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Brazilian Journal of Health Review 18961

ISSN: 2595-6825

Impacto da alimentação no crescimento e desenvolvimento infantil

Impact of nutrition on child growth and development


DOI:10.34119/bjhrv6n4-387

Recebimento dos originais: 24/07/2023


Aceitação para publicação: 25/08/2023

Alana Alarcão Louzada de Sá


Graduanda em Medicina
Instituição: Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC)
Endereço: SIGA Área Especial para Industria, 02, Setor Leste, Gama, Brasília – DF,
CEP: 72445-020
E-mail: alarcao.alana@gmail.com

Giovana Lúcia Silva Diniz


Graduanda em Medicina
Instituição: Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC)
Endereço: SIGA Área Especial para Industria, 02, Setor Leste, Gama, Brasília – DF,
CEP: 72445-020
E-mail: giovanalucia08@gmail.com

Milena Porto Tomaz


Graduanda em Medicina
Instituição: Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC)
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CEP: 72445-020
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Pedro Eustáquio Martins Paixão


Graduando em Medicina
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Endereço: SIGA Área Especial para Industria, 02, Setor Leste, Gama, Brasília – DF,
CEP: 72445-020
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Thales Queiroz Souza


Graduando em Medicina
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Yasmeen Tareq Khalil Abu-Allan


Graduando em Medicina
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RESUMO
INTRODUÇÃO: A alimentação equilibrada se insere em diferentes campos da saúde e bem
estar diante de seus impactos fisiológicos e sociais. A faixa etária pediátrica apresenta-se como
o grupo de maior suscetibilidade aos impactos de uma nutrição inadequada, portanto cabe
avaliar como os desvios no crescimento e desenvolvimento psico-cognitivo podem se relacionar
às práticas alimentares desse período de vida inicial. METODOLOGIA: Este artigo é uma
revisão sistemática da literatura sobre o impacto da alimentação no crescimento e
desenvolvimento infantil. A revisão foi realizada nas bases de dados PubMed e SciELO, usando
palavras-chave específicas. Os estudos incluídos foram publicados nos últimos cinco anos, em
português ou inglês, e seguiram critérios de inclusão e exclusão específicos. O processo de
revisão incluiu cinco etapas: delimitar objetivos, identificar estudos relevantes, selecionar
estudos, mapear dados e interpretar resultados. RESULTADOS: A nutrição adequada na
primeira infância é crucial para o crescimento, desenvolvimento e estado nutricional das
crianças. Uma dieta saudável e balanceada, composta por frutas, legumes, grãos integrais e
proteínas magras, fornece os nutrientes essenciais para um desenvolvimento saudável. Além
disso, uma alimentação adequada nessa fase ajuda a prevenir doenças como obesidade, diabetes
e doenças cardiovasculares tanto na infância quanto na vida adulta. Estabelecer hábitos
alimentares saudáveis desde cedo tem um impacto duradouro e promove uma vida saudável no
futuro. CONCLUSÃO: A nutrição na infância abrange o aleitamento, introdução alimentar, e
consolida-se com os hábitos alimentares, processos associados a diferentes repercussões na vida
adulta. Ao se analisar o desenvolvimento de comorbidades (obesidade e diabetes), e transtornos
no convívio social, destaca-se a adoção de práticas alimentares irregulares por parte das
crianças. Enquanto ao aparecimento de distúrbios de crescimento, dificuldades no eixo
educacional e psico-emocional, evidenciam-se na bibliografia maiores relações com o período
de amamentação e introdução alimentar no momento e forma adequada.

Palavras-chave: nutrição infantil, saúde infantil, educação nutricional, nutrição infantil,


desenvolvimento infantil.

ABSTRACT
INTRODUCTION: A balanced diet is included in different fields of health and well-being due
to its physiological and social impacts. The pediatric age group is the most susceptible to the
impacts of inadequate nutrition, so it is important to evaluate how deviations in growth and
psycho-cognitive development may relate to feeding practices in this early life period.
METHODOLOGY: This article is a systematic review of the literature on impact of nutrition
on child growth and development. The review was carried out in PubMed and SciELO
databases, using specific keywords. The included studies were published in the last five years,
in Portuguese or English, and followed specific inclusion and exclusion criteria. The review
process included five steps: defining objectives, identifying relevant studies, selecting studies,
mapping data and interpreting results. RESULTS: Proper nutrition in early childhood is crucial
for the growth, development, and nutritional status of children. A healthy and balanced diet,
consisting of fruits, vegetables, whole grains, and lean proteins, provides the essential nutrients
for healthy development. Moreover, adequate nutrition during this stage helps prevent diseases
such as obesity, diabetes, and cardiovascular diseases both in childhood and adulthood.
Establishing healthy eating habits from an early age has a lasting impact and promotes a healthy
life in the future. CONCLUSION: Nutrition in childhood includes breastfeeding, introduction
to food, and consolidates with eating habits, processes associated with different repercussions
in adult life. When analyzing the development of comorbidities (obesity and diabetes), and
disturbances in social life, the adoption of irregular eating practices by children stands out. As
for the appearance of growth disorders, difficulties in the educational and psycho-emotional

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axis, the bibliography shows greater relations with the period of breastfeeding and introduction
of food at the right time and in the right way.

Keywords: infant nutrition, child health, nutrition education, child nutrition, child
development.

1 INTRODUÇÃO
A nutrição adequada é considerada um estado de higidez, a qual se dá pelo consumo
equilibrado de frutas, legumes, verduras, alimentos com macronutrientes e fibras, ajudando a
prevenir uma série de problemas de saúde a longo prazo, incluindo obesidade, diabetes,
cardiopatias e outras doenças crônicas. (KOLETZKO et al, 2019 e SANTOS et al., 2020)
Em concordância com a Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os indivíduos
devem, por direito, realizar práticas alimentares adequadas, visando o bem-estar e a saúde
própria. Assim, a alimentação deve ser considerada uma forma de qualidade de vida, a qual
envolve não só aspectos biológicos, mas também sociais. (ALVES & CUNHA, 2020)
De acordo com Santos et al., 2020 e Munhoz et al., 2022, a irregularidade alimentícia
infantil brasileira está relacionada a fatores culturais, econômicos e sociais, como dificuldade
de obtenção de produtos saudáveis, baixo acesso a condições sanitárias adequadas, menor
escolaridade, falta de estímulos de paladar, pouca influência familiar, uso de
chupetas/mamadeiras, crenças, cultura local, entre outros.
Além disso, alguns riscos nutricionais tendem a causar redução no desenvolvimento
infantil, são eles: problemas alimentares durante a gestação materna, prematuridade,
amamentação e desnutrição, os quais contribuem para os danos ao potencial físico, cognitivo,
psicológico, social e emocional da criança. (CLARO et al., 2022)
A idade de 2 a 6 anos é o período em que novos hábitos alimentares são criados. Sendo
assim, práticas de educação nutricional e mudanças comportamentais devem ser estimuladas
nessa fase para auxiliar tanto no eixo psico-cognitivo da criança quanto em seu crescimento, de
modo a colaborar para a efetivação de um padrão alimentar benéfico no futuro dessa criança.
(CARDOSO et al., 2019 e DOS REIS & REINALDO, 2018)
Nesse contexto, os alimentos ingeridos pelos indivíduos possuem direta relação não
somente com o físico, mas também com o eixo emocional de cada um, impactando sua função
cerebral, comportamental e humoral. Diante disso, entende-se que hábitos alimentares
equilibrados são indispensáveis na infância, pois é nesse período que o indivíduo desenvolve

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suas relações sociais, sua maturação psicológica e motora, bem como estabelece seus padrões
alimentares, os quais refletem no decorrer de sua vida. (ALVES & CUNHA, 2020)
Essa influência alimentar pode impactar a atividade cerebral infantil e suas relações
sociais. Dessa forma, maus hábitos alimentares podem diminuir o interesse de realização de
atividades básicas, causar maior irritabilidade, comportamentos agressivos ou antissociais,
reduzir o aprendizado em educação, diminuir auto-estima, podendo causar também doenças
psicológicas, como ansiedade ou depressão. (ALVES & CUNHA, 2020)
Nesse contexto, a promoção de saúde, alimentação e nutrição deve ser introduzida desde
o início da vida da criança para que haja sua perpetuação durante seu desenvolvimento. Para
isso, a utilização de guias alimentares, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), e instruções alimentares por profissionais da saúde auxiliarão na garantia de qualidade
de vida e saúde nutricional às crianças. (SANTOS et al., 2020)
A partir dessa perspectiva, este estudo tem por objetivo analisar o impacto da
alimentação no crescimento e desenvolvimento infantil, de modo a ressaltar a importância de
estímulos nutricionais saudáveis nessa faixa etária.

2 MÉTODO
Esta é uma revisão de literatura sistemática, realizada a partir de algumas sucessões de
análises, com o objetivo de identificar o conhecimento sobre determinados temas em um campo
de pesquisa. A elaboração da revisão seguiu um processo constituído por cinco etapas: a)
Delimitar os objetivos da pesquisa; b) Identificar os estudos relevantes válidos para a
investigação; c) Selecionar os estudos de revisão; d) Mapear os dados dos estudos incluídos na
revisão; e) Interpretar, resumir e retratar os resultados.
Esta revisão foi realizada nas bases de dados Medical Literature Analyzes and Retrieval
System Online (PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Para tanto, foram
utilizadas as palavras-chaves controladas e indexadas referentes à cada uma das bases de dados
citadas. Tomando como base o objetivo da revisão, foram selecionados termos contendo as
palavras-chaves adequadas para a pesquisa nas bases de dados. As seguintes palavras utilizadas
foram retiradas da plataforma “Descritores em Ciências da saúde” (DeCS): Infant Nutrition,
Child Health, Nutrition Education, Child Nutrition, Child Development.
Para a escolha dos artigos, foram considerados os seguintes critérios de inclusão: a)
artigos originais de pesquisa; b) artigos completos; c) tendo sido publicados nos últimos cinco
anos (no período de 2018 a 2023); d) Idiomas português e inglês.

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Como critérios de exclusão: a) estudos cujo tema "impacto da alimentação no


crescimento e desenvolvimento infantil" não seja o objeto central do estudo; b) dissertações,
teses, políticas públicas e vídeos. A busca para pesquisa primária ocorreu no dia 3 de março de
2023 por meio da ferramenta de formulário avançado.
Após a identificação, foram selecionados os estudos principais, de acordo com o
objetivo norteador e os critérios de inclusão e exclusão inicialmente definidos. As etapas de
seleção dos estudos incluíram a identificação, triagem, elegibilidade e inclusão.

3 RESULTADO
A alimentação saudável, sobremodo na primeira infância, impacta positivamente no
crescimento, no desenvolvimento e no estado nutricional das crianças, sendo fundamental, a
longo prazo, para mitigar o aparecimento de doenças não transmissíveis, como a obesidade, o
diabetes e as doenças cardiovasculares tanto na infância quanto na vida adulta desse indivíduo,
processo conhecido como “Programação metabólica precoce de saúde e doença a longo prazo”
(SANTOS et al., 2020) (KOLETZKO et al, 2019). Nesse contexto, visando garantir tais
benefícios à saúde da criança, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o
aleitamento materno exclusivo (AME) seja feito até os 6 meses de vida e, somente após esse
período, é que se deve iniciar a alimentação complementar do lactente, já que essa fase é
marcada pela conquista de habilidades necessárias para o processo alimentar, tais como as
competências linguísticas, a motricidade oral, bem como a motricidade fina e grossa. Dessa
forma, o início precoce da alimentação complementar está associada a diversos prejuízos para
o infante, com ênfase na redução do período da amamentação, devido ao consequente aumento
da morbimortalidade infantil. Assim, orienta-se que a alimentação complementar se dê no
período correto. (SANTOS et al., 2020) (BLACK, 2018).
Assim, no que tange à AME, é válido ressaltar sua importância na redução dos índices
de sobrepeso e obesidade tanto na infância quanto na vida adulta, bem como seus benefícios no
desenvolvimento cognitivo infantil, devendo, pois, ser incentivado entre as puérperas
(KOLETZKO et al, 2019) (BLACK, 2018). Diante disso, ainda visando as vantagens da AME,
recomenda-se não oferecer chupetas e mamadeiras ao bebê, já que o uso desses utensílios tende
a causar um desmame precoce, sobremodo pela maior facilidade de sucção do leite nesses bicos
artificiais, se comparado à mama (SANTOS et al., 2020). Além disso, nos casos em que a AME
não puder ser realizada, deve-se priorizar o uso de fórmulas com baixo teor de proteína,
evitando o oferecimento de leite de vaca e de outros animais (como de cabra e búfala),
justamente por estes apresentarem um alto teor proteico, o que favorece o ganho de peso desses

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infantes, de modo a corroborar o aumento dos índices de obesidade e sobrepeso nesse grupo
(KOLETZKO et al, 2019).
Já no que diz respeito ao processo de introdução alimentar, evidencia-se a necessidade
de iniciá-la de forma gradual, sempre respeitando os intervalos e a vontade da criança para que
seja um processo tranquilo, além de ofertar uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes,
haja vista estes alimentos conterem fibras e macronutrientes, como ferro e vitaminas, os quais
são imprescindíveis para garantir a saciedade da criança e a prevenção das doenças não
transmissíveis (SANTOS et al., 2020). Ademais, destaca-se que a manutenção dessa
alimentação, até a fase pré-escolar, é imprescindível para a adoção de hábitos saudáveis por
parte da criança, porquanto é nessa faixa etária que o infante adota uma rotina alimentar pautada
na experiência sensorial, ou seja, nos cheiros e sabores do que experimenta, bem como nos
horários em que costuma se alimentar, portanto, expor essas crianças a comidas saudáveis
favorece o desenvolvimento de um padrão alimentar que será perpetuado por toda a sua vida
(CARDOSO et al., 2019) (SANTOS et al., 2020) (DOS REIS & REINALDO, 2018).
Além disso, é válido pontuar que dois agentes interferem diretamente na construção do
hábito alimentar infantil, a família e a escola, pois são nesses ambientes que a criança consolida
seu aprendizado e seus padrões comportamentais, tais como a alimentação e a prática de
atividades físicas, as quais se dão mediante o estímulo, por exemplo, de brincadeiras
(CARDOSO et al., 2019). Nesse contexto, o ambiente familiar é imprescindível para garantir
a exposição do infante a refeições mais sadias, sobremodo no contexto atual, em que, por
influência da mídia, das indústrias e da celeridade cotidiana, os pais passaram a ofertar, cada
vez mais, produtos industrializados, ricos em gordura, sal e açúcar, bem como pobres em
nutrientes, como os fast foods, os quais interferem na saúde das crianças, tornando-as mais
vulneráveis a desenvolver as doenças não transmissíveis (DOS REIS & REINALDO, 2018).
Já no que diz respeito ao ambiente escolar, este destaca-se por ser o local em que é possível
desenvolver abordagens continuadas e permanentes de educação nutricional, as quais se
apoderam do lúdico e de estratégias que chamem a atenção da criança para transmitir e
consolidar, no imaginário infantil, a importância de se desenvolver hábitos e estilos de vida
saudáveis, despertando, a partir disso, a vontade de consumir alimentos mais saudáveis (DOS
REIS & REINALDO, 2018) (CARDOSO et al., 2019). Dessa forma, nota-se que a Educação
Alimentar e Nutricional (EAN) depende da ação conjunta de diversos agentes sociais para
fomentar a nutrição adequada das crianças e, com isso, garantir um bom desenvolvimento
infantil, bem como reduzir os riscos de obesidade, sobrepeso e baixa nutrição neste grupo (DOS
REIS & REINALDO, 2018) (CARDOSO et al., 2019) (BLACK, 2018).

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Além disso, é válido pontuar que a manutenção de uma alimentação saudável é de suma
importância para o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos. Nesse sentido, estudos
demonstram que, durante os primeiros mil dias de vida da criança, o desenvolvimento cerebral
ocorre de forma acelerada, desempenhando uma função importante na formação de conexões
simpáticas e na expressão do código genético (KOLETZKO et al, 2019) (BLACK, 2018). Dessa
forma, nota-se que a nutrição infantil adequada age como fator predisponente para assegurar
um progresso cognitivo satisfatório e, por isso, as deficiências nutricionais na infância
apresentam não apenas efeitos a curto prazo, mas também são capazes de influenciar
diretamente no desenvolvimento e futuro das crianças (BLACK, 2018). Portanto, a falta de
nutrientes essenciais nos primeiros anos de vida pode levar a atrasos no desenvolvimento físico
e mental, baixo rendimento escolar e influenciar negativamente na vida profissional dos
indivíduos. (KOLETZKO et al, 2019).
Nesse contexto, inicialmente, a garantia da amamentação materna é uma estratégia
eficaz para assegurar os nutrientes necessários durante os primeiros meses da vida, combater as
deficiências nutricionais e, com isso, mitigar a ocorrência de déficits no desenvolvimento
infantil. Para a permanência desses resultados após os 6 meses, deve-se introduzir novos
alimentos, os quais possuem um alto teor de nutrientes com efeitos benéficos ao
desenvolvimento infantil. Sendo assim, é necessário assegurar que as famílias implementem
uma nutrição adequada, fornecendo uma dieta variada e equilibrada (BLACK, 2018).
Outro fator crucial para o desenvolvimento cerebral adequado é o estilo de vida materno
durante a gestação, pois estudos demonstram que o desenvolvimento precoce do cérebro é
marcado por processos neurais específicos, caracterizados pela modificação epigenética da
expressão do código genético fetal, além da modulação, do refinamento de neurônios e da
plasticidade neural (BLACK, 2018). E, por isso, há uma necessidade significativamente
aumentada de nutrientes na gestação, com o objetivo de atender às demandas metabólicas do
feto em crescimento e prevenir possíveis defeitos congênitos. Nesse cenário, uma gestação
marcada por deficiência de nutrientes impacta negativamente no crescimento cognitivo infantil,
sendo, portanto, necessário que ocorram intervenções dietéticas (KOLETZKO et al, 2019).
Além da qualidade nutricional, o desenvolvimento infantil está intrinsecamente ligado
a múltiplos fatores, entre eles o contexto social familiar, porquanto há estudos que demonstram
haver uma maior probabilidade de desnutrição nas crianças inseridas em contextos
socioeconômicos marcados por famílias de baixa renda, sendo que cerca de 43% das crianças
menores de 5 anos, que moram em países de baixa e média renda, sofrem pela falta de acesso
a alimentos nutritivos e a uma dieta balanceada, causando uma conjunção desfavorável para

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atingir o potencial intelectual, físico e emocional adequado durante a primeira infância


(BLACK, 2018). Nesse cenário, programas e campanhas devem funcionar como alternativas
para atingir a população marginalizada. Sendo assim, investir em estratégias para intervenções
precoces e garantir a adequação nutricional ao longo dos primeiros dois anos garante que as
crianças tenham saúde, cognição e desenvolvimento adequado, independente do contexto
socioeconômico (KOLETZKO et al, 2019) (BLACK, 2018).

4 CONCLUSÃO
Diante do estudo realizado, conclui-se sobre a relevância de uma alimentação saudável
durante a infância, visando garantir o crescimento e desenvolvimento adequado das crianças.
Além de evitar doenças não transmissíveis, como a obesidade e diabetes tanto na infância
quanto na vida adulta.
Desse modo, a OMS recomenda AME até os 6 meses de vida devido a sua importância
no desenvolvimento cognitivo e na redução nos índices de obesidade. Então, após esse período
deve-se iniciar o processo de introdução alimentar do lactente, com uma oferta rica em frutas,
verduras e legumes que contém fibras, ferro e vitaminas que garantem a saciedade da criança.
É de suma importância a manutenção dessa alimentação até a fase pré-escolar, pois é durante
essa fase que os hábitos alimentares saudáveis são adquiridos. Dessa forma, para favorecer um
padrão alimentar saudável é interessante que as refeições das crianças sejam marcadas por
experiências sensoriais, com cheiros e sabores.
Nesse contexto, visando os impactos da alimentação no crescimento e desenvolvimento
infantil, faz-se imprescindível pontuar dois agentes responsáveis pela construção do hábito
alimentar infantil, a família e a escola. Sendo assim, a família é responsável por garantir a
exposição do infante a refeições saudáveis e diminuir a oferta de alimentos industrializados,
ricos em gorduras e pobres em nutrientes, já a escola é o ambiente em que as crianças obtêm
educação nutricional, que pode ser ensinada por meio de atividades lúdicas e brincadeiras.
Diante disso, é necessária a manutenção de uma alimentação saudável para o desenvolvimento
intelectual das crianças e a diminuição da ocorrência de doenças não transmissíveis, haja vista
estudos mostrarem que a formação cerebral ocorre aceleradamente nos primeiros mil dias de
vida de um indivíduo, desenvolvendo conexões simpáticas e expressões genéticas.

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REFERÊNCIAS

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Oliveira Coelho. Educação nutricional para pais e pré-escolares em uma creche. Revista
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CLARO, Maísa de Lima et al. Desenvolvimento infantil como elemento intermediário nas
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DOS REIS, Wagner Alessandro; DOS SANTOS REINALDO, Amanda Márcia. Estratégias de
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