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UNIAGES

COLEGIADO DE NUTRIÇÃO

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SAÚDE PÚBLICA E COLETIVA

EULA SENA DOS REIS

RELATÓRIO FINAL

SAÚDE

PARIPIRANGA/BA

2018
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EULA SENA DOS REIS

RELATÓRIO FINAL

SAÚDE

Relatório final de estágio apresentado


para a disciplina de Estágio
Supervisionado em saúde pública e
coletiva sob a orientação do Prof.
Rõas de Araújo Costa.

PARIPIRANGA/BA

2018

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RESUMO

Sabe-se que a alimentação está interligada ao processo saúde/doença, sendo


assim, nota-se a importância do profissional nutricionistaem suas atribuições, visto
que o mesmo age como educador que exerce total influência no que diz respeito as
orientações que são realizadas, objetivando mudanças nos hábitos alimentares dos
indivíduos, enfatizando todos os benefícios de uma alimentação saudável,
promovendo-a por meio da educação nutricional. O presente trabalho, tem o intuito
de descrever algumas intervenções realizadas em uma Unidade Básica de Saúde
(UBS) bem como enaltecer a relevância do estágio social dentro das unidades
básicas, assim como do profissional nutricionista atuante nesta área, o qual trabalha
em função da prevenção de doenças crônicas e na diminuição das complicações de
patologias em pacientes acometidos.

Palavras-chaves: Educação nutricional, Alimentação saudável, Unidade básica.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 5
METODOLOGIA 6
RESULTADOS E DISCUSSÃO 7
CONCLUSÃO 8
REFERÊNCIAS........................................................................................................9

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, assim como em outros países desenvolvidos, houve


transformações significantes no processo saúde-doença, nas últimas décadas
ocorreram diversas alterações na qualidade da dieta, as quais estão ligadas a
mudanças no estilo de vida, caracterizadas pelo aumento da produção e do
consumo de produtos industrializados, dando abertura ao desenvolvimento de
diversas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). (Silveira, 2017)
De acordo com Brasil (2011), as DCNT tornaram-se responsáveis pelas
principais causas de mortalidade, morbidade, e incapacidade em todos os arredores
mundiais, correspondendo a um maior número de óbitos, principalmente em países
de baixa e média renda, as quais atingem indivíduos com faixas etárias variadas,
sendo um terço delas com idade abaixo de 60 anos, as doenças de maiores
incidências são causadas por diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares,
entre outros.
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é caracterizada pelo aumento da
pressão sanguínea e é uma das doenças mais predominantes em idosos, no
entanto, pode atingir indivíduos de várias idades, a HAS além de ser um fator de
risco cardiovascular considerável, está totalmente relacionada a outros fatores de
risco, tais como dislipidemias, obesidades e o desenvolvimento do Diabetes
Mellitos(DM) tipo II. (MALACHIAS et al, 2016)
No caso do DM tipo II, este é uma doença crônica que afeta milhões de
pessoas no mundo todo, o que motiva a busca por alternativas de abordagens e
metodologias que promovam o conhecimento real do problema, especialmente em
relação às percepções, atitudes e as práticas dos pacientes no contexto da doença,
a adesão ao tratamento e o autocuidado que é de suma importância para promover
melhorias na qualidade de vida desses indivíduos, cuidados como o uso de
medicamentos, seguimento de dietas e à prática diária de atividades físicas para o
favorecimento da mudança de comportamento e a adoção de hábitos mais
saudáveis. (Oliveira, 2017)
Segundo Costa (2009) essa taxa de incidência do diabetes mellitus tipo II está
aumentando cada vez mais em todo o mundo, sendo de extrema relevância
intervenções no estilo de vida incluindo a promoção de uma alimentação saudável e
equilibrada para a prevenção e o tratamento, cujo objetivo é mostrar aos portadores
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da diabetes que uma orientação nutricional é de total valia, pois a mesma pode ser
eficaz na melhoria da sensibilidade a insulina, reduzindo os níveis de glicemia no
sangue, além de evitar a progressão da doença. A adaptação dos pacientes a estes
cuidados faz com que a morbidade e a mortalidade sejam reduzidas e que a sua
qualidade de vida seja melhorada.
A adesão ao plano alimentar é um dos maiores desafios enfrentados pelos
nutricionistas que trabalham com pacientes portadores de DCNT dentro das
unidades, para que os objetivos sejam alcançados, o plano alimentar deve ser
equilibrado, individualizado de acordo com as particularidades de cada paciente
(idade, sexo, situação econômica, cultura), é necessário enfatizar a importância da
alimentação saudável no contexto da doença, visto que é comum encontrar uma
resistência por parte destes indivíduos que costumam associar alimentos saudáveis
a um custo financeiro elevado. (Santos, 2012)
A atuação do profissional Nutricionista na atenção básica em especial nas
UBS, é de extrema importância, visto que este atua na resolução dos problemas
nutricionais e na prevenção de doenças causadas pela insegurança alimentar. Além
disso, o nutricionista da Atenção Básica busca prover um atendimento imediato e
humanizado na busca de soluções para o problema existente, ou no
encaminhamento para um atendimento especializado. (Pinheiro, 2008)
Contudo,o trabalho do estagiário no campo da saúde pública é de extrema
relevância, visto que o mesmo dispõe de uma comunicação clara e objetiva,
ressaltando a promoção da alimentação saudável, considerando o contexto familiar,
educacional e econômico dos indivíduos, gerando conhecimentos por meio de ações
interventivas que ajudem na autonomia do indivíduo tornando-o capacitado a optar
por escolhas alimentares ainda mais saudáveis após a absorção do conhecimento.
(Miranda, 2015)

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2. METODOLOGIA

As intervenções foram realizadas em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na


cidade de Euclides da Cunha-BA durante dez semanas, as terças e quarta-feira no
turno matutino. Na primeira semana foi feita a apresentação do projeto e os objetivos
do mesmo para o público que estava presente aguardando atendimento na sala de
espera, bem como a caracterização da unidade e uma aplicação de questionários
aos pacientes.
Na segunda semana apresentou-se a quantidade de açúcar presente nos
alimentos mais consumidos pelos brasileiros, tais como refrigerantes, doces entre
outros, e também houve demonstração da pirâmide alimentar e a explicação de
todos os grupos e a especificidade de cada um, bem como as porções adequadas
ao consumo. Na terceira semana foram distribuídos alguns folders sobre as
características da alimentação saudável e algumas perguntas e respostas sobre os
mitos e verdades de uma alimentação adequada.
Na quarta semana foi realizada uma palestra sobre as Doenças Transmitidas
por Alimentos (DTA’S), a descrição de cada microrganismo envolvido, e as formas
de adquirir tais doenças, além de um folder explicando o assunto tratado, também
houve a explicação dos tipos de açucares escondidos nos rótulos e os nomes de
cada, anotado nos panfletos que foram entregues. Na sexta semana foi feita uma
exposição do tempero caseiro juntamente a distribuição da receita e também houve
acompanhamento com o nutricionista da unidade.
Na sétima semana a palestra foi sobre diabetes versus alimentação, tratando da
influência da alimentação no desenvolvimento da doença, bem como as formas de
evitar que a mesma pudesse se instalar, além da introdução do tema aprendendo a
identificar os sintomas de hiper e hipoglicemia com a entrega de panfletos contendo
os sintomas para ajudar no reconhecimento.
Na oitava semana falou-se sobre colesterol e a participação da alimentação no
contexto do problema, bem como dicas de como fazer boas escolhas durante a ida
ao supermercado. E na nona semana foi partilhado folders sobre os 12 passos de
uma alimentação saudável, além de orientações feitas sobre o diabetes. Na décima
semana foi apenas reposição dos feriados ocorridos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante as intervenções do estágio, todas as atividades foram desenvolvidas


com os pacientes na sala de espera da unidade antes de cada atendimento
marcado, pois os mesmos chegavam um pouco antes para que pudessem ser os
primeiros a serem atendidos e este era o momento ideal para as intervenções, pois
segundo Rosa et al (2011), a sala de espera constitui um local de promoção da
saúde para a prevenção de doenças, onde é possível detectar problemas,
questionamentos e muitas dúvidas.
A cada dois dias da semana, novas dinâmicas e novos assuntos eram trazidos
para debate na unidade básica do bairro Duda Macário, visando à necessidade de
varias os temas abordados para que os pacientes não se sentissem entediados com
as repetições, tendo em vista as inúmeras informações que ainda precisam ser
propagadas. Para Ianiski et al (2015) as atividades variadas em sala de espera não
apenas tornam os assuntos mais interessantes, como acaba com a rotina monótona
de uma sala de espera, o que muitas vezes pode se tornar cansativo para muitos
pacientes.
No entanto, a cada semana um vinculo era estabelecido, tendo em vista o
público que acabava sendo diferentes todos os dias, porém, a maior parte dos
pacientes, em especial as gestantes, ia ao local com muita freqüência tornando o
afeto mais crescente. Valéria et al (2015) relata que as atividades realizadas em sala
de espera aproximam o profissional com o paciente, e que a interação entre ambos
tornam as estratégias de promoção a saúde ainda mais eficientes.
Contudo, uma das dificuldades encontradas era questão da sonoridade, uma
vez que os pacientes eram chamados em voz alta e a pressa para ser atendido
acabava gerando ansiedade nos mesmos, sendo assim, havia muito barulho em
volta o que por diversas vezes acabou por dificultar as ações programadas, pela
desatenção e o barulho constante. Para Silva et al (2013) é de costume que as salas
de esperas de toda e qualquer unidade sejam de fato muito barulhentas, tendo como
conseqüência os problemas com a efetividade das ações, correndo sérios riscos de
que as orientações e os ensinamentos se percam devido a constante entrada e
saída de pacientes no local.
Outra questão observada é que o nutricionista da unidade não havia promovido
nenhum momento de acolhimento com os pacientes para que pudessem promover a
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alimentação saudável e incentivar a marcação de consultas, pois o papel do
nutricionista neste contexto é essencial. De acordo com Paixão e Castro (2009) a
atuação do nutricionista também nas salas de espera é imprescindível, visto que o
mesmo pode contribuir com informações essenciais, devido sua capacidade para
abordar os temas sobre alimentação, podendo abordá-los com mais propriedade.
As atividades realizadas dentro da unidade básica de saúde provocaram
impactos extremamente positivos, isto porque os pacientes relataram mudanças em
seus hábitos, bem como interesse em participar diariamente das intervenções
propostas. Além disso, os pacientes ao ter um conhecimento maior sobre as práticas
de um nutricionista dentro da unidade passaram a marcar consultas e a se
preocuparem mais com sua alimentação, o que significa que a atuação da estagiária
foi de fato eficiente. Para Ponte et al (2008) a educação nutricional é essencial para
promover a saúde, visto que atua na aprendizagem dos indivíduos tornando-os
aptos a intervir de forma positiva sobre suas vidas, sempre em busca de melhorias.
De acordo com Ferreira et al (2016), a promoção da alimentação saudável por
meio de ações de educação nutricional, que inserem em suas atividades trocas de
conhecimentos através de métodos lúdicos, didáticos e participativos, motivam os
indivíduos a adotarem hábitos alimentares mais saudáveis, além de que as
atividades de educação alimentar são estratégias extremamente relevantes para a
aprendizagem dos indivíduos a respeito da alimentação saudável. Em conformidade
ao pensamento de Ferreira et al (2016), Moraes (2016) afirma que o caráter lúdico e
dinâmico de uma ação torna a aprendizagem ainda mais significativa, além de que
essas atividades tornam a promoção da alimentação saudável ainda mais
satisfatória.
De acordo com Toledo et al (2017) o aconselhamento nutricional compreende-se
como auxílio que envolve orientações individualizadas e/ou coletivas, bem como
estratégias de intervenção, construindo ações que permeiam a evolução dos
indivíduos para a adoção de um estilo de vida mais saudável, como a escolha de
alimentos in natura e minimamente processados, além da efetiva prática de
atividades físicas diárias. De fato as orientações nutricionais que eram dadas foram
bastante eficientes, visto que o nutricionista da unidade passou a realizar mais
atendimentos e os indivíduos que iam constantemente à unidade, começaram a
relatar suas mudanças.

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3. CONCLUSÃO

Ao término conclui-se que, as estratégias de intervenção no âmbito da saúde


realizadas durantes o estágio supervisionado do acadêmico, são práticas essenciais
para o desenvolvimento da autonomia do indivíduo, o qual se torna apto a fazer
escolhas alimentares mais saudáveis, isto porque a difusão do conhecimento
permeia aprendizados eficazes que são perpetuados ao longo da vida dos mesmos.
Não obstante, é essencial ressaltar a extrema competência e eficiência de um
profissional nutricionista dentro das unidades básicas de saúde, o qual age em prol
da formação dos bons hábitos alimentares, através de consultas e planos
alimentares individualizados, atentando-se a todas as especificidades dos
indivíduos, a fim de minimizar o desencadeamento de doenças crônicas não
transmissíveis, bem como os efeitos drásticos das patologias em indivíduos
prejudicados, permitindo-lhes ter uma melhor qualidade de vida.

4. REFERÊNCIAS
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