente a veia mesentérica inferior, migrando contra
a corrente circulatória. As fêmeas põem os ovos no nível da submucosa, pondo cerca de
400 ovos por dia na parede de capilares e vênulas, sendo que metade desses vão para o
meio externo. Os ovos colocados no tecido levam cerca de uma semana para se tornarem
adultos o miracídio formado, que é a forma larval do schistosoma mansoni. A migração
demora dias, desde que o ovo é colocado, até que atinja a luz intestinal leva seis dias,
tempo necessário para a maturação do ovo. E se após vinte dias, se os ovos não atingirem
a luz intestinal os miracídios morrem.
Os ovos que alcançam a luz intestinal vão para o meio externo junto com as fezes, com
expectativa de vida de 24 horas em fezes líquidas e 5 dias em fezes sólidas. Alcançando a
água, os ovos liberam os miracídios, estimulados por temperaturas mais altas, luz intensa e
a oxigenação da água. Os miracídios são atraídos por substâncias produzidas pelos
caramujos de água doce. No interior do hospedeiro intermediário o miracídio sofre uma
série de modificações transformando-se em cercárias, que são liberadas do corpo do
caramujo para o ambiente aquático, no qual nadam ativamente. A liberação da cercária é
influenciada pela alta luz solar e temperatura, ocorrendo geralmente entre 10 horas da
manhã e 3 da tarde, período em que pessoas vão se refrescar em rios e lagos. Então as
cercárias penetram ativamente na pele do homem, dando origem a uma irritação no local da
penetração.
No hospedeiro definitivo, as cercárias perdem a cauda e se transformam em
esquistossomos, que caem na circulação sanguínea ou linfática, ou nas duas, e seguem em
direção ao coração e pulmão e permanecem um tempo por lá. Os parasitas retornam ao
coração posteriormente e são levados pelas artérias para diferentes partes do corpo, sendo
seu local de preferência de localização o fígado. No fígado, as formas jovens se alimentam
e se diferenciam sexualmente. Os parasitas migram para as veias do intestino, onde
acasalam. Ocorre então a postura dos ovos, que migram para a luz intestinal. Os ovos do
parasita são eliminados pelo doente pelas fezes, dando origem a um novo ciclo.
A doença apresenta duas fases, uma aguda e outra crônica. A aguda é o início da
doença, caracterizando-se pela dermatite cercariana provocada pela penetração das
cercárias na pele. Onde é comum vermelhidão na pele, edema, e coceira no local em que o
verme penetra na pele. Após um a dois meses alguns sintomas aparecem como febre, dor
de cabeça, náuseas, diarreia e emagrecimento. Já na fase crônica o fígado é o órgão mais
comprometido, conforme a intensidade da infecção, a doença pode evoluir e atingir
intestinos, baço e fígado. E também é comum o aumento do da barriga, pois o abdômen
fica mais dilatado. É uma doença relacionada com saneamento básico precário, as
condições ambientais que favorecem a contaminação do hospedeiro intermediário,
modificações das características ambientais pela ocupação social do espaço, além de
determinantes históricos, políticos e o conhecimento que os grupos sociais possuem sobre
a doença.
O Rio Machado correndo do sul para norte, em direção aos "Sabidos" não afetaria muito
essa comunidade pois a maioria de seus moradores não usa a água do rio para consumo,
eles possuem água tratada e rede de esgotamento de esgoto. Apenas 22% da comunidade
poderia ser afetada, pois possuem contato com água de rios e lagos próximos, e os 4% que
que usam a água do rio para consumo. Então os moradores da comunidade teriam uma
baixa probabilidade de serem infectados por esquistossomose.
Surto é a disseminação rápida de uma doença infecciosa, para um grande número de
pessoas ou população, em um curto período de tempo em uma localidade específica como
colégio, quarteirão ou bairro. Já a endemia, é a ocorrência de determinada doença em uma
determinada área, ocorre com mais frequência em locais específicos, no decorrer de um
longo período, e que mantém uma incidência relativamente constante, permitindo variações
cíclicas e sazonais. Uma epidemia é o aumento do número de casos de uma doença, que
supera o número esperado para a época em uma região. É um aumento da ocorrência de
determinado problema acima da média esperada, que atinge um número elevado de
pessoas e pode espalhar-se por mais regiões. E uma pandemia, é a ocorrência de uma
doença em larga distribuição geográfica, atingindo mais de um país ou de um continente
como por exemplo a pandemia de covid-19.
Os estudos epidemiológicos incluem a vigilância, análise e experimentação dos fatores
físicos, biológicos, sociais, culturais e comportamentais que influenciam a saúde. Sendo
divididos em observacionais e experimentais. Os estudos observacionais são devidos em
descritivos e analíticos, permitem que a natureza determine o seu curso, o investigador
mede, mas não intervém. Os estudos descritivos têm como objetivo determinar a
distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo tempo, o lugar e as
características dos indivíduos. Geralmente são o primeiro passo em uma investigação
epidemiológica. São a descrição do estado de saúde de uma comunidade a partir de dados
rotineiramente coletados, dados secundários, ou coletados diretamente através de
questionários específicos. Neste estudo, os indivíduos da amostra não foram designados
por processo aleatório, mas já estavam classificados nos respectivos grupos como por
exemplo os alcoólatras. Esse tipo de estudo não faz associações, e são divididos em relato
de caso que estuda um indivíduo, e série de caso que estuda um grupo pequeno de
indivíduos. São importantes para doenças novas ou não corriqueiras e manifestações raras,
também são fonte de hipóteses sobre apresentação, risco prognóstico e tratamento de
doenças. Os Estudos Analíticos, são aqueles delineados para examinar a existência de
associações entre uma exposição a uma doença ou condição relacionada à saúde. São
divididos em estudos ecológico ou de correlação, transversais ou seccionais, caso e
controle e coortes.
Estudos ecológicos são úteis para gerar hipóteses, as unidades de análise são grupos de
pessoas ao invés de indivíduos, que geralmente pertencem a uma área geográfica definida
(cidade, estado ou país). Procuram avaliar como os contextos social e ambiental podem
afetar a saúde de grupos populacionais. Neste estudo não existem informações sobre a
doença e exposição do indivíduo, mas sim do grupo populacional como um todo. Podem
ser feitos comparando-se populações em diferentes lugares ao mesmo tempo, ou em uma
série temporal, comparando a mesma população em diferentes momentos. Os estudos
transversais medem a prevalência de uma doença. A exposição e a condição de saúde são
determinados simultaneamente, ou seja, as medidas de exposição e efeito são realizadas
ao mesmo tempo, fornecendo um retrato da situação naquele momento. Não é fácil avaliar
as associações encontradas neste estudo. São relativamente baratos, fáceis de conduzir e
enfatizam características pessoais e demográficas, doenças e hábitos relativos à saúde. Os
dados obtidos através deste estudo são úteis para avaliar as necessidades em saúde da
população. Os estudos caso controles são uma forma simples de investigar a causa das
doenças, particularmente as doenças raras, e situações de surtos ou agravos. Parte-se de
indivíduos com a doença (casos), e sem doença (controles), e busca no passado a
presença ou ausência do fator de exposição, por essa razão também são chamados de
retrospectivos. São longitudinais, e nele compara-se os grupos para investigar a associação
o evento de interesse e alguns preditores.
Estudos de coortes são longitudinais, e iniciam com um grupo de pessoas livres, que são
classificadas em subgrupos de acordo com a exposição a uma causa potencial da doença
ou desfecho sob investigação. Um grupo de pessoas é reunido, sem que nenhuma das
pessoas tenha sofrido o desfecho de interesse, mas pode vir a sofrer. Nele os
pesquisadores apenas observam o status de exposição, não interferem ativamente.
Estudos experimentais, têm por objetivo tentar mudar uma variável em um ou mais grupos
de pessoas, é dividido em ensaio clínico randomizado, ensaio e campo e ensaios
comunitários. O ensaio clínico randomizado tem por objetivo estudar os efeitos de uma
intervenção em particular. Os indivíduos selecionados são aleatoriamente alocados para os
grupos de intervenção e controle, e os resultados são avaliados comparando-se os
desfechos entre esses grupos. O que garante a comparabilidade entre os grupos
intervenção e controle desde o início da intervenção. Assim quaisquer diferenças
observadas serão decorrentes do acaso. São estudos prospectivos utilizados para
comparar determinada investigação com outra ou com placebo.
Ensaio de campo é um estudo que tem seus dados coletados no campo, geralmente entre
pessoas da população. A população estudada não são pacientes e sim pessoas livres de
doenças e presumidamente sob risco. São caros pois envolvem um grande número de
pessoas e de maior duração de tempo. Podem ser utilizados para avaliar intervenções que
objetivam reduzir a exposição sem necessariamente medir a ocorrência dos efeitos sobre a
saúde. Os Ensaios comunitários possuem como grupo de tratamento comunidades já invés
de indivíduos. Usados para avaliar a eficácia e efetividade e de intervenções que busquem
a prevenção primária, através da modificação dos fatores de risco em uma população.
Conduzidos dentro de um contexto socioeconômico de uma população naturalmente
formada.
A vigilância epidemiológica é um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento,
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes
de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de
prevenção e controle das doenças ou agravos. Visa a vigilância de doenças transmissíveis
e os fatores de risco, de doenças crônicas não transmissíveis e agravos à saúde. Seu
objetivo principal é fornecer a orientação técnica permanente para os profissionais de
saúde, que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de
doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica
específica ou população definida. Importante para o planejamento, a organização e a
operacionalização dos serviços de saúde, é também para a normalização de atividades
técnicas afins. A vigilância epidemiológica coleta dados como socioeconômicos,
demográficos, ambientais e epidemiológicos.
A vigilância sanitária dirige -se, geralmente, ao controle de bens, produtos e serviços que
oferecem riscos à saúde da população, como alimentos, produtos de limpeza, cosméticos e
medicamentos. Faz a fiscalização de serviços de interesse da saúde, como escolas,
hospitais, clubes, academias, e ainda inspecionam os processos produtivos que podem pôr
em risco e causar danos ao trabalhador e ao meio ambiente. As atividades de vigilância
sanitária são de responsabilidade dos governos federal, estadual, distrital e municipal e
cabe à ANVISA coordenar aquelas atividades.

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