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Brazilian Journal of Health Review 1200

ISSN: 2595-6825

A sala de espera como estratégia na produção de educação em saúde


durante a pandemia de COVID-19

The waiting room as a strategy in the production of health education during


the pandemic of COVID-19

DOI:10.34119/bjhrv5n1-106

Recebimento dos originais: 08/12/2021


Aceitação para publicação: 19/01/2022

Agatha Amaral da Rocha


Biomédica, residente em Saúde Coletiva
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Rua São Manoel, 963- Rio Branco, Porto Alegre- RS
E-mail: agathaamaral15@gmail.com

Caroline Moreira Cunha


Nutricionista, residente em Saúde Coletiva
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Rua São Manoel, 963- Rio Branco, Porto Alegre- RS
E-mail: caarolinemc@gmail.com

Luiza Frantz Lehn


Enfermeira, preceptora e gerente de Unidade de Saúde
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Rua São Manoel, 963- Rio Branco, Porto Alegre-RS
E-mail: luizalehn@hotmail.com

Amanda de Souza da Motta


Médica Veterinária, tutora na Residência em Saúde Coletiva
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Sarmento Leite, 500 - sala 216, Porto Alegre, RS
E-mail: asmcons@gmail.com

RESUMO
Introdução: Desde o começo da pandemia do Coronavírus no Brasil, as secretarias municipais
de saúde, gestoras da Atenção Primária à Saúde (APS), suspenderam a realização das atividades
em grupos, limitando a execução de ações de educação em saúde realizadas nas unidades de
saúde (US). Logo, foi necessária a implantação de outros métodos para a realização das ações,
sendo a sala de espera uma alternativa de abordagem à comunidade enquanto aguardam a
assistência profissional. Objetivo: Relatar a experiência de implantação da sala de espera, tendo
por base uma abordagem participativa e centrada na transmissão de informações para
promoção, proteção e educação em saúde. Método: Relato de experiência, realizado em duas
US de APS do município de Porto Alegre – RS, abordando a implantação da sala de espera com
usuários entre os meses de março à agosto de 2021. Resultados e discussões: A participação
ativa dos usuários no aguardo do atendimento, assim como suas opiniões e dúvidas durante as
ações, favoreceram o letramento em saúde da população em ações de combate da hipertensão
arterial, higienização de mãos, combate ao tabagismo, prevenção do câncer bucal, teste do

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pezinho, práticas integrativas em saúde e agosto dourado. As ações em sala de espera


potencializam discussões acerca dos processos do cotidiano das pessoas, efetivando a
participação ativa, não apenas das pessoas em risco de adoecer, mas de toda a comunidade.
Considerações finais: As atividades de sala de espera conseguem maximizar práticas de
educação e promoção em saúde, com o intuito de garantir um cuidado humanizado,
considerando as necessidades dos usuários e efetivando a aproximação entre a comunidade e o
serviço de saúde.

Palavras-chave: Atenção Básica.Educação em Saúde, Multiprofissionalidade.

ABSTRACT
Introduction: Since the beginning of the Coronavirus pandemic in Brazil, the municipal health
secretariats, managers of Primary Health Care (PHC), suspended the activities in groups,
limiting the implementation of health education actions carried out in health units (PHC).
Therefore, it was necessary to implement other methods to carry out the actions, being the
waiting room an alternative approach to the community while they wait for professional
assistance. Objective: To report the experience of implementing the waiting room, based on a
participatory approach and focused on the transmission of information for promotion,
protection and health education. Method: Experience report, conducted in two PHC US of the
city of Porto Alegre - RS, addressing the implementation of the waiting room with users
between March and August 2021. Results and discussions: The active participation of users
while waiting for the service, as well as their opinions and questions during the actions, favored
the health literacy of the population in actions to combat hypertension, hand hygiene, smoking,
oral cancer prevention, guthrie test, integrative health practices and Golden August. The actions
in the waiting room potentiate discussions about the processes of people's daily lives, effecting
the active participation, not only of people at risk of getting sick, but of the whole community.
Final considerations: The waiting room activities can maximize health education and promotion
practices in order to guarantee humanized care, considering the users' needs and bringing the
community and the health service closer together.

Palavras-chave: Atenção Básica.Educação em Saúde, Multiprofessionality.

1 INTRODUÇÃO
Um dos princípios da Atenção Primária à Saúde (APS) é a integralidade, que abre o
pressuposto de que os serviços de saúde enxergam as necessidades de saúde dos usuários em
suas várias dimensões (STARFIELD, 2004). Para atender esse princípio é necessária a
definição de portas de acesso para uma abordagem que vise a promoção e a proteção da saúde
em todos os níveis assistenciais. Considerado como um potencial espaço para educação em
saúde, a APS é composta pelas unidades de saúde (US) e pelas equipes de Estratégia de Saúde
da Família (ESF), fixadas próximas à moradia dos usuários (BRASIL, 2017). Direcionadas para
a tríade usuário-família-comunidade, as ESF devem estabelecer o cuidado a partir das
necessidades de saúde dos usuários, identificadas indiretamente ou diretamente, através da

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observação do território ou durante os atendimentos individuais (SANTOS; BERTOLOZZI;


HINO, 2010).
Visto como uma técnica que possibilita mudanças e o fortalecimento do existir humano
no processo de saúde-doença (DUTRA, 2015), a promoção em saúde deve considerar a
autonomia e a singularidade dos sujeitos, das coletividades e dos territórios, condicionados e
determinados pelos contextos social, econômico, político e cultural (BRASIL, 2017). Torna-se
possível, através da educação em saúde, a possibilidade de transmissão de informações para a
mudança de comportamentos pessoais em relação à própria saúde e a capacidade dos indivíduos
para agirem conscientemente diante da realidade cotidiana (BERBEL, 2011).
A educação em saúde também pode ser focada para o cuidado em saúde da família e da
comunidade (PINNO et al, 2019). Necessário para as ações e práticas educativas que priorizam
o saber popular (TEIXEIRA; VELOSO, 2006), o cotidiano das práticas de saúde possibilita
contatos com diferentes realidades do território, envolvido por dimensões (SANTOS et al.,
2012) que abrangem diferentes saberes, práticas, mitos, tabus e representações, parte da
subjetividade coletiva e que nem sempre compartilham com os princípios da racionalidade
científica moderna (TEIXEIRA, 2001).
Nos últimos tempos, foi observada a ampliação do movimento da prática de educação
popular em saúde (EPS), a qual conta com profissionais de saúde comprometidos com o
Sistema Único de Saúde (SUS) e principalmente, com a melhoria da saúde da população,
mostrando a importância e essencialidade da EPS para melhorar as condições de saúde e
proporcionar autonomia à população (PEKELMAN, 2008). Através da EPS, a autonomia dos
usuários pode ser potencializada por ações de educação que configuram-se como um processo
de troca de conhecimentos, diálogo e podem se vincular a ações organizadas pela população
(PINNO et al, 2019). Para Caprara e Franco (2006), esse modo de intervenção em saúde
relaciona-se com uma nova forma de pensar, tendo os usuários como centro de sua atenção e
construindo novos paradigmas, na qual a percepção, o conhecimento e a subjetividade das
pessoas estejam na mesma relação que o saber tecnológico.
Uma das ações de EPS apresenta-se na forma de grupos de educação em saúde, com
participação coletiva e podendo ter um público específico, como idosos, gestantes ou portadores
de doenças crônicas. São organizados conforme demandas programáticas e visam promover
qualidade de vida, responder às necessidades de saúde e focar em aspectos relacionados aos
processos de saúde-doença dos territórios das US, atuando na complementaridade assistencial
(PEDROSA; PEREIRA, 2020). Dentro das US, os grupos são fundamentais pois representam
um dos principais meios para convivência, descontração, diálogo e construção dos saberes, já

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que possibilitam a complementaridade dos saberes científicos, profissionais e populares


advindos das experiências dos sujeitos conforme seus contextos socioculturais (SILVA et al,
2012).
Desde que a pandemia do Coronavírus iniciou no Brasil, no final de fevereiro de 2020,
as Secretarias Municipais de Saúde, responsáveis pela gestão da APS nos municípios,
suspenderam as atividades dos grupos de educação em saúde durante a emergência sanitária,
limitando a execução das ações de educação em saúde realizadas dentro das US (BRASIL,
2021). Logo, foi necessária a implantação de outros métodos, sendo as salas de espera uma
alternativa de abordagem à comunidade. Definido como o espaço em que os usuários são
inicialmente acolhidos e aguardam atendimento dos profissionais de saúde, a sala de espera
(SILVA, 2013) é um espaço propício à prática da EPS, pois as pessoas conversam, observam e
trocam experiências entre si. A realização de atividades através de falas objetivas das equipes,
possibilitam o acesso dos usuários ao conhecimento visando o cuidado integral,
desenvolvimento do autocuidado e a constituição da cidadania convertendo este tempo vazio
em um momento oportuno de aprendizado (PERUZZO et al., 2018; TEIXEIRA; VELOSO,
2006).
Para Reis et al. (2014) a estratégia da sala de espera tem potencial de contribuir para o
equilíbrio das ações e serviços oferecidos pela US, colaborando com o cumprimento do
princípio da integralidade, um dos grandes nortes da qualidade das ações na APS. Considerando
que a sala de espera promove a aproximação entre a população e os serviços de saúde (SANTOS
et al., 2012), que as ações em saúde são um importante espaço para veicular práticas de cuidado
(SATO; AIRES, 2015) e as necessidades de saúde dos usuários, o presente artigo tem como
objetivo relatar a experiência de implantação da sala de espera durante a pandemia do
Coronavírus, com uma abordagem participativa e centrada na transmissão de informações
através da EPS.

2 METODOLOGIA
Foi desenvolvido um estudo descritivo, com relato de experiência realizado por
residentes multiprofissionais em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) com campo de atuação na APS. A equipe de trabalho foi composta por duas
residentes em Saúde Coletiva, uma preceptora das US e uma professora da UFRGS. O local de
realização da prática foi em duas US, pertencentes ao distrito de saúde Glória-Cruzeiro-Cristal
(GCC) do município de Porto Alegre/RS e que encontram-se sob administração de uma rede de
saúde contratualizada.

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Segundo dados do IBGE (2010), a US Estrada dos Alpes é responsável por 2733
habitantes, entretanto, 3007 habitantes tiveram acesso à UBS nos anos de 2018 a 2020,
conforme os dados do sistema de informação em saúde e-SUS. Nessa UBS, a assistência está
distribuída em uma Equipe de Saúde da Família composta por um médico, um enfermeiro(a),
dois técnicos(as) de enfermagem, um dentista, um auxiliar de saúde bucal, dois agentes
comunitários de saúde (ACS), um recepcionista, um auxiliar de serviços gerais e um gerente de
saúde. O território teve um Índice de Vulnerabilidade em Saúde (IVS) em 2018 de 0,76, de
acordo com a Assessoria de Planejamento e Programação (ASSEPLA).
A US Rincão tem uma população de 5074 habitantes (IBGE, 2010), mas 8711 habitantes
tiveram acesso à UBS nos anos de 2018 a 2020, conforme os dados do e-SUS. A assistência
está distribuída em duas Equipes de Saúde da Família composta por dois médicos(as), dois
enfermeiros(as), quatro técnicos(as) de enfermagem, um recepcionista, um auxiliar de serviços
gerais, seis ACS e uma gerente de saúde, possuindo um IVS de 0, 64 em 2018, de acordo com
a ASSEPLA.
As ações de educação em saúde ocorreram mensalmente, no período de março a agosto
de 2021, nos turnos da manhã e da tarde, em ambas as US. Foram discutidos sete temas, sendo
eles: o combate da hipertensão arterial, higienização de mãos, combate ao tabagismo, prevenção
do câncer bucal, teste do pezinho, práticas integrativas em saúde e agosto dourado. O
planejamento das ações foi realizado com base nas datas comemorativas do calendário da saúde
e também considerando temas que se encaixavam dentro dos contextos territoriais das US.
Foram construídos recursos educativos, com base nos materiais do Ministério da Saúde do
Brasil, como folders e cartazes para auxiliar no processo de EPS. A duração das falas nas salas
de espera foi estimada em aproximadamente 15 minutos, sendo disponibilizados espaços para
esclarecimentos de dúvidas com os residentes e as ESF.
Para análise qualitativa das ações de EPS, foi construída uma planilha no software
Microsoft Excel, a qual foi alimentada ao final de cada atividade com a data, tema abordado,
número aproximado de usuários que participaram e as articulações realizadas durante a sala de
espera.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os temas abordados nas ações de EPS nas salas de espera foram propostos pelos
profissionais, em reuniões de equipe, e pelos usuários, durante os atendimentos ou na recepção.
Participaram das ações aproximadamente 153 usuários, entretanto, esse valor é apenas uma
estimativa visto que em algumas ações não foi contabilizado o número de participantes e em

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outras, tiveram um número maior de participantes. A maioria desses, eram adultos e idosos de
ambos os sexos.

Tabela 1 - Resumo das atividades de educação popular em saúde realizadas nas salas de espera das Unidades de
Saúde.
Mês Tema Objetivo Recursos educativos

Março Combate a hipertensão Orientar sobre a importância da Folder educativo, roda de


arterial prevenção da hipertensão e sobre conversa e distribuição de sal
os serviços oferecidos pela UBS, de ervas
como a aferição da pressão arterial.

Abril Higienização de mãos Conscientizar os usuários sobre a Atividade lúdica com tinta
importância da higiene de mãos na
pandemia do COVID-19

Maio Dia mundial sem tabaco Conscientizar os usuários sobre os Cartaz e entrega de folder
malefícios do tabaco e divulgar os educativo
tratamentos oferecidos pela UBS

Prevenção do Câncer Importância das consultas Entrega de folder educativo


Bucal odontológicas com frequência para
prevenção do câncer bucal.

Junho Teste do Pezinho Informar sobre a importância da Cartaz e entrega de folder


realização do teste do pezinho e a educativo
ampliação do diagnóstico de
doenças

Julho Práticas Integrativas em Iniciar a implantação das práticas Bolsas térmicas para os
Saúde integrativas em saúde nas UBS bebês

Agosto Agosto Dourado Informar sobre a importância do Folder educativo e decoração


aleitamento materno para a saúde da sala de espera
da criança
Fonte: autoras, 2021.

A ação realizada no mês de março, foi alusiva ao Dia Mundial de Combate a Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS), que é comemorado no dia 26 de abril. Foi abordado o conceito de
HAS, os fatores de risco, a epidemiologia, o tratamento da doença e os serviços oferecidos para
os pacientes, como aferição da pressão arterial e tratamento medicamentoso. Uma das
residentes é nutricionista e realizou uma fala sobre a alimentação cardioprotetora, que tem como
base os alimentos in natura ou minimamente processados. Ao final da conversa com os
usuários, foi entregue um sal de ervas feito pelas residentes, composto por orégano, alecrim,
manjericão, cebola, alho e salsinha, a fim de estimular a diminuição do sal nas preparações
culinárias e a utilização de temperos naturais. O tempo de duração dessa prática foi de 20
minutos e contou com a participação de aproximadamente 42 usuários.

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Realizada no mês de abril, a ação de higiene de mãos foi realizada devido à demanda
atual relacionada à pandemia do Coronavírus. Foi tratado sobre a importância da higiene de
mãos e como essa medida auxilia na prevenção e disseminação do vírus, conforme as
orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS) e outros órgãos governamentais da saúde (OPAS, 2020). O Dia Mundial de
Higienização das Mãos é celebrado no dia 05 de maio e a ação foi realizada na semana anterior
a essa data. Uma abordagem lúdica foi feita com os usuários e os profissionais das equipes,
mostrando com tinta nas mãos os 10 passos para uma higiene de mãos adequada. Ao final do
processo as mãos estavam completamente pintadas, demonstrando que se seguidos todos os
passos, as mãos podem ficar totalmente limpas. Os usuários interagiram e trouxeram algumas
dúvidas relacionadas ao uso de álcool gel e sua eficácia, a necessidade da higiene de mãos e o
uso concomitante de álcool gel, assim como a substituição da higiene de mãos pelo álcool gel.
Essa EPS durou aproximadamente 15 minutos, com cerca de 58 usuários, em ambas UBS.
A ação sobre tabagismo foi alusiva ao Dia Mundial Sem Tabaco, que acontece no dia
31 de maio. Essa ação visou conscientizar os usuários acerca dos malefícios do cigarro para a
saúde, apresentou os serviços oferecidos pela US e os tratamentos ofertados pelo SUS para
quem deseja parar de fumar. Foi elaborado um material educativo em forma de folder para ser
entregue aos usuários abordando: diferenças entre fumo ativo e passivo, tipos de tabaco, ação
da nicotina no corpo humano, epidemiologia acerca das mortes causadas pelo cigarro e
porcentagem de fumantes no país. Nesse momento, foi informado que caso houvesse
interessados, se iniciaria o grupo de tabagismo, com número reduzido de participantes devido
à pandemia. Ao final, abriu-se o desafio para que os fumantes e não-fumantes não fumassem
nesse dia, dando ênfase à campanha mundial. Ao todo participaram dessa ação 35 usuários, em
ambas UBS, com duração de 15 minutos da EPS.
Incentivados pela dentista de uma das US, em alusão ao maio vermelho, foi realizada a
EPS sobre prevenção do câncer bucal com apresentação de um material educativo sobre a
importância da avaliação odontológica, a disponibilidade de atendimento odontológico
oferecido no SUS e a definição da US de referência para aquelas que não possui equipe de
saúde bucal (ESB). Ao final, foi realizada avaliação de saúde bucal dos pacientes e entregue o
material educativo.
A ação sobre o teste do pezinho foi realizada no mês de junho, em alusão ao Dia
Nacional do Teste Pezinho, comemorado no dia 06 de junho. Esse ano, a data foi comemorada
com a ampliação do teste diagnóstico de 6 para aproximadamente 50 doenças. Foi elaborado
um cartaz com informações sobre o teste, a importância e o período indicado para a realização

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e a novidade sobre a ampliação. Também foram entregues folders educativos com as mesmas
informações do cartaz e ao todo, participaram dessa ação 18 usuários.
No mês de julho foi realizada uma EPS que não consiste em uma sala de espera, mas
sim na integração entre as equipes e a população do território. Visando a implantação das
práticas integrativas e complementares em saúde (PICS) através da aromaterapia e fitoterapia,
foram confeccionadas pequenas bolsas térmicas para bebês, as quais foram entregues nas
consultas de pré-natal e puerpério pelos médicos e enfermeiros das US, com um bilhete
carinhoso escrito pelo profissional de saúde que a confeccionou.
Por fim, a sala de espera do mês de agosto, em alusão ao mês de incentivo ao aleitamento
materno, objetivou informar os usuários e principalmente as gestantes e puérperas sobre a
importância do aleitamento materno para a saúde e desenvolvimento do bebê. Foram elaborados
dois materiais educativos, sendo um entregue ao final da conversa na sala de espera e o outro,
para ser entregue pelas enfermeiras durante as consultas de puerpério. As salas de espera das
unidades também foram decoradas com balões e cartazes para destacar a importância desse mês
para a saúde.
Durante o período de prática, observou-se que algumas ações de EPS tiveram um maior
engajamento por parte dos usuários. A utilização de recursos preparados e estratégias para as
ações, oportunizaram uma maior dinamização entre os usuários e os profissionais que
realizavam as práticas de EPS. Em um momento de espera e que possivelmente seria vazio, as
falas, atividades lúdicas, exposição de cartazes e entrega de materiais educativos retém uma
maior atenção do público presente, podendo nesses momentos serem relatados casos, abertos
espaços de questionamentos e até mesmo, quebrados tabus em relação às questões de saúde.
Para Cervera, Parreira e Goulart (2011), essas estratégias podem implicar nos usuários a
capacidade de discernimento sobre hábitos e ações, tornando-os mais responsáveis e críticos.
De acordo com a Política Nacional de Humanização (2013), a comunicação entre os
profissionais e os usuários auxilia no processo de construção coletiva e promove melhorias nos
processos de trabalho e no modo de fazer saúde. As ações desenvolvidas no presente trabalho
propiciaram aos usuários um momento de escuta, troca e construção de saberes sobre questões
e necessidades de saúde próprias. Isso foi observado principalmente na ação de prevenção ao
câncer bucal, a qual os usuários da US que não possuem ESB comentaram sobre a carência
desse serviço no seu território, devido à distância da US de referência e como isso gera a
necessidade do uso de transporte coletivo que, por vezes, impossibilita os usuários em
vulnerabilidade social de acessarem o mesmo.

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Emmi e Pires (2016) comentam sobre as oportunidades de aprendizagem sobre novos


conhecimentos, troca de experiências, identificação de assuntos de interesse da comunidade e
principalmente, a criação de vínculo entre profissionais de saúde e usuários proporcionados
pelas salas de espera. A identificação de assuntos de interesse para comunidade foi debatida em
algumas das atividades, como por exemplo a temática “separação de lixo”, sendo abordados
dois problemas: separação incorreta dos lixos seco e orgânico e o descarte irregular em terrenos
baldios e vias públicas. Esses, contribuem para o entupimento e transbordo de bueiros na época
das chuvas, caracterizando-se problemas de saúde e de saneamento básico, que através das EPS
podem ser minimizados.
Presente em quase 54% dos municípios brasileiros, as PICS contemplam a utilização de
recursos terapêuticos de medicina tradicional (MT) e investem na prevenção e promoção da
saúde, buscando evitar o adoecimento e aliviar os sintomas daqueles pacientes que já possuem
alguma enfermidade (BRASIL, 2017). Realizada no mês de julho, a EPS visou mais do que a
implantação das PICS nas US, mas promoveu a integração entre as equipes de saúde e a
comunidade e o alívio dos sintomas relacionados às cólicas dos bebês, comum até os 3 meses.
Barros (2016) ressalta a importância de utilizar diferentes estratégias para o trabalho em saúde,
as quais favoreçam o alcance dos objetivos propostos e que possam, sobretudo, contribuir para
o desenvolvimento do cidadão que delas se beneficia.
Os recursos educativos como a exposição de cartazes e a entrega de materiais educativos
aos usuários foram utilizados na maioria das salas de espera realizadas. Peuker et. al (2017)
mostrou que a elaboração e exposição de materiais educativos direcionados a usuários da APS
esclarece dúvidas, gera aproximação e supre a necessidade de conhecimento dos ouvintes
acerca do assunto abordado. A ausência de meios de comunicação mais atuais e interativos foi
constatada em ambas US, sendo uma sugestão para melhorar as ações de EPS. A utilização de
mídias digitais como blogs ou redes sociais colaboram para a disseminação das informações
compartilhadas, característica do modelo informacional de comunicação, e com a construção
de interações mais dialógicas, abrangendo diferentes componentes do processo de saúde-
doença (BARCELOS et al., 2020).
A tecnologia de intervenção em saúde na forma de grupos se constitui como um dos
principais recursos terapêuticos nos mais diferentes contextos de assistência à saúde (MELO;
ESPERIDIÃO, 2020). A organização dos mesmos representa um dos principais meios para
construção do saber em saúde, pois possibilita a relação de diálogo e a valorização das
singularidades (BRASIL, 2013). Entretanto, devido à excessiva carga de trabalho das ESF
durante a pandemia do Coronavírus, a realização de práticas de atenção à saúde com foco

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educativo acabou sendo suprimida, não sendo possível a sua execução. No início deste trabalho,
verificou-se que não eram realizadas atividades de EPS pelos profissionais das ESF nas salas
de espera. Sendo assim, a atuação de residentes de Saúde Coletiva e de acadêmicos dos cursos
da área da saúde ode ser considerada uma forma positiva de contribuição para o serviço e
principalmente em ações para usuários das US.
Logo, as ações em sala de espera potencializam discussões acerca dos processos do
cotidiano das pessoas, criando espaços para reflexões e posicionamentos críticos frente às ações
destes na construção de qualidade de vida e na manutenção da saúde, efetivando a participação
ativa, não apenas das pessoas em risco de adoecer, mas de toda a comunidade (ROSA; BARTH;
GERMANI, 2011). Dessa forma, entende-se a importância da implantação das salas de espera
com EPS, sendo essa abordagem um instrumento essencial e facilitador para conhecer melhor
a realidade da população, principalmente acerca das suas respectivas necessidades sociais e de
saúde, assim como transmitir conhecimentos sobre os processos de saúde-doença e promover a
integração entre as equipes e a comunidade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas de educação e promoção em saúde nas salas de espera garantem um cuidado
humanizado, com acolhimento e escuta dos usuários que aguardam atendimento. Essas ações
abordam e consideram as necessidades sociais e de saúde da população, promovendo um maior
conhecimento acerca dos assuntos abordados e efetivando a aproximação entre as equipes
multiprofissionais e os usuários. A realização das EPS nas salas de espera são mais do que
aproveitar o espaço da espera pelo atendimento, devendo ser cada vez mais explorado pelos
profissionais, residentes e acadêmicos da área da saúde. São necessários mais estudos sobre o
planejamento das ações de EPS nas salas de espera e efetividade dessas ações do ponto de vista
dos usuários, trabalhadores e gestores dos serviços de saúde.

AGRADECIMENTOS
Às comunidades das unidades de saúde, onde foram realizadas as ações de educação popular
em saúde durante o período de construção do referido artigo, pela acolhida.

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